[RP FECHADA - FLASHBACK] forget it

Não foram exatamente semanas e nem dias que o ocorrido passou para que isto tivesse acontecido. A embarcação enfastiada de homens e mulheres de peles murchas ainda eram uma informação nova para o mais novo se adaptar. O manejo das velas, o sopro difundido com a sensação pesadora do sal e acima de tudo, a situação pútrida em que seu corpo se encontrava. Ephram analisava com bastante sensatez e cuidado afinal, as marcas que haviam sido feitas em seu corpo não iriam embora. A maldade já tornou-se um efeito irreversível ao tratar de sua pessoa. Observando as costelas pôde constatar que não precisava de algum curandeiro; Especulando a pouca vontade de se levantar, a maneira em como respirava pausado já eram indícios mais que claros de que não estava bem. Claro, tanto tempo cuidando de si mesmo que poderia dar um prognóstico digno da sua personalidade. O autêntico, Rowjcieh :

— Por que estou aqui? - Indagou em uníssono com a conversa a poucos passos de onde estava aparentemente repousado em uma cama improvisada. Os olhos turvos caíram em contraste com a luz forte do sol que nascia no horizonte amarelo e azul ciano. Os lábios secos estavam trincados. Horas sem uma gota d’água logo também notando que estaria fraco. — Por que, eles me trouxeram até vocês? - O silêncio então imperou forte e sem retumbar nenhum ruído subsônico existente. Ephram persistia em encontrar os olhos dos mais velhos no entanto, fracassava em cada oportunidade obtida :

— Ninguém o trouxe. Nós o encontramos. - Por fim, alguém tomou pronunciamento. Este desviava de um afloramento infortunado de alguns restos gerais, abordando a lâmina de uma espada aparentemente velha para se dizer ser capaz de cometer algum indício de perigo. A garganta do menor trancou ainda a espera da continuidade que não tardou então de encontrar. — Você não deve de se recordar, mas o seu corpo estava com cortes e caído no porto. Acreditava que só restava um abutre levar isso que tem ainda embora. Bom, eu lamento por não ter morrido mesmo. Faria um preço bom com a carne e essas roupas com certeza seriam úteis. O Deus Afogado recusou a oferenda. - A risada abordada no fundo não o despertou em como o corpo grande do homem o deixava de uma forma tão alarmada. Temor, insegurança e outros sintomas coligados ao medo eram capazes de sentir no entanto, nenhum parecia ser o suficiente para fazê-lo declarar algo. A mão que sustentava o próprio peito ficou pressionada contra o olho obstruído da luz, ficando cabisbaixo por um momento quando sentiu a sombra alheia o abandonar. Os lábios ficaram diluídos de forma que forçasse a memória. Ele poderia lembrar de alguns flashs, do sépia que compunha a sua drástica história que o levara a embarcação de anciões.  


E já não restava tempo; Os rostos o encaravam incrédulos de sua existência, da impertinência que tinha ainda por pisar um solo. Mãe e pai verdadeiros que o abandonaram finalmente a sua frente. A mulher permitiu-se dar um passo livre para encarar cada traço mínimo que junto ao companheiro, arquitetou em forma de garoto. Esquadrinhou o corpo com cuidado ao mesmo tempo que tinha todas as garras de fora para atacá-lo e forçá-lo a fugir. O rapaz todavia, não moveu um músculo ainda encarando o horror negro que se expandia em mais membros familiares. Os irmãos o encaravam com uma onda de indagação e igual hostilidade. A mão em suas costas se elevou e zuniu contra o rosto deixando a pele antes gelada de forma mórbida, ser conquistada em um calor irreverente e formiguento passageiro. O rosto pendeu para o lado e então soltou um lamúrio prestes a cair ao chão, lutando para manter o equilíbrio fracassando assim que sente um osso o tocar na coluna. Quando dispara para frente consequentemente, Ephram avista mais movimentos. Esses projetavam cores binárias em tons secos sentindo logo depois, seu rosto conseguia ser coberto pela poeira em acúmulo do chão; A sua boca. Ela sentia o gosto amargo da terra, dos pés sujos, das impurezas que adornam o mundo bem na sola dos sapatos. Tudo que precisava era somente juntar os mecanismos da respiração, abrir os olhos, respirar novamente e tentar se levantar. Pálpebras cerradas com lentidão até sentir uma lâmina passear evasiva na altura das pernas não demorando muito para que o mesmo tom cereja banhasse seus dedos posicionados em defesa a frente do rosto. Sangue, gosto metálico, cheiro atraente e entorpecedor. No momento em que o rapaz foi tentar raciocinar um ato astuto, um grito gutural eclodiu da garganta ganhando expansão no cômodo ultrapassando risadas que atingiam diferentes picos fonéticos. Sabe o que ocorre adiante? 

O esquecimento. Deveras sensação de que não aparta do mesmo momento, do mesmo lugar, não habita a desestabilidade hormonal e a enorme pressão caída nas vertentes sanguinárias de suas veias. Zero. Nadica de nada. 


Ao despertar novamente, estava de pé na areia sentindo os minerais penetrarem furtivamente a pele enquanto escutava os sons ambientes abruptamente voltarem. A lembrança dos lábios finos entreabertos capturando ar, eram guardados como uma preciosidade dentro da caixa toráxica que agradecia em forma de bom funcionamento. Consciente dessa boa verdade, girou por cima dos próprios calcanhares avistando a mesma figura receptora do barco erguer uma tora média-mascava :

— Hora de repor o que precisa. - Reconheceu, ao perscrutar as vistas aos ombros nus do moreno. Em resposta, Eph evitou o contato das orbes escuras vendo o projétil ser arremessado a sua direção. Por lógica, cambaleou para trás suportando o peso do objeto enquanto forçava distinguir alguma razão para prosseguir. Não precisou perguntar para que começasse agir, erguendo a enorme lasca posicionando acima do ombro. — Se quiser continuar conosco, precisará se esforçar. Não é todo dia que alguém acolhe um corpo semi-morto. Você deve mostrar o que você é, para o que veio fazer aqui.  Um bom homem é aquele que sabe o que quer. - Completou cruzando os enormes braços talhados de preto acima do peito. O olhar então transformou-se em surpresa. Ephram-salvo-de-uma-chacina, não sabia o que responder. Ele de certa forma não tinha um motivo específico ou seja lá o que fosse para batalhar por algo que só rendeu ainda mais injúrias. No entanto, fitar novamente aquele rosto rechonchudo, o fez cair numa contradição rápida após concluindo que precisava prosseguir. 

A iniciativa foi feita da ignorância do dar de ombros, entrecortando aos próprios ombros, o dever de caminhar sentindo a respiração pesar e em poucos tempos, já ofegar em contrações feitas com o abdômen pouco definido. O suor gotejava e grudava o linho sujo da roupa e os pés por muito tempo parados na areia, pesavam criando obstáculo. O mesmo então inclinou o queixo para frente na fraca esperança do sujeito ter desaparecido a léguas de distância, mas se enganou ao enxergar o reflexo duro e resistente obrigando a prosseguir. 

O astro rei de pé na órbita ao contrário, lançava raios fortes com a chegada do meio-dia judiando rudemente da derme evidentemente cinza do adolescente. Retraindo os músculos braçais para cima erguendo a lenha acima da cabeça, emitiu um forte jato de ar movendo o osso do joelho com dificuldades para ganhar impulso. Jovem e sadio, não demorou para conseguir executar tal tarefa. 

Pé a pé aos poucos foram ganhando sincronia e desta também, conquistou a caminhada sentindo os dois pulmões encarregarem-se de fornecer o ecstasy e o ritmo saudável de como respirar. Como correr pelos prados, pensou. A ramificação dos fios capilares começaram a errar a frente dos olhos quando deu-se por conta que atingia o final do trecho da praia. O sorriso bordou com o contato úmido e frio das águas salgadas perpassando um arrepio gostoso ao longo da extensão da coluna. Tal fragmentação instantânea de felicidade foi fraquejada sentindo a dobradiça dos pulsos dolorir objetivando em derrubar tudo que tinha acima da cabeça tomando cuidado para que o ato não fosse o acometer de mais uma enfermidade substancial. Joelhos novamente no chão, agora evidentes de alívio :

— Faça isso sempre que precisar. Quando estiver difícil de respirar, caminhe e olhe o que há no horizonte. - Às observações do companheiro eram demandadas do além,- do ponto crucial que Rowjcieh não prontificou-se a notar - capturando um sinal positivo da cabeça e os ombros caídos de descanso. Novamente nós notamos clara percepção do que foi ser esquecido agora ser ensinado a ter algo para se lembrar. Inadvertidamente também vê, que não temos mais alguém que dolorosamente se impôs desde o princípio no nascimento ganhar uma posição vulnerável. Silêncio também é uma forma convidativa para estar presente. Inibe, persegue e chama atenção, tal como isso que viu e tanto quanto verá futuramente. 

OBS :