[RP FECHADA] - A BITTERSWEET ALLIANCE

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

Depois de diversas diabruras, parece que seu irmão não tinha o perdoado de fato. Foi punido de uma forma menos severa que as anteriores, tinha de viajar em sua própria terra de norte a sul, reunindo conhecimentos e descobrindo bem mais do lugar onde vivera. Parou em porto negro durante alguns dias, para tomar conta das coisas como fora ordenado.
Os dias se passaram rápido e nada de bom acontecia, para a felicidade de Lupo que já se imaginava voltando para casa. Viajar por entre as terras era cansativo e chato, ainda mais para alguém sozinho.
O final da tarde ia chegando. Estava próximo do porto montado em seu cavalo, patrulhando as ruas. Sentia o vento refrescante vendo vindo do mar, passando por entre as falésias e chegando até ele lhe afagando os cabelos. Dados os dias quentes, era realmente algo bom de se aproveitar todos os dias. As pessoas caminhavam pelas ruas de forma ordenada, voltavam para casa em paz depois de um longo dia de trabalho. Crianças que caminhavam próximo as falésias passavam por si cumprimentando-o com o largo sorriso, todos os dias passavam por ali e encavam o oceano rezando para a alma de seus pais pescadores que se aventuravam no mar. Lupo sentia pena e atiravam-lhe moedas para comprar doces e estragar os dentes com besteiras. As mães o encaravam com um olhar de desaprovação por mimar suas crias, mas logo agradeciam pelo gesto de bom grado, devolvendo-lhe um sorriso caloroso.

Tudo estava perfeito e em harmonia, até que do horizonte surgiu um homem maltrapilho. Caminhava correndo em sua direção, tropeçando nos próprios pés e se machucando. Quando se aproximou, soluçava bastante de cansaço que mal pode entender o que falava. – Senhor, chegaram homens a cidade! – Lupo encarou o homem e brandiu as mãos em negação sem saber o que se passava. O que tinha de importante em homens que chegaram a cidade? Aquilo era um porto, era normal pessoas passarem por ali para venderem suas mercadorias. – O senhor pediu para avisar caso algo suspeito ocorresse na cidade. – Lupo balançou a cabeça assentindo – homens chegaram agora a pouco. O símbolo da armadura de um deles era da casa de Tallhart! Eles se hospedaram na taverna próxima. – Lupo ficou pensativo durante alguns segundos. Ouviu pouco sobre a casa de Tallhart durante sua vida, sendo poucas as vezes mencionada pelo Meistre da fortaleza de Mata-da-Chuva que era responsável por instruí-lo. Ficou curioso com o fato de nortenhos estarem tão ao sul, e no mínimo era suspeito. Atirou uma moeda para o moribundo – Obrigado por seus serviços prestados! – Sem olhar para trás, segurou as rédeas do cavalo e desferiu chutes na traseira do animal que avançou o mais rápido que pôde.

Chegando ao local, pulou do animal em um salto majestoso caindo ao chão com extrema destreza. Amarrou o animal em uma viga de madeira próxima, feita especialmente para esse tipo de função e adentrou a taverna com a espada em mãos. Empurrou a porta com força, como era seu jeito bruto de fazer e conseguindo alguns olhares desagradáveis. Sua espada estava presa em seu cinto, e este colocava a mão por cima já preparado, não sabia que tipo de recepção acabaria recendo do nortenho. Se dirigiu a única mesa que estava um cavaleiro de armadura, imaginando que seria este o tal homem.
- Está um pouco longe de suas terras, cavalheiro. – Proferiu com uma voz grave, um pouco rouca por causa de um resfriado que teve dias atrás e ainda não estava recuperado. Encarou o homem de cima, mesmo em uma bela armadura, podia ver que ele tinha um corpo tão grande como o seu. Fez um aceno com a mão, e logo foi reconhecido pelos serviçais, já que era um membro frequente da taverna. Serviram-no da mesma coisa que o homem, hidromel, em um único gole, Lupo despejou todo o conteúdo da caneca de uma vez goela abaixo. Sentiu o adocicado da bebida, seguido de uma reação que gerou calor em seu estômago. Era uma sensação realmente agradável a qual gostava muito. – Me chamo Lupo, Lupo Seaworth. – Retirou a mão pousada em sua espada e a ergueu em direção ao homem. Encarou o tempo todo aqueles olhos vibrantes, mesmo por baixo de seu elmo. Estava, em parte, curioso para ver o rosto do homem. Mordeu os lábios de excitação, era a primeira vez que conhecia um nortenho, e não sabia ao certo o que esperar de um homem das terras gélidas. Ao mesmo tempo, estava louco para ouvir as histórias que ele tinha pra contar, o Norte era uma terra que sempre sonhou em visitar, mas nunca teve as devidas chances de ir. Encarou um dos servos, e sinalizou a mão para que este o enchessem a caneca novamente.

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Quando o homem retirou seu elmo, se sentiu estonteado, paralisado! Surpreso por tamanha beleza existir no norte. Sua pele era branca como a neve; madeixas tão claras quanto o sol em Dorne; duas pérolas azuis que reluziam no lugar dos olhos. O corte grotesco que tinha em sua face servia apenas para acentuar ainda mais os outros detalhes em seu rosto, como um espinho em uma rosa tornando-a mais bela e fatal. Desviou o olhar constrangido quando percebendo que encarava o homem durante muito tempo. Sentia desejo retraído em relação ao homem, e se perguntou se aquilo era algo que todos chamavam de amor à primeira vista. Mas brandiu as mãos no ar em negação, não era impossível que alguém como ele se apaixonasse.
- Bem... É bem estranho alguém que veio de tão longe caminhar tão ao sul. Ouvi dizer que o povo do norte não se afasta muito de sua casa, principalmente com o inverno chegando. - Parou por um momento para tomar um gole de sua bebida, logo continuando. – É bem suspeito, então eu não posso te deixar caminhar por estas terras sozinho. – Ergueu a cabeça e encarou os olhos do homem novamente – Não se importaria se eu o acompanhasse em sua viagem até sair das Terras da Tempestade, não é? Meu irmão, Lord Redke Seaworth, me mataria se soubesse que deixei um nortenho de família nobre andar por aqui sem um guia. – Um sorriso sarcástico se formou no canto dos seus lábios.

Se levantou da mesa antes de ouvir uma resposta clara do homem e caminhou até o bar. Conversou com dono da taverna durante alguns segundos dando leves apontadas de dedo na direção de Allistair no meio da conversa. Depois retornou a mesa. –  Desculpa por fazê-lo esperar. Desejo me tornar seu escudeiro por uns dias, acho que você precise de um, não é? Essa sua armadura é da boa, não acho que vai se limpar sozinha. – Sorriu como se ele e o homem fossem amigos de infância e desferiu um pequeno soco no ombro do outro. – O dono desta taverna é um amigo meu. Ele vai te arrumar o melhor quarto e vai por uma cama para mim ao lado da sua, afinal, é o dever de um escudeiro estar ao lado de seu senhor para quando este precisar, não é mesmo? – Estava curioso em relação ao homem, e queria ficar mais perto dele o possível. Se perguntou se realmente estava fazendo aquilo pelo trabalho dado por seu irmão, ou se era seu coração apenas desejando ficar próximo do outro. Tentou não pensar muito, não queria acabar enlouquecendo. Apenas se sentia confortável próximo de Allistair e queria ficar cada vez mais próximo dele.
- Deve estar cansado da viagem, Milord. Por que não vamos tomar um banho? Soube que nesta taverna tem uma grande banheira feita de pedras. O dono do lugar já mandou os servos aquecerem a água. – Um sorriso brotou em seu rosto. Era uma oportunidade perfeita para ver o corpo do outro, apesar de saber que homens nortenhos não curtiam este tipo de coisa, para sua infelicidade. – Não sendo muito incomodo, adoraria que me contasse suas histórias de guerra durante o banho. Sou louco por histórias do Norte. – Se levantou da mesa e começou a subir as escadas para um andar superior da taverna. Esperava que o homem bruto o acompanhasse.

