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[Quest OP] Labirinth

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Mensagem por Styr Dom Jul 10, 2016 9:52 pm

Labirinth

O jovem pensou muito sobre que lugar ir ao receber as moedas pelo seu último serviço, e no fim acabou por optar para voltar para casa. Lorath, a menor e mais subestimada cidade livre, talvez por ficar numa ilhota muito mais próxima de Ibben do que de Westeros.

O balançar do navio pesqueiro não era tão incômodo como nas primeiras vezes que navegara, com as moedas que tinha Jakub poderia desfrutar de alguns dias, ou até semanas de uma boa vida antes que ele precisasse pensar em algo para seu sustento.

Um ou dois dias depois, quando já estava perto de desembarcar o diminuto foi abordado por um barco escravagista tentando apreender os membros da tripulação, esperando que não fossem oferecer muita resistência. O mercenário os surpreendeu e atacou os sete homens.

Quando desembarcou em Lorath, pode se lembrar de uma característica marcante da cidade. Se Meeren tinha suas pirâmides, Lorath tinha seus labirintos. Caminhando pela cidade até onde ficava seu "lar", cheirando a peixe e se perguntando se a casa onde passou sua infância ainda existia.

๑ ๑ ๑

+ Comece seu post a partir do momento em que entrar no navio pesqueiro, passe pelos eventos que estão colocados acima e encerre quando chegar em seu "lar". Quero as emoções e a luta bem detalhadas.

+ Prazo de postagem de 15 dias.

+ Não use templates muito pequenos nem cores cegantes.

+ Esta é uma quest OP de dificuldade difícil, para Jakub Gerhardt.

+ Assim que postar na quest, avise por MP.
Styr
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Mensagem por Jakub Gerhardt Seg Jul 18, 2016 10:27 pm



Cursed Fate

You’re destined for great and unfortunate things
Voltar para casa é sempre uma escolha difícil, não importa o quanto você considere e reconsidere. As névoas do passado sempre vão nos envolver, engolindo aquilo que você é e aquilo que você pode ser. O tom reflexivo de Jakub era uma prova incontestável de que nem mesmo alguém que mata por dinheiro é inexorável. Condutas morais te prendem a certos costumes, relutá-las sempre será errado, mas bem, voltar para casa é contra toda e qualquer lógica que possa existir no mundo, principalmente se não tiver ninguém à sua espera.

A vida parece triste. Se pararmos para pensar, viver sem uma palavra de conforto ou a certeza de que pessoas que te amam te esperam, parece realmente um paradigma complicado do tipo que ninguém quer resolver enquanto sobe numa prancha depois de ter os sapatos encharcados. Ele agarrava-se aos muitos lugares que viu, gravados em sua memória como palavras em pedra. Algumas vezes, como agora, em que o mercenário se debruça sobre a mureta da embarcação pesqueira humilde e o espírito está em chamas, esses vários lugares passam diante de seus olhos como os barcos que chegam e partem do porto de Pentos. Os labirintos de Lorath, as montanhas e planícies de seixos ou de grama, avalanches de neve, montanhas que espetam o céu, encostas, contrafortes floridos, vales florescentes, pântanos, rios e mares. Uma sequência de locais cuja mente já viu e outros dos quais apenas a imaginação pode alimentar.

E finalmente, aquele lugar miserável esquecido pelos deuses. Os olhos escuros do homem lembravam-se de cada pedra, os músculos recordavam de cada impacto do punho ou da madeira moribunda que marcaram seu corpo durante seu treinamento, e crescimento. Tudo é fruto do acaso. O acaso, aliás, deveria ser um deus. O bater de asas de uma libélula, erguendo-se levemente no ar, não é mais veloz do que o destino de um homem. E mesmo que você ache que um simples mercenário que, com muita dificuldade aprendeu a ler e escrever, não possa pensar tamanha coisa, é aí que se engana, a vivência é tão forte quanto qualquer estudo.

Infelizmente qualquer via poética que tamborilava em seus neurônios foi bruscamente dispersa. Morte. O nojento, forte, doce e enjoativo, paralisante e detestável cheiro da morte. Chegava a ser engraçado que o odor de peixe recém abatido tivesse lhe trazido desse profundo momento de introspecção. Ele sempre odiou peixes e qualquer coisa que viesse do mar, vamos pular a trágica história de quando ele quase morreu asfixiado com uma espinha de peixe quando mais jovem. Ali e agora nada lhe parecia mais racional que pegar suas tralhas e encaminhar-se para o compartimento interno o qual pagou.

O maior problema de viagens marítimas é o tempo livre. Ficar confinado num cubículo de madeira entre barris e caixotes nunca foi, exatamente, a sua ideia de férias perfeitas. Em outros tempos era uma certeza universal de que, a esta hora, Jakub Gerhardt estaria de cara para o mar vomitando o que tinha comido e o que nem sabia que havia ingerido. Pela graça suprema das leis da adaptação, e evolução, ele deixou de se sentir enjoado.

Três baques contra a madeira interromperam a hipnose cognitiva ao qual ele havia se auto induzido enquanto encarava da escotilha o mar e o céu, o mar e o céu, o mar e o céu, e assim sucessivamente pelo balançar da embarcação.

– Você está morto ou morrendo em pé? – A voz rouca parecia madeira estalando numa escada mal construída. Por algum motivo ela parecia estranhamente familiar, a resposta não tardou a chegar, assim que os olhos se esbarraram na figura de aparência sadia na entrada o sorriso brotou.

Noran? Noran Orminis? – Incredulidade é o mais notável no pronunciamento do nome. – O que diabos você faz aqui? – Noran Orminis era sem dúvida uma figura caricata, tanto ele quanto Jakub dividiam a mesma terra natal, mas curiosamente, só se conheceram em Braavos. Ambos mercenários contratados para o mesmo propósito, a grande diferença era que, Noran era sem dúvida mais bonito, alto, forte, rápido, inteligente.

Um abraço selou o momento de reunião entre os velhos conhecidos, nada além disso, e mesmo que explicações fossem necessárias, aquele momento não era para isso.

– Trabalho neste barco com o velho Salleo, muita coisa mudou desde Braavos meu caro Jakub. – Duas leves batidas no ombro de Gerhardt encerraram os cumprimentos. – Vamos comer, te conto toda a história no caminho, hoje não será essa gororoba que foi nos últimos dias. Encontramos um barril de vinho e outro com pão abaixo da vela reserva e das cordas. Vamos celebrar a fartura!

Por sabedoria Jakub não se iludiu muito, pão e vinho não formam a melhor das refeições, ainda mais se você tem um nítido problema com frutos do mar. Mas bastou aquilo para deixa-lo alimentado, pão, vinho e claro, todas as histórias que abarcaram a comilança. De um modo muito improvável Noran escapou da morte, se recuperou, formou família e trabalhava em prol do sustendo da mulher e dos três filhos como pescador. Um destino trágico na opinião de Jakub, logicamente, ele brindou pelo conhecido.

A ressaca não o atingiu, pelo contrário. No dia seguinte levantou mais cedo que o normal, quando a luz é suave, o mundo é novo e o coração canta. Ele sempre fora uma criatura noturna, mas sentia-se estranhamente bem naquele dia, claro que, não bem o suficiente para voltar ao dilema moral que há anos perseguia o mais inocente de seus pensamentos. Acendeu a lamparina de azeite e guiou os passos até a proa, onde alguns pescadores ainda encontravam-se vigiando a rede ou ajeitando as velas.

Syro, Inno, Jorehor! – Cumprimento e saudação, naquela altura ele já sabia o nome de todos os homens com quem dividia o barco, mesmo que estivesse ali apenas a pouco mais de quarenta e oito horas. O balbucio dos homens serviu-lhe como resposta, logo abriu as calças e tratou de urinar para o mar apreciando a linha do horizonte e toda aquela cena teatral que parece se formar na natureza.

Syro, o pescador de aspecto sujo, barbudo e com um pigarro recorrente parou ao seu lado e fez o mesmo processo. E mesmo que isso seja enormemente estranho e suspeito, afinal há um barco inteiro para você mijar, não há a menor necessidade de parar à um palmo de distância do outro para repetir a ação. Não façamos disso um momento íntimo de masculinidade e “brotheragem”, porque não é. As leis da distância devem ser respeitadas, ainda mais para alguém que mija parecendo uma carroça desgovernada.

Assim, por mais constrangedor que aquele momento pudesse ser, qualquer reclamação ou suspeita que Jakub teria foi apaziguada quando um navio menor e incrivelmente mais rápido surgiu no horizonte. – Aquilo está vindo na nossa direção? – Indagou com certa desconfiança enquanto terminava de se esvaziar. Syro não respondeu, estranhamente o homem parecia mais interessado em disparar rajadas de urina em direções distintas do que ver a realidade.

Daaror surgiu em seguida, não havia falado muito com o homem desde que embarcou, mas não parecia ter nada a desconfiar dele, até agora, é claro. Daaror repetiu o mesmo processo que os outros dois só que abaixando as calças até os pés. Jakub claramente não estava interessado naquele complô de masculinidade questionável que se formou em volta dele. Balançou e guardou seu amigo num piscar de olhos, tempo o suficiente para se espantar com a visão da frente.

O barco já estava bem mais próximo deles. Aquela coisa parecia flutuar sobre a água saltando por cima das ondas. Juntou um com um e matou a charada. – Senhores, é melhor guardarem essa pequena protuberância de vocês, podemos estar com problemas. – Falou logo recuando à procura de Salleo e Noran. Não queria pensar no que tinha visto, na realidade, torcia para não ter visto o que viu, por mais controverso que seja. Desceu a escotilha num salto, quase bateu com a cabeça na parede à sua frente e não conseguiu encontrar Salleo, chefe dos pescadores, e Noran, seu antigo conhecido, de jeito nenhum.

O último local era o compartimento de carga, mas o cheiro de peixe sendo conservado em sal e óleo ali dentro era tão forte que fazia ser difícil se aproximar. Sem muitas escolhas ele puxou o tecido que cobria a entrada e deparou-se com a cena mais improvável de sua vida. – Ele tá batendo uma pra você usando o peixe? – O susto acabou sendo maior do que a preocupação do navio desconhecido. Jakub estava tão impactado quanto todos os peixes mortos com os olhos esbugalhados, aquilo era o tipo de visão que não some de sua cabeça com facilidade. Um velho gordo cheio de banhas mal distribuídas e peludo, parecendo um urso, movendo com agilidade o peixe-morto que engolia Noran.

Os dois não pareciam ter resposta para a situação, Jakub tentou não julgar os fetiches alheios, mas era realmente complicado não pensar numa mãe de família comprando aquele peixe e fazendo de jantar para suas crianças e marido. Precisava não pensar naquilo, precisa mesmo, pois a visão e o cheiro certamente iriam fazê-lo vomitar. Noran utilizou o peixe para cobrir-se, Selleo escorregou e pelo som do impacto acertou em cheio a parte de trás da cabeça na madeira, claro que dado o momento, ninguém ligou. – Jakub!!! – Respondeu Noran assustado e logo tentou se aproximar. O mercenário, em atividade, sacou a espada, leia-se espada a arma de metal, e a apontou para a virilha de Noran. – Você não chega perto de mim assim.

Se existisse uma visão do inferno era certamente aquela. No entanto, abstraiu, era preciso. – Tem um barco se aproximando da gente feito a fúria de mil dothrakis voadores e vocês estão... – Não conseguiu terminar a frase, um baque forte atingiu a embarcação pesqueira e todos caíram, menos Jakub é claro que se agarrou com todo o afinco na parede. Não queria cair de cara em peixe ao molho gozado, não queria e nem ia.

Não havia mais tempo para leviandades, a gravidade da situação já parecia ter sido entendida por todos os envolvidos. A tripulação do barco onde estava era pequena e ainda foram abordados daquela maneira, só faltava um mar revolto para coroar a situação. Correu em direção a escotilha e ainda no pé da escada ouviu os passos acima de si. O metal tintilou no andar superior e uma pancada no chão terminou com qualquer coisa que tivesse ocorrido. Pela escotilha um corpo escorregou rolando a escada, era Syro, morto com um único golpe no pescoço. Não parecia ser uma espada, mas sim algo maior.

Os instantes seguintes foram comandados pela tensão, subir ou não subir, dilema a ser decidido no mesmo tempo que dura o inspirar o ar. Talvez tivesse mais chance se escondendo e atacando um por um na retaguarda do que indo para o combate aberto. Mais passos, Jakub contou mentalmente. Um, dois, três, quatro, parou a contagem quando ouviu ainda mais. Era irrelevante, já sabia que estava em desvantagem, e muita desvantagem. Não podia torcer para pescadores se revelarem guerreiros, mas sabia que pelo menos Noran poderia utilizar uma arma sem parecer completamente perdido com ela.

Olhou ao fundo do corredor, sem nada ou ninguém, talvez a dupla continuasse com seus joguinhos eróticos, talvez ainda estivessem se vestindo, talvez qualquer coisa. Tomou posse de uma lamparina de óleo de peixe à sua direita, uma enorme rachadura no casco do barco lhe chamou a atenção. Esse barco realmente vai conseguir chegar à Lorath nessas condições?; indagou num pensamento temerário, mas logo viu que era irrelevante, não chegaria a Lorath se morresse ou fosse pego ali. O pior ainda era não saber quem eram os invasores, piratas passeando em busca de presas fáceis, marinheiros voltando de algum combate clamando por pilhagens, ou qualquer outra coisa.

Uma cabeça surgiu na escotilha e o indivíduo não só o viu como chamou outros. – Tem mais lá em baixo!! – Gritou feito uma donzela em socorro. Sem muitas escolhas o mercenário correu corredor à dentro, deparou-se com Noran, já vestido, mas sem Selleo. Exigiu silêncio antes que qualquer palavra fosse dita e logo se viu numa situação no mínimo, complicada.

Mais passos vinham agitados, um longo corredor iluminado precariamente por uma única lamparina e as minúsculas janelas. A posição de impotência não lhe caía bem, e ele odiava aquilo. Agora além de passos vozes eram ouvidas, decisões rápidas nunca foram seu forte, mesmo que ele fosse, quase sempre, obrigado à toma-las. Entrou na sala onde os peixes estavam acondicionados precisando tampar boca e nariz para aguentar ficar ali dentro sem se sentir nauseado. Para seu azar deu de cara com o corpo de Selleo, aparentemente desacordado. – Ajude aqui, vamos colocar ele atrás das caixas. – Falou em sussurros pegando o homem pela perna e o movendo com ajuda de Noran.

– O que está acontecendo Jakub? Quem são?
Eu não sei, estava na proa quando avistei o barco vindo na nossa direção. Vim avisar vocês e...
– Piratas?
Eu não sei.
– Eu não me espantaria, muitos navios já foram assaltados nessa rota.
Você tem uma espada?
– Está no convés perto das redes.
Não tem jeito...

O diálogo foi breve e rápido, nada além de sussurros. Tão logo os passos tornaram-se mais audíveis e finalmente adentraram no local. Era possível ouvir duas vozes diferentes, reclamavam pelo forte cheiro de peixe, mesmo que embaixo de camadas de sal e banhados em óleo. Ao mesmo tempo falavam para se manterem em alerta já que poderiam haver mais pessoas. “Pensa, pensa, pensa, pensa...”; insistiu para si mesmo, Jakub. Uma tentativa quase inútil, quase.

Um dos homens se aproximou demais, era uma simples questão de ótica até que ele e os outros dois fossem vistos, acuados daquela maneira um confronto era inevitável. Tentando fazer o menor barulho possível ele sacou o machado e o entregou para Noran, obviamente ele não poderia lutar desarmado.

O homem se aproximou mais, e então o inevitável ocorreu. Noran e Jakub saltaram detrás das caixas, o combate se iniciou. Eram dois contra dois, aparentemente, mas por quanto tempo seria isso?

Um dos homens veio para sua direção. Ele vestia roupas pobres, quase trapos, mas mantinha uma longa faixa enrolada no topo da cabeça, em suas mãos o que mais preocupava Jakub, uma sica. A arma nada comum tinha o mesmo tamanho de uma espada curta porém, sua lâmina é curva. Uma análise rápida mostrava que estavam em pé de igualdade, o sujeito tinha altura semelhante ao do mercenário, o que limitaria o alcance dos dois baseado apenas em vossos talentos e habilidades para o combate, nada tão desesperador.

O homem atacou por cima, brandindo a espada de forma furiosa. O primeiro ataque Jakub aparou, mas ali se revelou o propósito da lâmina curva. Aquele pedaço deslizou pela espada e a puxou para baixo, a pressão dada com o impacto forçou Jakub a largar a arma, e lá se foi qualquer coisa que os deixava em pé de igualdade. Como se não bastasse o infortúnio Noran se chocou com força contra Gerhardt e ambos caíram no chão rolando por alguma distância. Jakub não conseguiu se levantar e à julgar pelo sangue que sujava seu corpo Noran também não iria.

Não tinha como estar mais encrencado, mas ele preferiu não duvidar. Reuniu as forças num esforço desesperado para se livrar do peso extra e conseguiu deslocar-se o suficiente para se arrastar para a direita. Levantava-se quando o pé de um dos piratas veio direto contra seu rosto. Novamente Jakub parou numa pilha de peixe, sal e uma infinidade de coisas que ele preferia não saber.

A cabeça pareceu leve, naquele momento em especial tudo parecia mais leve. A visão turva dificultou ver que alguém se aproximava, estava completamente fora de si. Foi arrastado pelo pé por um dos homens enquanto o outro ria descontroladamente. Ele era levado até o centro do cômodo, mas não poderia se render só com um golpe muito bem aplicado. Esticou a mão até o maior peixe que enxergou, e o peixe era grande, e o usou para bater com toda força na perna do homem.

Livre, mas não vitorioso o outro veio em sua direção, num ato desesperado o mercenário se levantou e jogou o peixe de uns cinco quilos na direção do homem. Ajudou, mas não foi o suficiente. O outro se levantava e avançava novamente. Jakub saltou e agarrou-se numa das madeiras que sustentavam o teto numa espécie de alavanca com o pilar ao seu lado, o movimento ágil o fez se esquivar de um corte que na melhor das hipóteses iria deixar suas tripas decorando o chão. Pulou para o chão e agora era obrigado a enfrentar seu destino, que estava caracterizado como dois homens mais feios que um monstro do mar e armados.

Passou rapidamente os olhos na sala, espada e machado estavam em direções opostas e qualquer corrida desesperada na direção deles era como assinar o atestado de óbito. Não tinha pretensões de morrer tão jovem, principalmente sem nenhum feito relevante.

Tenho certeza que podemos resolver isso com uma boa conversa... – Lançou sarcástico como sempre, os homens avançaram vagarosamente diminuindo qualquer espaço que ele tivesse para uma ação evasiva. – Não? – Provavelmente ele teria dito mais como tentativa de ganhar tempo, mas os adversários pareciam muito indispostos para conversas. O primeiro avançou com o punhal pronto para transformar Jakub em uma peneira, o segundo avançou pelo lado oposto. Sem ter para onde correr e somente com a parede de madeira, parte do casco do navio, atrás de si o mercenário teria que torcer para ser tão escorregadio quanto aqueles peixes. Deu um passo para a direita, jogou o tronco para o lado, a adaga passou em branco, já à sica... Descia do alto novamente como a fúria dos céus, mas o teto mais baixo ali a fez prender-se na alavanca que sustentava o teto junto da coluna de madeira.

Aproveitando a brecha Jakub jogou o corpo e o tronco em direção ao homem que tentava arrancar o punhal da madeira. Ambos caíram, mas ele por cima. Levantou-se de forma desengonçada por causa do chão escorregadio e tentou alcançar a espada, mas logo caiu graças ao sujeito que pulou sobre suas pernas. De costas para o inimigo que rapidamente subiu e montou nele, tornou-se uma presa fácil. O braço do homem passou ao redor de seu pescoço, ele ia ser alvo de um mata-leão. Rapidamente segurou a outra mão do homem para impedi-lo, de fechar a gravata. Era um combate de forças injusto ainda mais quando o segundo voltou com a sica em mãos.

Num ato desesperado Gerhardt resolveu apostar no tudo ou nada. Soltou a mão do homem e disparou o máximo de cotoveladas que conseguiu na direção de suas costelas. Nunca ficou tão feliz por simplesmente conseguir aspirar o ar sem nenhuma interferência. Se arrastou até conseguir recuperar o equilíbrio e ter a espada em mãos. Sem tempo para comemorações. Usou o corpo da espada para se defender do golpe, chutou a barriga do homem com a perna direita e recuou.

Os três se encararam, o corpo de Doran se remexeu, os inimigos avançaram, Jakub cerrou os dentes. Eles voltavam a ataca-lo de forma impiedosa. Primeiro o da sica, avançou borbulhando em ódio. Com a mão oposta a da espada Jakub colidiu o punho contra a parte interna do braço do homem anulando o golpe. Ergueu a espada e desferiu um corte reto, a lâmina deslizou pelo braço do elemento, acertou pouco abaixo do cotovelo, mas fincou-se no emaranhado de carne e osso. Um grito contido quando ele puxou a espada, em choque e sem reação ele foi alvo fácil do murro que atingiu seu queixo e o tirou de combate.

Rapidamente o mercenário virou-se para o outro que, apesar do estado de seu amigo, avançou consciente, mas de mãos limpas. Jakub foi em sua direção e antes mesmo que o homem conseguisse erguer totalmente o braço para pegá-lo o mercenário usou de toda a sua envergadura a mais. Tocou um joelho no chão, esticou a outra perna deixando o pé firme. O homem veio em direção à lâmina da espada e o final disso todos podemos prever. Empurrou o corpo e correu em direção à Noran.

Noran, Noran. – Falou rápido e baixo enquanto tirava alguns peixes de cima do homem. Não encontrou tecido nenhum se não alguns trapos e foram eles mesmo que ele pegou. Noran estava sangrando, ferido. Gerhardt não era um médico nem de longe, tentou fazer pressão acima dos ferimentos que pôde alcançar, mas as palavras do conhecido o fizeram poupar o esforço. – Atrás de você. – Falou balbuciando.

Ele virou-se rápido, há tempo de ver outro homem, este com um longo bigode no rosto e um dos olhos tampados por um curativo imundo. Jogou-se para o lado na esperança de se esquivar, conseguiu, mas como resultado a cabeça de Noran rolou pelo chão separada do corpo.

O novo inimigo usava um machado, apenas um lado de lâmina, ligeiramente maior que a espada. Se encararam, se analisaram e ambos avançaram um contra o outro ao mesmo tempo. Machado e espada se encontraram e se repeliram. O esforço em demasia acionou o ferimento mal cicatrizado no ombro de Jakub, resultado de uma tentativa contra sua vida. A dor veio em momento inoportuno, de guarda baixa foi pego de surpresa. O machado desenhou uma linha reta sobre o ar, de cima para baixo. Gerhardt jogou o corpo para trás, o suficiente para não morrer, mas não para impedir que a arma cortasse seu queixo e boa parte do tronco até se embrenhar no tecido da roupa e cessar seu avanço.

Ele caiu de costas no chão, por sorte um corte superficial. Mais um golpe veio em sua direção e ele rolou para o lado conseguindo se esquivar. Chutou o joelho do homem quanto se estabilizou e logo ambos estavam no chão. O indivíduo segurou-lhe um dos pés e com o outro, Jakub chutou seu rosto até que ele finalmente largasse de seu pé.

Conseguiu tempo para se levantar enquanto o outro homem ainda estava atordoado, sem cerimônia apontou a lâmina para baixo e a deixou atravessar a barriga do homem, cinco vezes. O corpo parou de se mexer. Eram quatro mortos ali, aparentemente a morte o acompanhava até quando este desejava tirar uma folga.

Num surto de fúria e heroísmo ele agiu sem pensar. Catou seu machado do chão e o prendeu ao cinto. Subiu a escada saindo da escotilha e indo em direção ao convés. Todo e qualquer heroísmo morreu ali. Outros quatro integrantes da tripulação que os abordou o encararam e Jakub retribuiu encarando-os com sua melhor expressão de: “Me fodi”; o pensamento, aliás, foi um decreto.

Ele abriu a boca, mas som nenhum saiu. Gesticulou, mas nada fazia sentido. Impossível ser mais burro do que aquilo. No convés o restante da população havia sido rendida e estavam amarrados ao mastro principal com um homem vigiando enquanto este mantinha o pescoço de Daaror encostando delicadamente a lâmina de sua foice. Era o líder. Os outros dois iam caminhando despreocupadamente em sua direção preparando suas armas como um açougueiro prepara o cutelo para abater o porco ou o boi.

Jakub temeu, que homem não teria? Olhou em volta enquanto recuava à medida que eles avançavam e apenas mais um homem restava, este fixava bem os ganchos que prendiam as duas embarcações. Agora não havia mais dúvida, eram piratas.

Não podemos conversar? – Falou agitando as mãos frente ao corpo quando a espada passou rente a seu rosto. – Eu acho que isso é um não. – Respondeu a si mesmo exibindo uma forçada careta.

O maior problema ali não era o balanço do barco, até porque a maré parecia calma o que dava certa estabilidade à embarcação. O maior problema era que todos os inimigos pareciam ter o dobro de seu tamanho e muito mais massa corpórea. A única coisa que Jakub poderia apostar era em sua velocidade, se esquivar e defender até um momento oportuno surgir e, não jogar fora essa chance.

Seus passos pararam quando sentiu as costas esbarrarem com a ponta da proa. Era lutar ou se jogar no mar, mas não era um covarde e muito menos um exímio nadador para pular em alto mar. Engoliu a saliva. O pomo de Adão subindo e descendo em seu pescoço pareceu arranhar sua traqueia dada a tensão do momento. Os adversários ocuparam os flancos, mas mesmo assim parecia improvável conseguir passar por entre eles. Um estava armado apenas com uma espada, o outro uma espada e um escudo. Todas as armas em condições precárias.

O primeiro ataque partiu pela direta, Jakub respondeu aparando com a espada, virou-se de súbito para a esquerda, girando a arma para fora e forçando o segundo atacando a errar o golpe. Abaixou-se escapando do ataque seguinte, se levantou, arregalou os olhos. Espada acima da cabeça e segurou o golpe, uma dividida de forças se criou. Olhou rápido para o outro lado, a lâmina enferrujada e desgastada vinha com tudo em direção a seu rosto. Inclinou a cabeça para frente fazendo o golpe passar em branco, com a mão livre empurrou o homem contra a mureta. Sem foco perdeu a dividida de forças e lâmina inimiga desenhou uma linha razoavelmente profunda em seu ombro e parte do peito.

Jogou-se no chão rolando para finalmente conseguir espaço. A dor o atingiu no momento seguinte. Lacerante e aguda. Olhou para ver o estrago, aquilo não iria ficar bom sem tratamento adequado. Para piorar foi no mesmo ombro ferido meses atrás.

Os homens atacaram novamente, ele saltou sobre uma caixa no meio do convés escapando do primeiro ataque, mas deu de cara com o segundo atacante. O escudo foi direto contra seu rosto. O escudo foi direto contra seu rosto. O estalar dos ossos durante o choque avisou o pior. Não precisava ver seu reflexo na água para notar o nariz quebrado. Quanto mais aquilo se prolongasse pior seria, ele sabia disso, mas não parecia que ia adiantar.

Recuperou o equilíbrio a ponto de dar um passo para a esquerda e esquivar-se do chute. Correu novamente para a ponta da proa e voltou a estar encurralado. Os homens riram. Tentou erguer a espada, mas o esforço não era nada agradável. Gemeu de dor enquanto a pele branca ganhava uma coloração diferente devido ao sangue e as sujidades misturados ao suor. Um dos homens veio parecendo um touro no despertar de sua fúria. Jakub subiu na amurada e saltou acima do sujeito no tempo certo. O oponente colidiu contra a amurada e caiu sentado, mas Gerhardt, claro, caiu de mal jeito e levantou-se puxando a perna.

O segundo surgiu dos confins do inferno acertando a borda do escudo em seu rosto. A cabeça do mercenário quicou feito uma bola. Abriu os olhos notando a tonteira, mas a tempo de ver a lâmina erguendo-se para descer. Forçou o braço com a espada para cima, acertando o corpo da espada inimiga e fazendo com que mudasse sua trajetória o suficiente para não acertá-lo. Chutou entre as pernas do homem, não esperem honra em combates, e assim que o sujeito se dobrou de dor Jakub preparou-se para fincar a espada em sua carne, infelizmente o escudo entrou no caminho.

O mercenário realizou uma cambalhota para trás e se manteve de pé, mesmo que sentisse um dor horrível na perna esquerda, nada comparável à do ombro, logicamente. Todos estava reestabelecidos e pelos olhares decididos o embate iria se definir agora.

Um deles ergueu o escudo tampando boa parte de seu corpo, saber de onde e para onde viria o golpe era mais difícil agora. Ele avançou contra Gerhardt que aguardou. O mercenário prendeu a respiração e assim que notou a movimentação nos ombros do homem girou o corpo para a esquerda deixando a espada resvalar no que encontrasse no caminho. Conseguiu um corte, mas foi superficial. O oponente bateu contra a amureda  e caiu no chão com o escudo frente ao corpo. – Não dessa vez! – Falou entre ódio e raiva. O mercenário virou a espada segurando-a pela lâmina e encaixou a guarda na borda do escuto, puxou e forçou o homem a abrir a guarda. Sacou o machado com a mão esquerda, que não era a boa, e desceu a lâmina sobre o peito. Um grito agudo de dor tomou o cenário.

Menos um. – Falou para si mesmo desistindo de tirar o machado da carne e ossos alheios e tomando posse do escudo redondo de madeira com a mão esquerda.

Observou atento o inimigo não abatido preparar-se e mais um chegar. Eles não acabavam nunca. Pelo menos sentia-se mais seguro com um escudo em mãos, mesmo que fosse aquela coisa precária. No fim das contas treinou com espada e escudo, essa dupla era como unha e carne para ele, iria saber usá-las melhor juntas do que separadas.

Soltou a respiração, tentou mover o braço direito, que segurava a espada. Sangue saía aos poucos do corte do ombro, provavelmente não havia sido tão fundo quanto ele pensou, mas a dor, a dor continuava feito uma prostituta insaciável. Estava exatamente entre os dois inimigos, o da direita mais próximo que o da esquerda. Prolongar o combate era burrice, tinha que terminar aquilo rápido, antes que a fadiga acumulada se somasse aos ferimentos, a adrenalina baixasse e seus movimentos e reações ficassem cada vez mais lentos.

O da esquerda avançou em estardalhaço, gritando feito uma ave. Tentou acertá-lo por cima, Jakub ergueu o escudo, o impacto do golpe quase o fez cair no chão, mas soube administrar bem o choque. Chutou com a sola do pé o calcanhar do homem de fora para dentro fazendo com que ele caísse no chão. Virou de imediato para o da direita. Colocou o escudo na frente novamente segurando o golpe, mas chutou seu tronco apenas forçando-o a recuar.
O outro ainda estava de quatro tentando se levantar e, assim que ergueu cabeça e tronco Jakub lhe fincou a espada no centro do peito. Questionou a si mesmo se doeu mais nele do que no inimigo, pois seu ombro doeu tanto que quase largou a espada, quase. Voltou-se com agilidade para o outro à tempo de aparar o golpe com a espada. Tocou o chão com um dos joelhos e dobrou a outra perna. Cortou de baixo para cima, da virilha do indivíduo até seu pescoço.

Virou-se para a popa no exato instante que, o homem que parecia o líder deles, avançava tentando acertá-lo com a foice. Jakub saltou para trás, escapou do primeiro golpe. Rolou para a esquerda, escapou do segundo. No chão colocou o escudo na frente do corpo e viu a lâmina atravessar por uns cinco centímetros o escudo de madeira. Magicamente o homem gemeu e caiu em cima de Jakub, morto.

Ele olhou em busca de respostas e encontrou Inno e Jorehor segurando arpões, lanças ou o diabo que fosse aquela arma longa banhada no sangue do oponente. Foi o suficiente. Eles se entre olharam e logo se entregaram à risadas. Exatos vinte segundos Jakub perdeu a consciência, provavelmente a adrenalina baixou e o estado de choque passou, o corpo vendo os reais danos do corpo preferiu se auto induzir à subconsciência para manter esforços na cicatrização.

O mercenário despertou sem saber onde estava. Olhou para o lado enxergando um leito com poucas camas e repleto de pessoas espalhadas diretamente no chão ou sobre panos sujos, reconheceu de imediato um dos hospitais de Lorath. Antes que você pense, não, não é um hospital pelo governo, é só mais uma casa vazia onde moribundos e doentes são levados para serem tratados. Agradeçamos às pessoas de bom coração, curandeiros, charlatões e religiosos missionários por salvarem a vida dessas pobres almas.

Ele identificou seus pertences e se levantou contra o desejo de quem cuidava dele. Com uma muleta improvisada e carregando tudo com bastante dificuldade ele deixou o local depois de ingerir algo de gosto horrível, mas que parecia amenizar a dor. Um pouco pálido, mas ainda vivo, relembrou as vezes que corria pelos labirintos em ruínas até finalmente encontrar seu caminho e dar na planície onde ficava o barraco onde vivia. Outra família ocupava o local, mas as pedras empilhadas à direita numa distância de cinquenta e seis passos do barraco era inesquecível. Ali era o túmulo de seu tutor e provavelmente o mais perto de um pai que ele chegou a ter.

O sentimentalismo o atingiu mais que qualquer golpe levado. Largou tudo e sentou-se frente ao túmulo de pedra. Encarou o monumento póstumo em silêncio, certamente preso entre rações e emoções.

Os primeiros pingos de chuva começaram a cair do céu, mas a dor dos ferimentos não voltou ainda. Ficou de baixo da chuva fina e fraca por quase uma hora até que os novos moradores de sua antiga casa lhe oferecessem abrigo.

Foi naquele tempo, entre o silêncio e a água que vinha do céu que ele resolveu seus problemas. Não era um homem espalhafatoso. Era simples e calado. Recusara oportunidades antes por não coincidirem com seu estilo de vida, mas nunca havia recusado um trabalho só por causa de sua crença ou valor. No entanto, foi naquela conversa entre o vivo quase morto e o morto vivo apenas na lembrança que suas respostas chegaram.

Gerhardt era uma peça conhecida, o peão do xadrez que acaba dando xeque no rei enquanto rainha, bispos, cavalo e torre o cercam. Era o homem da linha frente, que sobreviveu dia após o outro. Uma estranha aberração sem perspectiva algum de futuro, mas lutando para fazer parte de algum futuro relevante. – Eu não vou morrer como um ninguém esquecido pela história. – Falou do chão em que dormia enquanto a febre aumentava e os ferimentos voltavam a sangrar. Se serve de consolo o nariz estava no lugar.

Tinha vindo à Lorath atrás de respostas e bastou aquilo para lhe dar um norte. Iria procurar uma causa grande e servir a ela, sendo justa ou não. Mas uma causa grande que o satisfizesse. O motivo? As últimas palavras do homem que o ensinou tudo o que sabe e o tornou o que é hoje.

Jakub, mal sabe você, que está destinado a coisas grandes e infortunadas.

Jakub Gerhardt
Imagem : Refinement is good. Vulgarity is better.
Mensagens : 32
Nome do jogador : Guido
Veados de prata : 00
Estrelas de cobre : 00
Idade : 26
Salário extra : 0%
https://winordie.forumeiros.com/t962-gerhardt-jakub-terminada
Jakub Gerhardt
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