[RP Fechada] Words Game

Um bom Homem Pesaroso. Era isso o que tinha me proposto a fazer no momento que saí de minha terra natal. É isso que estava fazendo acontecer dia após dia. Meu aprimoramento era perceptível ao se pensar em retrospectiva. O menino mimado que havia apanhado em seu primeiro treino não existia. Resquícios de uma personalidade arrogante ainda se mantinham em mim, mas aos poucos dariam lugar a frieza constante de um assassino.

As ruas de Qarth estavam apinhadas de pessoas de vários tipos. Crianças acompanhando de perto seus pais ou brincando entre si, homens cons seus trajes de seda que variavam conforme o dinheiro que possuíam, mulheres com seus vestidos qartenos, expondo um dos seios conforme a tradição. Havia um guarda, mas não havia motivo para me preocupar com ele. Não estava fazendo nada errado no momento. Apenas caminhava de cabeça baixa, me misturando a multidão. Usava calças marrons confortáveis e uma camisa da mesma cor. Um manto negro cobria meu corpo, ocultando minha adaga e um frasco de sonodoce que estava em seus bolsos internos. Não era uma roupa comum, mas também não era incomum. Vários costumavam se deslocar dessa forma. Era completamente compreensível, muitas coisas eram perigosas nessa cidade. Sentia calor por causa de minhas vestes, mas ainda sentiria se estivesse nu.

Caminhava procurando discretamente algum comerciante de venenos em algum beco, escondido do cálido sol e dos olhos das pessoas comuns. Não estava com sorte quanto a isso, o que me fazia praguejar mentalmente. Senti entretanto um arrepio subir em minha coluna. Estava sendo observado, talvez seguido, no meio da multidão. Não peguei minha adaga, entretanto continuei caminhando em velocidade normal, como se não tivesse percebido.

Virei a cabeça um pouco quando um som veio de trás de mim. Era um som comum de cidade, apenas o utilizava como razão para movimentar meu olhar. Percebi então alguém abaixar a cabeça no canto de minha visão, os cabelos cobrindo seu rosto. Conhecia aquelas roupas, aqueles cabelos, aquela pessoa. Ayisha Vhasserah. Com o tempo, havia desenvolvido uma conexão com ela. Percebi nela um potencial muito grande e resolvi me aproximar. Convencera-a a não se afastar de mim e logo treinávamos juntos muitas vezes. O suficiente para eu saber reconhecê-la onde quer que estivéssemos.

Voltei a olhar para a frente. Se queria falar comigo, precisaria ser em um local com menos pessoas. Precisava me tornar ainda mais furtivo e me afastar das outras pessoas enquanto me seguia. Abaixei a cabeça e continuei a andar, mudando lentamente meu rumo de modo que andava para fora da massa de habitantes. Cada vez havia menos ao nosso redor. Meu caminhar ainda era em velocidade normal, não podia demonstrar pressa.

Assim que me senti seguro, virei em uma rua secundária. Continuei deslocando-me. Wolf, como era sua alcunha, era muito boa em se movimentar sem ser notada, de modo que eu não tinha nenhuma garantia de que ainda estava atrás de mim. Mas sabia que estava. Entrei em um beco, virando em direção a via que estava antes, vendo-a enfim entrar na mesma viela que eu. Abri um sorriso ao vê-la se aproximar e ouvi-a falar enquanto erguia uma sobrancelha:

- Quando é que me viste?

O sorriso abriu ainda mais. Tirei o capuz, arrumando meu cabelo e olhando em seus olhos.

- Me senti observado. Aquele barulho de porta batendo por causa do vento me deu uma desculpa para olhar para o lado e te percebi abaixar a cabeça quando fiz isso. Mas apenas te reconheci porque te conheço há bastante tempo. E você, quando me viu? Aliás, porque me seguiu, tem alguma coisa que esteja precisando?

A última frase mostrava a parceria que eu tinha com Ayisha. Se estivesse precisando de alguma coisa, ajudaria-a, não havia dúvidas nisso. Sabia também que isso era recíproco. Esperei sua resposta, ainda recostado na parede.

