[RP Aberta] The War is Coming

A escuridão da noite ocupava cada ambiente daquele vasto castelo. Um mísero resquício do que já fora a luz provinha da Lua. Um círculo imóvel que competia com as incontáveis constelações que também estampavam o céu limpo da Campina. No horizonte, nada havia. Nem um único sinal de civilização.
— Pai, volte logo.
Meu pai havia enviado uma carta a Lord Aspen Tyrell no dia anterior. Nela, ele declarava sua intensão: "Pretendo ter verdadeiros Reis, legítimos Reis, no Trono de Ferro". Essa frase havia ocupado minha mente durante os dias que haviam passado. "A guerra está declarada". Mesmo sabendo que meu pai havia tomado a atitude mais conveniente, ainda não me sentia confortável com a eclosão de um conflito que provocaria demasiada violência. Um conflito que não geraria vencedores, apenas sobreviventes.
Com movimentos hábeis e ligeiros, acendi uma vela de grande espessura. Uma longa chama surge, tão violenta e incontrolável quanto a de um dragão. "Dragões...". A imagem de Viserion sendo terrivelmente ferido, ainda ecoava em minha mente. "Viserion, com toda a sua imensidão, ainda fora um dos menores dragões da família Targaryen. Como meu pai conseguirá vencer o restante dos dragões?", pensei. Sobre a mesa de madeira que existia meus aposentos, desenrolei um grosso e antigo mapa de Westeros. Com outro pergaminho, reproduzi as fronteiras de cada reino, marcando, logo após, os locais de influência das casas Tyrell e Baratheon. "Apesar de ser uma grande área, creio que se não conseguirmos mais apoio, pereceremos". Ao lado da representação de Porto Real, apontei todas as aspectos do local, desde atributos físicos até sociais. Apesar do enorme exército que ambas casas formavam,  parecia óbvio que um combate direto não seria a opção mais inteligente no momento. "Espero que os Lords não esqueçam que os Targaryen conseguiram unificaram os Sete Reinos com três dragões...e agora eles possuem quatro. A vela escorria, tornando o ambiente ainda mais melancólico. Passando-se algum tempo de ideias que, por fim, mostravam-se inúteis, tornei-me a mudar o foco de minha perspectiva. "Talvez o segredo não esteja em arrumar uma forma de ganhar a batalha...e sim, uma forma de evitá-la".
A pena continuou seu movimento rápido e, durante toda a noite, ela passou a retratar tudo o que minha confusa mente formulava.

Habilidade Treinada:

      - Minha senhora, terei de insistir para que não faça isso. Não poderei ajudá-la se o vosso pai descobrir que planeja esgueirar-se no quarto de um homem durante a madrugada. – O rosto de Merlinda estava vermelho. Sua pele enrugada parecia prestes a colapsar, tamanho o seu escândalo. Ela sussurrava furiosamente, enquanto eu vestia o capuz verde musgo que separara mais cedo. Meus cabelos estavam presos em uma firme trança lateral, enquanto eu encarava o espelho de minha penteadeira e preparava-me para deixar os meus aposentos. O perfume doce de rosas encheu o ar, quando toquei o ponto atrás de minha orelha, espalhando-o em movimentos circulares. – Mychella, já tão próximo do casamento, será um disparate caso vocês dois sejam descobertos. O pai do noivo pode desfazer a união, caso a considere uma mulher sem honra. Você seria como a mulher vermelha de vosso pai! O que Lady Margareth diria?

