[RP Fechada] Murder Stealing

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

Apesar da porta fechada, os sons do lado de fora ainda alcançavam Rhaenys dentro do quarto. As risadinhas, a conversa em tom alto e, o pior de tudo, os gemidos. Aquele bordel era sua casa desde que havia nascido e, obviamente, estava acostumada com aqueles barulhos, mas havia dias que aquilo a incomodava demais, como se não pudesse suportar nenhum som. Normalmente era em dias depois de voltar de algum serviço, pois estava cansada e irritadiça. E bem, havia recém voltado de uma pequena viagem de uma semana, em que fora matar um mercador trapaceiro. A viagem havia sido um sucesso e, além do pagamento, ela ficara com algumas peças ótimas da mercadoria. Não tinha do que reclamar, mas estava cansada, queria dormir e a casa estava a todo vapor. Enfim, teria que dormir com o barulho ou sair de casa.
Morar em um bordel era a única realidade que a garota conhecia e nunca tivera vontade de mudar-se. Seu quarto, ainda que pequeno, havia sido seu desde que nascera, era carregado de lembranças e, claro, de suas coisas mais preciosas. Ela era, como sempre fora, a “mascote” do bordel e, ainda que às vezes fizesse um ou outro serviço como prostituta, jamais deixava ninguém conhecê-la por isso. Sabia que aquilo mataria a mãe, se ela já não estivesse morta. Além disso, morar naquele lugar tinha suas vantagens e não eram poucas. Primeiro, pagava barato pelo quarto, já que Sonya, a dona do lugar, era como sua segunda mãe, segundo, arrumava dinheiro, quando este faltava e, o mais importante, toda sorte de homens passava por ali. Podia ouvir segredos, conseguir trabalhos e aprender todo tipo de coisas novas. Não conseguia ver desvantagem em morar em tal lugar. Sem contar que virara uma espécie de guarda das meninas que ali trabalhavam. Estava sempre a postos para ferir seriamente qualquer homem que passasse dos limites ou desrespeitasse as meninas. Elas eram sua família, a única que tinha. Já pensara em mudar-se, mas sempre que levantava o assunto, todas lhe diziam que não, que aquela era sua casa e que ela não poderia abandonar a família. E assim, fazia 20 dias de seu nome que ela seguia ali.
O Flor da Meia-Noite era um dos mais famosos bordeis da Rua da Seda e um dos mais caros, o que era uma vantagem tremenda, porque assim Nys via entrar e sair daquelas portas toda a nobreza de Westeros e ricos homens das Cidades Livres. O lugar era grande, sempre bem limpo, com um perfume de rosas e especiarias no ar, um burburinho gostoso de conversas e risadas sempre constante. Os quartos eram luxuosos e havia quartos e meninas para todo o gosto, além de alguns garotos, para garantir que ninguém saísse do lugar infeliz ou frustrado. Era um lugar fantástico.
A bastarda pensava em tudo isso sempre que estava irritada, porque nesses dias, sentia uma vontade louca de deixar o lugar e ir tentar a vida nas Cidades Livres ou em Dorne. Mas depois pensava em tudo de bom que havia no bordel e mudava de ideia, pois era o único lugar que as pessoas a conheciam e amavam. Ela suspirou ao pensar nisso, mas afastou o pensamento e resolveu tentar dormir, ignorando, como sempre fizera, os barulhos indesejados. Precisava estar bem descansada, sempre pronta para o próximo serviço.

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A mulher havia deitado-se, bloqueando mentalmente todo os sons que vinham de fora e deixando o cansaço apoderar-se do seu corpo. Os músculos estavam um pouco doloridos, pois dormira algumas noites na Mata de Rei, encostada em uma árvore. Alguns serviços eram ingratos e não havia luxo nenhum, mas normalmente eram esses que valiam mais a pena, pois a recompensa era gorda e extremamente dourada, do jeito que ela gostava. Tinha ganhado certa fama, por ser discreta e quase infalível. Claro que era uma fama por baixo dos panos, já que ninguém diria abertamente que havia contratado uma mercenária, mas no cais do porto e nas estalagens, as pessoas a conheciam e a indicavam para certos serviços. Era só aparecer no bordel e dizer na recepção que precisavam falar com ela e uma das garotas a chamava imediatamente. Todas ali sabiam dos serviços de Rhaenys e elas mesmas a recomendavam para alguns homens.
