[Intriga] Osyl&Mérope Hightower x Peter Baratheon

Aquele dia havia começado mais cedo do que o habitual. Um dos muitos servos de Ponta Tempestade acordara-me de forma repentina.
— Lorde Peter. Desculpe a interrupção, mas creio que fiz certo em vir avisá-lo. Recebemos uma carta de Lorde Dondarrion alertando-o que avistou alguns homens, que carregavam um estandarte Hightower, vindo em nossa direção. Eles devem chegar em algumas horas.
- Obrigado pelo aviso, Garry. Irei apenas me vestir, e logo me prepararei para a visita. Avise aos cozinheiros para prepararem algo para os visitantes. - solicitei a um dos homens que preenchia um dos numerosos ambientes da edificação.
O som da porta de madeira fechando-se não fora alto o suficiente para acordar Mychella. Ela permanecia imóvel, . Sua respiração era constante, e sua beleza angelical agraciava meus olhos. De dentro de um móvel de madeira com belos detalhes em branco, retirei um luxuoso traje, vestindo-o rapídamente. Logo que retirei-me de meu quarto, o capitão da guarda de Ponta Tempestade abordou-me:
- Acredito que queira alguns homens para protegê-lo. Segundos os relatos que correm, Lord Osyl Hightower é o líder da rebelião Greenhand. Ele pode tentar algo contra o senhor.
Amaciando as dobras presentes na parte superior de minhas vestes, avancei - com o homem - até o salão principal.
- Não será necessário. Duvido muito que ele pretendo algo contra minha família. Seus objetivos devem ser meramente diplomáticos.
- Meu trabalho é protegê-lo, Peter. Não posso deixá-lo sozinho, ainda mais com alguém com algum histórico em rebeliões. - o olhar dele para mim pareceu representar uma frase que sempre surgia em minha mente em momentos de aparente segurança. "Meus pais também achavam que estavam seguros quando morreram."
- Faremos um acordo. Deixará homens a postos na porta. Caso eu tenha algum problema, jogarei um cálice ao chão e fingirei uma pequena tosse. Esse será o sinal caso eu precise de ajuda. - aquela preocupação exagerada incomodava-me de certa forma, mesmo sabendo que aquilo indicava uma grande preocupação do homem por mim. Osyl era meu tio por casamento, sendo um dos homens que minha esposa mais zelava. As chances do homem levantar uma espada contra mim eram próxima ao zero.
Passadas algumas horas, o estandarte surgiu no horizonte. Uma comitiva liderada pelo senhor de Torrealta se aproximou do castelo, chegando em poucos minutos. Mérope Lefford, esposa do HIghtower, mantinha-se ao seu lado, mostrando sua posição social e hierárquica. Após uma série de cumprimentos e operações normais de gentileza, adentramos uma sala espaçosa que era designada, realmente, para reuniões. Obviamente, a presença de ambos naquela ocasião devia apresentar alguma enorme urgência.
- Lorde Hightower, agradeço pelos sentimentos. Realmente, mesmo governando como lorde por alguns poucos anos, já sinto a enorme responsabilidade colocada sobre nossos ombros. Agradeço-os pela visita...bastante inesperada, devo admitir. - aguardei enquanto as palavras de Lady Mérope eram postas, uma a uma, até formarem frases deveras interessantes. - - Concordo. Somente assim guerras são vencidas de forma rápida e sem grandes danos. - a brisa que enchia o espaço de vento aumenta de tonicidade gradativamente. Uma pequena pausa em minha pausa surgiu, dando espaço à uma possível introdução ocorrer por parte dos mesmos - Ter a presença de ambos em minha casa me faz pensar que existam outros assuntos que precisam de minha presença. Quanto a atual situação da Campina, admito saber pouco sobre os recentes eventos. As informações que chegam em Ponta Tempestade vêm, em sua maioria, fragmentadas. Estaria bem interessado em ouví-los. - um jovem homem entrou na sala, trazendo uma jarra com o conteúdo do último barril de vinho da Árvore restante no castelo, juntamente com três taças muito bem emolduradas. Liberando gentilmente o homem, servi-me. Traguei um longo gole antes de, por fim, mover os utensílios e a bebida na direção do casal. - Servidos?

Um princípio de tempestade se formava no horizonte, visto por uma pequena, mas esbelda, janela presente no cômodo. Entretanto, sua existência era quase supérflua quando comparada ao assunto que era discorrido na reunião que acontecia. Logo após algumas palavras trocadas, tive minha mão interceptada pelo contato direto de Osyl, achando, inocentemente, que aquilo seria o máximo de aproximação que chegaria dos dois. Entretando, Lady Merópe atreveu-se a mais do que imaginava ser possível. Delicadamente, aproximou-se e, após certos gracejos, um beijo fora dado por parte da mesma em meus lábios - já tremulos pela aproximação repentina.

As curvas da Lady eram sedutoras e bastante sugestivas, mas a imagem de Mychella em minha mente - assim como meu amor e fidelidade por ela - deixava claro que eu não desejava mais. Logo após o toque de lábios, percebi a presença de Garry sobre a porta. Pela sua expressão, ele parecia ter percebido o beijo propiciado pela Lady de Torrealta, porém, minha face repleta de espanto revelava que eu não havia consentido ou iniciado aquele ato. Levantei-me, rapidamente e levemente desconfortável, da comodidade do móvel em que estava disposto, indo na direção do homem. Antes que o fiel líder da guarda de Ponta Tempestade pudesse exprimir qualquer palavra, adiantei-me.

- Sor Garry, preciso que solicite a presença de Mychella o mais breve possível. Esse assunto, em questão, diz respeito a ela. - Minha voz era audível para todos ali presentes, mesmo que de forma menos intensa conforme se afastava do ponto de inicio. Com minha mão esquerda, agraciava algumas mudas de flores brancas plantadas, ironicamente, no recinto. A taça de prata gravejada de joias rodeava por minha mão livre. O cavaleiro fez uma curta reverência e retirou-se, procurando algum criado próximo para executar a tarefa. - Infelizmente, não me sinto no poder de dar-lhes uma resposta para sua oferta. Essa responsabilidade cabe à Mychella. O que ela decidir, ganhará meu total apoio.  - disse, já de frente para os visitantes vindos da Campina.

Meu tom já exibia uma seriedade maior, além de expressar o que eu realmente pensava: a decisão sobre os rumos que os Baratheon tomariam em relação da família Tyrell não cabiam somente a mim. Isto só deveria ser decidido mediante uma decisão conjunta entre mim e a mulher que havia ganhado enorme importância na minha vida, que havia dado-me três filhos. Três pequenos seres que conceberam, em meu interior, um instinto de proteção nunca antes visto.

OFF:

Neutralidade. Uma simples palavra que definia o motivo de toda aquela reunião e, de forma...estranha havia ganhado certo espaço em meu pensamento. Uma oferta que, na teoria, tornaria possível a preservação da vida de muitos homens bravos que, com toda a certeza, juntariam suas espadas à minha causa.
Nicolas Tyrell. Um garoto tão silencioso e mergulhado em seus próprios problemas interiores que, durante a viagem que compartilhamos de Porto Real até Jardim de Cima, não expôs mais do que algumas palavras.
Aspen Tyrell. Um corajoso lorde que havia sido, covardemente, morto por seu próprio filho. O pouco tempo que pude compartilhar com o mesmo havia mostrado-me que éramos bastante semelhantes - compartilhando de um forte e duradouro instinto protetivo com relação a nossos respectivos lares.
Eleanor Tyrell. Uma garota tão jovem que sofrera mais do que muitos anciões. Sendo extremamente violentada e ferida, acabou desaparecendo, para a angústia de Mychella. Mesmo nunca ter conhecido-a de maneira completa, sabia que ela não merecia tal dor.
Zakintia de Asshai Tyrell. Uma sacerdotisa vermelha que, de tão bela e peculiar, havia compartilhado de uma paixão com o Guardião do Sul. Um amor tão curto que havia sido ceifado após a realização de seu casamento. Via-se tristeza em seus olhos ao deparar-se com seu, recém-consagrado, marido morto.
Mychella Tyrell. Poucas palavras seriam tão merecedoras para classificar a mulher que fizera-me acreditar no amor. A morte de meus sogros afetaram-a de forma clara, criando uma tristeza que se alojara em seu interior. Apesar de tudo, ajudou-me a superar a perda de meus progenitores. Como Lady, ganhara apoio e influência entre os vassalos da Tempestade, mostrando compaixão e dedicação dignas de uma rainha.
Robert Tyrell. Meu filho de apenas três anos. Tão jovem que nem mesmo sabia o que o aguardava desde o seu nascimento: herdar o Jardim de Cima e tornar-se o futuro Guardião do Sul. Eu não possuia os poderes que R'hllor proporcionava a alguns, mas sabia, com todas as minhas convicções, que ele teria um futuro fértil e tomado de glórias e conquistas.
A imagem das pessoas anteriormente citadas surgiam em minha cabeça concomitante com as características lembradas por mim.
- Não. - Com minha mão esquerda, agraciava algumas mudas de flores plantadas, ironicamente, no recinto. A taça de prata gravejada de joias rodeava por minha mão livre. - Vocês não começaram isso por Zakintia. Fui informado pela própria que isso se arrasta desde antes do fatídico casamento que gerou a morte de Lorde Aspen. Sei que seus objetivos não são, nem sequer, em prol da casa Tyrell. Vocês são apenas meros rebeldes.
Após tanto percorrer a sala, parei repentinamente ao lado da porta. Meus olhos grudaram-se nos dois enquanto permanecia pensativo por alguns curtos segundos. Eu parecia prestes a continuar quando o utensílio preso, anteriormente, em minha mão, iniciou uma trajetória acelerada na direção do solo. O som produzido pelo mesmo fora forte o suficiente para produzir ecos diversos, transpondo, até mesmo, o quarto. Ouvia-se uma intensa movimentação, iniciada após uma tosse ser expelida de meus pulmões.
Com violência, homens armados invadiram a reunião, dispondo-se de maneira circular ao redor da mesa em que estávamos. Espadas eram sacadas e o caos se instaurava no ambiente.
— Homens, antes de tudo, preciso que confirmem meu requerimento. Se qualquer um dos dois gentis lordes com que tenho o prazer de debater ousarem expressar quaisquer sons...Ordeno que a cabeça do responsável seja separada do corpo. Isto é uma ordem, e ela não deve ser ignorada de forma alguma.
— Sim, senhor! - todos urraram em resposta.
— Agora posso continuar minha fala em paz, se me permitem, meus nobres visitantes. - meu tom já modificava-se. A havia sido extinguido. Tudo o que restava era...ódio. Poucos detalhes - como a falsa interpretação de Lorde Osyl ao simular um gole do vinho por mim oferecido - apenas aumentavam este sentimento. Naquele momento, minhas galhadas, tão cultivadas, iriam, enfim, nascer. — Seu acordo parecia ser bastante tentador...Mas percebi algo que, realmente, não me agradou. No auge de seu cinismo, vocês tornaram a solicitar a minha neutralidade. Mychella é a herdeira do Jardim de Cima e, ao invés de exigir a volta da mesma para assumir seu lugar por direito, ou até mesmo o governo de algum de seus irmãos...Iniciaram uma rebelião com o intuito de retirar a casa pela qual seus antepassados foram fiéis por incontáveis anos. Infelizmente, sua burrice ultrapassou os níveis aceitáveis. — Minha mão já adaptava-se com o punho da espada. Minha consciência clamava pela execução de ambos. Mas, ao contrário dos mesmos, a justiça corria por minhas veias. — Nicolas, Aspen, Eleanor, Mychella, Zakintia e Robert. Faço isso por eles. Pessoas, estas, que não são simples agregados, para mim. São minha família. Tornaram-se parte de mim no momento em que me casei. Nem mesmo o melhor acordo do mundo seria suficiente para que eu abdicasse de proteger essas pessoas e, principalmente, negar o que é de direito à minha esposa e filho. Vocês sequer pensaram que eu abdicaria da Campina? O lugar onde meu filho governará, no futuro? E ainda declarando-se contra a mulher que minha esposa nomeou como Guardiã do Sul regente?! — gritei para eles, expondo tudo o que sentia. — Osyl e Mérope Hightower, por conspirar contra o legado de minha família e de seus suseranos, eu, Peter Baratheon, ordeno que permaneçam sob custódia em Ponta Tempestade até que recebam um julgamento apropriado a seus crimes.

Considerações - OFF: