[RP FECHADA] The Dragon and The Sun/Spear

Insubmissos, não curvados e não quebrados.

L eana andava apressadamente pelos corredores da Fortaleza Vermelha, o nervosismo presente na sua expressão mas nunca nos seus passos que continuavam a ser delicados e quase imperceptíveis para o ouvido humano; a única diferença era, na verdade, a ausência da habitual alegria contagiante.

A pequena mão da jovem Targaryen segurava a mão do Martell, maior em dimensões e calejada pelo manuseio da lança, puxando-o enquanto o guiava escadas acima e escadas abaixo, depois de já ter mudado de direção mais vezes do que aquelas que conseguia contar. Porém, ela não estava perdida. Sabia perfeitamente onde queria chegar, e era a antecipação que vinha do facto de estar a aproximar-se do local combinado que, correntemente, afetava mais o sistema nervoso da princesa do que a mesma gostaria de alguma vez admitir. Não tinha a menor ideia de qual seria o desfecho daquele encontro; apenas podia esperar que não fosse uma desilusão, que o seu coração não fosse apanhado desprevenido ou a traísse com mais sentimentos contraditórios e, até, negativos.

Durante todo o caminho, poucas palavras foram trocadas entre a Princesa e o Príncipe Roinar. Ainda assim, e apesar do silêncio que reinava entre os dois, Leana não deixou de segurar a mão do dornês. Naquele momento, o simples contacto e as trocas ocasionais de olhares que os dois mantinham serviam como meio de comunicação.

Quando a Targaryen avistou as portas de madeira maciça onde dois guardas se mantinham vigilantes, soube de imediato que a Rainha comparecera ao encontro. Parou perante a entrada do grande salão, varrendo o seu interior até encontrar a figura que lhe era tão familiar.

Na Sala do Trono, os crânios dos antecessores dos dragões que os Targaryen possuíam atualmente encontravam-se dispostos de uma forma bastante peculiar: os crânios tinham sido dispostos de forma que fossem aumentando de tamanho à medida que a pessoa se aproximava do Trono de Ferro, sendo que o maior de todos encontrava-se junto ao mesmo. E era aí que a Rainha Megga, sua mãe, os esperava.

Leana trocou um olhar rápido com Lewyn antes de voltar a direcionar o seu olhar à mãe, que já notara a presença dos dois. Então, inspirou fundo e soltou a mão do moreno cujas íris pardas a encantavam, avançando ao encontro da mulher que permanecia no mesmo lugar, a observá-los com os seus penetrantes olhos azuis.

- Mãe, - proferiu após uma pequena reverência - este é Lewyn Nymeros Martell, último filho do Príncipe Roinar Tristanye Nymeros Martell, Lord de Dorne. Lewyn, esta é a minha mãe, Rainha Megga Baratheon. Ele... Nós temos um pedido a fazer-lhe, mãe. - Apresentou-os mutuamente, colocando-se ao lado da mãe enquanto pedia mentalmente que aquele diálogo corresse bem.

Insubmissos, não curvados e não quebrados.

E nquanto acompanhava o diálogo entre a Rainha e Lewyn, mantendo-se à parte na conversa, Leana não conseguiu deixar de se recordar das horas que passara a estudar história - neste caso, de um evento específico que envolvia a união de um Príncipe e uma Princesa, respetivamente, um Targaryen e uma Martell.

Tal união iniciara-se como qualquer outra, através de combinações e acordos destinados a garantir que ambas as casas só saíam a ganhar, mas não tardou a que fosse perceptível que o casamento não agradava a todos. O Rei Aerys, por exemplo, rejeitou a nora e rejeitou a primeira filha do casamento dos dois, por preconceito contra os Martell. Mas, já dizia a lenda que qualquer Targaryen que nascesse estaria destinado ou à loucura, ou à glória. O que ninguém esperava era que fosse essa mesma união a desencadear um dos confrontos mais sangrentos a que os Sete Reinos alguma vez assistiram.

Rhaegar e Elia não se amavam - tal facto era do conhecimento geral. Ainda assim foi um choque geral quando, após vencer o Torneio da Falsa Primavera, o Príncipe Targaryen corou Lyanna Stark como sua Rainha do Amor e da Beleza ao invés da Princesa dornesa. Como se tal não bastasse, o Príncipe deixou Elia e os seus dois filhos para, em seguida, raptar e fugir com Lyanna - que estava prometida a Robert, o herdeiro da Casa Baratheon. Guerra foi desencadeada a partir desse triste evento, uma guerra que, apesar de curta, não deixou de marcar todas as casas por igual - a sua principalmente. Depois da sucessão de acontecimentos posteriores ao rebentar da guerra, a Casa Targaryen ficou praticamente extinta.

Robert Baratheon e Eddard Stark, em resposta ao rapto de Lyanna, comandaram as suas tropas em marcha em direção ao Sul, defrontando a união das tropas de Rhaegal e do homónimo daquele que era agora o seu prometido naquela que ficou conhecida como a "Batalha do Tridente". Esse podia ser facilmente considerado o momento decisivo daquela guerra, uma vez que foi durante essa mesma batalha que ambos Targaryen e Martell morreram, e a aliança Baratheon-Stark prevaleceu.

Após a vitória no Tridente, as forças rebeldes seguiram em marcha até Porto Real apenas para descobrir que, ao ter conhecimento de que a vitória estava praticamente ganha para o seu lado, as forças Lannister uniram-se às rebeldes, e invadiram a cidade. O Rei Louco, tão embrenhado na sua insanidade, acreditou que a Casa do leão vinha em seu apoio; assinou a sua própria sentença. Por fim, Aerys foi assassinado por um dos seus guardas reais, Jaime Lannister, que ficou conhecido posteriormente como "O Regicida". Era claro que tal história não tinha como se repetir na união que a Princesa Leana e o Príncipe Lewyn pretendiam selar mas, inquestionavelmente, as uniões entre Dragões e Roinares tinham uma certa sina.

Encontrou o dornês com o olhar assim que este se-lhe dirigiu, sorrindo de forma tímida antes de acenar afirmativamente com a cabeça. Então, dirigiu o olhar até este se cruzar com o da Rainha, as íris tão frias e inquisitórias a atravessá-la como se não se tratasse de nada mais que uma cortina de fumo. Inspirou fundo, sentindo um leve nervosismo formigar no seu ventre. - Minha mãe, eu sei que eu ainda sou nova e que a minha irmã acabou de selar o seu matrimónio mas, além desta ser uma aliança propícia às duas casas, o Príncipe Lewyn é um ótimo pretendente. Sem falar que iríamos ficar prometidos até ao momento em que tivéssemos a idade necessária para que o casamento acontecesse. - Cessou o curto discurso, aguardando pela reação da Rainha.

Habilidade treinada: