[RP FECHADA] This is not the end

Porto Real estava um caos, desde a prisão da rainha que qualquer homem ou mulher estava nervoso. Sua caminhada da vergonha se aproximava e Annara sentia cada vez mais pena da pobre mulher, por mais hediondo que fosse o crime, ninguém merecia ser humilhado como Megga seria. E depois dessa caminhada, os Baratheon ficariam ainda mais furiosos, podia ser o início de mais uma guerra sangrenta. Porém, Anna não parecia ter medo disso.

Segurava firmemente o tecido nas mãos. Era um tecido fino e suave, perfeito para os dias de verão que se aproximavam. Annara não podia dizer que tinha "dedos de ouro" ou algum tipo de dom para tecelagem, sempre fora melhor com cavalos e história, mas não era uma total desgraça. No momento, fazia um vestido em tons de vermelho para Allyria e quando acabasse, faria um para Alys.

—  Não se mexa, Ally. — Pediu enquanto colocava o tecido na anca da mais baixa vendo se estava no tamanho certo. —  Tenho que apertar mais um pouquinho aqui... — Murmurou para si mesma enquanto colocava uma agulha no local indicado, tirando o excesso de pano. —  Allyria, não se mexa, quer que eu lhe machuque?!

Annara se sentou novamente, dando permissão para a Targaryen se sentar também. Com cuidado, cortou o que estava a mais e olhou para o grande pedaço de pano que, em breve, seria uma saia. Estava realmente bonito, em breve teria um belo vestido para oferecer à mais nova, um belo presente. Se levantou novamente, guardando as suas agulhas e linhas e as colocando em cima da cadeira.

— Ah, o calor de Porto Real me cansa. — Suspirou enquanto se jogava na cama, sem qualquer vestígio de ânimo. —  Tenho imensas saudades de casa, pelo menos era frio, como eu gosto. Apesar de não querer viver nunca mais na Atalaia. —  Ainda levarei Alys e você comigo para o Norte, uma bela visita à minha família. Talvez pudéssemos ir com a Alys visitar os Royce, o que acha? — Rodou sobre os cobertores de seda, se deitando de barriga para baixo. Apoiou um dos braços na cama e deitou sua bochecha na mão delicada, olhando para a janela, que mostrava uma capital com um belo céu noturno.

Deixou sua mente divagar naquele momento, um momento que fez só para ela. Pensou em seus últimos anos em Pedra do Dragão e em Porto Real, o quanto se divertiu, o quanto aprendeu, o quanto viveu. Coisas que nunca faria se ainda fosse a Reed que vivia trancada com a mãe na Atalaia, que aprendeu a manusear adagas por pressão de seu pai, que raramente fazia algo mais aventureiro, no máximo andar de cavalo na alvorada com seus irmãos. Mas havia um preço, ela estava na capital, acompanhando uma Targaryen, para arranjar um casamento, coisa que ela nunca tinha conseguido fazer. Seus pais lhe cobravam o casamento cada vez mais e, em breve, eles iriam se revoltar. Annara sentia um pequeno desespero crescendo dentro dela.

Foi interrompida por uma leve batida na porta. Annara olhou rapidamente para Allyria, confusa.

—  Esperando alguém? — Perguntou cautelosa. Quando a loira negou, ela engoliu em seco. —  Deixe que eu abro, esconda-se, pode ser algo de ruim.

Com o medo crescendo em seu peito, Annara viu a mais nova se esconder e logo pegou uma de suas adagas e escondeu atrás das costas. Respirou fundo e logo se dirigiu à porta, cuidadosamente e rezando para não ser nada de mais. Girou a maçaneta cuidadosamente e abriu a porta, sua mão direita apertou o punho da adaga ainda mais forte, se preparando para dar algum golpe, porém, era apenas uma simples criança.

— Olá, Lady Reed. — O menino falou, com sua voz rouca. Annara sentiu pena daquela pequena alma. — Chegou um corvo para si. — Com tais palavras, estendeu uma carta, com o símbolo Reed estampado nela. Suspirou de alívio e pegou no papel.

— Obrigada, querido. — Sorriu. — Qual seu nome?

— Rodrik, senhora.

— Então pegue, querido Rodrik. — Falou estendendo sua adaga para a criança. —  Não deve dar para muito, mas garanto que dá um jantar para você.

— Obrigada, Lady Reed. — Ele sorriu depois de aceitar a adaga. Annara sorriu e fechou a porta, quando ele se afastou o suficiente.

— Saia, Ally. Era só um servo com uma carta. — Anunciou, pegando no envelope com as duas mãos. — Uma carta de meu pai, acredita?

Se sentou na cama novamente, indicando que Allyria se sentasse o seu lado. Abriu tão rapidamente o pedaço de papel que acabou o rasgando um pouco perto do selo, mas isso não importava, era uma carta da família.

O início fora comum, respondendo às perguntas da correspondência anterior, comentando coisas normais do dia-a-dia em terras Reed, notícias importantes de seus irmãos... Tudo parecia ótimo até o nome de Zakintia Tyrell aparecer, logo seguido pelo de Nicolas Tyrell e, por fim, a fatídica palavra: casamento.

Annara nunca imaginara que esse dia haveria de chegar: o dia em que o senhor seu pai tomasse a liberdade de escolher um noivo para ela. Sentiu as lágrimas correndo para seus olhos, piscou rapidamente para as espantar dali. Seu primeiro pensamento foram as reações: como Allyria iria reagir? E Alys? E Harrold, o guarda real que ela considerava irmão? E Ned, seu grande amigo de infância? Se levantou rapidamente da cama, deixando a carta para trás. Correu para a janela e passou a mão por seus longos cabelos castanhos, deixando a primeira das lágrimas escorrer.

—  Leia, Ally. — Pediu. — Leia e me diga o que eu devo fazer.

E olhou para trás, deixando que a amiga visse sua tristeza em forma de delicadas gotas de água escorrendo por sua face clara.