Estava quase pegando no sono, naquele precioso momento, em que não se está adormecido, mas também não se está acordado, quase no limiar das duas coisas, quando ouviu três batidas rápidas na porta. A loira abriu os olhos imediatamente e gemeu, aquele era o sinal de que havia gente lhe requisitando, o que queria dizer que não iria dormir tão cedo. Ela amaldiçoou-se por não ter dormido logo depois que chegou, mas não havia nada o que fazer. Jamais recusava um serviço. Levantou-se, ajeitou os cabelos e abriu a porta. Nian a encarava, parada no portal, ansiosa, como sempre. A garota não sabia relaxar, estava sempre tensa e com um olhar meio assustado. Não que Rhaenys a culpasse ou não entendesse, a garota tinha 13 anos apenas e já vivia em um bordel, obviamente que Sonya não a deixava vender-se, mas ela ainda via muitas coisas e apavorava-se ao pensar que daqui uns anos ela estaria naquela posição. Pobre menina, Rhaenys sempre pensava ao vê-la, mas ignorou o pensamento e sorriu para Nian, a encorajando a passar o recado. Havia um estranho misterioso a esperando no beco logo a frente. Nys agradeceu e dispensou-se a garota, voltando para o quarto e colocando uma roupa mais apropriada, já que estava com uma fina camisola. Colocou calças pretas justas, uma bota que ia até os joelhos, uma blusa, também preta, que deixava o decote à vista e um casaco que fazia as vezes de um vestido, comprido atrás e curto na frente.
Pronta, dirigiu-se para o beco escuro indicado por Nian. Estava acostumada a encontrar toda sorte de pessoas em becos escuros, elas nunca queriam ser vistas, sempre protegidas pelas sombras. Ajeitou a adaga na cintura, escondida pelo casaco. Ela jamais saía sem uma arma e a adaga era a preferida, por ser facilmente escondida. Estava curiosa, como sempre, por saber o que o estranho queria. Seria encomendar uma morte? Deixar alguém em maus lençóis? Informações? Bem, ela podia fazer qualquer dessas coisas muito bem. Respirou fundo e adentrou o beco, quase sem fazer barulho, já que havia sido treinada para ter passos leves e mover-se sem chamar atenção. Não era fantástica nisso, mas virava-se bem. - Sou Rhaenys Waters - anunciou, em voz baixa, porém audível, para a escuridão do beco. Nunca interessava-lhe conhecer a face de quem a procurava, quanto menos soubesse, melhor. Esperou, encostada numa das paredes, até que o estranho respondesse.

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Ela não esperou muito, até ouvir uma voz vindo das sombras do beco. Ótimo, ele não se mostraria. Ouviu com atenção o as palavras dele e sorriu discretamente. Informações, fantástico. Estava realmente cansada para sair à caça de alguém aquela noite e pelo que estava acostumada, as pessoas queriam que seus serviços fossem rápidos. E bem, ela estava cansada demais naquele momento para ser rápida, precisava de uma boa noite de sono antes de usar sua adaga. Com informações, a coisa ficava mais fácil, pois podia usar as meninas do bordel para adiantar o serviço, antes de sair pelas ruas de Porto Real para juntar o máximo de dados que pudesse. Bem, ele tinha pressa e não estava acostumado a ter nenhum pedido negado, podia perceber isso pelo tom de voz. Tudo bem, estava acostumada com aquilo.
Rhaenys ouviu um barulho de papel e logo viu algo pequeno sendo jogado em sua direção, com os reflexos rápidos de anos de treinamento, pegou o papel com facilidade. Mexia-se devagar, prestando atenção a tudo que acontecia em sua volta. Podia ouvir os barulhos da rua em frente, risadas, conversas altas e pequenos roedores correndo por ali. Estava sempre atenta a qualquer tipo de ameaça ou mesmo alguma surpresa indesejada, vinda da rua ou do estranho nas sombras. Já sofrera algumas emboscadas e sabia o quão ruim essas coisas podiam ficar, por isso jamais se colocava em posição vulnerável. Sabia que havia duas ou três pessoas que pagariam um bom dinheiro por sua cabeça e não podia lhes dar essa satisfação.
Depois de pegar o papel e o verificar, sorriu um pouco, tanto para o dragão de ouro, quanto para o nome ali escrito. Oh, aquele seria um serviço extremamente rápido, não havia dúvidas disso. Mas um dragão de ouro, ainda que fosse um bom pagamento, não era suficiente para a informação que ela tinha. - Bem, tenho boas informações sobre esse cavalheiro, porém preciso de um pagamento um pouco melhor - disse, com a voz um pouco mais alta, de modo que o estranho a ouvisse com perfeição, mas que se alguém passasse pela rua, não pudesse entender. - Mais duas iguais a essa e temos um trato - acrescentou e encostou-se na parede, guardando a moeda em seu casaco. Ele aceitando ou não, ficaria com aquele primeiro dragão de ouro. Cruzou os braços, fingindo displicência, mas completamente atenta a qualquer som que viesse dele. Alguns homens não gostavam de ser desafiados ou de seu preço e podiam ficar um tanto violentos, portanto ela estava sempre preparada para qualquer tipo de retaliação.

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Podia sentir o silêncio vindo da escuridão, enquanto o outro refletia as palavras dela. Bem, ela tinha todo o tempo do mundo. E sabia bem como negociar, já que negociava informações desde os 11 anos, quando ainda não podia matar com eficiência ou tinha estômago para tal, mas podia usar seus conhecimentos para obter alguma vantagem. O fato de ter sido criada com muitos mimos a ajudava, pois tinha boa aparência, não parecia uma criança faminta, perigosa. O que era irônico, pois as que tinham fome não eram nada violentas, enquanto ela não tinha receio nenhum de ferir alguém, só não tinha força suficiente para matar. Então podia andar por toda Porto Real tranquilamente e ouvir todo tipo de conversas, já que ninguém desconfiava de uma criança, ainda mais um bem vestida e cuidada. Pobres tolos. Enfim, aprendera desde cedo a coletar informações e lidar com homens mais velhos, dispostos a passar-lhe a perna por conta da idade. Vários deles haviam saído com um ou dois cortes, além do aviso para nunca mais subestimá-la. E assim foi criando sua fama.
Logo o homem parecia ter tomada uma decisão e começou a falar, Rhaenys sorriu, não esperando menos. Seu preço era alto e dificilmente alguém pagava sem chorar um pouco antes, mas sem dúvida ele estava sendo sensato ao pedir alguma garantia. Era um homem esperto e que estava acostumado a fazer aquilo, podia perceber. Alguns nobres, que se achavam muito inteligentes e queriam demonstrar quanto dinheiro tinham, nem questionavam, apenas lhe jogavam mais dinheiro, sem nem saber se valia a pena. Desses ela não tinha receio nenhum de tirar vantagem. Mas o que estava a sua frente não era arrogante e sabia bem o que estava fazendo, o que aumentou a simpatia de Rhaenys. Ela era muito justa com seus preços e raramente cobrava por algo sem ter informações, apenas que fosse muito fácil. - Muito sensato. - comentou, enquanto escolhia qual informação dar. Tinha quase certeza que ela não era a primeira informante que ele consultava. No geral, as pessoas só chegavam a ela quando estavam quase esgotadas suas fontes. Por isso seus serviços eram os mais difíceis e, portanto, custavam um pouco mais. Pagavam pela informação e pelo tempo que a garota usava. - Certo, vejamos. Ele esteve em Porto Real, pela última vez, fazem uns três meses, talvez um pouco menos, mas com toda certeza, não mais que isso. Veio negociar terras com o Rei. Depois disso, ninguém mais tem notícias dele. Eu sei para onde ele foi e porque foi para este lugar. - comunicou, com a voz baixa, dando informações facilmente checáveis, mas que só que tinha ótimas relações na Fortaleza poderia saber. Era o máximo que ele conseguiria dela, sem pagar mais. Sabia bem que o último paradeiro de um homem era uma informação extremamente valiosa, principalmente desse homem, que parecia ter desvanecido. Segurou um sorriso ao pensar nisso. Sem dúvidas ele havia desvanecido e bem, ela era o motivo para isso, já que o havia matado. Agora era esperar para ver se ele pagaria o preço, tentaria negociar um pouco mais ou desistiria do serviço. Fosse o que fosse, ela não se importava, pois já havia recebido um dragão de ouro apenas para levantar-se da cama. Não era desonesta, mas era ótima no que fazia e sabia bem que seu serviço valia cada moeda. Por fim encarou a escuridão, esperando.

Habilidade treinada:

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Ela aguardava em silêncio, com uma expressão neutra, ainda encostada na parede. Às vezes achava extremamente maçante essas conversas que pareciam quase de uma via só, já que seu interlocutor a enxergava bem e ela apenas podia usar o silêncio e o tom de voz para avaliar sua situação. Por sorte sua habilidade de atuar era muito boa, já que umas das primeiras coisas que aprendeu, com um velho mercenário de Pentos, era que sua expressão não devia demonstrar nada além do que ela quisesse, ele passara uns bons anos a ensinando, foi o mestre mais duradouro que teve, já que o pobre mercenário era apaixonado por sua mãe e esperava que ao treinar sua filha com afinco, a mulher cederia e iria para Pentos com ele. Claro que Gail alimentou as esperanças do homem enquanto lhe era interessante e quando estava satisfeita, passou a ignorá-lo, até ele perceber o tolo que havia sido e voltar para as Cidades Livres. Aquilo sempre fascinara Rhaenys, como homens inteligentes, cheios de experiência, transformavam-se em marionetes nas mãos de uma mulher. Também aprendera a usar isso a seu favor, com a melhor mestra que poderia ter: sua mãe. Gail era amorosa como mãe, mas muito severa com professora, exigindo de Rhaenys sempre mais e o melhor. A mulher moldara a filha até a tornar quase completamente fria, pois dizia que a garota jamais poderia sentir nada por ninguém e nem se deixar enganar por homem nenhum, não importando o que lhe fosse prometido. Nisso havia sido muito bem sucedida já que Rhaenys jamais havia se encantado por homem nenhum, tratando todos com desconfiança ou apenas os usando. Tal mãe, tal filha.
Por fim seu interlocutor respondeu e ela o encarou com seriedade, desgostosa das últimas palavras. Ela odiava ser ameaçada, era uma das poucas coisas que faziam seu sangue ferver. Engoliu a vontade de atirar-se no escuro e o esmurrar, já que não era nenhuma idiota de atacar um oponente sem antes avalia-lo muito bem, ter certeza do tamanho, da arma, de suas vantagens. Mas que tinha uma vontade louca de o socar até quebrar os dedos, isso tinha. Controlou bem a expressão, não deixando transparecer seu desgosto e encarou o escuro com frieza. Viu um brilho dourado sendo jogado em sua direção e pegou a moeda com facilidade.