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O modo que era tratado com desconfiança o gerava um certo desconforto, porém, não havia nada que pudesse ser feito para resolver a situação. Seria tratado daquela forma até que o homem percebesse a atitude nobre em suas ações, e decidisse dar um voto de confiança. Mesmo assim, o ar de misterioso do homem atraía o tempo inteiro seus olhares, estava vidrado e não conseguia tirar os olhos do homem e nem de seu corpo. Talvez ele se sentisse incomodado, ou achasse que o considerava uma aberração por causa de sua cicatriz. – Adorei a cicatriz. Também tenho várias de batalhas a qual acabei sendo atingido por espadas ou flechas.  – Soltou um comentário tentando diminuir a tensão que se formava entre eles.

Caminhou com Allistair por um extenso corredor até chegar a uma porta. Abriu a mesma bruscamente e se deu de cara com um enorme banheiro. Era bastante simples, mas espaçoso. Uma banheira enorme de madeira estava alocada no centro da sala, e o vapor da água recém aquecida adentrava os seus olhos e impregnava todo o local. – Espero que não se importe de tomar banho com outras pessoas. Até porque este banheiro foi construído para isto, é uma espécie de banheiro público, ou coletivo se preferir. – Proferiu adentrando o local. – A não ser que você se importe. Pensei que os homens do Norte sejam frutinhas e não gostam de serem vistos sem roupa por outros homens. – Deu uma gargalhada com a própria piada, tentava convencer o homem a aceita-lo ali. Caminhou até uma prateleira alocada na parede de pedra e tomou posse de alguns sais de banho guardados em pequenos jarros de barro, andou até a banheira e despejou o conteúdo dos jarros na água.
Sentou-se em um banquinho de madeira e começou a retirar seus sapatos, demorando uma eternidade. Queria uma desculpa para ver Allistair se despindo. Mesmo que não gostasse de se deitar com outros homens, o corpo do Nortenho certamente seria uma grande obra prima que agradaria seus olhos. – Se não gostar do banho, muito menos do quarto e todos os agrados que pedi para o dono da estalagem preparar, posso providenciar mulheres para que você possa se divertir esta noite. – Deu um leve suspiro encarando o homem nos olhos, enquanto continuava a desamarrar e retirar suas botas de couro. – Tem um bordel aqui perto, se desejar, é só falar. –

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Retirava as botas lentamente encarando o homem se despindo. Seu olhar estava petrificado no corpo do outro. Nunca imaginou que fosse possível existir homem tão belo e de corpo tão perfeito, será que todos do Norte eram assim? Ou talvez fosse apenas ele que conseguia chamar sua atenção e deixar seu coração acelerado. Nunca demorou tanto na sua vida para retirar uma bota e seu medo era ganhar um olhar negativo do homem por causa disso. As cicatrizes no corpo do homem apenas chamavam ainda mais sua atenção. Aparentava ser bruto, ignorante, retrucava tudo, mas ainda tinha um ar tímido que o deixava mais atraente e fofo.
Depois de ouvir o comentário sobre a capa, saiu do estado em que estava graças a voz alta do homem. Caminhou até ele, babava ainda sobre o corpo do homem, desta vez mais próximo dele. Apanhou a capa do chão e saiu pela porta praticamente correndo, fechando-a. Apoiou suas costas na porta – por pouco não perdendo o equilíbrio – e soltou um suspiro aliviado. Aquele homem era um mundo, um caminho de tentação, e sua vontade era de toma-lo naquele momento para si e entrar no meio de suas pernas possuindo-o por completo. Achou melhor não voltar tão cedo para o banho enquanto seu coração não se acalmasse.

Subiu para o quarto do homem pousando a capa dele sobre sua cama rapidamente e retornou até o bar no andar inferior. Bebeu uma caneca de Hidromel fazendo seu coração voltar ao ritmo normal e retornou ao banho carregando mais duas canecas da bebida. Entrou pela porta sem olhar para ele, colocou as canecas sobre o banquinho de madeira e foi até um dos cantos para se aprontar.
Ficou de costas para ele e começou a se despir lentamente. Colocou sua espada em um canto com extremo cuidado e retirou sua camisa com um pouco de dificuldade, revelando para ele um corpo marcado por cicatrizes. Diferente dele, seu corpo era marcado, em maior parte, por cicatrizes superficiais. Retirou seu cinto e aos poucos deixou suas calças caírem pelo chão. Quando imaginou virar-se para ele e encará-lo na banheira, sentiu seu membro enrijecer-se, o que deixou a situação ainda mais constrangedora.
Seu rosto queimava, nunca sentiu tanta dificuldade em ficar sem roupa na frente de outra pessoa, ainda mais estando “duro”. Porém, não tinha escolha, se ficasse muito tempo parado pensando no que fazer acabaria levantando mais suspeitas de Allistair. Virou-se lentamente revelando a parte frontal de seu corpo despida para ele. Não conseguiu encará-lo nos olhos. - Parece que o Hidromel está fazendo efeito, hahaha. – Proferiu olhando para o seu membro, não queria levantar suspeitas e dúvidas do homem sobre o seu comportamento. Entrou lentamente na banheira, e depois que estava com o peito coberto de água, conseguiu encará-lo nos olhos.
Puxou as duas canecas do banco servindo uma ao homem e tomando a outra para aliviar o que sentia. – Então.... Conte-me sobre sua casa, Sor Allistair. Falando nisso, Allistair é um pouco difícil de se pronunciar... Posso te chamar de Ally? – Riu tentando descontrair.  

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- Ally parece bem mais fofo que Alli. Ally combina perfeitamente com você, o brutamontes sensível e fofo. – Riu com a própria piada. Seu rosto aos poucos ia saindo da cor vermelha e voltando ao normal. Nunca se sentiu daquela forma, estar com o coração acelerado e se sentir envergonhado por tirar a roupa na frente de alguém, talvez aquilo tivesse relação com o amor. Pensar na ideia de amor era extremamente assustadora, sempre ouvira de seu pai quando criança que o amor levava homens a morte. Retraiu o pensamento, não queria sequer imaginar essa hipótese.
Ainda assim, o homem a sua frente não parava de provocá-lo com olhares. Mesmo que suspeitasse que ele não gostasse de se deitar com outros homens. Sempre ouviu sobre os homens do norte, os brutos nascidos para a guerra, as pedras polidas pelo inverno, esse tipo não deveria se interessar por outros, apenas gostar de foder mulheres.
Acomodou-se na borda da banheira, mantendo suas costas apoiadas. Bebia o seu copo de hidromel dando leves espiadas para baixo. Não queria perder uma oportunidade de ver o homem sem roupa, mas a água estava turva o bastante para impedi-lo de ver algo. Amaldiçoou a si mesmo nesta hora por ter colocado sais demais no banho, se não fosse por isto, teria um show e tanto para ver.

- Desculpe se sente incomodado com minha presença... Mas veja pelo lado bom, viajar comigo vai ser bem mais vantajoso. As pessoas não vão ousar atacar um Seaworth em sua própria terra. – Proferiu em um tom metódico. – Talvez eu decida acompanha-lo até o Norte, se assim permitir. Eu tenho um espírito aventureiro, ficar aqui e obedecer ao meu irmão não é algo de seja de meu agrado. Ele age como se fosse meu dono e me manda fazer tudo o que quer, é apenas um merda como os outros Lord’s. – Desabafou suspirando para o homem. Gostaria de tentar ganhar sua confiança através de palavras, já que atos não funcionavam com ele.
- Você tem irmãos Ally? Se tiver, acho que sabe o que digo. – Depois de terminar sua bebida, atirava o copo para longe. Mergulhava na água e mantinha sua cabeça dentro por alguns segundos. Depois de alguns segundos se esfregando por trás das orelhas, saiu da banheira e foi até o canto. Apanhou uma toalha e enxugou todo o corpo, dando um show e tanto com suas partes (balançando) para Allistair, já sem pudor algum. Teria se acostumado com a companhia do homem e não o vira mais como um estranho, sim como um camarada. – Eu vou indo primeiro para o quarto, boa noite camarada Alli. – Terminou de vestir suas roupas e saiu do local.

[...]

Estava sozinho no quarto. A sua cama fora posicionada do outro lado do quarto, deixando um espaço entre a cama dos dois. Vestiu um pijama de linho, penteou os cabelos, banhou-se de perfume. Apagou as velas que ainda estavam acesas e deitou-se na cama. Antes que percebesse, devido ao cansaço do dia, sua mente nublou e ele aos poucos adormeceu sem se dar conta do muito exterior, babando em seu próprio travesseiro.

