A viagem fora mais longa do que seria do agrado da jovem Lady e o cansaço dos vários dias – pouco mais de duas semanas – de viagem acumulava-se até alcançar o ponto em que a mulher não aguentava mais ficar encarcerada no interior da sua carruagem, tomando a decisão impulsiva de prosseguir montada num dos cavalos que integravam a sua comitiva pelo restante caminho que faltava até chegar ao seu destino final – o que, para seu imenso agrado, não era tanto assim. O objetivo daquela viagem era relativamente simples: encontrar-se-ia com Lord Lefford e ambos aproveitariam as vantagens de que as duas casas usufruíam para formar uma aliança capaz de perdurar. Talvez, e apenas talvez, tal aliança pudesse ser celebrada com um pouco de vinho e alguma diversão; mas isso já fazia parte das divagações da mente da morena, entorpecida pelo enfado.
Reconhecidamente, a Casa Lefford era uma das mais importantes da região em que se situava. Repleta de minas de ouro e campos tão dourados como o próprio metal, este era a única passagem entre as Terras Fluviais e as Terras Ocidentais vasta o suficiente para que um exército com todos os seus homens passasse, e os seus senhores aproveitavam-se devidamente de tais características para o seu próprio benefício. Independentemente dos aspetos geográficos, era uma Casa economicamente abastada e uma ótima aliada para qualquer outra Casa, mais ainda para a jovem que buscava reerguer a moral que os Bolton tinham perdido em tempos passados.
Segundo o último corvo que lhe tinha chegado vindo do castelo do senhor de Dente Dourado, o próprio estaria à sua espera assim que assomasse aos seus domínios. Assim, Meera aguardou que os protocolos se cumprissem e, após a sua presença ser anunciada pelos seus porta-estandartes aos homens de Kormon, a pequena comitiva adentrou nos terrenos interinos da edificação. As íris escuras varreram o lugar em busca do sorriso sempre galante de dentes brancos e dos fios tão dourados que faziam jus à fama da própria família – não fossem o nome das terras ou a sua fortuna suficientes – do Lord, não encontrando nada mais do que uma serva atabalhoada, que a abordou com pressa considerável como se algo estivesse errado em todo aquele cenário. Sem outra opção, a nortenha seguiu as passadas rápidas da moça que a recebera, sendo conduzida a uma sala onde apenas recebeu a indicação de que Lady Lefford aguardava pela sua presença no interior da divisão.
Ao adentrar na sala especificada, pôde ver de facto uma figura que até então lhe era desconhecida, provavelmente a tal Lady Lefford. Todavia, Meera tinha por certo que Kormon não era casado e, assim, aquela apenas poderia ser a irmã do Lord. Um sorriso cativante preencheu a boca vermelha da nortenha, e a mulher deixou que um olhar despudorado percorresse o corpo da loira de alto a baixo, tendo o cuidado de manter alguma discrição.
“Creio que cheguei com um certo atraso em relação ao estabelecido, não? As minhas desculpas, milady, porém viagens tão longas, além de cansativas, também são suscetíveis a imprevistos,” a sua voz soou melodiosa através da divisão, o sorriso revelando-se mais pretensioso antes da fala seguinte. “Creio que não precisaria de me apresentar, já que você pediu que me trouxessem até aqui, mas prezo a cortesia. Sou Meera Bolton, Senhora do Forte do Pavor e, se não me engano, foi o seu irmão quem iria esperar pela minha chegada. Cheguei em má hora?”
- Habilidade treinada :
- Política