- Muito bem, aceito o preço. - respondeu, com a voz baixa e controlada - Mas ouse me ameaçar novamente e juro pela Mãe que o farei pagar caro por cada uma de suas palavras. acrescentou, destilando gelo em sua voz, depois guardou a moeda no decote e sorriu com fingida doçura para a escuridão à sua frente. - Então, sua valiosa informação: ele negociou com o Rei e estava dirigindo-se para sua terra natal, quando o encontrei na Mata de Rei e o matei enquanto dormia, junto com cinco de seus homens, que o acompanhavam. Joguei seu corpo no rio que havia ali por perto, depois de deixar o rosto dele irreconhecível, caso alguém o encontrasse antes que apodrecesse. - falou com a voz indiferente, não sentia nada ao falar que matara um homem, havia endurecido-se a tal ponto, que havia poucas coisas que se negaria a fazer por um bom pagamento. - Tirei tudo de valor que tinha, enterrei os homens e queimei o que sobrou. - continuou, sabendo que os detalhes não eram tão necessários, mas queria deixar claro que não estava inventando a história. - Se, de fato me pagar outro dragão de ouro, posso até lhe dizer quem me contratou para o serviço. Mas duvido que a informação lhe seja útil. - desafiou, sorrindo ironicamente para o ponto onde imaginava que o estranho se encontrava. - E então? Que lhe parece? - disse sorrindo, com atitude despreocupada, mas sem deixar de analisar cada barulho, cada movimentação.

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Os olhos da bastarda estreitaram-se automaticamente ao ver o homem sair da escuridão. Sua postura não parecia ameaçadora, mas cautela nunca era demais. Rhaenys o avaliou ou avaliou o pouco que conseguia ver, já que mesmo quase fora da escuridão, só podia ver um capuz e roupas pretas. Ele com certeza era bom em  se esconder e não queria nenhum olhar curioso sobre si. Certo, ela podia entender bem isso. Mas além desse detalhe, o máximo que conseguia perceber é que tinha bom porte e isso era tudo. Sabia que ele não era velho, por sua voz, mas não tinha ideia de onde ele poderia ser, já que não denunciava nenhum sotaque forte. Ele era bom, sem dúvidas.
Ainda que agora pudesse ter alguma noção de seu interlocutor, preferia quando estava falando com o escuro, não sabia bem por qual motivo, mas ignorou suas preferências e o ouviu. Bem, aquilo era interessante, ela o havia lhe liberado de seu serviço, então ele deveria ser um mercenário como ela ou talvez um fora-da-lei, fosse o que fosse, era interessante e lhe deu certa curiosidade. Queria saber mais sobre o estranho, tinha de confessar. E ele lhe tinha oferecido a oportunidade. A mercenária ficou quieta por longos instantes, ponderando. Não ficou surpresa por ele não se interessar em saber  o nome de seu contratante, talvez fosse o mesmo que o havia contratado, mas mesmo assim não era uma informação de grande valia. E ficou ainda menos surpresa por não ver outro dragão de ouro indo em sua direção, uma pena, mas não poderia ficar decepcionada, recebera dois apenas por contar algo simples. Não tivera de passar nenhuma noite acordada ou mesmo tivera de recorrer às suas fontes. Um pagamento extremamente fácil, do jeito que ela gostava. Mas quanto ao convite? Não tinha certeza se deveria aceitar ou não. Ele queria realmente tomar uma cerveja ou era um pretexto para algo pior?
Em silêncio, encarando o estranho encapuzado, Rhaenys seguia pensando rapidamente em suas opções. Uma cerveja seria ótimo, sem questionamentos quanto a isso e também mataria a curiosidade, mas deveria se arriscar? Como se sua vida toda não fosse um risco atrás do outro. - Parece ótimo, mas não o conheço. Para mostrar amizade, que tal revelar seu rosto? Assim ficamos em pé de igualdade. - ofereceu e sabia que sua oferta era extremamente razoável. Não poderia simplesmente sair com um total desconhecido, não quando qualquer um poderia ser sua sentença de morte.  Esperou, pronta para desaparecer dali rapidamente, caso o estranho se recusasse.

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A mercenária esperou enquanto o estranho ponderava se era uma boa troca ou não, sabendo que ele, assim como ela, não fazia nada sem pensar muito nas consequências, em como aquilo poderia lhe beneficiar ou não. Estava começando a entender um pouco ele, percebendo o quão parecidos podiam ser. Mas ainda não conseguia perceber quais eram os reais propósitos dele, de onde era ou o que era. Perguntas que ficariam sem respostas caso ela não aceitasse o convite. Ela sabia que aceitaria, só queria prevenir-se um pouco, assegurar-se que não estava lidando com um homem que a levaria para uma armadilha. Não que pudesse ter certeza apenas olhando seu rosto, mas ainda assim, era bom que ele não ficasse com tantas vantagens assim. Sorriu quando ouviu as palavras em concordância dele. - Claro, claro, sem problemas. - concordou, esperando que ele tirasse o capuz. Quando ele o fez, a mercenária percebeu o sorriso que não revelava nada e o encarou por alguns momentos em silêncio, fazendo um inventário mental e guardando bem aquele rosto, caso precisasse em algum momento. Era jovem, um pouco mais velho que ela, sem dúvidas, mas não muito, o sorriso podia ser encantador ou perigoso, dependendo do ponto de vista, para ela, todos os sorrisos masculinos eram perigosos, simples assim, mas não era imune à beleza masculina e o homem a sua frente tinha boa aparência, não podia negar. Quase riu ao ouvir a piadinha dele, mas jamais deixava que desconhecidos percebessem que tinha senso de humor, não de bandeja, pelo menos, depois de algumas cervejas, talvez. - É, bem, deixemos o decote para mim, por favor. - respondeu, com a voz um pouco menos séria do que até então. O homem a estava deixando um pouco mais confortável, mesmo que contra a sua vontade, já que preferia sempre ficar em modo de defesa, pronta para escapar. Mas ele não aparentava perigo ou ameaça, parecia um homem que havia cumprido seu serviço e agora queria um descanso, ainda que seus olhos fossem um pouco traiçoeiros.
Encarou o rosto dele por mais alguns segundos, depois olhou a rua, ainda barulhenta. - Vamos lá! Conheço um ótimo lugar aqui perto. - aquiesceu, dando um pequeno sorriso, mas sem baixar a guarda. Sem esperar resposta, começou a caminhar para o bar, que ficava naquela mesma rua, apenas um pouco mais para cima. Sabia que poderia ser estupidez dar as costas para ele, mas ficar na defensiva o tempo inteiro cansava e ele havia demonstrado não representar um perigo imediato, então decidiu arriscar-se e seguir na frente, uns passos afastada e prestando atenção nos movimentos dele. - Só lembrando que a conta é contigo. - falou por cima da ombro, num tom que não deixava espaço para argumentações. Caminhou apenas alguns metros e logo estava na frente do estabelecimento, um lugar meio sujo, um tanto escuro, mas que nunca ficava lotado e servia boa cerveja a preço justo, adentrou, sabendo que o homem estaria atrás dela e bem, se não estivesse, tomaria a cerveja sozinha. Sentou-se numa mesa perto de uma janela, um pouco afastada do balcão, onde a maioria das pessoas parecia aglomerar-se, como se não pudessem ficar nenhum metro longe da bebida mais próxima. Aquilo era bom, pois todos ficavam entretidos com as bebidas e uns com os outros, que não prestavam atenção às mesas mais afastadas.

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Sentada, ela relaxou um pouco, ainda mais com a ideia de que logo molharia a garganta com boa cerveja. Viu o homem a sua frente baixar o capuz e pedir as cervejas, que logo foram entregues. Rhaenys tomou um bom gole antes de responder, sentindo-se bem melhor com o sabor amargo da bebida. Estava começando a sentir o cansaço, mas não demonstraria, jamais demonstrava qualquer sinal de fraqueza. Ponderou a pergunta dele e se devia responder com sinceridade ou não, por fim resolvendo conversar tranquilamente, sem ficar pensando e analisando dez vezes cada uma de suas ações. Estava cansada demais para aquilo e bem, qualquer pessoa bem informada podia saber a história dela, não escondia-se muito, não quando usava seu nome verdadeiro. Era melhor para a reputação. Então deu de ombros e começou a falar, num tom baixo, mas menos frio do que antes. - Porque faço isso desde os 9 anos de idade, quando comecei a seguir nobres em busca de informações relevantes. - respondeu, tomando outro gole de sua bebida e encarando o homem. - E tu? Pode me contar algo verdadeiro sobre ti ou seguiremos com todo o mistério? - seu questionamento não era atrevido ou desafiador, apenas queria saber como se daria a conversa. Se tomaria cerveja com um completo estranho determinado a seguir nas sombras, ainda que sua face estivesse descoberta. Não queria saber seu verdadeiro nome, de onde era ou quais seus propósitos em Porto Real, sabia que ele dificilmente diria algo assim, mas estava louca para saber se ele também era um mercenário. Tinha certeza que ele não era de Porto Real ou mesmo das Terras da Coroa, conhecia bem os foras-da-lei daquelas bandas. Mas tampouco sabia dizer se era de Westeros ou não. O homem era um grande mistério.

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A mercenária tomava pequenos goles da cerveja, olhando o homem a sua frente, até que ele começou a falar, muito eloquentemente, na verdade. Ele parecia estar falando sério, mas Rhaenys estava estranhando, ele havia sido decidido a esconder-se todo o tempo, não querendo que ela soubesse mais que o necessário e, do nada, começava a falar como um pirata bêbedo? Muito estranho aquilo, então Rhaenys não deu muita bola para a história dele, ouvindo com expressão educadamente interessada, mas fazendo questão de não reter nada. Já sabia o mais importante, que era como ele era sem o capuz, o resto era só para matar tempo e distrair-se um pouco. - Triste, muito triste. - comentou com expressão educada, tomando um gole mais longo da cerveja. - Não conheço os Kettleback, então não sei se eles são sem escrúpulos, mas se isso tudo aconteceu realmente, parecem ser. - acrescentou, sorrindo para Jorden ou fosse qual fosse o nome dele. Mesmo se acreditasse completamente na história dele, não poderia fazer mais do que havia feito, ela não tinha muita empatia e sabia que a grande maioria das pessoas nos Sete Reinos tinham histórias tristes, não havia ninguém especial, principalmente no mundo dela. Todos que ela conhecia tinham sido abandonados, seus pais haviam morrido ou coisa pior. Era um mundo ingrato, mas ela não podia perder seu tempo ficando triste por cada história deprimente, não havia espaço em sua vida para isso. Levantou a caneca e a apontou para ele, como se estivesse brindando, depois terminou o conteúdo num gole só. Era forte para a bebida, podia tomar várias canecas cheias e o máximo que acontecia era ficar um pouco mais falante. Só perdia o controle se misturasse com um bom vinho dornês, aí ficava incontrolável. Mas não faria aquilo essa noite.
Sorriu para a pergunta e a tentativa de brincadeira dela, satisfeita quando entregaram mais duas bebidas. - Só aproveito prostitutas de outros bordeis, sabe como é, não se deve mexer com as de casa. - respondeu com um sorriso malicioso e piscou, bebendo um gole da cerveja. - Mas não, meu trabalho é meu hobby, se não estou trabalhando efetivamente, estou treinando. É o que gosto de fazer. - estava sendo sincera, sua vida era seu trabalho, não via como um fardo e sim como algo que a entretinha e ainda lhe dava a oportunidade de manter-se, era perfeito. Adorava caçar alvos, andar colhendo informações e até gostava da parte suja que era dar cabo das pessoas, sabia que não deveria aproveitar, mas fora criada assim, era uma pessoa fria, com pouquíssima empatia ou sentimentos, tinha que gostar ou não mataria e, se não matasse, não tinha dinheiro. Era sua vida, fim. - E você? Algo além de ser o senhor misterioso? Gosta ao menos de fazer sexo ou andar sorrateiramente por aí e tudo o que você aprecia? - questionou e riu um pouco, para mostrar que estava brincando.