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Despertou ao raiar do dia, quando os primeiros raios de luz adentraram seus olhos. Dormiu extremamente bem, talvez pelo cansaço ou por que se sentia protegido estando com outra pessoa ao seu lado. A meses não dormia tão bem, sempre viajando e se hospedando em diversas estalagem, dormindo com um olho aberto e outro fechado temendo a morte. Nem percebeu que foi dormir sem proteção alguma e acordou agasalhado. Sentia-se um pouco desorientado e com uma pequena dor de cabeça, seus olhos doíam em reação a luz. Mesmo que tivesse bebido apenas algumas canecas, o efeito do álcool no organismo era o mesmo, apenas sendo proporcional a quantidade ingerida, em grau mais leve e mais fraco.

Levantou-se e se vestiu com suas roupas casuais. Verificou então que o homem ainda jazia dormindo. Aproximou-se dele e fez carinho em seu cabelo com uma das mãos  – era macio e suave. Vendo ainda que ele estava dormindo feito pedra, afagou carinhosamente a sua cicatriz no rosto com a ponta dos dedos. – Essa cicatriz é realmente grotesca... Mas te deixa apenas mais bonito, você nem deve saber disso. – Proferiu com um sorriso gentil e em tom baixo, quase sussurrando. Queria evitar acordá-lo. Aproximou-se com a boca e desferiu um leve beijo em sua testa. Apesar de tudo, ele ainda dormia feito uma pedra. Saiu pela porta com todo o cuidado para que ele não acordasse com o rangido da madeira.

Foi até a taverna e observou que o dono do estabelecimento não se encontrava. Buscando não abusar mais do homem trabalhador, optou por fazer o café da manhã ele mesmo. Na cozinha, assou ovos e linguiças, colocou tudo em dois pratos. Também fez um chá misturando algumas ervas para curar a ressaca para ambos, o gosto era amargo e sem açúcar, mais ouviu que realmente funcionava. Serviu tudo em uma mesa e aguardou sentado, imaginou que àquela hora o homem desceria a qualquer minuto, ainda mais com o cheiro delicioso da comida que pairava no ar.

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Para seu alívio, o ouviu o som das botas batendo contra o piso de madeira e logo avistou o homem que descia animado. O cheiro da comida o tinha revigorado por momentos, para que descesse em uma velocidade estupenda. Pararia de abandonar a comida, para o desgosto de uma ou duas moscas que voavam por perto, atiçadas pelo aroma das linguiças. Sentiu-se incomodado com as palavras proferidas por homem, era como se este inconscientemente desvalorizasse o trabalho que teve na cozinha, como fez durante todo o tempo que tinham passados juntos ali para diversas outras coisas.

Não conseguiu conter a gargalhada, quando viu o homem fazer cara feia para o chá. Esperava que soldados fossem acostumados a comer coisas com odores ou sabores desagradáveis, mas Allistair parecia mais sensível do que aparentava. – Isso foi feito com algumas cascas de uma madeira fervidas junto com ervas. Ouvi dizer pelo povo que servia para curar ressaca. Mas não esperava que um homem do Norte fosse tão fresco com bebida.  – Proferiu bebendo sua caneca de chá, centrando os olhos por cima do copo no rosto do outro. Aquela altura, já tinha se acostumado com o sabor forte do chá e bebia sem pestanejar aos goles, como se bebericasse vinho. O homem estava com a cara um pouco amassada, que dava um aspecto engraçado em sua expressão bruta e rústica, era o suficiente para retira-lhe um sorriso de canto.

- Está bom, não é? Essa comida foi feita por mim. – Proferiu em um tom sarcástico, acabando com todo o mistério da comida. – Acha estranho? No meio de uma guerra, você seria grato por ter uma pessoa como eu no seu pelotão, cuidando da comida e caçando. – Abandonou o copo sobre a mesa e pegou um garfo para tocar em sua refeição. Diferente do homem a sua frente, Lupo comia como um lord. Utilizando bem o garfo e a faca para cortar a linguiça, não desejava ficar com as mãos engorduradas e fedendo quase o dia todo. De repente, se viu perdido em devaneios. Sentia saudades de casa, mesmo que o irmão não cooperasse, e pensou o que faria da vida daquele evento em diante.  

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Soltou uma gargalhada alta com o comentário do homem sobre o chá. Realmente foi pego em um momento desprevenido, mas logo voltou a encará-lo com cara feia. Apesar de tudo, não parava de desferir comentários que desvalorizavam seu trabalho. Observou atentamente ele guardando os pratos – Já dá para ser dono de casa. – riu com um sorriso maldoso, buscando ironizar os comportamentos do touro.

O comentário sobre esquentar camas foi outra surpresa. Despertou uma grande dúvida em sua mente, será que ele gosta de homens? Mas logo balançou a cabeça em negação a seus próprios pensamentos. Era impossível um homem daquele porte gostar de outros homens, e logo imaginou que estava apenas brincando com seus sentimentos. Engoliu seco a vontade de dizer “sim”. – Bem... Eu posso esquentar a da sua mãe – Soltou outra gargalhada com a piada. – Gostaria de esquentar a sua, todas as noites... – Desviou o olhar dele temendo uma resposta ofensiva.

Puxou um pedaço de pano que estava a mesa revelando uma rosa branca que colheu mais cedo. Era uma única rosa que estava crescendo em frente a estalagem. Segurou em mãos e apontou na direção do homem. – Para você. Achei que ia lembrá-lo de sua casa. – Havia um pigmento vermelho em uma das pétalas. Resultado de um dedo cortado por um dos espinhos. Seu dedo indicador ainda estava vermelho e sangrava um pouco. – Espero que aceite, machuquei meu dedo para te dar isto. – Proferiu fazendo um biquinho com a boca, como uma criança que implora aos pais por um doce.

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Vendo a confusão que ele estava ao ver a rosa, não consegue conter o riso. Achou que era melhor explicar tudo ao homem, de uma forma que ele não suspeitasse de nada. Não queria desencadear a raiva do outro por gostar de se deitar com homens. Se levantou da cadeira com uma expressão séria e caminhou até o homem ficando bem próximo dele. Encarou ele nos olhos. Sua boca estava tão perto... Tão perto.... Mordeu os lábios contendo a vontade de beijá-lo e depositou a rosa no bolso da camisa de linho do homem. – Pra lembrar você de sua casa, homem! A flor é branca como a neve do norte. Todos nós sentimos saudades de casa, mesmo que a situação não esteja boa em nosso lar, sentimos saudade. – Deu um pequeno tapa com a mão no bolso que estava com a rosa e se afastou. – Você está a muito tempo aqui no sul. –

Sentou-se novamente na mesa e ficou observando o homem de longe. Ele era realmente belo... Ali parado, sem entender nada e com uma expressão distante. – O que você vai fazer o resto do dia? – Proferiu com um caloroso sorriso, buscando quebrar o clima que se formava entre eles. Levou seu copo de chá a boca dando mais alguns goles e depositando o copo vazio sobre a mesa. – Esse chá estava ótimo – Proferiu em tom cômico dado a expressão que o homem fez ao toma-lo.

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Deu altas gargalhadas com os comentários que saiam da boca do homem, mas preferiu deixar para lá. Esperou até que ele saísse do estabelecimento para poder se levantar da cadeira, mas sentiu seu coração pesar. Era talvez o que mais temia, amor. Se sentia mal quando não estava próximo do homem, seu coração ficava vazio. Pensar nele com outras mulheres era suficiente para sentir um aperto no peito e o coração queimar de raiva, mas infelizmente, ele sabia no fundo que tais sentimentos nunca seriam correspondidos.
O homem era um nortenho, se interessaria por pessoas nortenhas. Além do mais, não se deitava com homens, que era o principal problema que encontrava para ficar no seu caminho. Decidiu apenas aceitar que o tempo curava todas as feridas e esquecer o que aconteceu entre eles nos últimos dias. Seria apenas escudeiro dele, amigo, e por sorte, poderia ir até o Norte acompanhando o homem. Mesmo assim, tal ideia era digna de grande fascínio. Balançou a cabeça em negação, afastando todos os pensamentos que tinha e decidiu passar o resto do dia balançando.
Tomou um arco emprestado de um amigo e decidiu passar algum tempo na floresta próxima caçando coelhos. Tomando cuidado com javalis, lembrando da piada de Robert Baratheon.

[...]

Retornou ao estabelecimento já tarde da noite. Suas botas estavam sujas de lama assim como suas roupas. Carregava consigo um coelho que entregou para uma serva da taverna fazer um ensopado. Comeu, encheu a barriga até onde pode ficando um pouco decepcionado que Allistair não se reuniu com ele aquela noite. Perguntava-se onde estaria o homem, mas acreditou que ele sabia se cuidar. Tomou um bom banho, trocou suas roupas por novas e foi para o seu quarto.

[...]

Para sua surpresa, Allistair jazia dormindo em cima da sua cama. Provavelmente tinha se embebedado até cair em alguma taverna, como um bom nortenho. Ficou pensativo sobre o que faria em relação a isso. Imaginou movê-lo para sua verdadeira cama, mas temeu acordá-lo. Ainda assim, ele estava tão perto... Bêbado e sozinho. Era uma oportunidade única! Caminhou até a cama e deitou-se ao seu lado. Colocou sua cabeça em seu pescoço, e sentiu o cheiro maravilhoso do homem que se misturava ao indesejado hálito de álcool. Aproveitando que ele estava de costas, instintivamente seu coração começou a acelerar e suas mãos se moveram sozinhas até dentro das calças do homem – não dava para mandar no coração. Segurou o membro do homem nas mãos, percebendo que estava totalmente enrijecido. Sentia uma grande vontade de ter para ele aquilo que o homem guardava dentro das calças, mas pensou na possibilidade de ele acabar acordando e ficar com raiva. Manteve uma de suas mãos ali dentro e usou a outra para cobrir ambos com um lençol. Com sua barba no pescoço do outro, cochilou e esperou que ele se acalmasse com a mão dentro do seu calçã

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Certamente aquela foi uma das melhores noites de sua vida. Dormiu como uma criança aos braços do homem. Sentindo aquele corpo próximo ao seu e seu membro duro em sua mão, se sentia realmente bem.
Acordou bruscamente por um movimento do homem. Sua visão ainda estava embaçada, assim como a luz que se encaminhava da janela até seus olhos incomodavam bastante. Aos poucos sua visão se estabilizou e então percebeu que Allistair jazia ali acordado e em pé o encarando nos olhos. Não entendeu nada de início, mas quando se lembrou do que aconteceu na noite passada, se sentiu bastante constrangido. Não imaginava como Allistair estava se sentindo, mas certamente se sentia da mesma forma. Antes que pudesse dar alguma explicação, o homem saiu pela porta bufando de raiva.

Deitou-se na cama novamente, se aconchegando nos lençóis ainda com o cheiro de Allistair. Soltou um suspiro de alívio por não ter sido morto, e voltou seu olhar a encarar o teto de madeira do quarto. Pensou no que faria da vida daquele momento em diante. Allistair nunca mais olharia para sua cara e veria como o mesmo homem de antes, e com certeza não desejaria leva-lo em sua viagem para casa. Sentiu um aperto forte no peito apenas por imaginar nunca mais vê-lo e uma onda de pensamentos e sentimentos invadiram seu corpo. Seu coração estava quebrado, e se não resolvesse aquilo logo, sentiu como se fosse se afogar em um mar de amargura. Sim... Era melhor assim. Resolver tudo de uma vez com o homem e dizer a ele como se sentia.

Vestiu suas roupas casuais e saiu da estalagem às pressas. Procurou durante algumas horas pela cidade, mas não o encontrou. Ouviu então de algumas crianças que avistaram o homem na cachoeira. Sem pensar duas vezes, correu até o lugar.

[...]

Colocou as mãos aos joelhos e inclinou o corpo para frente. Estava ofegante e cansado, mas sentia um grande peso sair dos seus ombros quando viu Allistair sentado em uma pedra a queda d’água. Encarou ele durante alguns segundos, até cerar os punhos e tomar coragem para falar com ele.

