[RP - FECHADA] A new day

A espada pesava no punho do pálido lorde de Solar de Corvarbor, seus olhos semicerrados tornavam claro que o jovem não estava acostumado com a luz do dia, deis do confronto mortal contra seu irmão essa foi a primeira vez que seu meistre o permitiu praticar qualquer esforço físico. As cicatrizes de seu ultimo combate ainda doíam vez ou outra, mas não se comparavam com as dores sentimentais, mesmo que a loucura de seu irmão justificassem suas ações sobre os olhos da lei, ele ainda sentia a culpa de seu fratricídio e se questionava se poderia ter feito algo para mudar.
Brandiu três vezes a espada arredonda e sem corte, tentando se acostumar com a mesma,não me lembrava o quão pesado uma espada era, pensou sem perceber que o estranhamento vinha dos músculos perdidos durante quatro meses sem exercício.

Do outro lado do patio um de quase dois metros se erguia, ele também possuía uma espada de treino, usava uma cota de malha enegrecida sobre o corpo que tinia a cada passo, mesmo com quase sessenta anos Sor Willis ainda possuía um corpo surpreendentemente musculoso para idade e um grande nariz de aparência equina. O homem possuía um ar atroz, quase como uma besta selvagem de armadura.

-Estra pronto garoto? ou só foi preciso dois arranhões para esquecer tudo o que te ensinei nos últimos quinze anos?- [/color]Seu pai sempre lhe disse que o velho mestre de armas possuía de lealdade a casa Blackwood o que ele não possuía em cordialidade, mas isso nunca incomodou Leo.

A mente cheia de culpa e frustrações do jovem lorde o fazem ignorar a ofensa. Leo ajeita sua postura,a mão direita, que segurava a espada, a frente do corpo assim como o pé direito, torso ereto e joelho direito levemente flexionado.

-Vamos começar então- disse tentando disfarçar, mas falhando miseravelmente, a frustração de se sentir tão desajeitado com uma arma que antes lhe fora tão intima quanto seu próprio braço.

O velho cavaleiro deu alguns passos, até que estava a quatro metros de seu aprendiz, entrou então em uma estancia similar a do jovem. Sua investida foi simples porem feroz, ele realiza um longo passo usando a perna esquerda em quanto brande a espada sob a cabeça em um arco vertical, colocando a sua força e peso ele ataca o ombro de Leo que mesmerizado com a velocidade do ataque não consegue se movimentar. A dor foi grande e combinada com um pequeno urro, se não fosse pela placa de aço que cobria seu ombro, teria uma fratura.

-Isso deve te manter atento- Disse o mestre de armas sem demonstrar culpa ou arrependimento.

O garoto de cabelos castanhos voltou a sua postura. E la se fora Sor Willis atacando rapidamente, um golpe idêntico ao anterior, mas dessa vez Leo estava atento, tanto por esforço próprio quanto pela adrenalina liberada pela dor em seu ombro esquerdo, coloca sua espada no meio do caminho, visando bloquear o golpe de seu professor, porem a força do mestre de armas é monstruosa e assim que as laminas se chocam a lamina do Lorde Blackwood escapa de sua mão e mais uma vez recebe um golpe impiedoso no ombro.
Após o segundo golpe Sor Willis riu gravemente por alguns segundos antes de disparar mais uma árdua critica

-Se não tens força maior que de seu inimigo não tente bloquear o golpe, mas sim defleti-lo- As palavras mesmo que duras eram verdadeiras e Leo sabia disso, meses atras ele o teria feito, mas agora sem sua memoria muscular, essas simples ações lhe eram estranhas, ainda mais com seu estado psicológico tempestuoso.

Por uma terceira vez a lamina de Sor Willis partiu ferozmente. Leo se manteve concentrado, a respiração sobre controle, quando a espada inimiga se aproxima ele começa seu movimento, um rápido movimento em arco sobre a cabeça que muda a trajetória do golpe do cavaleiro, fazendo a lamina passar a quatro centímetros de seu ombro.

-Isso garoto, quem sabe em alguns anos você consiga lutar comigo- Disse o velho com o mesmo tom rabugento de sempre.
Sem sinal de satisfação ou orgulho de seu feito,ainda ofegante e com um tom indolente o "garoto" responde -Vamos continuar-  

E então por mais meia hora o som de aço contra aço, misturado aos resmungos de Sor
Willis, mandando seu aprendiz ajeitar sua postura ou usar mais seu punho ou colocar mais peso em seus golpes, em quanto eles praticavam o mesmo exercício. Ao fim da meia hora de treino Leo mal conseguia segurar sua espada de treino, seu braço estava dormente e seus ombros tao mais rígidos que sua armadura.

-Amanhã a mesma hora garoto- Disse o velho antes de se retirar.

Agora sozinho o jovem Blackwood finalmente se permite ir ao chão, deitado olhando o céu ainda claro, sentindo cada músculo de seu corpo estremecer de dor e com o pulmão ardendo em busca de ar. Seu estado era deplorável, o nível de exaustão era extremo, mas mesmo assim, nesse curto momento ele não pode deixar de abrir um tímido sorriso em seu rosto,um sorriso de pura satisfação, dado pelo curto momento de clareza de mente e corpo.

