[Fechada] white crow with a winter crown

Melkor.

Cada irmão da Patrulha da Noite fez um juramento sagrado de proteger o reino dos homens. Isso não significa ficar perdendo tempo esperando que o frio finalmente lhe dê o fim. Significa sangrar. Significa lutar. Significa ir Além da Muralha e caçar quem ameaça o reino. Então, como se faz milhares de estupradores e ladrões lutarem juntos? Sangrarem juntos? Esse é o dever do Lorde Comandante. Manter construtores construindo, patrulheiros patrulhando e intendentes supervisionando. Senão, tudo desmorona. Cada Lorde Comandante é escolhido dentre seus irmãos e serve por toda sua vida.

Há muito tempo era possível chamar homens do Portão da Rainha, Monte Longo e de outros dezesseis castelos da Muralha, todos de volta ao Castelo Negro para uma eleição. Hoje em dia teria sorte se conseguisse reunir algumas dezenas de Atalaialeste e da Torre Sombria. Ainda assim, os irmãos têm permissão de nomear quem acharem digno do título. Então eles votam até um homem receber a maioria, dure quanto durar. Algumas eleições como a de Melkor duraram menos de uma hora. Outras duraram semanas. Uma chegou a durar dois anos.

Existiram 1002º Lordes Comandantes desde que a Patrulha da Noite foi fundada. Certa época, existia soldados de verdade, homens de honra e força. Agora veja quem opera a Muralha...camponeses que roubaram uma ovelha para sodomizar e nobrezinhos indignos da terra do pai. Mas Melkor deve encontrar um lugar para todos e transformar esses estercos ambulantes em soldados da Patrulha da Noite.

Nem sempre a Patrulha da Noite teve sorte de ter um homem como Melkor os liderando. Também tiveram covardes e tolos. Os tiranos e os loucos. Runcel Hightower tentou deixar o legado da Patrulha para seu filho bastardo. Rodrik Flint quis se tornar o Rei Além da Muralha. Tristan Mudd, Marq Rankenfell, Robin Hill...Todos quase destruíram a Ordem com sua tolice. Seiscentos anos atrás os Comandantes em Portão da Neve e Fortenoite até entraram em guerra um contra o outro. O Lorde Comandante de sorriso afetado pediu que deixassem as diferenças de lado e, incrivelmente, eles deixaram. Porque se uniram para matá-lo. O Stark em Winterfell teve de intervir e tomar a cabeça de ambos para salvar a Patrulha da Noite.

Depois da Grande Batalha a Patrulha da Noite foi novamente esquecida pelos sulistas, eles acham que os problemas morreram. Se tudo fosse realmente um conto de fadas como eles pensam, não teria motivos para Bran Stark criar uma segunda muralha dos destroços da primeira. Quando a Patrulha começou a despencar no abismo do esquecimento sulista e os Lordes Comandantes depois de Eddison Doloroso voltaram a se tornar puro excremento, a Ordem ruiria novamente. Eles precisaram de um novo líder. Um homem respeitado para manter a Patrulha unida no momento sombrio que surgiria. Um líder forte o bastante para garantir que a Patrulha da Noite sobreviva ao próximo inverno, curte o que custar. Melkor era esse líder. Os corvos trabalhavam dia e noite e uma pequeno força militar crescia dentro dos três castelos da Patrulha da Noite. Aqueles que não aguentavam o trabalho duro tinham as línguas cortadas e eram jogados para o outro lado da muralha. Com algumas mudanças na Ordem, Melkor salvaria a Patrulha da Noite e seus pequenos corvos, porém era ele que traria os ventos do inverno.

-Quando as pessoas falam da Patrulha da Noite, nunca se lembram da pá. - O Patrulheiro de cabelos loiros enterrava a ferramente na terra e reclamava juntamente com outro corvo. -Ou da merda. - Sua pá estocava o solo novamente. O Senhor Comandante os observava de longe, porém era suficiente para escutar a conversa. -Eles falam de honra, de perdoar crimes ou proteger o reino. Mas cavar é a maior parte. - O seu amigo ruivo e de cabelo curto fincou a pá na terra e arfou sobre a haste, descansando. -Ou ser atacado, ou morto, ou pior. - O loiro respondia seu amigo, porém ele não parava seu trabalho. O patrulheiro tinha braços fortes. -Isso também, mas quando não está sendo atacado ou morto, geralmente está cavando. - Os corvos então, pensando estar sozinhos, começaram a falar sobre assuntos que não deviam ser falados. -Ajudar com rituais bizarros também entra nessa lista. - Ambos riram com os olhos semicerrados, tendenciosos. -Fiquei sabendo que o Senhor Comandante estaria aqui em Atalaialeste hoje. Talvez devêssemos espiar seus aposentos, dizem que ele guarda uma puta selvagem com ele. - As risadas ecoaram, mas então as risadas pararam. Melkor estava parado com um olhar de desdém e frio assim como sua expressão que era como a de uma pedra de gelo. Sua guarda fez a gentileza de forçar os dois patrulheiros a ajoelharem perante o Senhor Comandante. -Eu vou ensinar os filhotes corvos a voarem. Talvez retornem mais fiéis. - Os guardas puxavam as línguas dos patrulheiros enquanto Melkor desembainhava sua adaga e sussurrava para o vento. O líquido escarlate escorreu pela neve e os dois patrulheiros foram levados para Além da Muralha. Os Nortenhos supersticiosos que rogavam para um bom líder depois de um Lannister, recebiam um bom líder. Os Starks deveriam estar orgulhosos.

Treino: