[RP Fechada] Life offers you a bread, steal for education

STEAL A BREAD

O cheiro de álcool infestava todo o lugar. O fétido bafo de enjoo impregnava as paredes, enquanto jazia ali qualquer aspiração social. Andrew despertava lentamente, semicerrando os olhos, afim de fugir sua vista da claridade matutina. Em estado de retardo pós-sono, o garoto levantava-se e cambaleava até o balcão da taverna, onde apoiava-se, tentando não cair. No chão, deitados amontoados, jovens abruptos em sono, pareciam estar padecidos sobre o piso. Todos ali eram ratos da sociedade, fadados a fugirem dos padrões da lei ou perecer sob as vestes da desigualdade. Seus sonhos inocentes haviam sido perdidos, cada qual à sua maneira, em cada um de uma forma diferente. O maior objetivo daqueles gatunos miseráveis, era poder acordar vivo mais uma vez.

—  Bom dia, Brook. — saudou Marshell, enquanto passava o pano no interior de um copo. — Pensei que acordaria mais tarde.

— Não sou um príncipe Roinar para me dar ao luxo de acordar tarde. — respondeu Andrew, enquanto espreguiçava-se.

— Não é como se fosse o raiar do Sol também. — comentou o dono do estabelecimento, colocando um copo à frente do garoto e o enchendo com alguma bebida barata.

Não existia lugar mais repugnante em toda Vila Tabuleiro que aquela taverna. Marinheiros das cidades livres, mercenários sem contrato, foras da lei e toda e qualquer ralé da cidade faziam parte da clientela frequentadora do local. O ponto também servia para o tráfego das mais variadas informações. Qualquer um que desejasse obter um lucro de forma ilegal na vila, poderia obter um conhecimento, simplesmente indo ao lugar.

Andrew e seu bando, formado com seis gatunos, contando seu líder, costumavam ir a taverna Snake Eye's, sempre que necessitavam planejar algo. A noite interior, mesmo que tivesse acabado com os garotos bêbados no chão, havia sido produtiva. As informações, conseguidas de um trabalhador bêbado do porto, tratavam que uma carga chegaria em Vila Tabuleiro pelo começo da tarde, trazida das cidades livres. O conteúdo? Dez tapetes rendados, fabricados nos tempos do povo Ândalo. O valor era inestimável e provavelmente seriam oferecidos a realeza Roinar. Com certeza Brook e seu bando não teriam aparato para fazer um saque daquele porte, a escolta dos itens deveria possuir inúmeros guardas, altamente treinados e bem armados. Mas havia um motivo para Andrew liderar aquele grupo, não havia uma mente criminosa em toda Dorne que se igualasse a ele em termos de pensar nos crimes. O garoto sabia que as informações precisas sobre a escolta daquelas mercadorias, valeria alguns bons trocados, restava então consegui-las.

— Quando acordarem, diga para me encontrarem no porto. Estarei no ponto de costume. — pediu o gatuno, enquanto batia a poeira de sua jaqueta e saía à fora.

Vila Tabuleiro era uma cidade comercial, como tal, era normal a intensa movimentação em seus mercados. Aquele tipo de situação era perfeita para um ladrão, misturar-se entre a multidão era a melhor forma de passar despercebido. Seguindo a velocidade dos passos dos andantes ao redor, olhando para baixo e sem chamar muita atenção, Andrew chegava ao porto quase que furtivamente. Caminhando como quem trabalhasse por ali, o jovem relembrava as informações que possuía, para saber qual a embarcação que traria a preciosa carga. As coisas ficaram mais fáceis, quando alguns baús foram tombados ao cais com uma proteção fora do comum, o que chamou a atenção. A embarcação e a forma como a mercadoria estava guardada, ia de acordo com com o conhecimento que o ladrão possuía, além da forte guarda montada que estava ao redor, demonstrando a importância dos itens. Esgueirando-se, até ficar atrás de um amontoado de barris há poucos metros da descarga, Brook analisava a situação cautelosamente, enquanto procurava não ser visto. Os minutos se passavam e o gatuno tentava descobrir qualquer informação que pudesse ser útil.

