[RP - Fechada] Leading The Way

O calor de Dorne era intenso como sempre. Garrett observava de sua extremidade da mesa os meistres e conselheiros que o cercavam naquela tarde, sustentando um sorriso no rosto enquanto os ânimos se acalmavam. Sua chegada um pouco tardia anunciava o início da reunião.

Havia convocado os homens ali de forma repentina, e a curiosidade de todos parecia tomar o controle no recinto. Nunca se tinha total certeza da gravidade das questões levantadas naqueles encontros, embora sua importância geral fosse indiscutível. O senhor de Paloferro encarou os quatro homens à sua frente com seus profundos olhos azuis, seus ajudantes mais confiáveis. Após um longo suspiro, pôs-se a falar.

— Senhores. — Sua voz ressoava por todo o salão, clara e bem audível para todos os presentes. — Hoje, novamente, discutiremos o planejamento para o futuro de nossas terras. — Os homens assentiram em aprovação, trocando algumas breves palavras entre si. Garrett ergueu uma das mãos, e a conversa cessou. — Começaremos com as questões de nossas próprias fronteiras. Alguém se voluntaria?

Um dos homens ergueu a mão, começando a citar o que acreditava ser válido. — Vários conflitos tem surgido entre as gangues das periferias, causando alvoroço entre os moradores. Os mercadores de especiarias tem alterado suas rotas e reduzido seu horário de atividades devido à criminalidade que cresceu com isso. Acho que a população em geral espera uma resposta de sua parte, senhor.

O lorde coçou o queixo, pensativo. — E onde diabos está o comandante da guarda? Ele ainda faz alguma coisa? — Suspirou profundamente, frustrado com tamanha incompetência.

Gangues sempre existiriam, claro. Mas devido à relocação recente de tropas para a segurança das fronteiras contra ameaças externas, a ação deles foi intensificada. Embora as demandas dos postos de segurança dos extremos tivesse logo sido reduzida com o fim de tensões maiores, os soldados não tinham voltado.

— Antes do retorno financeiro, precisamos ter em mente o seguinte. — Parou, encostando o indicador no braço de sua cadeira. — "Que tipo de Lorde não garante a segurança de seu próprio povo?" — Indagou de forma retórica. — Gangues sempre existiram, mas os laços de uma nação são construídos à base de confiança e se esse tipo de pergunta começar a escapar pelos lábios dos cidadãos, começamos a ruir. Começamos a ruir entre nós e entre os demais reinos, a começar pelos comerciantes, e isso é algo que não podemos nos dar o luxo de acontecer.

Dorne era conhecida por sua variedade de produtos exóticos em todo o continente, e perder a confiança do mercado naquele instante traria uma instabilidade muito grande para a prosperidade dos Yronwood. A sua riqueza não poderia ser abalada ali.

— Assim que o problema for finalmente resolvido, a economia vai voltar ao seu estado normal. — Disse outro dos homens à mesa, um meistre antigo que também havia servido ao seu pai. — Os trabalhadores vão voltar com força total, e a população ficará satisfeita. Com sorte, conseguiremos alinhar isso com a época de coleta de impostos.

Ele assentiu, aprovando as observações. — Excelente, Lewin. Creio que não teremos problemas com isso, pelo menos. — Virou-se então para os outros, finalizando aquele tópico com uma ordem final. — Enviem um corvo para meu sobrinho inútil, ordenando o retorno imediato das tropas de segurança local. Farei um pronunciamento para o povo em breve. — Disse, de forma séria. — Assim que eles voltarem, iremos neutralizar a ameaça. Um retorno bem anunciado pode ter muito poder para intimidá-los e acalmar a população. Estamos em acordo?

Um a um, os homens foram dando seus votos. Quando a unanimidade foi atingida, Garrett recostou-se em sua cadeira, satisfeito com o andar das discussões. Se seguisse assim, os caminhos de Yronwood estavam bem guardados em suas mãos.

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Tudo estava indo bem até aquele momento.  As relações internas entre o lorde e a população eram estáveis, e os únicos conflitos restantes seriam encerrados assim que um corvo chegasse às mãos dos membros da guarda. Ele sabia o que viria a seguir. A parte mais complicada, voltada para a relação entre as casas dornesas e o resto de Westeros.

— Acho que é importante ressaltar que as épocas mais intensas de comércio estão se aproximando outra vez. — Iniciou Arion, o conselheiro mais jovem da mesa. Enquanto seguia a fala, estudava as reações dos outros com seus imensos olhos verdes. — Dorne tem um histórico longo de relações comerciais com as outras casas, como já foi mencionado. Quais as pretensões para manter isso dessa forma?

Garrett ergueu uma das sobrancelhas, pensativo. Então, pôs-se a falar. — Excelente questão, creio eu. Todos sabemos que existem coisas boas de Westeros que só nós podemos oferecer. Alguém por acaso já ouviu falar de um vinho bom que não fosse dornês? — As risadas foram acompanhadas de seu sorriso. — Esperaremos as solicitações como sempre, tenho um pressentimento de que elas possam ser até mesmo maiores do que as previsões indicam. Algumas cartas para os lordes maiores poderiam ajudar a valorizar nosso produto individual também.

— Quanto às rotas terrestres, como poderíamos garantir a segurança dos produtos? — Valion falou, claramente preocupado. — Fora dos portões, sempre existe a possibilidade de alguns saqueadores desgraçados quererem colocar as mãos no que não é deles. Até as rotas marítimas são mais perigosas nesta época do ano.

— Repetindo mais uma vez, a nobreza sabe bem pelo que está pagando. — O lorde de Paloferro estava seguro do que dizia. — Assim como em todas as outras épocas de comércio intenso, eles saberão como proceder, e como proteger o que é deles. A parte que me cabe com os comerciantes é clara, resolvendo todos os transtornos que eles venham a enfrentar em nossas terras. Creio que não haverão reclamações após o decreto de retorno dos guardas.

Os conselheiros debatiam entre si, considerando a afirmação. Um favorecimento maior aos comerciantes poderia abrir algumas brechas, então o decreto interno teria que ser o suficiente.

— Ah, mais uma coisa. — O loiro disse, lembrando-se de um ponto crucial ali. — Algum outro grande evento pode ocorrer em breve, os tempos são favoráveis. Preciso que mantenham-me informado. Algo como o último festival da colheita dos Arryn ao qual eu pude comparecer. Nomes importantes geralmente estão presentes, e não costumam pensar duas vezes antes de gastar com mercadorias como as nossas.

— Há uma grande expectativa por parte dos comerciantes para isso, meu senhor. — Disse Valion. — Assim que uma das casas fizer um decreto assim, faremos questão de mobilizá-los para tal.

— Excelente! — Falou, satisfeito. — Renovaremos nossos acordos. Talvez façamos alguns novos, ou nos apareça a oportunidade de bajular algum lorde com um bom vinho. Bons presentes forjam amizades que podem vir a ser úteis em diversos momentos diferentes, colegas.

O lorde então pegou sua taça antes intocada, apreciando alguns goles do vinho que Westeros tanto cobiçava. — Então... Mais algum assunto de importância para os Yronwood, meus caros?

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Gael foi o último a levantar a mão para falar. Todos os presentes, até mesmo Garrett, sabiam o que estava por vir ali. A relação entre os domínios internos de Dorne, entre as casas existentes e seus atuais soberanos. Talvez aquela fosse a parte mais importante de toda a conversa.

— Ultimamente, meu senhor — Disse o homem, encarando-o com seriedade. — Não tivemos tantas oportunidades de reafirmar os laços com as outras casas dornesas. E você, como qualquer outro lorde, sabe que estas relações são muito importantes para qualquer eventualidade. Como devemos reforçar isso?

— De certa forma, nós somos uma casa de prestígio incontestável aqui. — Falou, com o orgulho de um verdadeiro Yronwood. — Mesmo que possa existir alguma hostilidade de alguma outra casa, o que eu duvido muito, eles não podem negar que nós guardamos o caminho. As fronteiras de Dorne são nossa responsabilidade, e nosso sucesso nos últimos anos foi significativo. Essa é a primeira de nossas garantias.

— De fato, nosso poder é significativo nessa equação. — Confirmou Arion. — Mas em caso de alguma necessidade, Paloferro precisa de uma garantia maior que essa.

— Os Drinkwater são nossos vassalos juramentados. — Começou Garrett. — Então são uma certeza em nosso auxílio. Em tempos passados, tivemos alianças mais firmes com casas como os Qorgyle, Wil e Blackmont, claro. Talvez seja tempo para reacender isso, afinal e contas, o Norte não é o único que se lembra. A questão principal seria como erguer isso.

— Eu creio que é bem aparente a principal ferramenta para resolver esse tipo de coisa. — Arion falou, sendo cuidadoso com seu tom. — Nada para melhorar as relações entre duas casas como matrimônio.

O lorde de Paloferro tamborilou nervosamente os dedos contra a superfície de madeira de seu assento, suspirando de frustração. Sua união anterior, um casamento com uma nobre de uma das casas vizinhas, não tinha resultado em algo tão satisfatório assim. Sua esposa morreu no parto da primeira e única filha.

— Minha filha teve uma união selada com meu sobrinho, que não está dando tantos frutos quanto o esperado. — Ele não disfarçava o desapontamento. Nem ao menos um neto lhe havia sido dado. — Se isso não tivesse acontecido, talvez conseguíssemos um casamento com um Uller, ou algum dos nobres dos Allyrion. Nossas opções ficam mais escassas, se pararmos para pensar desta forma.

— Talvez outra nobre de Dorne esteja disponível para uma aliança com o senhor, lorde Garrett. — Lewin se pôs a falar novamente. — Uma Allyrion, Fowler... Até mesmo alguém da nobreza dos Blackmont.

A ideia não era de todo ruim. Talvez com um segundo casamento, sua linhagem pudesse ter uma segurança maior para seguir em frente. O nome Yronwood poderia se beneficiar daquilo tudo, e ele talvez chegasse a amar quem quer que fosse eleita para aquela relação.

— Um casamento com alguém da nobreza daqui. Realmente, seria uma mobilização e tanto. Atrairia os lordes das outras casas, nos daria oportunidades de um diálogo aberto em nosso próprio território... Me parece bem viável e seria uma oportunidade ímpar de demonstrar que é possível manter-se firme e ascender entre o próprio povo. — Garrett assentiu. — Que assim seja então. Reúnam suas informações, contatem a nobreza que conseguirem, se acharem válido. Talvez seja hora de chegar sangue novo em Paloferro.

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