[RP fechada] Lots and lots of paper

the iron bank will have its due

Braavos

The supreme art of war is to subdue yout enemy without fighting

O senhor de Vaufreixo sentia o navio balançar de sua cabine, enquanto navegava em direção à Braavos. Fazia muito tempo desde sua última ida à cidade livre, e não fazia ideia de quanto tempo a viagem iria durar, mas provavelmente havia alguns dias de distância entre ele e o seu objetivo: negociar com o banco de ferro. Alguém sem qualquer experiência como ele provavelmente não era a pessoa mais qualificada a isso, mas ele tinha total confiança de que seus conselheiros o ajudariam, e de que ele retornaria à Campina com êxito. Ele precisava voltar, já que não era o único a depender daquilo.

— Meu senhor, está bem? — a voz ligeiramente rouca do meistre de Ashford tirou o lorde de seus devaneios, levando-o de volta à realidade. O homem de longos cabelos e barba, ambos grisalhos, o olhava com um leve ar de preocupação, seu rosto ainda mais enrugado do que o normal. Sobre a mesa a qual ambos se sentavam, os livros e esquemas estavam espalhados, como se ele estivesse explicando algo ao mais novo, que não pôde entender. — Podemos parar por aqui se o senhor achar melhor.

— Não, Daruos... Estou bem, não se preocupe — respondeu, balançando a cabeça levemente para afastar qualquer pensamento que pudesse lhe tirar a atenção. O lorde não havia nascido para aquele tipo de coisa. Seu lugar era em um campo de batalha, onde era realmente útil, mas a ele não foi dada opção alguma. Era o último Ashford apto a assumir a casa, e portanto possuía muita gente dependendo dele. Teria que aprender a ser um verdadeiro senhor de Vaufreixo, e portanto tinha muito a estudar.  — Prossiga, isso é importante.

— Pois bem, meu senhor... — o mais velho pigarreou levemente antes de continuar com o que dizia antes de Garad se distrair. — Como eu dizia... Apenas um senhor tolo teme a guerra. Nós vivemos cercados por ela, constantemente, e eu pessoalmente diria que a guerra é necessária para a sobrevivência do reino, e também de cada casa, o que inclui, é claro, Ashford. Portanto, um senhor sábio não deve temer a guerra... Ele deve estar pronto para ela, seja qual for. Deve estar pronto para saber quais guerras lutar e quais guerras podem ser evitadas. Deve conhecer a si mesmo, às suas próprias limitações, tão bem quanto deve conhecer o inimigo. Se o senhor, meu lorde, conhecer suas forças e fraquezas, e as forças e fraquezas do seu rival, será capaz de vencer qualquer guerra que comece.

O senhor de Vaufreixo prestava atenção em cada uma das palavras sábias do meistre, sem dizer qualquer uma. Estava acostumado com um lado diferente do campo de batalha... Estava acostumado a ser aquele que recebia as ordens, aquele que lutava em nome de um senhor, não aquele que comandava as tropas. Ter todo aquele peso em suas costas era quase sufocante, mas ele teria que dar conta, e para isso precisaria aprender tudo o que o homem tinha a lhe dizer. Por vezes, sua pena arranhava um pedaço de pergaminho enquanto ele anotava o mais importante que seu mestre tinha a dizer.

— Dos cinco importantes fatores da guerra, eu já lhe ensinei sobre a doutrina, que considero a principal — disse, recordando-se de sua primeira aula, no castelo da família Ashford. — Hoje, irei te dizer um pouco a respeito do terreno e do tempo. Diga-me, meu senhor. Por que acha que é tão difícil para um sulista atacar a uma casa do Norte, e mais difícil ainda mantê-la sob seu comando?

— Os sulistas não estão preparados para sobreviver no Norte — respondeu Garad, sem hesitar. — Mesmo para os nortenhos, a temperatura e o clima são cruéis... Para alguém que não está pronto, que não vive naquele lugar, as condições são ainda piores. Os animais não resistem ao frio, os alimentos tornam-se escassos rapidamente, os próprios homens enfraquecem e sucumbem na neve. A guerra pode estar perdida antes mesmo que as tropas sulistas alcancem seu objetivo.

—Precisamente, meu senhor — o meistre sorriu tenuemente, aliviando um pouco a pressão do lorde. Ainda assim, responder aquilo não era tão difícil... Mesmo alguém que não sabia nada de batalha, desde que conhecesse as condições territoriais dos lugares citados, poderia dar a mesma resposta do Ashford. — Mas nem sempre as diferenças de terreno são tão enormes... As vezes apenas alguns detalhes podem fazer toda a diferença. Vamos voltar à Campina, senhor, e pensar nas diferenças de terreno entre Vaufreixo e Jardim de Cima, supondo uma possível batalha entre suas casas...

E assim, os dois continuaram por horas. Garad absorvia cada fração de conhecimento que podia, continuando a anotar quando necessário. Sua cabeça parecia girar com a quantidade de informação, e naquele momento o que ele realmente precisava era sair do navio, pisar em terra firme e correr ou se isolar por um bom tempo. Fingir que não era um lorde, que era apenas uma pessoa qualquer... Porém, sabia que tinha deveres, e os cumpriria, fazendo o que fosse necessário para isso.


Após dias estudando com Daruos, o titã da cidade de Braavos finalmente pôde ser visto, à distância, e não demorou muito para que o navio ancorasse no principal porto da cidade livre. Garad sentiu-se uma pessoa completamente nova quando finalmente pisou sobre o chão do local, finalmente livre do barco, ainda que soubesse que por pouco tempo. Waltyr, Daruos e outros dois guerreiros acompanhavam o senhor, sendo que o Braavosi ia na frente por ser o único a saber se orientar na cidade.

Não foi uma caminhada tão longa. Quando chegou ao banco, já havia um senhor aguardando por ele. O homem tinha idade avançada, mas talvez não tanto quanto o meistre, apesar de parecer bem mais cansado que ele. Apresentou-se como Khalil antes de guiar o lorde e Daruos – os três guerreiros permaneceram do lado de fora do banco – até a sala particular de um dos três banqueiros de ferro, Lynn Traeqar. Garad passara dias estudando o homem e tentando aprender o máximo que pudesse ao seu respeito para aquele encontro, mas não se sentia nem um pouco preparado.

Habilidade Treinada:

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