— Quando a carroça estiver carregada, partiremos até a estalagem mais próxima. Ficaremos lá até o amanhecer, depois seguiremos pela estrada Leste. — explicou em média voz um dos mercenários, enquanto indicava os detalhes para o condutor da carga, já coberta por um manto longo. — Cinco homens irão comigo, faremos a escolta da mercadoria dentro da cidade. Várias caravanas passam por Vila Tabuleiro todos os dias, então aparentaremos ser mais uma. Os demais seguirão o caminho normalmente, como senão fossem da escolta. — detalhava o provável líder, indicando os detalhes para seus companheiros.

— Dez guardas farão a proteção da carga, que será levada por um carroceiro. Um arqueiro, nove portando espadas longas, todos com armaduras leves. Pela forma como estão montados, devem ser bom em equitação. A estrada Leste é a menos usada para o transporte de cargas, principalmente por ser mais estreita e mais longa. Porém é a que menos acontecem saques, afinal as demais rotas acabam sendo bem mais produtivas. — sussurrou para si mesmo, Andrew. Enquanto observava tudo pelas restas dos barris.

— Assim que chegarmos na estrada, dois homens seguirão muito à frente da escolta, averiguando prováveis perigos. A carga ficará vigiada por sete homens, caminhando o mais próximo dela possível. Nosso arqueiro ficará cerca de dez metros atrás, será nosso suporte em caso de ataques e também cobrirá nossa retaguarda. — bradou o mercenário, fazendo seus companheiros balançarem a cabeça afirmativamente. Dado isso, cinco deles seguiram com a carroça, como se fossem uma caravana normal passando por Vila Tabuleiro, enquanto os outros partiram algum tempo depois.

Já com todas as informações que podia ter, Brook observava o seu redor, esperando o momento ideal para sair dali. Feito isso, o gatuno partiu de encontro com seus companheiros, que o aguardavam em uma viela, perto do porto.

— Então? As informações são verdadeiras? — indagou um dos membros do bando, quase sussurrando.

— Não tive como confirmar o conteúdo dos baús, mas acredito que tudo seja como foi nos passado. A segurança será forte e pela forma como se portaram, devem ter experiência em fazer escoltas deste tipo. — respondeu, fazendo um sinal de mão para saírem do local.

— O quanto pode valer as informações que temos? — questionou mais uma vez.

— Não muito, sabemos qual o comboio que guarda as cargas, o número de guardas, suas armas, a forma como estarão organizados e o caminho. De qualquer maneira deve valer mais do que podemos ganhar em um dia normal de pequenos furtos. Espalhe a notícia que raros tapetes ândalos sairão de Vila Tabuleiro até amanhã, qualquer um que desejar informações deve ir ao Snake Eye's com vinte veados de prata. Façam isso rápido. — ordenou, enquanto seu bando se "diluía" por entre as ruas de Vila Tabuleiro.

O grupo de Brook geralmente cometia pequenos furtos. Frutas, pães, alguns trocados eram seus ganhos diários. Andrew tinha noção de quanto maior e mais precioso fosse o valor do alvo, mais problemas acarretaria para eles. O gatuno sempre conseguia ter sucesso em seus planos, quase sempre por não arriscar tanto. Mas nem sempre a sorte poderia estar com eles.

Habilidades Treinadas:

SELLING A BREAD

O belo crepúsculo no céu, indicava que o fim da tarde se aproximava em Vila Tabuleiro. A grande movimentação do comércio, logo dava lugar a solidão dos mercados, agora fechados. As ruas da cidade transformavam-se em trajetos vazios, rotas perigosas, perfeitas para que as trevas de Dorne tomassem conta temporariamente.

Na taverna Snake Eye's, os trabalhos de bebedeira estavam a começar. Trabalhadores do porto, alguns mercenários e foras da lei de baixo calão, iniciavam suas reuniões diárias, regadas de bebida sem qualidade. Numa mesa ao longe, Andrew e seu bando, estavam a conversar, pensando nas informações que poderiam ser vendidas.

— Ouvi boatos que cada um dos tapetes vale no mínimo cinco dragões de ouro. — comentou Rudolf, o mais velho do grupo, após Brook.

— Isso quer dizer que um tapete vale mais que a vida de todos nós juntos. — brincou o líder do bando, fazendo todos rirem.

Os risos daqueles jovens continuavam. Embora fossem definitivamente ratos da sociedade, eles consideravam-se como uma família. Porém os sorrisos abertos davam espaço a atenção, quando alguns homens adentravam na taberna. Eles vestiam mantos caros, cobrindo parcialmente suas armaduras, com espadas bem desenhadas à cintura. Suas feições eram sérias, deixando todos ali apreensivos. Eles ficaram parados por um tempo, observando todos daquele local.

— Procuro aquele que pode me dar informações sobre a escolta dos tapetes ândalos. — bradou em alta voz o homem que demonstrava ser o líder. Enquanto os demais ficavam ao seu redor.

— Será que são guardas? — sussurrou Rudolf.

— Guardas não vem ao Snake Eye's. Talvez mercenários. — respondeu Andrew.

— Disseram que eu poderia ter essas informações, caso trouxesse vinte veados de prata. — comentou, puxando um saco de moedas do bolso. Aquele ato despertava o interesse do bando, que sorriam uns para os outros.

— Em Snake Eye's, costumamos abrir a boca depois de ver o dinheiro, meu lorde. — falou Brook, levantando sua mão, enquanto o grupo de homens armados ia em direção a mesa.

— Esperem nos cavalos, não irei demorar. — disse o homem para seu grupo, sentando-se na mesa do bando. — Falem o que sabem. — ordenou, jogando o saco de moedas para Andrew, que abriu-o e começou a contar o dinheiro. Feito isto, o jovem gatuno sorria abertamente.

— No total serão dez guardas a fazer a proteção da carga, mais um carroceiro que a guiará. Poderão reconhecer a escolta pelo símbolo de um Sol, desenhado no manto a cobrir os baús, além do nome Sandstorm desenhado ao lado da carroça. Eles seguirão pelo caminho Leste, o mais estreito e mais longo de Vila Tabuleiro. Dois soldados irão à frente, serão responsáveis por ver os perigos, sete irão proteger a carga e um arqueiro seguirá um pouco atrás, fazendo a proteção a distância e cobrindo a retaguarda. Eles deverão partir ao amanhecer e se encontram na estalagem mais próxima do porto. — detalhou o gatuno, sorrindo, após receber seu pagamento.

— Isso será o suficiente. — murmurou, levantando-se da mesa e saindo da taverna.

— Grande, poderemos passar algum tempo com esse dinheiro. — comentou Collins, outro garoto do bando de Andrew. Enquanto o líder mantinha-se atento, olhando para o horizonte por alguns minutos. — No que está pensando? — indagou.

— Que informação sempre vale algo. — Sorriu Brook, levantando-se da mesa. — Guardem o dinheiro. — falou, jogando a bolsa a Rudolf, enquanto partia rapidamente dali.

A mente do garoto funcionava de uma forma extremamente astuta, poucos foras da lei da cidade pensavam de forma semelhante. Assim que soube da carga, Brook teve em mente que as informações sobre a escolta poderia valer algum dinheiro. O que que queria dizer que mais informações sobre eles, acabariam valendo algo também.

Saindo da taberna, Andrew viu que o grupo de homens estava um pouco à frente. Com a noite já chegada, ficava fácil se esconder por entre as sombras e assim ele o fez, seguindo os andantes, que não partiam em alta velocidade com seus cavalos. Brook esgueirava-se por entre becos e ruelas, além de pegar atalhos que apenas um ladino da cidade poderia conhecer. Ele seguia atentamente o grupo, de forma extremamente furtiva, até que os homens resolveram parar, em uma passagem perto do porto. Subindo por um casa, o ladrão escalou por entre os telhados até ficar perto o suficiente para ouvir a conversa dos mesmos, mas ainda manter-se furtivo.

— É verdade, não temos como saber se o vermezinho da taberna falou a verdade. Porém é nossa única chance de pôr as mãos nessa carga. Metade de vocês irá esperar na estrada Leste, escondidos. Lembrem-se de manter-se ocultos e de atacar apenas quando virem a carroça com a descrição que passei. Os demais irão esperar comigo na cidade, alguém ficará nas saídas e quando ver que a escolta partiu virá nos avisar. Atacaremos pela frente e pelas costas, não daremos chances a eles de fugirem. Se conseguirmos ter sucesso, seguiremos para Tombastela. Agora partam. — ordenou, enquanto cavalgavam para longe do local,

Andrew desceu de onde estava, após perceber que estava totalmente livre a passagem. Se aqueles tapetes eram realmente tão preciosos, muitas pessoas acabariam indo atrás deles e qualquer pista para tal, acabaria valendo um bom dinheiro. Mas muitas surpresas ainda esperariam aquele jovem rapaz.

Habilidades Treinadas: