[RP fechada] Women who Paint in Red

O sol de Qarth era acolhido de boa vontade pela morena. A sua pele parecia mais pálida que antes, o que não era de admirar, tendo em conta o tempo que passara sob a sombra de Asshai. Abraçando a solidão momentânea, os olhos fecharam-se, a cabeça inclinada para trás, enquanto um sorriso sincero — dos raros — se desenhava no seu rosto. Sorria por ter voltado das Terras da Sombra e sorria pelo seu sucesso. Tinha mudado, mas ainda era ela. Era Meena.

O que a esperava agora? Quem sabe. A carícia solar era bem-vinda, mas não a manteria totalmente satisfeita por muito tempo. Reabriu os olhos e passou a mão pelos longos cabelos, penteando-os antes de se levantar e adentrar no interior da cidade. Nada parecia ter mudado desde a última vez que ali estivera, mas ao mesmo tempo sentia-se desligada do mundo. Focou a sua atenção nas visões do sangue, mas a quantidade era exorbitante. Tantas vidas que ela tinha visto. Mais mortes ainda. Apenas continuou a andar.

Não foram as suas visões que ocuparam os seus pensamentos, entretanto. Em vez disso, reparava no que as pessoas à sua volta diziam, integrando-se nos acontecimentos recentes. Ouviu, entretanto, uma conversa sobre um espetáculo de um grupo de atores na cidade. Um grupo de mulheres que falava entre si discutia a peça que tinham assistido, mas essa era a parte que menos lhe interessava. Meena queria saber onde os encontrar. Parecia um bom ponto de partida.

— Um grupo de atores? Foi isso que disseram? — Perguntou, interrompendo a caminhada do trio. Não pareceram gostar da intromissão, mas isso não fez com que as questões parassem de vir. — Bisbilhotando conversas alheias? É isso as prostitutas de hoje em dia fazem para variar nos seus passatempos? — Uma clara referência à roupa que a morena usava, um vestido vermelho revelador. Tal palavra não a ofendeu, embora, perante a tentativa de ofensa, a mulher sentisse a necessidade de se vingar. Ela realmente queria saber onde encontrar os atores, mas não se iria rebaixar. — Isto? — Questionou, indicando para as vestimentas. — Uma última moda, na verdade. Mas não esperaria mais de você. Afinal, você é irrelevante. — Os seus próximos movimentos foram rápidos. Inesperados, sem dúvida.

As suas mãos agarraram os ombros da outra, reduzindo a distância entre as duas. Os lábios carnudos entreabertos deixavam a outra sentir o seu hálito quente no pescoço. Estava de lado para ela, pelo que podia ver muito bem a forma como os olhos da outra ficaram esbugalhados, tentando absorver o que se passava. Mas não era nada. Ainda. — Mas não se preocupe. A Cabra Preta a terá em breve, eu prometo. — Continuava a agarrar a mulher, porém, andou o que pôde sem a largar ainda. Era uma predadora, cercando a sua presa. Não parecia ter medo, tampouco parecia estar a mentir. E isso apenas deixava a outra mais atenta.

Apenas aí deixou a outra. “Que desperdício do meu tempo”, pensou enquanto procurava alguém que estivesse disposto a responder à sua simples pergunta. E não, a próxima pessoa a que perguntou não fez um escândalo sem motivos.

Habilidade treinada:

 

Enveredou pela tenda adentro sem procurar alguém no exterior, de forma a saber se o podia fazer. Já conseguia ouvir ruídos vindos de lá antes de sequer entrar. Foi examinando o lugar, cuja confusão não a surpreendeu. Parecia que ninguém se dava ao trabalho de limpar ou arrumar o interior da tenda, já que haviam caixas e baús de madeira — usados para transportar os bens durante as viagens — por cantos e meios da tenda montada. Roupas e perucas tinham obviamente sido atirados para cima destes, sem qualquer preocupação com a desarrumação. Outras roupas e perucas tinham sido atiradas para o chão. Entretanto, em um e outro lugar podia-se encontrar uma mesa, a maioria com copos vazios e diversos instrumentos de maquilhagem.

Numa destas, viu uma mulher que penteava o seu longo cabelo negro puxado para a frente. Com isto, as suas costas ficavam expostas, e Meena pode ver a pele de ébano que reluzia à luz de velas. Ela parecia atenta enquanto cuidava do seu cabelo, encarando o seu reflexo num pequeno espelho sem desviar o olhar. A presença da intrusa não passou despercebida, porém, já que a outra mulher lhe murmurou algo. — O que foi que disse? — Perguntou, continuando a olhar em volta. Teve a impressão de que a outra julgava que Meena era alguma serva, mas não chegou a olhar mais para ela, esperando apenas uma resposta enquanto se mantinha na sua pequena análise. A verdade é que, apesar de admirar a tenda com grande atenção, a morena podia resumir o local em três simples palavras. Era apenas uma tenda de atores.