[RP Fechada] Take your way

Tyana sem sobrenome. Tyana sem passado. A garota de cabelos loiros que ficara por conta própria cedo demais, roubando para comer pelas vielas da grande Volantis, remoendo as poucas recordações que possuía de sua casa, onde seus pais, soberbos comerciantes de descendência valiriana, contavam histórias para que dormisse, já não existia mais. Seu lugar fora tomado por uma jovem atraente e perspicaz, dedicada a arrancar dos viajantes e mercadores até o último centavo. Naquela região da cidade em especial, era conhecida por seu rosto angelical, que em nada lembrava o rosto de uma simples plebeia. E a jovem fazia bom proveito disso.

De todas as mulheres do bordel em que vivia, Tyana era a mais cara e a mais requisitada. Muitos poderiam olhá-la com pena, alegando ser lamentável a vida que leva, mas Tyana não havia escolhido viver de sexo por essa ser sua única opção. Sentia-se bem com aquilo, livre, saciada e plena. Vinha de um bom berço, possuía um bom futuro, mas nada naquilo a excitava.

Infelizmente, para a mulher, sua sorte não caminhava bem. O dono do bordel se afundara em dívidas, e com Tyana recusando homens que traziam consigo algumas poucas moedas, o homem se enfurecia cada dia mais. A prostituta não podia se importar menos. Não se deitaria por nada abaixo do preço que pedisse, e aquilo deveria ficar claro. Porém, naquela noite, o cafetão tomou uma decisão. Na porta da construção azul, cuja fachada lembrada um palácio em ruínas, ele jogava alguns poucos pertences de Tyana aos seus pés.

– Não me interessa mais uma puta esnobe. Vá se arranjar longe do meu teto. – Gritou ele, ao que Tyana respondeu com uma gostosa gargalhada, daquelas que só ela podia dar, sacudindo os ombros sem muita cerimônia. Por fim, pegou o embrulho mal feito do chão, que certamente continha menos do que lhe era devido, e retomou a postura fingida de uma grande dama. – Que R’hllor queime essa sua casa de pulgas, infeliz. – Começou ela. – Se espera que eu implore para ficar, é melhor colocar suas bolas de molho. – Disse ela, lhe dando as costas. – Você ainda vai foder por uma porção de pão, Tyana, escute o que digo.  – Disse ele, ao que a mulher nem mais fazia questão de ouvir, caminhando pelo beco insalubre. – Fala como se não me conhecesse, Darius. – Se limitou a dizer, em um sussurro.

Quando finalmente alcançou uma das ruas maiores, com seu vestido chamativo que lhe destacava as curvas, Tyana se pôs a considerar os caminhos que tinha. Poderia facilmente se abrigar nas muitas outras casas de prostituição, afinal, havia milhares delas, com muitas mulheres esperando amontoadas. Mas aquilo já ia perdendo a graça, ser explorada pelo dono de um bordel e ver-se dona de alguns poucos trocados não era algo que lhe bastava mais. Havia as outras cidades livres, onde poderia se instalar como uma mulher diferente, com outro nome, outra profissão. Mas aquilo não chamava sua atenção. Se lembrou então do mapa que o pai mantinha em sua parede, o mapa de Westeros, os Sete Reinos. Tyana nunca havia saído de Essos, e eis que a chance se apresentava.

Não tinha nenhum centavo sequer, e além de suas adagas (que jamais venderia) não possuía nada que pudesse ser trocado por uma passagem de navio, mas era dona certa inteligência, e na falta dela, curvas que poderiam distrair qualquer marinheiro. Após passar a noite nos fundos do bar de um antigo cliente, Tyana tomou o caminho da região portuária e não tardou a encontrar estrangeiros. Eram um grupo pequeno, liderados por um homem de meia idade e fala rouca, que embora ornado com lindas roupas, tinha o cheiro do mar impregnado nele.

– Senhores, partindo logo cedo? – Perguntou ela, usando a língua comum, com sua voz suave e angelical. O líder a analisou sem muita cerimônia, se aproximando como se quisesse achar um defeito físico na mulher, sem sucesso. – Quem estaria interessada? – Questionou ele. Tyana sorriu ao detectar a malícia por trás de sua voz. – Uma donzela sem muitas posses que pretende ir a Westeros. – Disse ela, arrancando uma risada curta do homem. – Bem, minha donzela, estamos indo para Porto Real, e por acaso, tenho uma vaga sobrando. – Respondeu ele, já puxando Tyana pela cintura, ao que a jovem se deixou levar. – Que interessante, meu senhor. – Respondeu ela, tomando o homem em um beijo descuidado. – Quando partimos? –