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Ayisha era uma pessoa especial para mim. Era a única pessoa que eu confiava em um raio de... todo o planeta. Mais ninguém merecia minha confiança plena, não haveria sequer uma pessoa além dela em quem confiaria minha história. Ela sabia meu nome real, assim como eu sabia o dela. A assassina sabia de onde eu era, meus motivos para ter vindo para os Homens Pesarosos, minhas motivações e meus planos a longo prazo. Não havia mais ressentimento do primeiro treino. Inclusive era combinado que não nos poupássemos nos treinos: nos poupar seria desperdiçar a capacidade de aprender com o outro.  

Ao contrário de treino de adagas ou corrida, estava agora em território muito favorável a mim. Estava aprendendo cada vez mais a convencer, enganar, iludir, persuadir. Era minha estratégia para superar minha ausência de grande força ou agilidade. Portanto eu era o oposto da menina a minha frente. Ela era ágil, lutar no mesmo nível dela me fazia ofegar em poucos segundos. Por outro lado, dificilmente conseguia segurar uma discussão comigo. Eu não a sacaneava também, não a convenceria de algo que ela não quisesse ou que fosse lhe fazer mal. Vejo-a estreitar os olhos e falar:

- Muito bem, estou impressionada. Conseguiste detetar-me… desta vez. Para a próxima não será tão fácil. Estava sentada no chão, sem fazer muito, e… eu também te reconheço facilmente.

Ergueu as sobrancelhas enquanto o canto de sua boca subia também. Para quem tinha 14 anos, ela era muito perspicaz. Inteligente. Era a única coisa que me impedia de dominá-la com as palavras diretamente. Furtividade era uma habilidade que tínhamos mais ou menos o mesmo nível, afinal era muito importante considerando o que fazíamos. Assim que tiro o capuz, ouço-a falar:

- Ainda bem que tiraste o capuz, ficas mais bonito assim. - Meu sorriso aumentou um pouco, enquanto eu retribuía o olhar, percebendo a sinceridade. Wolf sabia o quanto meu orgulho era meu ponto fraco. Um elogio inflava meu ego e me deixava mais acessível. Percebi isso e diminui um pouco o sorriso, sem desviar o olhar, ouvindo-a continuar após sorrir um pouco: - Para te responder… não, eu não preciso de nada. Contudo… eu achei que podíamos ir para algum lugar mais privado, para podermos conversar à vontade.

Acalmei-me quando disse que não precisava de nada. Não ocorrera nada de ruim, isso era bom. Entretanto a vi andar em minha direção, estreitando o espaço que eu tinha para me afastar da parede. Isso ativou em mim o sentido de alerta, por eu estar treinado a precisar ter rotas de escape. Por um lado isso dificultava que me convencesse, por outro não era problema, pois confiava nela e não me sentiria acuado. Estava claramente propondo que nos testássemos novamente nesse quesito. Ouvi então sua última frase:

- A minha sugestão é irmos para o seu quarto.

Seu semblante era alegre. Entretanto notava o quanto era forçado. Não era o jeito de Ayisha, era sempre séria, logo não sabia sorrir naturalmente. As palavras, entretanto, me surpreenderam. Faltava sincronia com a expressão, então resolvi lhe mostrar como deveria convencer alguém a de fato ir para o quarto consigo. Especialmente alguém em quem era possível causar atração.

Sedução era uma arma muito útil. Como utilizá-la variava menos do que convencimento, ainda assim era mais dependente da idade. Convencer alguém mais novo costuma ser mais fácil, porém alguém de 14 anos não era tanto assim. Ela ainda tinha em si uma boa parcela de ingenuidade nesse quesito. Ainda assim tentaria ativar nela esse lado que tanto homens quantos mulheres têm dificuldade de controlar. Andei para me aproximar dela, sem pressa. Levei uma mão ao seu rosto, acariciando de leve sua pele enquanto me aproximava e disse, o tom de voz calmo mas firme:

- Meu quarto, é...? O que quer fazer comigo no quarto? - Deixei o sorriso malicioso surgir em meus lábios. Aproximei-me mais dela, a mão descendo por seu pescoço até sua nuca, acariciando ali seus cabelos. Mantinha ali um controle de que não se afastaria de mim, embora fosse sutil e eu não aplicasse força. Sempre olhando em seus olhos. O tom de voz ficou mais baixo: - Está querendo ficar a sós comigo? - Aproximei o rosto do dela, mas desviando ao ficar próximo e direcionando a boca ao seu ouvido. A mão em sua nuca segurou para que não se afastasse. Sussurrei com um tom de malícia: - Seu quarto seria muito melhor... seu cheiro feminino a me inebriar, tendo a liberdade de estar comigo sem mais ninguém a nos incomodar...

Havia muita estratégia envolvida no que eu fazia. Em primeiro lugar, sabia que Ayisha não era acostumada a receber carinhos, seja de mim ou de qualquer pessoa. Havia nisso um elemento surpresa, importante para derrubar as defesas do outro. Ainda assim, me movimentara de forma calma, para que não fosse um choque, não a incomodasse. Atiçar a curiosidade do que eu faria. Malícia também era algo que provavelmente não tinha experiência, além disso ela não era resistente a alguém que fosse firme em seus pensamentos, sua força de vontade não era grande. Sedução também tinha o poder de colocar em torpor o lado racional das pessoas. Com isso, estava tentando fazer com que não raciocinasse direito, não utilizasse toda sua inteligência e perspicácia. Por fim, o trecho que queria convencê-la estava ofuscado: ao invés de irmos ao meu quarto, queria que fôssemos ao quarto dela. Fora apenas uma frase, no meio das outras, quase casual, que entraria junto com as outras e possivelmente ela não conseguiria diferenciar a oposição do resto das palavras atrativas por causa das outras ações que eu executava.

Afastei a boca de seu ouvido após deixá-la sentir uma vez minha respiração quente contra sua pele, voltando a olhá-la nos olhos, o rosto próximo do seu. O sorriso malicioso ainda instalado em minha boca, o olhar convidativo, meu corpo próximo ao dela. Estávamos no meio do beco, que não tinha ninguém naquele momento. Não a empurraria contra a parede ainda, não queria ativar nela o alerta de ser acuada. Estava curioso sobre como reagiria.

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Ayisha estava nervosa. Podia sentir isso quando estava em contato com ela. Tentava resistir as minhas ações, entretanto ao mesmo tempo entregava-se a elas. Além de não me afastar, fechou os olhos quando me aproximei para sussurrar. Estava próxima de ceder ao que fazia. Senti sua respiração em meu pescoço e me arrepiei um pouco, mas não parei o que fazia.

Finalmente me afastei e a encarei. Em retorno tive a mulher pesarosa me olhando com seriedade, sem sorriso. Se controlava o máximo que conseguia. Me surpreendi ao percebê-la movimentar a mão e, antes que eu pudesse evitar, senti a adaga em meu pescoço. Levantei um pouco o queixo em um movimento de reflexo, sentindo a lâmina pressionando na minha pele, sem ser o suficiente para cortar.

- Estás a fazer de propósito para que eu seja um pouco mais exigente no próximo treino? - Ouvi o sussurro rouco, o que me surpreendeu bastante. - Porque eu serei mais exigente no próximo treino. Não tens saudades dos bons e velhos dias, quando te deixava com umas quantas manchas negras a cada dia?

Percebi que havia certa diversão vinda dela naquela ameaça. E de fato fizera um pouco de efeito em mim. Várias vezes levara uma surra da menina a minha frente, especialmente nos treinos com adagas ou desarmados. Era incrivelmente ágil, muito mais do que eu jamais sonharia ser. Retribuo o olhar, vendo que tenta primeiro ser séria, mas depois muda a expressão para mostrar uma calma que com certeza ela não sentia. Ainda estávamos próximos. Senti a pressão da arma diminuir em meu pescoço e respondi, também em um sussurro:

- O menino que tinha medo de sua exigência já se foi... Você sabe que aquele Dennis não existe mais, Wolf... - Me controlei para não falar seu nome real. Encostei meu corpo no dela de leve e continuei: - O Dennis de agora não reclama de você ser mais exigente, porque o faz aprender ainda mais... e gosto muito de aprender com você... E sei que jamais me magoaria, mesmo com uma adaga em meu pescoço.

Estava muito próximo de Ayisha. Nossas respirações se misturavam, nossos narizes quase se encostando. Meus olhos em seus olhos azuis, meu olhar sedutor arrefeceu. Naquela fração de segundo Ayisha poderia perceber que eu estava cedendo a mim mesmo, ao invés de estar de fato treinando com ela. Logo após fechei meus olhos e, rendendo-me a vontade impulsiva que surgiu em mim, avancei meus lábios na distância que separava-os dos dela, começando um beijo lento. Uma de minhas mãos foi a suas costas, abraçando-a contra mim, enquanto a outra foi a sua mão que segurava a adaga, fazendo-a soltar a arma. Segurei sua mão e entrelacei os dedos, suspirando durante o beijo. Naqueles segundos não conseguira controlar o que sentia.

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- Acho que já te tinha dito para não me chamares isso. É apenas mais uma alcunha entre tantas outras. Mas gosto de ouvir o meu verdadeiro nome. - A menina dizia enquanto me aproximava. - Principalmente quando és tu a dizê-lo…

O olhar dela era profundo. Sentia-me privilegiado de ser um dos poucos, senão o único, a ter conseguido passar por todas as camadas de auto-proteção da assassina e conhecer o verdadeiro eu dela. Era isso que via em seus olhos naquele momento, quando percebeu a diferença nos meus. Por um momento, vi sua guarda baixar completamente e a curiosidade escancarar-se em suas íris.

O som da adaga caindo no chão foi sumariamente ignorado. O que importava naquele momento era nós dois. Os lábios de Ayisha eram incrivelmente macios, sentia-os se movimentarem junto aos meus, retribuindo o beijo. Nossos dedos se entrelaçavam, assim como nossos corpos se tocavam, ela consideravelmente mais baixa do que eu. Podia sentir seu coração bater em um ritmo acelerado assim como o meu, provavelmente experimentava as mesmas sensações que eu estava experimentando. Senti sua mão deslizar pelo meu peito até meu ombro, me puxando ainda mais.

Havia algo diferente naquele beijo, algo que eu não havia saboreado ainda. Era paixão, uma vontade incontrolável de estarmos juntos, de nunca mais nos separarmos.

Ainda assim havia um limite físico: ela ficou sem ar, assim como eu, de modo que afastei nossos lábios após um último toque, ainda de olhos fechados, ofegante. Apenas as bocas haviam se separado, pois continuávamos próximos. Abro meus olhos lentamente, vendo um sorriso em sua expressão. Sorrisos vindos dela eram bastante raros.  Ouço-a falar, baixo:

- Isso… foi muito convincente. Acho que podemos considerar esse o fim do treino.

Observei-a forçar uma posição séria, mas descer o seu olhar para nossos dedos entrelaçados. Fiz o mesmo, olhando para lá por alguns instantes antes de voltar a olhar diretamente em seus olhos e responder:

- Não foi um treino... - Pronunciei seu nome verdadeiro em um murmúrio. - Antes fosse... pois bem sabe que não deveria ter feito o que fiz.

A última frase tinha certo pesar. Mas era uma conclusão fácil. Eu tinha 18 anos, era um adulto. Ela tinha apenas 14, estava começando sua adolescência, seu corpo ainda se desenvolvendo. Embora em Westeros fosse comum casamentos de herdeiros de mais de vinte anos com princesas de menos de dez, não era algo que de fato era correto. Estava abusando da ingenuidade dela, mesmo sem querer. Antes que falasse, continuei:

- Nossas idades são incompatíveis. Não deveria deixar que isso acontecesse, mas... - Meu olhar vacilou para seus lábios novamente. Estavam ainda vermelhos por causa do beijo de tirar o fôlego. Levei a mão livre aos seus cabelos, afagando-os. Não podia mentir para mim mesmo, e prometera a ela que não manteríamos segredos entre nós. Voltei meu olhar ao seu. O tom de voz era ainda mais baixo, quase um sussurro: - Eu te amo, Ayisha Vhasserah... Por mais que isso seja errado, eu te amo.

Talvez ela percebesse em minha expressão algo que era tão raro quanto seus sorrisos: estava nervoso em falar aquilo. Apertei um pouco mais forte sua mão. Estava ali, expondo completamente meus sentimentos a ela. Torcia para que fosse recíproco, mas talvez ela fosse jovem demais para ter alguma opinião formada em relação a isso. Esperei sua resposta, mordendo meu lábio inferior.

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Percebi a confusão nos olhos de Ayisha. Um misto de emoções que eu também sentia. Naquele momento estávamos sintonizados. A mesma felicidade de ter enfim dito a ela era perceptível em seu olhar por ter recebido a declaração. Ao mesmo tempo, e com muito mais intensidade, o pesar era predominante. Não poderíamos ficar juntos. Ouvi sua voz mais baixa que um sussurro:

- Custa-me dizê-lo… acho que me ensinaste o que é amor.

Um sorriso pesaroso surgiu em meus lábios. Então me amava também. Mas não podia dar total certeza em relação ao que ela dizia. Afinal de contas, era mais nova que eu, ainda ingênua em relação a isso. Podia estar se deixando levar pela situação apenas. Mas meu coração acreditava que de fato me amava.

O sorriso esmoreceu junto com o dela. Amando-me ou não, não podíamos ficar juntos. Sentia seus cabelos em minha mão enquanto afagava-os enquanto apertava sua outra mão. Nossos olhares estavam conectados, não parava de olhar para seus lindos olhos claros.

Estava nervoso. Na realidade, estava prestes a desabar em lágrimas. Mas me controlava para não fazer isso, não queria que a lembrança de nosso último momento juntos fosse assim. Senti sua mão em meu rosto, o polegar tocando meu lábio inferior, seu olhar descendo ali. Fechei os olhos, soltando um suspiro. Ao abrí-los novamente, vi na minha frente uma Ayisha visivelmente triste.

- Mas eu entendo.

Vejo-a desviar o olhar e uma lágrima escapa de meu controle, saindo de meu olho direito e escorrendo até tocar na mão dela. Soltei um suspiro longo e desci a mão que estava em seus cabelos para suas costas, a abraçando com força. Não queria a deixar, queria estar com ela.

Via ali acontecer algo similar ao motivo pelo qual eu viera a Qarth. Resolvi voltar a falar sobre isso, embora ela já soubesse de minha história:

- Estou me sentindo mais sem chão do que quando minha antiga amada foi morta pelos meus próprios pais... Aquela guerra... assim que fiquei sabendo dela, sabia que o que haviam feito não teria mais volta. A Casa dela era muito mais fraca em relação a minha... - Engoli minhas lágrimas para que não saíssem novamente. Continuei a falar: -  Jamais superei isso, você bem sabe... algum dia me vingarei deles. Entretanto... você é a pessoa que mais amo em toda minha existência. Te quero bem com todas minhas forças... eu sacrificaria minha vida por você...

Embora tivesse tentado segurar, as lágrimas voltaram a rolar, dessa vez um pouco mais rápido. A abracei com mais força contra mim, dizendo mais baixo:

- Mas novamente uma força fora de meu alcance está atuando. Novamente serei separado da pessoa que amo... - Soltei um longo suspiro e pigarreei antes de falar: - Ayisha... eu vou sair de Qarth hoje mesmo. A chance de nos vermos novamente é próxima de zero.

Senti o peso cair sobre meus ombros junto com aquelas palavras. Não adiaria mais minha despedida da Casa dos Homens Pesarosos. Agora que havia revelado a assassina que a amava, o que era um erro, precisava me afastar o quanto antes, para minimizar o sofrimento que poderia causar a ela.

Aliviei o abraço até enfim soltá-la, deixando os braços caírem ao lado de meu corpo. Sentia a dor que esse paradoxo me causava. Queria estar com ela, ao mesmo tempo precisava me afastar. Queria amá-la, ao mesmo tempo que não podia fazer isso.

Nunca o título de Homem Pesaroso fizera tanto sentido para mim.

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