[RP Fechada - Flashback] Kraken in Tower

Seus dados roçavam pelo cabo da Tentáculo, embainhada no lado canhoto de sua cintura. Pertubante, imaginou o homem por um segundo. Era manhã ainda, quando o Vitória de Ferro surgia por entre as Ilhas Escudos, acompanhado de mais dois dracares à retaguarda, Lord Balon e Beijo do Kraken. Outrora, bandeiras Greyjoys jamais circulariam por aquela região, sem que antes se erguesse a espada dos soldados da Campina e afligisse o medo em seus corações. Aquele tempo, porém, nenhum súdito ou vassalo da Voz de Vilavelha se infligiria pelos convidados de seu senhor, permitindo que aqueles estupradores, saqueadores e assassinos passassem pelos seus mares sem qualquer embaraço.

— Vejam suas roupas, suas mulheres, quanto ouro poderão ter em suas casas de flores? — questionou retoricamente Migmer, o Peão Azul, com suas vestes azuladas, tipicamente encardidas. Sobre o convés do dracar de seu senhor, o velho fitava as tentações que aquela cidade gerava não só a ele, mas a todos nascidos do ferro que ali botavam seus olhos de cobiça.

— Dizem que as putas da Campina são tão cheirosas quanto as flores na primavera. — bradou Memphis em um sorriso, com seu peitoral de couro relevado ao desenho do Kraken, em complete com braçadeiras, caneleiras e sua calça de couro negra — Mas não estamos aqui para foder nenhuma dessas vadias das terras verdes, ao menos até segunda ordem. Enquanto estivermos na Campina, foquem sua atenção aos meus comandos. Osyl Hightower não é alguém que se deva ter confiança. — completou, fitando o porto da cidade.

— Um Greyjoy deve conversar com um lorde de Westeros, senão for para sentenciá-lo a morte? Ora, não são estas a tradição de nosso deus? — indagou Erick Drumm, o primeiro imediato, com sua famosa armadura negra a lampejar por entre os raios solares.

— Mesmo um Kraken não pode devorar a tudo ao mar. É necessário repousar sobre as pequenas presas, para atacar aos gigantes que se aproximam. — deu resposta o novo rei, arranhando as bochechas com as unhas, a coçar sua densa e visível barba.

Os Hightower não nos serão aliados, apenas me será um tentáculo, curto, mas por hora útil, refletiu Memphis, ao tempo que o Vitória de Ferro atracava no porto de Vilavelha.

— Quais suas ordens, meu rei? — questionou o nobre da casa Drumm, apascentando o descanso sobre as armas embainhadas na cintura.

— Cinco homens repousarão em cada dracar, os demais me acompanharão. — respondeu a Lula Negra, a pisar sobre terra firme, virando-se aos homens — Fortalecerei o nome de cada um de vocês hoje, falarão a seus filhos e esposas que pisaram na Campina e que Memphis Greyjoy não permitiu que ninguém os tocasse. Saquearão, estuprarão e assassinarão centenas de milhares sobre o meu comando e verão em seu rei, a força de um nascido do ferro e a astúcia de um líder. Hoje, porém, vos ordeno que sosseguem sobre estes mares calmos, pois a ordem emana do deus Afogado, sendo eu seu representante por qualquer terra. — colocou, à frente de todos seus subordinados, que exorbitavam a coragem de seu superior e protetor.

— Nosso governante nos mostra que perante suas ordens, mesmo sobre terras inimigas, ainda nos protegerá. — deu complemento Erick, brandindo as mãos encouraçadas e fortalecendo a fama do reino de seu senhor.

Um bom rei não deve apenas atender as necessidades de seus súditos, deve mostrá-lhes também que cuidará de seu povo e que pode fazer isto. Um nascido do ferro não possui honra, ele respeita apenas a força e não há ninguém com mais força que Memphis Greyjoy em todas Ilhas de Ferro, refletiu o filho do vento marinho. Com as borrachas de seus solados a contemplarem o chão de Vilavelha, a comitiva do Kraken rumava até Torralta, onde se poderia imaginar que o Farol do Sul já esperava pelo Ceifeiro de Pyke.

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O vento soprou forte por um momento. O homem da torre, pôs mentalmente a Lula Negra, a avistar o anfitrião a vir por sua fronte. Seriam tempos de uma outrora nebulosa naquela região, a Campina se emaranhava por uma guerra civil, declarada entre os Hightowers e seus aliados contra os Tyrell, comumente chamados de negros, à época, acompanhado de alguns vassalos que ainda se sustentavam por entre os nobres. Memphis e seus homens atracavam de uma pequena embarcação, encarregada de trazer os visitantes de Vilavelha  até Torralta.

O Greyjoy fitou a Osyl por um instante, escutando suas palavras ligeiras e eloquentes, assim que o lorde os recebeu — A mim pouco importa a língua que falo, o que de fato me traz aqui é o conteúdo das palavras e não sua escrita. — complementou a rei das Ilhas de Ferro — Permaneçam sobre as atracagens e me avisem, se algo estranho vier a acontecer. — deu ordem a Lula Negra a seus quarenta e cinco homens que faziam sua guarda, enquanto andou com o Lorde de Torralta até sua sacada, distanciando da água.

Embora não fosse do feitio de nascidos do ferro importar-se com os problemas nas terras verdes, o entrave civil que a Campina passava não era desconhecido de nenhum reino, passado certo tempo de sua declaração. Para um novo rei declarado, aquela situação era sinal de precaução, aos fatos que se manipulavam por entre Westeros.

— Vejo que seu plano de retirar os Tyrell do poder tem dado certo, ao menos sabemos que um conflito entre as casas já se iniciou. Mas se quer minha opinião sincera, pouco me importa quem é o protetor do Sul, seja uma torre ou uma flor. Entretanto, ao trazer-me aqui, acredito que o acordo firmado há alguns anos permanece de pé ou ao menos deva ser reforçado. — iniciou a conversa diplomática o Kraken — Pacto este que ainda me agrada, principalmente agora que virei o novo senhor das Ilhas de Ferro. Embora não seja de nossa tradição compactuar com os lordes verdes, é fato que os Greyjoys necessitam retomar seu nome por entre Westeros e pelos mares. Governar e fazer política não é uma tarefa que me agrade, Osyl. Eu preferia estar no mar, saqueando, estuprando e assassinando, assim como fiz por boa parte de minha vida, goste você ou não de escutar estas palavras. Mas ao vir aqui, fortaleço o meu nome por entre meu povo, pois mesmo Memphis Greyjoy pode andar pelo continente e ser respeitado. Veja esta torre, é o símbolo da sua casa. — disse a Lula Negra, apontando para a construção Hightower — Vê os homens que me aguardam nas atracagens? Eles morreriam e matariam por mim, se apenas eu desse uma ordem. Eles são o símbolo da minha força. — concluiu o Greyjoy, dando a palavra a seu anfitrião.

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Memphis assentiu com a cabeça, fitando o horizonte de Vilavelha. Os lordes das terras verdes acreditam serem superiores por entenderem de governo e política. No entanto, não existe melhor política que a da força, refletiu o rei das Ilhas de Ferro, roçando sua densa barba com as pontas dos dedos.

— Espero que esteja preparado para isso, Torre. — disse o Greyjoy, ironizando o símbolo da casa Hightower — O lema de sua casa diz que "Iluminam o caminho", sabe que é o que eu espero que faça. Mas advirto que não sou como meu tio Victarion ou meu avô Ballon, não serei enganado em erros tão ledos. Não ache que será possível me trair, pois eu não darei esta oportunidade, assim como imagino que você deve ter tomado as medidas cabíveis para que eu também não cometa isto. — complementou a Lula Negra — Os homens de Westeros acreditam que somos apenas bárbaros, fadados a caírem perante suas estratégias. Mal sabem vós que o melhor plano de ataque é a própria força e não existe ninguém com mais força que eu, em todas as Ilhas de Ferro. Jamais perdi um dracar ou tive um saque mal sucedido, embora ache que deve ter ciência disto, do contrário não teria me chamado aqui. Então não subestime a força dos nascidos do ferro, se um ataque assim se fizer, qualquer um que seja ao outro lado cairá perante as bandeiras negras do Kraken dourado. — dispôs em palavras, oferecendo ao Hightower a positiva naquela breve união.

Memphis havia sido um exímio capitão durante boa parte da sua vida, outrora, ser governante parecia garantir glórias ainda maiores ao Greyjoy. Sua fala permitia dar ao ouvinte a expectativa que as Ilhas de Ferro possuíam o melhor líder que poderia ter ao momento, talvez fosse mais do que isto. Era um acordo de aliança e o novo rei proclamado demonstrava que sua fala era rígida, mas ao mesmo tempo política. Fosse Osyl concordar ou não com o que seu visitante falara, deveria reconhecer que Memphis estava a detalhar seu pacto, advertindo-o sobre erros que talvez o Hightower tivesse pensando em decorrer.

— Um Greyjoy sabe tanto de um navio como a si mesmo. Mas pergunto a você, estás ciente do que é sua torre? — indagou o Ceifeiro de Pyke, fitando os olhos do velho, mas de aparência jovem, Osyl.

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O Greyjoy analisou os mapas da Campina, por um instante. Poderia discorrer esse mapa apenas com minha mente, imaginou o ceifeiro de Pyke. Embora nascidos de ferro fossem outrora bárbaros sem planejamento em ataque, Memphis superaria enes lordes de Westeros na arte da guerra. Seus instintos naturais pareciam guiar o antigo capitão, ainda que grandes alturas alcançadas, gerassem quedas por ventura maiores. De qualquer modo, era de se esperar que o rei da rocha e do sal já soubesse o que haveria de fazer, se assim fosse continuado.

— De fato. — deu resposta o filho de Asha — Acredito que sabe que desde épocas antigas, nascidos do ferro traziam o caos e o terror sobre o rio Vago. Mesmo os Manderlys, quando assentiam suas residências perto do rio, foram atacados diversas vezes. Não se preocupe, Osyl, estás falando com o melhor capitão naval de toda merda de Westeros, não subestime o que posso ou não fazer. Aliás, talvez não venha ver os estandartes do Kraken sobre sua vista, mas lembre-se que as Lulas Gigantes descansam sob o mar, longe de qualquer percepção. Quando os distraídos acreditam que não há perigo em decorrer nossas ondas, é então que nossos tentáculos os levam para baixo e os sufocam lentamente, enquanto as presas pedem para morrer rápido. Sei qual será meu papel e minha importância em sua rebeliãozinha. — explicou Memphis, analisando os mapas mais uma vez — Mas se acha mesmo que tem tudo sobre controle, estás muito engando. Mesmo a mais simples expedição pode ser dificultada, se a chuva fornecer força ao mar de iniciar uma tempestade. Homens seguem a força, por isto meus marujos me seguirão até a morte, se assim eu ordenar. Belas palavras e bons planos não impedirão que você tombe diante da batalha. Então, quando chegar a hora, ataque para aniquilar. — proclamou o Greyjoy, socando o mapa, por cima da mesa.

Toda a conversa era ambientada em torno do pacto entre aqueles homens. A Voz de Vilavelha deixava claro que acima de tudo, queria estar no controle de toda situação, ao tempo que o rei das Ilhas de Ferro fazia questão de garantir que o Hightower firmasse o acordo. A maneira peculiar com que tudo discorria deixava claro que os dois lordes pareciam ganhar confiança entre si, mas ainda assim, os fazia perceber o quanto um poderia ser perigoso ao outro.

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Osyl parecia ser o tipo de homem a se achar superior. Embora suas falas carregassem uma certa classe, seu conteúdo com certeza poderia ser ofensivo, além de irônico. A situação aparente era que a Voz de Vilavelha estava mais interessada em mostrar o quão seu convidado seria ínfimo em sua rebelião, ainda que aquilo não importasse ao Greyjoy. Memphis sabia que todo aquele acordo seria benéfico para ambos, mesmo que o Hightower odiasse admitir aquilo. A arrogância dos homens verdes ainda me é clara, refletiu o rei das Ilhas por um momento.

— Ceda-me o combinado e eu conquistarei o que eu desejar. Não se é dado a glória a um rei, ele necessita conquistar. — deu resposta o homem de ferro. Porém, a ira da Lula Negra se vinha assim que seu anfitrião ofendia seu familiar, por sorte de Osyl, o Greyjoy não ligava para honra, ainda assim esperava um respeito à casa do Kraken — Deves ter coragem de ofender um Greyjoy à frente do outro, em verdade, não espero que tenha respeito por Cedrick, ainda assim seu estandarte é uma Lula Gigante e isso deveria fazê-lo cuidar em suas palavras. — murmurou por um instante — Poucos lordes das Ilhas de Ferro são complacentes com a ideia de seu líder ser um subordinado de uma rainha estrangeira. Para vocês, o cargo de mestre dos navios deve ser uma honra, mas para nós, um nascido de ferro não pode ser um cãozinho dos homens verdes. Adendo a isto, estávamos sendo liderados por uma mulher, que outrora desonrou nossa cultura e ajudou a destruir uma casa nobre de nossas terras. Uma assembléia dos homens livres foi reunida, depomos a meu irmão e Mayven e fui declarado rei das Ilhas de Ferro e o novo Ceifeiro de Pyke. Voltei nosso povo aos antigos costumes e agora vivemos em prosperidade, almejando conquistas ainda maiores. — complementou o Greyjoy — Mas não é o meu reino que precisa ser estudado, tão pouco tenho medo do que acontecerá ao seu. No entanto, como os Targaryen tem lidado com a situação de uma guerra civil? Embora imagine que no continente, seus entraves sejam resolvidos em sua própria terra, sem intervenção externa, deves saber a posição dos aliados do Tyrell, se és o estrategista tão bom quanto afirma. — retrucou.

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As palavras do lorde de Torralta eram bem estruturadas e acima de tudo, claras. O homem parecia mostrar confiança com toda aquela rebelião e guerra civil que se iniciava. Mesmo a ousadia de Memphis por sobre qualquer terra, fazia-o analisar o quão ruim poderia ser se Osyl falhasse com seu acordo. Posso ver que tens tudo planejado, imaginou o Greyjoy por um momento.

— Embora eu não ligue a miníma para a história de Westeros, é de cunho popular o que houve aos Gardeners quando subestimaram os Tyrell e deram ouvidos a ele. — comentou o ceifeiro de Pyke — Meu sobrinho, Hunter Greyjoy, há algum tempo casou-se com uma das filhas de Aspen, Sienna. Não posso afirmar o que aconteceu a ambos, já que proclamado meu reinado, o imbecil fugiu das Ilhas de Ferro. Não haveria o porquê de matá-lo, ainda assim ele se precaveu a isto. Bem, sobre Hunter, não espero que ele venha ajudar a família de sua esposa, ainda assim é necessário que eu lhe diga isto, embora acredite que deva estar ciente. — continuou o Greyjoy — Já sobre sua outra filha e herdeira, Mychella, ela casou-se com Peter Baratheon, senhor de Ponta Tempestade. Baratheons não são muito conhecidos por sua sutileza, espero que também esteja ciente em contornar os cervos. No fim das contas, Jardim de Cima será a herança dos filhos de Peter e Mychella. — adicionou a Lula Negra, comentando sobre as possíveis alianças de sua rival.

Embora estivesse a politizar naquele momento, Memphis sabia que outrora, seria o momento de atacar e ele almejaria por aquele momento como poucos. Fosse aquela rebelião com o fim que tivesse, tudo que ele gostaria seria cumprir seu objetivo e fazer as Ilhas de Ferro temidas de novo.

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Não havia dúvidas que Osyl Hightower almejava ser o novo senhor da Campina. Embora disfarçasse com belas palavras articuladas, sua ambição era tão grande quanto a de um nascido do ferro, mesmo que a forma como preferiam agir fossem diferentes. Não existem dúvidas de que este bastardo será o novo protetor do Sul, imaginou Memphis, tendo em vista que seu anfitrião parecia ter jogado as cartas certas à mesa.

— Não posso garantir misericórdia a meus inimigos, Hightower. Se eles estiverem fora do meu caminho, poderão lhe servir vivos, entretanto, se qualquer deles se manifestar contra mim, saiba que irei aniquilá-los da pior forma possível. Vocês das terras verdes se apegam a critérios como honra ou cavalheirismo, não ache que eu foque em qualquer destas coisas quando erguer minha espada. — deu resposta a Lula Negra, vendo Osyl afastar-se de si — Nosso acordo está firmado, Torre. Libere-me a passagem para Jardim de Cima e eu farei com que eles jamais se esqueçam das Ilhas de Ferro novamente. Dê-me o sinal e eu mesmo comandarei o ataque. Aliás, também espero que não me tenha como um tolo e tente me emboscar, mas como disse anteriormente, irei me precaver a isto e espero que faça o mesmo. — finalizou, dando-lhe as costas e indo em direção à tripulação que o esperava nas entradas de Torralta — Aliás, meus homens estão sedentos por uma boa cerveja e algumas putas da Campina. Não serei eu a impedir isto ou a pagar o preço do ouro por algumas bocetas. Então se tem tanto apreço por sua Vilavelha, pague o prejuízo dos bares e puteiros quando sairmos. — colocou Memphis, tendo em vista que aqueles marinheiros não iriam fazer uma viagem tão longa sem poderem tirar proveito do lugar.

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