[RP FECHADA] Espadas e espadas

Glover

Aquilo havia sido magnifico. Dorian em toda sua vida, nunca viu tal manobra. Se jogar para trás, de uma maneira que o corpo inteiro recuasse uma boa distância, e dependendo como for, poder até acertar os pés no rosto da pessoa? De fato, a reação de sua cavalheira foi impressionante, a ponto de deixar o lorde boquiaberto ao ver que errou sua sequencia de golpes.

Porém, sua mente continuava focada, apesar de surpresa. Sabia que a Glover era mais astuta e esperta do que forte de fato. E que potencialmente viria a ataca-lo. O pouso da manobra não foi lá tão incrível quanto ela em si. Ela ainda se erguia, então, foi óbvio que os ataques iriam vir rasteiros. Com este pensamento em mente, o coração do lorde só enchia mais de uma confiança plena de sua vitória e previsão. Quando ergueu o rosto para ver, já tinha uma lâmina apontada para o peito, o que fez o urso sorrir de maneira discreta, sabia que sua espada ajuramentada era de fato uma mulher perigosa.

Então, o olhar pesou nos ombros, buscando visualizar a iniciativa do músculo, e de fato foi o que aconteceu. O olhar de Dorian percorreu a extensão do braço, acompanhando o movimento, e notou então que o golpe seria de fato rasteiro, como o imaginado. Então, posicionou a espada destra na vertical, com a ponta direcionada para o solo fofo de terra e neve. O estalo do metal aconteceu, o golpe teria atingido o joelho do urso. Contudo, Dorian notou como a Glover se abaixava, e obviamente algo viria para suas pernas. Talvez, o fato do lorde ser muito ágil tanto em físico quanto em mente, somado a sua experiência com espadas, tornaria a situação toda muito difícil para a Glover, pois o urso não tinha a minima vontade de deixar algo passar.

Então, ele a acompanhou. Conforme o corpo dela abaixava, o dele também. A espada destra assobiava com os aços deslizando um sobre o outro. A espada canhota de Dorian, foi invertida em sua mão, deixando o cabo para o alto e a lâmina para baixo, como um assassino costuma segurar sua adaga antes de apunhalar alguém. Então, o primeiro joelho de Dorian tocou o chão, e a espada canhota foi cravada na lateral esquerda, enquanto a destra que continuou descendo, cravou apenas a ponta na terra. Dois impactos na arma esquerda, e quando o Mormont olhou, lá estava as pernas da Glover, que haviam acabado de chutar o aço. Dentro de Dorian, a adrenalina e a confiança afirmavam cada vez mais que seus treinos trouxeram resultados, e então, por isso, estava na hora de finalizar sua companheira. — Desculpe. — Aquilo foi quase um sussurro, mas os ouvidos da Glover captariam o som grave, podendo até mesmo distrair a mesma. Foi a intenção do urso distrair? Não, realmente, ele desejava se desculpar caso tivesse infligido alguma dor pra ela no processo do treino. Porém, enquanto os lábios se moviam, a destra de Dorian aproveitou da espada firme no chão para executar a troca de posição, ficando assim, semelhante a espada canhota. Cabo para o alto, lâmina para baixo.

O braço direito de Dorian sempre foi o mais forte, e naquele instante, já não sustentava mais o golpe da Glover pois ela havia afastado a arma para usar as mãos como apoio para o chão. Então, o Mormont aproveitou da Glover praticamente deitada sobre o joelho, e avançou. A perna direita dele estava firme com o pé no chão, e avançou, pisando e mantendo firme o biceps da menina no chão, para impedir dela erguer a espada e tentar algo contra o mesmo. A espada canhota, foi desencravada da parte traseira, e cravada ao lado da cabeça da Glover. E a destra? Deitada horizontalmente em sua garganta. Os longos fios negros de Dorian, naquele instante, deslizaram pela lateral de seu rosto levemente debruçado sobre a Glover. O joelho esquerdo do homem? Estava ao lado do corpo da menina, firme no chão, que com a ajuda da espada cravada ao lado do rosto da menina, mantinha o grande urso equilibrado, já que seu pé direito estava ocupado.

Toda a ação, Dorian se sentia confiante. Mas obviamente aquilo não se passava de uma sequencia de tentativas, e essa confiança poderia ser seu fim. Caso a Glover conseguisse interceptar e impedir a sequencia do Urso, ele estaria praticamente solto nas mãos dela, pois o orgulho o cegou para planos secundários, já que seu coração estava confiante de que haveria sucesso em sua empreitada.

Rage.

Notou que, no momento que iria apoiar as armas nela, ela havia virado de bruços. Algo muito estranho, ainda mais pela posição que ele estava. Mas quando se deu conta da cintura se erguendo, e da perna se movendo, ele reagiu.

O corpo se jogou para trás, puxando as espadas junto. As costas serviram como pouso, levemente dobradas, ele fez uma bela cambalhota para trás, parando assim, de cócoras. As espadas? Ele ergueu, e apoiou ambas nos ombros, formando um x com as lâminas atrás da própria cabeça. Notou como a Glover era ágil. Realmente, era de se respeitar, mas novamente ela não possuía a velocidade suficiente para atingir o urso de tal forma, ainda mais em uma posição tão desfavorável. Ele havia sim escutado o pedido de desculpa dela. Mas será que havia desculpado? Não era o que a expressão dele dizia.

De fato, o lorde notou a sequencia de movimentos das pernas da Glover. E eram movimentos dignos, bem violentos, que se acertassem geraria até derramamento de sangue. Ela, em sua posição, retornou a erguer sua espada, espada essa que ela utilizou uma única vez em todo o combate. — Devo dizer que me impressionou no começo. Aquela manobra, o salto invertido, não sei. Muito bom. — Comentou. Mas o tom de Dorian... O tom dele, não era o tom dele, exatamente. Então, ele se ergueu. Estava de pé novamente. Passo a passo, as armas nos ombros, a fúria do urso começava a se expressar. Os dedos apertando os cabos das armas. Os nervos saltados nos antebraços assim como as veias. O olhar fixo nos olhos da Glover.

Quando próxima dela novamente, ele parou, E então, usou de todo seu potencial. Toda sua força, toda sua agilidade, e a experiência com as espadas. A destra, desceu em uma pancada de tamanha violência entre a ponta e o meio da lâmina da Glover, que o estalo foi assustador. A canhota? Esta, praticamente deitada na horizontal, apenas alguns graus a mais que a tornavam um diagonal, atingiria praticamente o cabo da espada da garota, o protetor, com a mesma violência porém mais ágil do que forte. A pancada na destra gerou uma força absurda contra a espada, e a pancada da canhota deu uma direção a essa força: Direção essa, contra os dedos da Glover.

Para ela, seria como ter um martelo atingindo seus dedos. A arma abandonaria a mão da garota, caso Dorian tivesse sucesso, já que o conhecimento de esgrima da pequena Susanne estava longe de ser sua melhor pericia. O urso, estaria com os braços cruzados, joelhos levemente flexionados. Uma posição que permitia ele uma resistência ainda mais alta, e seu corpo atender seus movimentos em seu máximo de velocidade. Os braços cruzados, voltaram, se abrindo, e só pararam pois as lâminas iriam tocar o pescoço da Espada Ajuramentada.

As armas cruzadas em um x, com o pescoço da garota no meio. O lorde arfava, seus braços chegavam a tremer pela força e a violência usada. Os guardas que testemunharam, sussurravam que talvez Dorian tivesse perdido sua tão grande paciência. Se ele não tivesse parado o golpe, e fossem armas reais, a cabeça da garota poderia ter sido arrancada do pescoço.

Porém, as narinas expulsavam lentamente o ar, enquanto os olhos se fechavam. Ele afastou as armas da Glover, e se afastou dela cerca de três passos. — Vamos começar de novo, sim? —

Right now

O homem deu um tempo para os próprios nervos. Inspirou e espirou algumas vezes, antes de olhar para a sua ajuramentada. Ordenou então que pegassem faixas, água e panos limpos. Caminhou na direção dela, e levou um dos joelhos até o solo - o esquerdo.

Ele sussurrou para ela um breve ' com licença ', enquanto erguia os tecidos, ou removia as proteções, qualquer coisa que impedisse ele de alcançar as canelas feridas de sua amiga. O fio que prendia os cabelos de Dorian, soltaram, criando uma cortina negra que escondia sua expressão de culpa por ter ferido a menina. A água e o pano chegou. Ele limpou, como se cuidasse da própria irmã ou de uma filha, o toque era visivelmente gentil e totalmente desabilitado de qualquer malicia.

