[RP Fechada] An Empire of Ashes and Flames.

A câmara do Lord era vasta e bem iluminada, em Jardim de Cima. O cadeirão em que eu apoiava a coluna, estivera presente no castelo desde a era dos Reis Gardeners da Campina. Um objeto imponente, mas pouco utilizado até o meu governo. Videiras e rosas entalhadas em madeira polida e pintadas de ouro, emoldurando braços e pernas num abraço delicado ao verde-relva acolchoado. Eu sabia que os homens no salão aguardavam um pronunciamento. Suspirando, decidi que era o momento de ser franca com os meus subordinados. A família Tyrell era a segunda mais rica dos Sete Reinos, mas mesmo nosso poder tinha sérias limitações quando vassalos reuniam-se como abutres, determinados a destronarem seus senhores. Três anos haviam-se passado, desde que o culto aos Sete fora banido da Campina, e naquele tempo, sussurros de conspirações e traições apenas alastravam-se como chamas na palha seca. Eu conhecia meus inimigos, e sabia seus nomes ainda que meus espiões estivessem caindo como moscas, sobre todo o território. Ninguém podia enganar a Rainha dos Espinhos, no entanto. Eles já haviam ultrapassado o número de minhas forças. Sem o auxílio da rainha dragão, eu não tinha esperanças de vencer. Estava isolada, contando com o apoio da família para me manter na superfície de um mar que insistia em me devorar. Tyrells das Águas Claras e os Tarly de Monte Chifre. Tinha esperanças de convencer outros Lords a permanecerem leais ao meu domínio, assegurando-lhes as bençãos de R'hllor e espólios de guerra. Mas com o passar do tempo, a gente comum que continuava fiel aos seus ídolos falsos perdia o medo de me odiar abertamente. Talvez por minha inércia, que haviam confundido com covardia. Mas a verdade, era que ao passo em que a Mão Verde insistia em reunir-se ao redor do corpo agonizante do meu poder, eu mesma tinha meus próprios desígnios a cumprir. Meus próprios aliados a convocar.

Olhei docemente para o pequeno menino sentado aos pés da pequena escada que levava à minha cadeira. Brincando com seus cavaleiros de madeira, Garth sorria com os lábios tão parecidos aos meus. Seus cabelos eram dourados num tom amendoado, como os do pai. Os olhos de um verde profundo, e a pele suave como a mistura do leite e do vinho. O pequeno sorriu quando notou que eu o observava, e vi as feições lindas de Aspen através de seus olhos. Ele tinha a idade de seus sobrinhos, os gêmeos de Mychella. Mas encontrara-se poucas vezes, com eles. Era perigoso viajar em tempos de guerra e traições, portanto nossa família em Ponta Tempestade já não era vista entre nós há mais de um ano. Perguntei-me o que Aspen diria se estivesse ali. Arrependia-me por tê-lo sacrificado, mas R'hllor era implacável em testar nossa fidelidade. O Lord eterno não admitia falsos profetas, e agora eu enfrentava o maior teste de todos. Meistre Gregory entrou no salão, com um pergaminho contendo o selo Baratheon em mãos. Erguendo uma sobrancelha, fiz sinal para que ele se aproximasse, enquanto o meu Mestre de Armas e seu primeiro pelotão mantinham uma postura rígida. Suas armaduras com placas douradas e veludo verde cobrindo as cotas de malha e os escudos contendo o sigilo de minha Casa. Para meus inimigos eu não era uma verdadeira Tyrell. Mas eles se arrependeriam do dia em que duvidaram de meus espinhos.

- Todos aqui presentes sabem da situação de extrema calamidade que enfrentamos. Não é minha função enquanto Guardiã do Sul, mentir para os meus fiéis defensores. - Sorri, carismática como uma dama indefesa. Vi os rostos de meus guardas estremecerem de compaixão, enquanto compartilhavam da dor de sua pobre Senhora Viúva. Eu ainda vestia o negro, mesmo após três anos, mantendo apenas os adereços dourados e a gargantilha com o rubi. - A Mão Verde reuniu senhores de toda a Campina em um verdadeiro motim contra o governo dos Tyrell. Contra o governo que Aspen deixou em minhas mãos, e que a rainha Serra legitimou com seu decreto. Estes rebeldes traidores se intitulam corajosos homens de Garth GreenHand, e os verdadeiros herdeiros de seus domínios. - Apontei para a criança aos meus pés. - Mas aí está o único Garth a quem deveriam proteger. Como Robert O Usurpador Baratheon, erguem-se contra seus senhores de direito. Sabemos o destino daqueles traidores. - Alguns homens comemoraram, erguendo os pulsos. - Sim. Embora estejamos em grave desvantagem, não estamos sozinhos, meus queridos. A carta de Mychella, Meistre. Por favor.

