[RP Fechada] The Sand and Water

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

"Volantis", por mais que dissesse o nome, olhasse em volta e visse que não estava mais em Porto Real, Rhaenys ainda não conseguia acreditar que deixar seu lar para atravessar o Mar Estreito, conhecer Pentos, Tyrosh, Lys e finalmente chegar ao seu destino, a antiga Volantis. Havia viajado por longas semanas, ficando apenas uma ou duas noites em cada cidade, apenas o suficiente para conseguir lugar em alguma embarcação para chegar tão rápido quanto possível a Volantis. Estava com saudade de Porto Real, do bordel, das meninas, mas feliz por finalmente ter tido coragem para conhecer mais do que os arredores das Terras da Coroa.
Alguns meses antes de desembarcar em Volantis, havia recebido uma mensagem de um antigo "professor", lhe dizendo que precisava de uma ajuda em alguns trabalhos na cidade, que pagaria bem e ajudaria Rhaenys a aprimorar ainda mais algumas de suas habilidades. Que nas Cidades Livres ninguém chorava demais para pagar o preço justo pelos serviços de um bom mercenário e mais, assim a reputação da garota seria ainda mais consolidada, sendo conhecida até mesmo do outro lado do Mar Estreito. A mercenária demorou algum tempo para decidir-se, já que jamais havia deixado o Flor da Meia-Noite por mais do que umas poucas semanas e tão pouco havia ido tão longe. Estava extremamente indecisa, até conversar com Sonya, a dona do bordel onde vivia, que era como uma segunda mãe, e lhe disse que ela deveria arriscar-se, sim, que a vida era muito mais do que o que ela via em Porto Real e ela era muito talentosa para ficar presa. Que ela fosse, trabalhasse e aprendesse muito e voltasse, pois seu quarto sempre estaria ali, a esperando. As palavras da cafetina foram o empurrão que lhe faltava e assim, juntou algumas roupas, o dinheiro que tinha e foi aventurar-se em Essos, sabendo que teria sua casa para voltar, caso não gostasse das Cidades Livres ou sentisse muita falta.
Assim que lá estava ela, há quase quatro semanas trabalhando com Malaquo, ganhando em um dia mais do que ganharia em vários dias de trabalho em Porto Real. E com o bônus de ter um velho amigo para treinar e conversar. Malaquo havia sido cliente de sua mãe e a ensinara a usar a adaga e a matar sem piedade. Era um homem já de certa idade, mas muito inteligente e com bom condicionamento físico, além de ter uma reputação excelente.  Os que tinham dinheiro suficiente, sempre o buscavam pela eficiência e rapidez de seus serviços.
Rhaenys estava na sala da casa de Malaquo, bebendo um cálice do bom vinho de Volantis, descansando depois de passar a tarde treinando com a adaga e o arco e flecha no pátio da casa. Malaquo tinha uma casa confortável perto das docas, um bom número de empregados e uma quantia agradável de luxo a disposição. A loira gostava do lugar, ainda que às vezes sentisse um pouco de saudades do burburinho do bordel. Quando não estava trabalhando, passava o dia treinando, às vezes com Malaquo, outras com algum dos outros mercenários que trabalhavam com ele, raramente ficava sozinha, o que ela gostava, já que a maioria dos homens que trabalhavam com Malaquo eram experientes e tinham muito o que lhe ensinar, além das ótimas histórias que contavam.
Estava terminando o cálice de vinho, quando Malaquo adentrou a sala, junto a outro homem, que Rhaenys não conhecia. A mercenária avaliou o desconhecido automaticamente, como fora treinada para fazer. Era um homem de certa idade, com a pele curtida de sol, cabelos escuros, com fios grisalhos, de boa aparência, boas roupas, mas não o suficiente para ser confundido com um nobre. A garota achava que ele parecia de Tyrosh ou Dorne, mas não tinha certeza, já que vira poucos homens de qualquer um dos dois lugares. Malaquo o apresentou como um cliente que gostaria de contratar alguém para rastrear uns homens e que a havia indicado para o serviço. Rhaenys perguntou do que se tratava, mas o homem lhe disse que ela teria de ir com ele a outro lugar para mais detalhes, a mercenária concordou, deixando o cálice numa mesinha ali por perto e levantando-se para acompanhar o homem. Sabia que Malaquo já deveria ter acertado o preço, então nem preocupava-se com isso, apenas prendeu o cabelo numa trança frouxa, ajeitou a adaga na roupa e seguiu o ancião até uma estalagem de luxo. Eles não conversaram no caminho, mantendo-se a uma certa distância, o homem parecia cansado ou irritado, talvez as duas coisas e Rhaenys não tinha paciência para jogar conversa fora, então só o seguiu, atenta a qualquer atitude brusca ou suspeita, mas o homem não parecia apresentar grande perigo. Por fim a levou até um quarto luxuoso, onde um homem bem mais jovem encontrava-se. O velho chamou a atenção do outro homem, dizendo que encontrara a mercenária ideal para o trabalho solicitado, depois foi sentar-se em uma cadeira próxima à janela.
Rhaenys ficou junto a porta, atenta a qualquer ameaça, mas com uma postura calma e neutra, esperando ouvir o que o homem mais jovem tinha a dizer.

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

A mercenária viu o homem aproximar-se e ficou em postura de defesa imediatamente, com a mão casualmente tocando a adaga em sua cintura. Ele não parecia ameaçador, mas a prevenção era o melhor remédio, sempre, então Rhaenys continuou o encarando, achando tudo nele estranho, sua postura, suas roupas, não sabia bem explicar, mas sabia que tinha um homem peculiar à sua frente. O que se comprovou quando ele aproximou-se mais e a abraçou casualmente. Sem esperar a ação e mesmo que esperasse, sem saber o que fazer, a bastarda não o abraçou, apenas ficou rígida, controlando a expressão de surpresa que poderia surgir em seu rosto. Quase soltou um suspiro de alívio quando ele a soltou e começou a falar. Não estava acostumada a ser tocada e muito menos abraçada, as pessoas não faziam aquilo. Fosse por medo, fosse por receio, não se aproximavam muito e ponto. E então esse homem peculiar, sorridente, de vestes ricas e bons modos a abraçava como se a conhecesse a vida toda, a mulher simplesmente não sabia como reagir. Mas enfim, deixou isso de lado e concentrou-se no que ele falava. Claro, um lorde e, ainda por cima, Dornês. Estava tudo explicado.
Sabia que os dorneses eram peculiares e seguiam costumes bem diferentes do resto de Westeros, até os admirava por isso, mas era diferente vendo um bem ali na sua frente. Lembrava-se que quando era criança, sonhava em viver em Dorne, sem os estigmas de ser a bastarda filha de prostituta. Achava que Dorne era o único lugar de Westeros que poderia ter um futuro diferente, mas depois cresceu e não pensou mais naquilo, até porque, não dava a mínima para o fato de ser bastarda e tinha orgulho de sua mãe. Claro que o fato de poder socar qualquer um que a ofendesse tinha sido um fator determinante para a mudança de atitude, mas mesmo assim. Afastou os pensamentos e encarou o lorde por um ou dois segundo a mais do que seria educado. Ele queria saber seu nome e havia pedido de forma muito educada, outra coisa com a qual ela não estava acostumada: boas maneiras. - Oh, sim. Rhaenys Waters, a seu dispor. - respondeu, tentando parecer bem educada, mas sua voz era fria e sua expressão avaliativa.