- Nunca me compare com Zakintia. Eu não tenho nada a ver com esta mulher. Eu a proíbo. – Avisei, sentindo uma autoridade em minha voz com a qual eu não estava acostumada. Merlinda olhou-me surpresa. – Não pretendo desonrar minha família, e não me entregarei a Peter esta noite, se é o que a preocupa. Não precisa envolver mamãe em suas chantagens emocionais. Qualquer Meistre poderá examinar-me pela manhã, e confirmar que digo a verdade. Tudo o que desejo é a oportunidade de prestar apoio ao meu noivo. Ouvi sobre a carta de seu pai, e sei o que houve em Porto Real logo após a nossa partida. Peter precisa de mim. – Ergui-me, retirando meus calçados. Descalça, o chão frio de pedra pareceu quase morder meus pés. Lenta, mas decididamente, passei pelo pórtico de meu quarto, deixando uma pasma Merlinda para trás.

     O caminho até os aposentos de Peter não foi complicado. Ele estava usando a mesma ala que meus irmãos. E eu conhecia aqueles corredores melhor do que qualquer outro filho de Aspen. Nicolas e Lorant passaram mais tempo de sua infância longe da Campina do que nela, de modo que me tornei a única a saber sobre os segredos de Jardim de Cima. Mesmo Sienna que costumava explorar o castelo comigo quando éramos crianças, já devia lembrar-se muito pouco, após tantos anos em Rochedo Casterly. Agora que seu casamento com Berthram Lannister havia sido cancelado, eu temia que fosse a minha vez de deixá-la para trás, enquanto ela ficaria na Campina aguardando por uma união mais promissora. O arranjo com os leões havia sido tremendamente prejudicado, após as acusações Baratheon de que eles estariam por trás da prisão de Megga. Zakintia alimentava estas ideias na mente de meu pai, e tornava tudo ainda pior. Agora Sienna não possuía mais um noivo, o que abria oportunidade para uma nova aliança a ser forjada.

     Um pouco antes de virar o primeiro corredor de acesso à ala dos meus irmãos, entrei m um pequeno gabinete de leitura, uma pequena sala vazia, repleta de livros e poltronas confortáveis para momentos de reflexão. Haviam várias delas instaladas no castelo. A reforma da qual mamãe tinha mais orgulho. Margareth, a Leitora, sempre fora uma mulher refinada e culta, algo que se esperaria da família Hightower. Diziam que eu era bastante parecida com ela. Observando o ar pesado da sala, senti certa melancolia por ver seus pequenos refúgios abandonados após sua morte. Mesmo que os criados continuassem a limpar e a conservar os livros e pergaminho, seu cheiro já havia partido. Apenas os objetos permaneciam, sem as lembranças de uma época saudosa. Respirando fundo, lembrei que precisava alcançar o meu futuro, e puxei uma grossa Enciclopédia de Westeros, com capa azul lápis-lazúli. A estante moveu-se para o lado, revelando passagem para a torre que se erguia na lateral do castelo que eu buscava alcançar. Fechando a passagem secreta às minhas costas, tateei as paredes enquanto pisava nos degraus com imenso cuidado. Meus pés deviam estar imundos, mas eu não podia correr o risco de provocar ruídos. No alto da escadaria estreita, havia uma porta de madeira lisa, sem maçaneta. A empurrei para frente, e ela soltou-se, deslizando para o lado imediatamente. Eu podia ouvir as engrenagens enferrujadas movendo-se no interior das paredes. Atravessei a passagem, puxando meu manto verde mais firmemente, quando uma corrente de ar frio escapou comigo. Ansiosa, vi-me em outro dos refúgios de mamãe, e sorri com satisfação. Papai nunca entendia como sua esposa podia mover-se rapidamente de um ponto do castelo, ao outro. Ela cortava caminho entre seus gabinetes, já que todos haviam sido conectados quando foram construídos. Na penumbra, rapidamente alcancei o corredor, notando com certo humor que um dos guardas de papai estava dormindo em seu posto, enquanto outro já se afastava descendo as escadas para o primeiro andar daquela ala do castelo. Se ele descobrisse... Bem, apesar de benevolente, Aspen Tyrell era rígido quando se tratava de segurança. Naquela noite, no entanto, apenas agradeci aos deuses pela pequena ajuda.

           O largo corredor era iluminado por lampiões enfeitados com gavinhas e rosas. A iluminação bruxuleante conferia um aspecto soturno ao corredor de abóbada esculpida, que se erguia branca em mármore até onde eu podia vislumbrar. Tapeçarias e pinturas de membros honoráveis ou marcantes da Casa Tyrell enfeitavam aquele corredor tanto quanto os outros, e não reparei nos olhos familiares que pareciam me seguir durante meu trajeto. Passei em frente ao quarto de Nicolas, e ouvi sons curiosos que ameaçavam alcançar o corredor. Chocada, percebi que provavelmente meu irmão tinha as atenções de Andros, o bastardo de estimação de Zakintia. Eu não gostava nada daquela situação, temendo o escândalo em que Nico poderia nos meter a todos, caso aquilo viesse a público. Suas preferências incomodavam-me pouco, além disto. O que era realmente incômodo, era a hipocrisia da nobreza. O quarto de Lorant estaria certamente vazio, enquanto o de Peter emitia uma luz fraca por sob o batente da porta. Sem bater, empurrei levemente a madeira, adentrando as câmaras de meu noivo. Se eu o encontrasse com alguma prostituta ou algo do tipo, talvez nunca pudesse me recuperar do trauma, pois que não esperava por nada do tipo. Felizmente, meus medos provaram-se inúteis quando o vi concentrado sobre um livro em branco, escrevendo com uma pena de falcão azul. A tinta ainda estava molhada, e seus pensamentos pareciam tão anuviados quanto a expressão fechada em seu semblante jovem, já tão lindo.

- Perdoe-me por vir sem avisar. – Falei baixinho, aproximando-me e tirando o capuz para revelar o meu rosto. A trança longa caiu sobre meu ombro esquerdo, sobre o decote de meu vestido esmeralda. – Soube pelo Meistre que uma carta chegou de Lord Devan, e imaginei que tivesse relação com o que aconteceu em Porto Real após o torneio. Sei que sua tia estava em maus lençóis quando deixamos a Fortaleza Vermelha. Certamente abandonar o rei custará o seu cargo no Pequeno Conselho, e o de Zakintia também. Eu queria saber como você está lidando com tudo isto. Isso é, se não estiver sendo inoportuna. A verdade é que eu simplesmente quis um motivo para vê-lo, pois não podia parar de pensar em você, Peter. – Sorrindo, aproximei-me e abaixei ao seu lado, ficando de joelhos ao lado da cadeira onde ele sentara. O vestido espalhou-se ao redor de minhas coxas, e apoiei meus antebraços sobre as coxas firmes do herdeiro de Ponta Tempestade. – Saiba que pode contar comigo, pois nunca irei abandoná-lo. Em todos os momentos, bons e ruins, estarei lá. Nem mesmo a guerra pode impedir o nosso casamento, agora. Eu morreria pelo nosso futuro, se fosse preciso.  

      Eu sempre tivera a ideia clara de que amor e casamento não são elementos relacionados ou precisamente compatíveis. Ladys e Lords, através da história dos Sete Reinos, já haviam apenas tolerado ou até mesmo odiado aos seus maridos e esposas. Saber que o sentimento que eu possuía era uma raridade, apenas compelia-me a preservá-lo. Esperava que Peter sentisse o mesmo, como dizia. Mas sabia que mesmo que meu marido não fosse sincero, eu já estava perdida para sempre em seus olhos brilhantes e seus cabelos negros como o éter do céu sem estrelas. Não havia volta, agora. E por mais que fosse assustador admitir isso, não era nada difícil.