Entrou na água mesmo que vestido, encharcando suas roupas. Percebendo que ele estava concentrado em seus próprios pensamentos e esquecendo o mundo exterior, se aproximou sem ser notado. Agachou-se e agarrou o homem por trás com toda a força que tinha. Passou ambas as mãos pelo abdômen para que ele não fugisse de forma alguma. – Desculpe por tudo... – Proferiu com uma voz singela e com grande tom de tristeza. – Desde a primeira vez que te vi, eu sabia que queria ficar com você. Eu não quero perde-lo, ou deixar ir para o norte sem mim. Pensar em você com outra pessoa ao seu lado, seja homem ou mulher é suficiente para doer o meu peito. – Recostou a cabeça nas costas dele com uma expressão triste. Sua barba contra a pele dele. – Você se irrita facilmente e sempre tenta controlar sua fúria. Nunca sentiu que ninguém no mundo te entende? Eu quero ser a pessoa que te entende. Eu quero ser a pessoa que vai te acalmar quando você estiver com raiva. Eu quero ser a pessoa que vai te abraçar forte quando você estiver triste e aparar suas lágrimas com um sorriso. – Soltou um suspiro abafado e se sentiu aliviado falando o que tanto queria para ele. Largou Allistair e se afastou o mais rápido possível temendo ser morto pelo homem. O puxou touro forte pelo braço de onde ele estava sentado até que ele ficasse em pé de frente para si. – Não pense em mais nada. Não perturbe sua cabeça com nada. Não pense no que você quer, não pense no que os outros vão achar disso, apenas... – Levou sua mão até ele e afagou abaixo do queixo com os dedos. – Eu fiz isso a noite inteira e você passou a noite soltando grunhindos. – Aproximou o rosto do dele. – Como disse, feche os olhos e não pense em nada. Nada! Apenas deixe acontecer. – Sem enrolar mais, deu um longo beijo em Allistair, como jamais beijou outro homem. Mesmo que ele o espancasse depois do beijo, valeria a pena, pois era aquele homem que ele amava.

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

Para sua surpresa, Allistair correspondeu ao seu beijo. E antes que pudesse fazer alguma coisa, estava perdido em um caloroso beijo. Ficou absorto durante alguns minutos sem perceber o tempo passar, até que despertou sentindo o seu corpo batendo contra a água. Percebeu que Allistair estava constrangido e em conflito com suas próprias emoções, pensou em dizer algo, mas não conseguiu proferir nada. Estava tão feliz que não conseguiu conter o sorriso e as gargalhadas.

Permaneceu na água durante algum tempo, flutuando de costas e encarando o grande seu azul. A felicidade que sentia foi substituída por um sentimento de culpa que o consumiu por inteiro. Mesmo que tivesse recebido o aviso para não o seguir, não conseguiu conter o que sentia.

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Subiu as escadas da estalagem, acompanhado de uma garrafa de vinho que furtara momentos atrás da cozinha. Se dirigiu até o seu quarto e tentou abrir a porta em uma tentativa falha, estava trancada. Bateu algumas vezes fazendo um “toc toc” ecoar pelo corredor, mas ninguém abriu. Ele imaginou então que Allistair estava lá dentro, trancado. Agachou-se apoiando as costas à porta e sentou-se no chão frio de madeira.

- Desculpe por ter te beijado a força. – Proferiu em um tom triste. Abriu a garrafa de vinho e deu um longo gole, quase se engasgando. – Eu não deveria ter feito aquilo... Nem dormido abraçado a você. É muita coisa nova para você lidar. – Deixou transparecer a tristeza em sua voz ainda mais. – Eu gostaria muito de ser seu escudeiro e te acompanhar até o Norte, mas se você não quiser, farei assim sua vontade. – Deu outro gole na garrafa antes de continuar – Eu gosto de você. Gosto muito mesmo, mas não quero que você se sinta mal pelas minhas ações. Prometo te tratar como outro homem de igual para igual daqui para frente. Não vou tentar te agarrar, te abraçar, te beijar ou te ver pelado, nada do tipo. Eu juro! – Levantou-se do chão e ficou em pé colado com a porta. – Então... Abra para que eu entre. Preciso trocar de roupas, está esfriando um pouco e as minhas estão molhadas graças a você. –