Terminando de limpar, notou que havia apenas aberto um rasgo muito pequeno, que fecharia por si só sem duvida alguma. Isso tranquilizou o Urso, porém, não impediu que uma nova ordem fosse entregue. Irem buscar uma medicação que acelerasse o processo, algo que ele não tinha conhecimento do que era mais sabia da existência, pois já utilizaram nele mesmo. — As vezes eu dou lugar a algo que não sou. Me desculpe, Sussy. — O tom era amargurado, mas o olhar na direção do salão e os cabelos escondendo a face, impediam dela enxergar a expressão pesada que os pensamentos do lorde geraram nele.

A medicação foi entregue, e então, após lavar as mãos no que restou da água, pegou a mistura. Era esverdeada, visivelmente uma junção de ervas cicatrizantes esmagadas com um pouco de água quente para extrair seus efeitos mais rápido. Passou suavemente com o indicador sobre as feridas, e assoprou pois tinha noção que arderia. Deu um breve intervalo para a ardência a deixar, enrolou as canelas com as faixas e amarrou, para manter o remédio ali e permitir o sangue de coagular. Lavou as mãos novamente no pote, enxugou na própria roupa, tomou para si de volta o fio vermelho que utilizava para amarrar o cabelo e se levantou.

Os servos apressados recolheram os objetos, enquanto Dorian terminava o nó. As espadas? Ele havia as cravado no chão quando se ajoelhou. Ao terminar de prender o cabelo, o rosto nublado do lorde permanecia, enquanto ele tomava as armas em mãos. Se afastou da menina, e então: " Quando estiver pronta, é só atacar. "

Two Sword's

Escutou o pedido de sua espada. Aquilo era algo especial, de certa forma, já que Dorian desenvolveu seu estilo treinando com seu pai a vida quase inteira. Era algo a se pensar. Ensinar, ou não. Porque ensinaria? Passaria algo tão próprio para ela? Bem...

... Porque não, não é?— Bem. Meu estilo é próprio, não aprendi com algum professor ou algo do tipo. Desenvolvi em batalha. Basicamente, são movimentos que tem como base suprir necessidades e direcionar o desarme do oponente, antes de sua morte. Porém, ele pode se alterar quase de imediato para movimentos mortais. O segredo está onde as espadas batem. — Após este comentário, houve algumas risadas. Era óbvio que onde a espada batesse ditaria se iria matar ou não. Se cortar uma perna é bem menos mortal do que um pescoço, de fato o raciocinio dos que riram está certo. Mas Dorian se referia a espada. Com um gesto, pediu para ela erguer a guarda, algo que ela já tinha alta por sinal. O Mormont analisou por poucos instantes, e então...

Agiu. Sua canhota avançou com a lâmina na vertical, colidindo com a região da ponta da espada da Glover, que estaria na horizontal, como sugestionado pelo Mormont alguns instantes antes. Mas e a destra? Essa mergulhou praticamente em uma estocada, por entre o braço e o corpo da Glover. E ali faria sentido o grande segredo de Dorian. Ele poderia fazer um movimento para o corpo e rasgar a Glover. Ou seguir sua estratégia onde a desarmaria e não mataria; e foi o que fez.

A destra retornou , vertical, passando ao lado do ante-braço da Glover e travando na lâmina, quase na empunhadura da arma da mesma. A espada canhota, forçando para frente, e a destra, para trás. O efeito dessa pressão fazia com que o corpo da Glover instintivamente soltasse a arma para que não perdesse os dedos ao comparar sua resistência com a força do Mormont.

A espada então, estalaria e iria para o chão, se a canhota do lorde não agarrasse o cabo da mesma antes de cair, segurando assim, duas armas na mão esquerda. Era um pouco dificultoso, de fato, mas aquela altura... Dorian já estava com o controle de sua mão inábil tão grande quanto a mão hábil. Só mais uns dias para se acostumar.— Um movimento, uma direção. Para um lado a morte, para o outro o desarme e a possível desistência da luta. O destino de uma pessoa no fio de sua espada. Mas pra isso, deve se acostumar com a mão que você não tem controle algum, primeiro. No caso... Sua destra. — E então, ele jogou a arma que ele retirou da Glover, na grama. Exatamente a arma da mão esquerda.