[RP Fechada] [Flashback] The way home

Lady

O jovem lorde sentava-se diante de sua enorme mesa de guerra, analisando mapas. Desde suas aulas sobre guerra com Meistre Daruos, aquele havia se tornado um de seus passatempos favoritos, e estudar sobre aquilo fazia com que ele se sentisse mais poderoso e bem preparado para qualquer batalha que pudesse vir. Como o velho homem do Vale o dissera, o conhecimento, tanto de si mesmo quanto do oponente, era a chave para a vitória de qualquer guerra. Além disso, o momento pelo qual estivera ansioso desde sua ida a Alcanceleste finalmente se aproximava, e o rapaz enlouqueceria se não colocasse a mente para trabalhar de alguma maneira.

Tinha diversos tipos de mapas espalhados sobre a mesa. Em um canto separado, mantinha mapas de Essos, porém estes eram quase sempre deixados de lado. O lorde não acreditava que o continente poderia representar uma ameaça aos Ashford, e por isso não perderia tempo aprendendo sobre ele com tantos possíveis inimigos inexplorados. Por isso, os mapas que recebiam destaque em sua mesa eram os de Westeros. Primeiramente um que mostrava todos os sete reinos juntos, e próximo a estes mapas detalhados de cada uma das regiões do continente. Logo a sua frente estava um grande livro com capa de couro e metade das páginas em branco, e também um pote com tinta e uma pena.

O livro havia sido um presente de Daruos, para que o homem pudesse fazer anotações sobre tudo o que estudava a respeito de guerra, e assim ele fazia. Recolhia toda a informação possível em livros e mapas dos arquivos pessoais de Vaufreixo, e logo em seguida transcrevia aquilo de mais importante para as suas próprias páginas. O diário de guerra era mantido com ele a todo o tempo, e o rapaz escrevia nele diversas vezes ao dia, de modo que em apenas dois meses já havia acabado com metade do espaço. Naquele dia, em especial, ele decidiu que era a hora de estudar mais a respeito do Norte, a primeira região que havia estudado, junto de Daruos. Não acreditava que podiam se tornar inimigos dos Starks ou de um de seus vassalos algum dia, mas precaução não seria demais para o lorde.

Primeiramente, o rapaz pegou os livros que tinha a respeito do Norte. Não iria ler nem mesmo um inteiro naquele momento, mas ainda assim pegou seis, e todos eles grandes exemplares, adquiridos pelos meistres anteriores a Daruos. Todo o material de estudo foi colocado sobre a mesa, e então o jovem molhou a ponta da pena na tinta, e escreveu “O Norte” em caligrafia perfeita no topo da página, antes de começar qualquer coisa. O mapa da região foi colocada em destaque sobre a mesa, e então ele abriu o primeiro livro, para começar a tomar nota. Primeiramente, mesmo antes de ler o livro, escreveu um pouco abaixo do título: Stark, de Winterfell, indicando a casa suserana.

Após isso, finalmente começou a ler. O primeiro livro falava sobre a geografia e clima do local, uma das grandes armas do Norte. Para começar, a região era quase do tamanho dos outros seis reinos de Westeros reunidos, o que por si só já o tornava um local difícil de se dominar, o que piorava ainda mais com o fato da região ser povoada em pontos afastados um do outro, deixando grandes áreas silvestres e montanhas. Em um possível ataque à região, as tropas andariam muito entre uma fortaleza e outra, e por isso uma grande quantidade de recursos era necessária em uma campanha contra os nortenhos. Comida, montarias, armas, tudo teria de ser muito para que houvesse uma mera chance. Apenas isso já tornaria a guerra extremamente cara para o lado atacante.

O jovem lorde tomou nota de tudo o que lera até o momento, sentindo o coração palpitar um pouco. Aquele era um local que não queria ter como inimigo, definitivamente, e portanto precisaria buscar uma aliança com a região o mais rápido possível. Primeiramente procuraria uma casa vassala, conseguindo a sua confiança, para só então procurar os Stark e declarar suas intenções. Garad temia pelo que poderia acontecer caso tivesse os lordes de Winterfell como oponentes, e aquele mero pensamento fazia com que o guerreiro tivesse vertigens. Ainda assim, continuou a ler.

Para piorar, ainda havia o Gargalo, região pantanosa que separava completamente o Norte de todas as regiões sulistas, praticamente impossibilitando a passagem de qualquer tropa inimiga dos Stark. O único modo conhecido de passar pelo Gargalo era através da rota do Fosso Cailin, guardada fortemente pelos Reed, o que significava a perda de grande número de soldados, isso supondo que o exército invasor conseguisse resistir à batalha contra as três torres do fosso, o que já era algo bem difícil. Para dominar a passagem, era necessária uma aliança com os Reed, que era impossível graças à conhecida lealdade da casa para com seus suseranos.

O lorde Ashford continuava, ávido em sua busca por conhecimento. Apesar do medo apenas aumentar conforme lia sobre os nortenhos, ele não conseguia deixar de procurar mais e mais a respeito deles. O guerreiro nunca se imaginou como alguém sábio ou interessado por coisas como aquelas, mas desde as aulas com Daruos simplesmente não conseguia parar de buscar por mais e mais saber. Um sorriso se abriu nos lábios do rapaz enquanto ele continuava a anotar tudo em seu diário de guerra, que provavelmente seria quase todo preenchido só com o conhecimento sobre o Norte. Eufórico, ele continuou a ler.

Supondo que o invasor conseguisse sobrepujar o Fosso, por batalha ou aliança, ainda havia outros grandes empecilhos a serem superados. Havia o frio a ser considerado, mesmo não estando no inverno, e também o terreno duro do local, que não permitia um avanço constante de tropas. Estas eram obrigadas a estabelecer diversos acampamentos em seu avanço, supondo que este fosse possível, até que finalmente chegassem a Winterfell, a fortaleza impenetrável dos Stark.

A mão de Garad começava a doer, de tanto que ele escrevia, mas simplesmente não conseguia parar de procurar por mais e mais. Sua leitura continuou por horas a fio, de modo que a noite caiu e ele sequer percebeu. Queria conhecer tudo o que podia a respeito de tudo, e não iria parar enquanto não houvesse preenchido não apenas aquele, mas diversos diários com conhecimento em diversas áreas. Apenas parou de ler e escrever quando uma voz o chamou.

— Meu senhor? — era um de seus espadas juramentadas, cujo nome o lorde não conseguia se lembrar naquele momento em que sua mente estava tão cheia de fatos e informações sobre o Norte. Garad virou-se para ele, permitindo que ele prosseguisse. — Todos os preparativos foram feitos, é hora de ir.

...

Após uma longa viagem, o lorde e sua comitiva finalmente chegaram ao seu destino. Não demorou para que cuidasse de toda a parte referente a cordialidades e cumprimentos aos seus anfitriões, para que então pudesse finalmente pudesse ser guiado ao grande hall onde se encontraria com a dama, que até o momento era uma completa desconhecida a ele. Sabia que seu nome era Alannys Martell, mas seu conhecimento parava por aí. Tinha montado uma imagem da dama em sua mente, e no momento em que abriu as portas do Hall e adentrou o local para olhá-la pela primeira vez, viu que não poderia estar mais enganado.

A lady era loira, com feições extremamente belas e delicadas, exatamente a última coisa que se espera de uma dornesa. Seu rosto exalava uma pureza que o lorde nunca antes presenciara, e o rapaz por um momento achou que ela era demais para um pecador como ele. Quase como se ela fosse uma manifestação da Donzela à sua frente. Sentiu vontade de ajoelhar-se aos seus pés. Não era como se estivesse apaixonado por ela, apenas encantado ao ver que tamanha pureza podia existir em um lugar vil e sujo como Westeros.

Imediatamente, o rapaz se adiantou até a dama. Seu porte era exatamente o que se esperava de um lorde: firme, desafiador, poderoso. Talvez parecesse até intimidador, apesar do que realmente sentia naquele momento. Era assim que havia aprendido a ser com o tempo, e era assim que continuaria sendo pelo resto de sua vida, apesar da pose esconder um homem muito diferente. No momento em que ficou à frente da dama, o rapaz colocou um joelho no chão, estendendo a mão para que a mulher lhe entregasse a dela, e então beijou a suave e alva pele de Alannys com carinho antes de se colocar de pé.

— É uma honra finalmente conhecê-la, minha lady — o rapaz falou, deixando que um sorriso se abrisse em seu rosto. — Permita-me dizer que você é ainda mais bela do que tudo o que me disseram em meu caminho a Dorne. Eu trouxe algo para você, espero que aprecie... — então o jovem lorde fez um sinal para Dorian, o tal espada cujo nome não se recordava, que prontamente se aproximou, com um pequeno embrulho em mãos.

— Ele pertenceu à primeira lady de minha casa — o lorde então abriu o embrulho, revelando um belo colar feito completamente de prata, com o pingente de uma bela rosa aberta, encrustada com pequenas joias brilhantes. Aquele havia sido um dos tesouros de sua casa por gerações, sempre pertencente à lady Ashford. O homem tomou o colar em mãos, passando-o pelo pescoço da dama com cuidado. — E agora ele pertence a você.

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Prince Charming

— Não é tão brilhante quanto seus belos olhos, minha senhora — respondeu à futura esposa quando ela o agradeceu. — Tampouco tão belo quanto o sorriso que acaba de mostrar — complementou, sua voz saía calma e tranquila, mas ainda assim cada palavra que saía de sua boca refletia a mais pura verdade sobre como o Ashford se sentia.

Mesmo com os poucos segundos de contato com a dama, o senhor de Vaufreixo já começava a perceber como era a pessoa com quem iria se casar. Diante da sua presença, a mulher ficava nervosa, era possível perceber isso pelo seu encolher de ombros, quase como se o homem a acuasse, o que de certa forma surpreendia o lorde, que ouvira falar muito a respeito da força e presença das mulheres de Dorne. Percebendo isso, o lorde relaxou o corpo, tentando assim reduzir a ameaça que imaginava representar a ela e se esforçando para tornar-se menos imponente. Seria apenas um homem comum na presença de sua senhora.

— Não há motivos para ficar nervosa, minha dama — disse o lorde, tocando o queixo da jovem Martell com o dedo indicador e erguendo-o, de modo que a loira pudesse olhá-lo nos olhos azuis e intensos. — A minha esposa, senhora de Vaufreixo e lady da casa Ashford não abaixa a cabeça para homem algum — Garad sorriu para Alannys de maneira confortante, sentindo vontade de beijar a doce donzela. Porém, obviamente, não o fez. Não antes de tê-la para si, o que não demoraria quase nada para acontecer. Planejava se casar com ela no dia seguinte, e tudo já havia sido preparado para a cerimônia. Apenas deixaria que ela descansasse uma noite em Vaufreixo antes. — Ninguém irá te machucar enquanto for minha.

O homem então olhou para a dama atrás de Alannys, para quem ela havia olhado ao receber o presente. Vestia-se como uma septã, por isso o rapaz supôs que se tratava da mentora de sua futura dama, responsável por ensinar a ela os dotes de uma donzela e tudo o que ela devia saber sobre como se portar. Provavelmente era uma das pessoas mais próximas a ela em toda a casa dos Martell, e por isso o lorde pensou que seria duro para a lady se afastar da mulher.

— Quer que sua septã nos acompanhe? Tenho certeza de que posso fazer com que os Martell entendam, caso converse com eles — disse, cordialmente. — Ela apenas deve fazer as malas e nos encontrar amanhã em Vaufreixo, do resto eu tomarei conta pessoalmente, caso deseje — o homem lançou mais um sorriso aberto para a ‘noiva’, antes de finalmente completar. — Por falar nisso, o que acha de irmos, minha dama? A viagem será longa, e desejo ter tudo pronto para amanhã. Além disso, teremos um banquete esta noite para comemorar a sua chegada.

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Good Bye

O senhor de Vaufreixo manteve durantes todos os momentos o sorriso acolhedor em seu rosto, seu olhar intenso concentrava-se nos olhos puros e doces de sua futura esposa, e ver cada uma de suas reações às suas palavras e gestos apenas confirmava cada vez mais ao lorde que aquela era a mulher com quem sempre esperou se casar. Ainda que o matrimônio fosse uma forma de aliar os Ashford à casa Martell, o homem jamais esperava ser contemplado com tamanha beleza e pureza. A jovem Alannys era como uma singela e delicada flor em meio a um cruel e implacável deserto, o que apenas despertava o interesse do Ashford.

— Não há motivos para me agradecer, minha dama — disse o lorde, a voz como sempre controladamente tranquila e convidativa. — Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que sua vida ao meu lado seja plenamente feliz.

Com a confirmação da dama, Garad fez sinal para que seus homens ajudassem a colocar todas as coisas da dornesa e de sua acompanhante na carruagem reservada às duas. Já estava pronto para conduzi-las ao local onde a comitiva os aguardava quando a mulher o parou, dizendo que também possuía um presente para ele. Um olhar surpreso foi dirigido à moça, já que o lorde não esperava por isso, mas ainda assim assentiu com a cabeça, observando enquanto ela ia até sua septã e trazia uma peça de couro em suas mãos. O homem recebeu cuidadosamente, abrindo-o para ver... Um peitoral.

O item era feito de couro, costurado com uma grande técnica e feito para conferir tanto defesa quanto agilidade à quem usasse, visto que o tecido não pesava e, portanto, não prejudicava os movimentos de quem o vestia. O lorde sempre havia preferido armaduras leves justamente por isso, então aceitou com alegria o presente de sua dama, sorrindo ainda mais abertamente para ela, para demonstrar o seu contentamento com a peça.

— É muito bem feito, minha dama — disse o lorde, ainda sorrindo. — Você é realmente habilidosa. Se me permite, irei vesti-la agora mesmo — ao terminar a frase, o lorde removeu sua capa, pensando em tirar também a leve blusa, porém não queria desrespeitar a sua futura esposa, e por isso vestiu a armadura assim mesmo, sobre a veste, e logo em seguida colocou de volta a capa, prendendo-a da maneira que estava. — E então, minha dama? Como ficou?

Deixou que a mulher visse e desse sua resposta, enquanto observava o trabalho dos servos, quase terminando de carregar todos os itens. Quando finalmente acabaram, o lorde deu seu braço à dama, esperando que ela lhe desse o próprio para que assim pudesse guiá-la até o lado de fora do castelo, acompanhado de Dorian e da septã. Não foi necessário andar muito, visto que a carruagem estava parada bem à frente da fortaleza, e logo o senhor de Vaufreixo soltou a dama, abrindo passagem para que ela subisse.

— Venha, minha lady — disse. — Nós vamos para casa, agora. Irei a cavalo, acompanhando a carruagem para protegê-la caso qualquer coisa ocorra — dito isso, o homem montou em seu corcel de guerra, esperando então que toda a sua comitiva estivesse pronta para que então pudesse partir. Antes de finalmente começaram a se mover, o rapaz permitiu um último olhar para o castelo, lembrando-se de tudo o que havia aprendido com Daruos a respeito de engenharia e admirando como aquele palácio era incrivelmente bem feito.

Cercada pelo oceano por três lados, a fortaleza não podia sofrer um cerco com facilidade, visto que para conseguir fechá-la completamente seria necessária uma frota de navios e também um grupo de combate terrestre, coisas que não eram nada baratas de se arranjar. Além disso, o castelo era extremamente grande, tanto em tamanho quanto em altura, o que dificultava muito a passagem de qualquer tropa inimiga, especialmente aquelas que não conheciam o território, e se perderiam facilmente para serem aniquiladas pelas forças Martell.

Apesar disso, Garad acreditava que o tamanho da estrutura era uma maneira de compensar a sua resistência. Ao contrário de blocos de pedra e materiais mais resistentes, toda a fortaleza parecia ser feita de alguma mistura seca, o que, na opinião do lorde de Vaufreixo, a tornava menos resistente a ataques. Podia estar errado, afinal não iria testar para ter sua prova, porém não colocava muita fé nas paredes de Lançassolar. Apesar disso, o lugar parecia ser muito bem protegido por outras estruturas e até mesmo pela sua localização, sobre uma protuberância de pedra.

Ao contrário de apenas uma, Lançassolar possuía três muralhas a defendendo, o que tornava o processo de cercá-la ou invadi-la ainda mais complicado, visto que a única passagem direta para o castelo, ao menos a única conhecida por quem não morava lá, era através dos três portões entre elas. Se não tomassem aquele caminho, atacantes se cansariam cruzando uma grande quantidade de terra e ainda podiam ser interceptados em campo aberto antes mesmo de alcançarem o castelo, proporcionando a ele uma excelente defesa.

E ainda havia as torres... Muito mais altas que as de Vaufreixo, as torres tinham funções diferentes que as do castelo comandado pelo lorde Ashford. A mais alta de todas, conhecida como Torre da Lança, funcionava como uma prisão. Enquanto a Torre do Sol guardava a sala do trono dos Martell. As ameias e seteiras ficavam espalhadas pelas muralhas, no lugar das torres, o que para Garad era uma falha. Ainda assim, os Martell nunca haviam sido dominados, então quem era o rapaz para duvidar de qualquer um dos métodos?

— Tudo pronto, senhor — disse um dos guardas ao terminar de organizar o restante da comitiva.

— Vamos partir, minha lady — disse Garad, voltando à realidade com o sorriso de sempre. Então ele retirou um secundo pacote de sua sela, entregando-a à moça com cuidado. — Este é um presente do meistre de nosso castelo. É um livro sobre as estrelas, para mantê-la distraída durante a nossa viagem.

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