A brisa gelada passava pelo rosto de Leo como navalha, mas o ardor em sua face não o incomodava, mesmo que seu corpo se encontrasse sentado aos pés da dantesca árvore represeiro, sua mente ainda pairava sobre acontecimentos no grande salão de sua fortaleza. Todo dia dezenas de pessoas,artistas, cavaleiros, comerciantes e nobres, se dirigiam a solar de corvabor, elas faziam diversos pedidos e exigências, deis de patrocínio a parcerias comercias, as situações sempre lhe pareciam ambíguas e complexas, complicadas de mais para um homem simples como eu, não fui criado para corte ou governo, carregar uma espada e comandar homens em combate, foi para isso que fui criado, porem mesmo sem o preparo ou talentos para governar ele conseguia lidar relativamente bem com as situações, principalmente graças ao auxilio de seus conselheiros.

A sua tormenta vinha quando os plebeus vinham, não lhe custou muito tempo para perceber que só vinham com noticias de desastres e tragedias, e lhe doía o quão incapaz era para resolver os problemas das pessoas que olhavam para ele em busca de proteção. Hoje no entanto a situação fora pior, um velho tão magro que parecia que iria quebrar com qualquer brisa veio pedir por socorro, sua vila não ficava a 30 quilômetros de Corvabor mas mesmo assim havia sido saqueada por um grupo de foras da lei. Em quanto o sobrevivente da massacre brigava com suas lagrimas, tentando, sem sucesso, explicar os fatos ele se contorcia em dor, uma dor que o Lorde Blackwood sabia que era muito que qualquer dor física, ele tinha perdido toda sua família, agora se encontrava sozinho ao mundo.
Seus conselheiros recomendavam que uma quantia fosse doada aos poucos restantes da massacre e que se deixasse o crime impune por hora. O meistre do castelo, Gregor, conhecia Leo bem o suficiente e prevendo sua oposição a ideia e se pronunciou:

-Meu lorde, sei o quão triste é pensar nisso, mas após um ataque tão ousado os criminosos voltaram a surdina, não voltaram a agir por meses provavelmente.- o tom do pequeno e pálido homem era sutil e cordial, que combinada com sua voz suave criavam um ar carismático ao homem de quarenta e poucos anos.

O castelão que servira a família Blackwood, Glem Pipper,foi completou as palavras do meistre:

-Sim meu lorde, alem de que, esses homens no momento devem estar escondidos, seriam necessários muitos homens e dinheiro para que a busca seja eficiente, e o ultimo não temos de sobra.

A sequencia de argumentos foi terminada por Sor Willis, o mestre de arma do castelo:

-Homens também nos faltam, os Brackens percebem nosso momento de fragilidade, não podemos gastar soldados para procurarem algo que não sera encontrado.

As falas dos conselheiros foram consecutivas, sem espaço para qualquer resposta do Leo, que manteve a costumeira expressão fria em seu rosto. Ele trajava um gibão de couro negro com uma de represeiro branca estampada em seu peito, por cima usava um manto feito de penas de corvo, uma vestimenta característica dos lordes de sua casa. No encosto da grande cadeira de madeira negra como a noite, se empoleirava um corvo que o lorde encontrou machucado meses antes e que agora o seguia por todo canto. Por três longos segundos o silencio reinou, criando uma grande tensão no salão, os três homens olhavam atentamente seu lorde, procurando qualquer reação a seus argumentos. Até que o Lorde de Solar Covabor finalmente se pronunciou:

-Covardes...-Por um punhado de segundos o salão ficou em silencio novamente,Leo arrastou seus olhos inclementes sobre cada um dos homens. Cada um de seus conselheiros deveria ter o dobro de sua idade, talvez mais, mesmo assim durante esse longo segundo sentiram um frio em seu corpo, como se estivessem sobre a mira de um arco e flecha -Que tipo de Lorde permite que seu povo seja massacrado e não faz nada? É meu dever buscar vingança por cada vida perdida e impor a paz em meus domínios

Ele se levantou abruptamente de seu assento, o corvo alça voo quando vê seu companheiro se levantar e pousa em seu ombro, ele da uma duzia de passos firmes em direção a saída do salão, sem interromper seus passos ele proclamou:

-Partirei amanhã com quinze homens, Sor Willis quero eles prontos para cavalgar amanhã ao alvorecer.

Mais um brisa forte e cortante passou por sua face, voltando sua consciência ao momento, sentia-se tão frustrado que o sentimento era quase palpável, falhara com seu povo por diversas vezes, e de nada ajudava saber que continuaria a falhar. Procurava paz no bosque sagrado, mas nem ele conseguia apaziguar seu espirito. Por fim acabou com espada em punho em frente a uma arvore qualquer no bosque.

Lançava golpes furiosos, sem precisão, forma ou técnica, tudo que ele queria era retirar o sentimento de culpa de seu corpo. Por minutos a fio sua laminava zumbia pelo ar, atacando por diversos ângulos e pontos diferentes em um frenesi de golpes mal aplicados e truncados. Sua mente contrastava com arduamente com seu corpo, estava em silencio absoluto, sem nada em sua mente pela primeira vezes em meses. Nesse momento antitético porem ele chega a um nível de percepção mais aguçado, consegue “ouvir” o chamado de seu corpo, percebe como usa mal o peso de seu corpo, não aproveita a força de seu tronco e sua respiração descontrolada.
Começa então a corrigir os erros, os golpes, os golpes passam a serem fluidos e rítmicos, a postura leve e flexível e assim segue. Até que não mais existe uma tempestade anárquica, mas sim uma dança fluida e pessoal.

Alguns minutos se passam até que seu corpo não aguenta mais o ritmo apreçado e furioso dos golpes e vai de encontro ao chão, como cada músculo em seu corpo em ardência, mas como a mente mais límpida e uma nova descoberta.