[RP - FECHADA] The Maiden Rescue

Minha visão estava embaçada por causa da mistura  de fumaça e poeira que ainda pairava no lugar. Não fazia muito tempo que o dragão havia saído de nossas vistas, mas já estávamos todos a procura de entes queridos. Ver aquele a mutuado de pessoas sem saber o que fazer me deixava mais nervoso, gostaria de ajuda-los, porém tinha um dever com a família real e tinha que verificar se estavam todos bem em primeiro lugar. Preocupava-me também com minha irmã, não tinha certeza se a mesma havia comparecido ao torneio, mas tinha algo me dizendo que ela não o perderia por nada. Não tinha ideia por onde procurar minhas buscas, então decidi procurar perto das tendas onde os Targaryen estavam, com certeza com o susto deveriam ter se afastado de lá, mas e se não houve tempo? Lá era um bom lugar para começar minhas buscas.

De fato eu estava bem distante das tendas, afinal estava participando de alguns dos jogos do torneio, demoraria a chegar até o ponto desejado, aproveito o caminho para ir verificando cada caído que encostrava pelo caminho. Não havia percebido logo de inicio, mas ao sentir um forte dor aguda no braço esquerdo notei que havia adquirido um grande corte no braço. O sangue escorria manchando a camisa que outrora já fora branca. Parei de caminhar por alguns instantes para que  pudesse tentar dar um jeito naquele ferimento. Como não possuía água por perto, apenas rasguei uma parte da manga da camisa e amarrei-a com força no braço pra que o sangramento fosse estancado.  

Voltei a minha procura ainda sem sucesso, nada de nem um Targaryen ou mesmo da Tessa. Estava cada vez mais preocupado, mas foi quando de longe avistei os cabelos loiro prateado do que parecia ser uma criança. Corri até o local na esperança que a pessoa estivesse bem e que pelos deuses não fosse Tessa. Ao chegar nos escombros vi que a criança era a senhorita Leana Targaryen. Meu coração acelerou e rapidamente retirei alguns escombros que se encontravam em sima da garota. - Leana! Leana! Pelos deuses acorde criança!- Exclamei enquanto sacuia-a um pouco para que a mesma reagisse. Em vão no entanto, Leana não respondia as minhas súplicas. Verifiquei então se a mesma tinha pulsação e, graça aos deuses ela tinha. Peguei-a com todo cuidado e delicadeza possível em meus braços e, mesmo sentido a dor do peso da garota em meu braço ferido não vacilei. Carreguei a princesa até um espaço onde a fumaça já não era tão evidente e deitei-a no chão em uma pequena sombra que havia encontrado. Olhei para todos os lados tentando achar alguém que pudesse me ajudar com a garota mas foi em vão, todos ali estavam ocupados demais tentando ajudar e achar seus parentes e amigos. - Princesa por favor acorde. - Supliquei mais uma vez baixinho apenas para a mesma. Tinha que tira-la dali mais precisava que ela acordasse para ao menos tentar facilitar um pouco o meu trabalho.  

Durante os primeiros segundos, nada era tudo o que havia. Então, e pouco a pouco, Leana foi recuperando os sentidos bem como a noção da realidade. As imagens que se desenrolavam por detrás das ténues pálpebras, comandadas pelo seu cérebro que tanto tinha sofrido nos últimos momentos, não deixavam de aparentar ser algo de outra realidade; algo distante e impossível de acontecer. No entanto, algo dentro do âmago da Princesa dizia-lhe que o dragão negro a expelir chamas azuis sobre o cadáver inerte de Viserion e a cidade de Porto Real em escombros tinha, sem dúvidas, acontecido.

Se estava com vida ou não, nem a própria Princesa podia dizer. Todo o seu corpo, bem como a sua mente, encontravam-se presos num estado de dormência que não era habitual na jovem, sempre tão ativa. A sua mente não respondia aos estímulos exteriores e só dificilmente Leana seria capaz de, naquele momento, comandar o seu corpo para que realizasse alguma ação. Não obstante das dificuldades encontradas até então, tentou encher o peito de ar. Percebeu que fora bem sucedida quando uma agulha de dor percorreu todo o seu dorso, fazendo com que a loira ofegasse de dor. Não estava bem; sabia-o. Em contrapartida com o facto de ter recuperado a noção e as capacidades básicas, Leana era agora assolada por um aperto nas suas vias respiratórias acompanhado por um ardor que se manifestava nessa zona, expandindo-se por todo o seu corpo como se tratasse de uma estirpe de rápida propagação. A Princesa era, agora, capaz de sentir o sangue percorrer todo o seu corpo numa marcha veloz mas arrastada, como se o líquido vermelho se tivesse transformado em mel.

Tentou abrir os olhos, sendo ofuscada pela luminosidade inesperada do que a rodeava. Através das íris púrpura, a jovem não era capaz de identificar mais que vultos passageiros. A sua visão - tal como todas as outras funções do seu corpo, a loira percebeu então - ressentia-se pelas cinzas e fumo que, mesmo naquele momento, poluiam o ar fora e dentro dos seus pulmões.

Atreveu-se a inspirar uma larga golfada de ar, em meio à busca incansável pelo oxigénio que, ali, era tão escasso. A resultância de tal ação foi imediata: à medida que o ar poeirento adentrava pelas suas vias respiratórias, os seus pulmões entraram em cataclismo, provocando uma tosse incontrolável que apenas contribuiu para o aumento do ardor e da agonia sentidas anteriormente. Após uma tentativa tão desastrosa, a Princesa remeteu-se aos pequenos suspiros, seguidos por curtas inalações, tentando ao máximo ficar o mais imóvel que conseguia. Voltou a abrir os olhos - que, anteriormente, havia cerrado - conseguindo por fim distinguir uma figura. A figura masculina, pelo que Leana conseguiu identificar, curvava-se sobre o seu corpo, os seus lábios proferindo palavras que, até então, não fora capaz de perceber. Quando, finalmente, conseguiu compreender as palavras que o homem lhe confidenciava, soube que este perguntava-lhe veementemente se estava bem, claramente preocupado com o seu bem-estar. A Targaryen ainda tentou responder-lhe, contudo não houve um som que passasse pelos lábios rosados. Não sabia quem era aquele homem mas sabia que, sem dúvida, era alguém a quem devia a sua vida. E parecia que a lista de pessoas a quem a Princesa contraíra uma dívida não parava de aumentar, sendo aquela a segunda vez que era salva, num mesmo dia.