[RP Fechada] A vida de um caçador I

The life of Hunter

I walked for days, but unfortunately, every place I went, I was there

Fazia pouco tempo que o Sol tinha raiado por entre o horizonte. A temperatura estava tipicamente fria, mostrando normalidade para o horário, o vento em leve brisa, aumentava aquela sensação gélida, enquanto os pássaros já enfeitavam o céu. Adentrados na fauna ao redor de Vilavelha, Banit Merlyn, um experiente caçador e seu filho Banned, já estavam vagando por entre a mata. Banit já era um homem de idade avançada, com época suficiente para ser avô de seu próprio filho. Sabendo como o mundo girava, o velho já levava sua criança para suas caçadas, afim de treinar e ensinar o garoto a sobreviver.

— Quero que preste atenção nas árvores, antes de mais nada. O musgo, quase sempre, cresce do lado Norte do tronco, isso significa que em uma situação comum, o musgo indicará o caminho nortenho. Para um caçador, saber se localizar e rastrear seus alvos são as coisas mais importantes. Um homem que se depara com uma alcateia de lobos acidentalmente, provavelmente acabará sendo morto . — falou o homem, enquanto auxiliava seu filho a descer uma leve colina.

— Tenho mesmo que vir com o senhor? Queria dormir. — colocou Banned, esfregando os olhos.

— Você é um Merlyn, não terá privilégios, acordar tarde é um privilégio. — respondeu o caçador, ajeitando sua aljava às costas.

A dupla andou por quase meia hora, até pararem perto de um córrego para beberem água e se lavarem.

— Como devo saber se essa água é própria para beber? — questionou a criança, enchendo seu cantil.

— Olhe às margens. — apontou Benit — São pegadas, provavelmente de cervos. Pela textura de vários lugares delas, algumas são mais antigas que outras, o que significa que aqui é um local rotineiro para os animais beberem água. Se os bichos matam sua sede aqui, significa que a água pode ser ingerida. — explicou.

Após utilizarem do córrego, os Merlyns voltaram a sua caminhada, enquanto o Sol cada vez ficava mais presente no ambiente. O jovem já conseguia perceber os rastros simples e nítidos de animais que tinham passado pelo local há pouco tempo. Embora não conseguisse discernir a espécie ou o tempo da passagem, Banned demonstrava que estava aprendendo com seu pai, tendo em vista que aquela não era a primeira vez em que estavam a caçar juntos. Chegado meio-dia, Banit ordenou que descansassem, enquanto comiam um pouco de comida, trazida de casa. Enquanto almoçavam, o velho aproveitava para ensinar mais coisas a seu filho.

— Definitivamente não somos nobres. Não temos equipamentos necessários para um combate de alto nível, perícia com espadas ou seguidores leais que nos protegerão até a morte. Mas temos algo que eles não tem, a natureza. Dentro dessas florestas somos como animais, fazemos parte deste ambiente e para mim, não há dinheiro no mundo que pague meu conhecimento. — orgulhou-se o professor, enquanto comiam alguns pedaços cozidos de pescoço de pato, guardados em uma bolsa.

Após tirarem um tempo para descansar, a dupla voltou a se embrenhar pela mata mais uma vez. Mas dessa vez o homem experiente, pedia paciência do jovem, ao chegar em determinado caminho. Retirando seu arco do ombro  e o armando com uma flecha, ele indicava a seu filho para fazer silêncio, enquanto andavam vagarosamente, até se esgueirarem sobre uma árvore.

— O que houve? — questionou o menino, confuso.

— Você já consegue seguir rastros no chão, certo? Olhe atentamente aqueles. — sussurrou, enquanto indicava com o nariz. — São pegadas de javalis. A carne deles é bastante valiosa, mas os hábitos deles são bastante agressivos. Preciso averiguar se não há nenhum à vista, se houver, precisamos ser silenciosos para atacá-los de surpresa.

Banit logou voltou a se empinar, mirando sua flecha para todos os lados, à procura de sua provável presa, mas não encontrou nada, sossegando-se e guardando sua seta.

— Estamos seguros? — perguntou Banned.

— Sim, mais do que isso. Encontramos nossa presa. — pôs o pai, indo em direção ao rastro no chão. — Esses tipos de pegadas são bem fáceis de serem associadas a javalis e isso é importante dentro da floresta, conhecer as pegadas da maioria das espécies. Mas me diga, para onde acha que o porco selvagem foi? — indagou Banit.

— Aqueles arbustos estão emaranhados e seguem uma trilha onde se é possível ver algumas pegadas. Acho que ele foi por esse caminho. — respondeu o garoto, apontado para o trajeto citado.

— Muito bem Banned, se temos um alvo e um caminho, resta-nos segui-lo. Mas para não sermos atacados e facilitar nossa caça, preciso que mantenha-se em silêncio a partir de agora. — detalhou o pai, puxando sua seta mais uma vez e partindo na trilha marcada.

Os caçadores partiram cautelosamente na provável direção do Javali. Passado alguns minutos, a dupla se deparava com o animal comendo algumas frutas caídas no chão, tranquilo e distraído, o porco não esperava o que vinha a seguir. Banit disparava uma flecha, precisa e rápida, que acertava a cabeça do animal, levando-o ao chão.

— Matamos ele? — perguntou o jovem.

— Com apenas uma flecha? Impossível. A seta foi suficiente apenas para derrubá-lo e impedi-lo de fugir, agora iremos finalizar. — respondeu o velho, aproximando-se do javali abatido. Puxando uma adaga de sua cintura, Banit cortou-lhe a garganta, deixando o sangue escorrer até o fim.

Após amarrar as patas do animal e pô-lo sobre seus ombros, o caçador e seu filho resolviam voltar para a casa. Com Banned, ajudado pelo patriarca, guiando a dupla no regresso. Com o musgo indicando o Norte e pela localização do Sol, o garoto conseguia saber os pontos cardeais e pela sua própria memória, conseguia reconhecer as trilhas que havia feito durante todo o dia. A caminhada era longa, mas no entardecer, os Merlyns saíam da floresta como o que realmente eram: Caçadores.