- A herdeira de Jardim de Cima afirma que fará o possível para convencer o marido a marchar para Sul. Ela garante que defenderá o direito legítimo de seu filho Robert, único Senhor da Campina, para manter a paz da rainha. - Então Mychella marcharia por nós. Aquilo modificava um pouco o panorama dos acontecimentos. - Nossos corvos não retornaram de Porto Real, no entanto. Rainha Serra continua em silêncio, ou as aves foram abatidas pelos inimigos. O Templo Vermelho de Volantis, no entanto, garante que orientará suas sacerdotisas à virem para a Campina. Os poderes de R'hllor não a abandonaram, Senhora.

- Palavras vãs. - Rebati, com certo desprezo comedido. - Enquanto enfrento cães à minha porta, Serra e Kamaris escondem-se na segurança da Capital, com a Aranha sussurrando a favor dos nossos inimigos. Layna de Bravos é uma traidora. Não posso contar com a ajuda de nenhuma delas, enquanto não perceberem que a minha derrota as prejudicará. Mas não seremos derrotados facilmente. Como vão as colheitas? Quero ter a certeza de que cada grão ou animal próprio para o consumo esteja dentro destas muralhas antes que meus inimigos cheguem. Se Correrio pode suportar três anos sob cerco, aguentaremos até que meu filho chegue à idade de usar uma espada, com nossas provisões. - Olhei para os meus soldados mais habilidosos, que seriam responsáveis por liderarem os outros. - Protejam o fim das colheitas. Acolheremos o mínimo de camponeses possível. Oriente os aldeões a fugirem para Dorne ou para as Terras Ocidentais, para que fiquem fora do alcance da barbárie que se aproxima. Lord Tarly sacrificou-se bravamente para nos conseguir tempo. Ele queimou Monte Chifre em honra do Deus Vermelho, e partiu para enfrentar os Ashford. Sua morte será lembrada pelas canções. - Era mentira. Brynden não enfrentara os Ashford de propósito, mas sim fora vítima de seu próprio orgulho. Mas meus homens deviam saber que perder suas vidas por mim era o mínimo esperado pelos verdadeiros fiéis. - Nossos parentes em Águas Claras receberão um dos representates da rebelião, e se tudo der certo, o farão refém. Eles também estão colhendo, e se preparando. Não nos curvaremos docilmente. Meistre, envie mais corvos para o Vale de Arryn. Cyrenna é uma amiga querida. Talvez ajude. Tente também o Rochedo. Lord Richard é um aliado, juntos destronamos Daemon IV. Talvez ele se lembre que sei de seus segredos e de que seu bastardo legitimado está sob minha posse. Mais importante: Confunda nossos inimigos. Quero mensagens falsas partindo para Essos, e todos os Sete Reinos. Quero que eles matem tantos corvos, que não sejam capazes de impedirem todos os recados. Não nos faltam exemplares da espécie, considerando o amor que Mychella tinha por eles.

- Assim será, senhora. Elizabeth Tyrell pede-me que a transmita votos de perseverança e boa saúde. A Senhora de Águas Claras garante sua lealdade. - Pedi que eles não tivessem o mesmo fim que os Lords anteriores, os Florents. Exilados até que foram extintos.

- Ótimo. Mostraremos o que as rosas da Campina fazem aos seus inimigos. Eu queimarei esta Casa até o pó, antes de permitir que estes abutres roubem o castelo do meu marido. - Meu Mestre de Armas entoou um grito de guerra, seguido pelos seus subordinados. - Deixem que venham com suas máquinas de cerco e olhos de cobiça. Essa guerra só terminará quando a última rosa cair. Dê a palavra para que cada assassino ou mercenário do mundo conhecido fique sabendo. Encherei de dragões aquele que me trouxer a cabeça do Lord Hightower e dos membros de sua família, bem como a de qualquer comandante da Mão Verde.

Eu desejava que a morte de toda a minha família não fosse realmente necessária. Se ao menos Serra viesse com seus dragões, talvez eu pudesse convencer alguns traidores a mudarem de lado. Sem esta alternativa, restava-me o apoio dos Baratheon aliados por casamento e sangue, e a mão invisível do Templo Vermelho, do outro lado do Mar Estreito. Fitando os olhos de Garth, temi pelo destino de meu pequeno filho. O poupariam se finalmente derrubassem as defesas do Jardim de Cima? Ou seria melhor envenená-lo na cadeira de seu pai, em meu colo? A herança do único homem que eu já amara verdadeiramente, era um império de cinzas e chamas. Com ódio de meus adversários, desejei ter a oportunidade de dizer à Osyl Hightower que eu mesma matara sua amada irmã, a antiga senhora da Campina. Eu encurtara seu sofrimento, encerrando sua vida com uma única gota a mais de sonodoce. Um modo mais gentil de morrer do que aquele que eu planejara para o Lord de Torralta, se um dia o tivesse em minhas mãos. Sabia que tudo era a vontade do Senhor da Luz, mas não entendia bem seus desígnios. Era hora de mais uma vez voltar-me para os braseiros sagrados, atenta. Em breve, sabia que uma nova direção me seria revelada, para cumprir a sua vontade.
   

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