Habilidade Treinada:

A pena em minhas mãos ainda movimentava-se quando percebi que não estava sozinho. Mychella, a mais bela de todas as damas de Westeros, adentrava meu quarto trajando um longo manto verde. Dela, um leve odor de rosas era liberado, ocupando o ambiente que, antes, estava repleto de melancolia. "Como eu fora ingênuo", pensei. Somente naquele momento, tive certeza. A competição nunca havia existido. Nem mesmo a Lua, nem mesmo as constelações, havia tido chance alguma. Minha noiva era a grande vencedora. Ela era a única capaz de iluminar o céu, guiar-me pela escuridão e estampar algo muito maior do que o horizonte: meu coração. Um coração que a pouco havia aprendido a amar. Um coração jovem, que havia sido tomado por uma paixão ardente e marcante. 
- Mychella! Você não deveria estar aqui. Nem imagino o que seu pai faria se descobrisse que esteve aqui...
Ouví-la trazia-me uma sensação reconfortante. A tristeza que a pouco me abatia, já havia sido completamente erradicada.
- Bom, estou tão bem quanto alguém pode estar neste momento. - disse, sorrindo. - Meu pai declarou guerra à Coroa. No momento em que vi minha tia sendo declarada culpada de traição, soube que uma guerra estaria a caminho. Mas, eu sei que ela nunca faria isso. Conheço-a. Sei como ela ama meu tio. Uma guerra nunca traz bons resultados, e é isso que me preocupa...
Terminei, baixando levemente o tom de voz. Minha mão parte na direção do rosto da mesma, quase que instintivamente, alisando-o.
Eu não deixaria você morrer. Nem deixarei. Aqueles que tentarem, não terão uma segunda chance. Prometo a você, meu amor. Nada neste mundo vai nos separar.
Selei as palavras com um leve beijo nos lábios de minha prometida.
- Acredito que devemos mudar de assunto. Não quero chatea-la com minhas preocupações tolas.

      - Quando os poderosos disputam pelo poder, é o povo quem sangra. – Admiti, recorrendo aos meus conhecimentos prévios para corroborar minha tese. – Certamente tempos difíceis se anunciam, querido. Temo pela segurança de minha família, e pela sua também. Espero que Lord Devan não haja de forma precipitada. – Toquei a mão que acariciava meu rosto, deslizando meus dedos sobre a pele de Peter. Ele prometeu proteger-me, então seus lábios tocaram os meus. Perdida em suas carícias, pousei minhas mãos ao redor de seus ombros, tocando suas vestes simples com uma sensação irrefreável de descoberta. Eu nunca havia visto Peter em trajes de dormir antes. Ele parecia ainda mais bonito sem todos os adereços que éramos obrigados a usar diariamente. – Você não me aborrece, Peter. Saiba que pode conversar sobre tudo comigo. Por mais difícil e assustador que seja. Não sou como as outras donzelas. Eu aprendi a lutar em Dorne, e sou capaz de suportar muito mais do que pareço ser. Agora, por exemplo, estou escondida no quarto de meu noivo. Faltam ainda dias até o nosso casamento, mas contra toda a conduta que uma septã acharia adequada, aqui estou.

         Aproximando-me outra vez, levei meus lábios até a boca de Peter. Antes de tocá-lo, aproximei-me lentamente, sorrindo ao permitir que aquela proximidade entre nós se mantivesse por segundos. Uma de minhas mãos deslizou entre seus cabelos negros e lisos, e fiquei surpresa por não ver ali nenhum traço Lannister, de Arandora. De fato, os Baratheon tinham um sangue ancestral e poderoso. Certamente meus filhos seriam tão lindos quanto o pai, quando chegasse a hora. Escondendo o sorriso que meus próprios devaneios haviam provocado, beijei meu prometido, ainda abaixada ao seu lado. Apoiei meu peso em uma de suas coxas, sentindo-as enrijecerem conforme meu toque prolongava-se. Certamente devia ser difícil para um rapaz conter-se diante daquele ataque, então me senti subitamente imoral. Nervosa, afastei-me antes que pudesse provocá-lo ainda mais, sorrindo como se estivesse pedindo desculpas.

- Me perdoe. Devo ir, agora. A menos que deseje que eu fique. – Avisei, levantando-me e ficando mais alta que ele, que permanecia sentado. – Eu só queria ter certeza de que você estava bem, meu amor. Agora acho que posso ficar tranquila, sabendo que prestei meu apoio. Sua tia certamente é inocente. Vou pedir aos deuses que permitam uma solução pacífica para tudo isto. Espero que possamos evitar o derramamento de sangue que virá, se toda esta situação persistir. Não podemos esquecer que o Trono de Ferro possui dragões, e que todos os Sete Reinos dependem da Campina para alimentarem-se no inverno que se aproxima.

    Eu sabia que meu pai precisava ser cauteloso, mesmo que Zakintia sussurrasse em seu ouvido para manter a aliança com Devan em total sintonia. Alianças eram perigosas em Westeros, principalmente porque você acabava absorvendo os inimigos de seus aliados. Tanto Peter, quanto eu, entendíamos a importância das decisões que estavam em jogo, e principalmente de como nossas atitudes afetariam a vida de nosso povo, das pessoas comuns que não possuem muros para defenderem-se quando dragões voam espalhando destruição. Pessoas como os pobres da Baixada das Pulgas, que haviam sido deixados para morrer enquanto o dragão azul sobrevoava a cidade. Olhando carinhosamente para Peter, desejei que pudéssemos agir de forma autônoma diante daquele problema. Certamente ele era mais sensato que seu pai, que possuía um ímpeto conhecido em todos os Sete Reinos. O filho de Shireen Baratheon era tão valente quanto Robert, ou Stannis. E tão inspirador quanto Renly. Mas de quê a valentia e o carisma servira a eles, quando Cersei Lannister armara sua armadilha? Um javali tirou a vida do rei Usurpador e mergulhou os Sete Reinos na Guerra dos Cinco Reis. Renly foi assassinado por magia de sangue, por ordens de seu próprio irmão Stannis. Este foi derrotado por Tyrion Lannister na Água Negra, e logo depois no Norte, por Ramsay Bolton. Três homens valentes e furiosos, que morreram pela própria arrogância. Eu desejava que meu marido não fosse assim. Mas sabia que ele tinha um pouco de seu pai nas veias. Apenas intrigava-me não ter certeza do quanto. Era uma aurora assustadora, a que se erguia. Um tempo onde nenhum futuro estaria seguro.

Habilidade Treinada:

Sentia-me flutuando sobre as nuvens simplesmente por adentrar-me sobre as dilatadas pupilas de minha noiva. Olhos acolhedores, temerosos e, igualmente, corajosos e com uma inigualável profundidade 
- É isso que eu temo. Meu pai está precipitando-se. Não sei se podemos vencer essa guerra. Espero que ele perceba que existem outros meios de vencer uma guerra.
Uma sensação de desejo acumulou-se em meu peito. Um desejo tanto carnal quanto sentimental. Assim que ela tornou a levantar-se, ergui-me em frente à ela.
- Não possa obrigá-la a ficar, mas tenha certeza que...não gostaria que saísse. - disse, tentando transmitir, através de um sorriso, o máximo de acolhimento que pude. Minhas mãos logo migraram para as rosadas maçãs que embelezavam o rosto de Mychella.
- Ninguém no mundo me faria tão feliz quanto você já faz.
Novamente, beijei-a com grande paixão. Um beijo que conseguia mostrar, perfeitamente, tudo que sentia por ela. Algo tão forte e profundo que nunca imaginei que poderia sentir. Sem que notasse ou pudesse controlar, minhas mãos logo desceram até seu quadril, marcado por uma leve ondulação esbelda e repleta de sensualidade. Uma leve brisa, morna como a temperatura do quarto antes da chegada da primogênita dos Tyrell. Os beijos aumentavam de intensidade conforme o tempo passava, ingressando, também, o risco que estávamos correndo com aquele ato, considerado pelos Sete como "libidinoso".[size=31]

  As palavras de Peter eram sempre aliadas fiéis de seu lindo rosto, e das linhas de expressão que formavam pequenos vincos em sua testa, quando ele franzia o olhar em minha direção como se doesse ser tão belo. Era mais do que eu podia suportar desde que eu o conhecera pela primeira vez. Aquele rapaz era diferente do que se esperaria de um Baratheon, e nem por um segundo me viera à mente reclamar por isto. Sua fala era calma e controlada, seus gestos totalmente calculados, embora autênticos. Ele não era estúpido, e certamente não se deixava dominar por sua fúria. Como o lema de sua Casa sugeria, ela pertencia a ele. Os seus traços eram também mais suaves que os de Devan, devido aos genes delicados de sua mãe Lannister. Uma união que produzira beleza, força física e astúcia. Não era sem propósito que meu futuro marido tivesse servido como Mestre da Moeda por dois anos. Agora estávamos juntos na corda bamba, mas saber que ele abominava a perspectiva de uma guerra tanto quanto eu, era reconfortante. Infelizmente, nenhum de nós dois possuía poder real para influenciar nos acontecimentos. Ao menos por enquanto. Boatos de que meu pai transferiria os direitos de sucessão para mim, de Lorant, eram comuns no castelo. Eu não gostava daquela ideia, mas ela também não era ruim. Meus filhos seriam divididos em dois ramos de duas Grandes Casas, mas eu e Peter governaríamos uma região assustadoramente grande de Westeros. Poderíamos provocar mudanças significativas. Mudanças para melhor.

- Eu não vou a lugar algum, Peter. Passarei a noite em sua companhia, e quando acordarmos, eu retornarei aos meus aposentos. – O beijei e rapidamente senti suas mãos dominarem o meu corpo, enquanto ele reclamava-me como sua. Sabia que podia confiar em meus instintos para permanecer pura diante dos Sete, mas sentido os lábios dele contra minha pele e seu cheiro grudando-se em mim como uma segunda pele, era bem fácil esquecer mesmo a relevância das divindades.

            Eu dormiria com Peter naquela noite. Dormiria, apenas. Mas... Donzela! Este sim seria um imenso sacrifício...

RP Encerrada.

Meus pensamentos obscuros - marcados por guerra, morte e miséria - tornavam-se a assumir uma forma cada vez mais tênue, como ondas que decoram as costas mais calmas dos mares mais calmos de Westeros. Os beijos recheados de amor aqueciam meu coração desolado pela saudade da família. Até mesmo Cersei - a qual irritava, e era irritado, constantemente - me fazia falta naquele lugar. Em Porto Real, minha mãe havia informado-me de sua gravidez repentina. Talvez, após meu casamento, pudesse conhecer meu novo irmão ou irmã. Este, possivelmente, poderia ter uma idade próxima aos filhos que haveria de ter com Mychella, possibilitando uma boa relação entre os membros recém-chegados à casa Baratheon. Voltar para meu lar, levando comigo o grande amor que havia surgido em minha vida, era o meu maior desejo. Um desejo que, se os deuses cooperassem, seria realizado logo. Juntos, deitamos em meu leito, como um verdadeiro casal - mesmo que ainda não o fossemos, oficialmente. O perfume de seu corpo e a maciez dos seus longos fios de cabelo agraciavam os meus sentidos.
- Mychella Tyrell... - disse, em tom baixo, enquanto encobria o corpo de minha futura esposa com meus braços. O calor de seu corpo confortava-me por inteiro. - Espero passar minha vida toda ao seu lado.
A partir daquele instante, não me importava mais com o que os criados pensariam. Não me importava mais com o que meu pai, ou Lord Aspen, pensariam. Só gostaria de permanecer naquela posição pelo resto de minha vida, mesmo que aquilo não fosse possível. Naquele momento, não temia mais nada - apenas sentia uma forte sensação percorrendo toda a totalidade de meu corpo: amor.