[RP FECHADA] The Guardian and The Lady

Todo aquele tempo e as imagens ainda eram frescas em sua memória. Nunca tinha visto um dragão de tão perto, eles eram majestosos, incrivelmente belos, e no início, Annara realmente ficara magnificada pela grandeza dos animais. Mas toda aquela alegria durara pouco, quando o dragão soltou a primeira chama e os gritos começaram, toda a beleza sumiu, dando lugar ao medo.

Os pesadelos continuavam e continuavam. A cena do dragão selvagem devorando Viserion voltava sempre que a pobre Reed teimava em fechar os olhos, isso acontecia vezes sem conta. Havia uma ameaça tão grande à solta e agora que ele sabia o seu caminho até Porto Real, nada o impediria de voltar e instalar o caos de novo.

Finalmente estava acabando a carta que enviaria a sua família, que pedira novidades da capital depois do triste incidente. A pena de pato, ainda molhada com tinta escura, escrevia lentamente as palavras mais acertadas. Não queria que a família ficasse preocupada com ela, muito menos que abusassem o privilégio de ter uma filha na capital e quisessem saber de tudo em primeira mão. Graças a isso, Annara dava novidades vagas, coisas que não poderiam alimentar nenhuma palavra envenenada sobre sua família real.

Molhou novamente a pena e, com movimentos leves, escreveu seu nome em uma letra mais detalhada um pouco mais abaixo do conteúdo da carta. Fez uma pequena revisão e finalmente dobrou delicadamente o papel. Por fim, colocou um pouco de cera na carta e marcou-a com o sigilo Reed, selando suas palavras.

Por alguns segundos, sentiu saudades de casa, da calma da Atalaia, dos risos de seus irmãos e irmãs. Era um pouco difícil ser a única Reed no meio de tantos dragões, uma garota de rosto bonito, o que poderia acontecer de mal?

Saiu de seus aposentos, determinada a levar a carta para a corvoaria, onde seria levada para o Norte e algum Reed a pegaria, visto que nenhum corvo era treinado para chegar na Atalaia da Água Cinzenta. Trajava um leve vestido, adequado ao calor que fazia, em tons de verde escuro, cores de sua casa. Seus cabelos acastanhados, caíam por seus ombros e, juntamente aos braços nus, belos como o mármore, davam um ar de perfeição a pequena e esguia donzela Reed.

Decidiu pegar o caminho mais longo para a corvoaria, um passeio não lhe faria mal. Seguiu pelos corredores de pedra vermelha, observando Porto Real pelas janelas. Sim, a capital tinha um cheiro desagradável, mas você acabava se acostumando a viver com ele, e quando as flores cresciam perto das janelas do castelo, as pessoas eram recebidas com um ar perfumado. Exatamente o que estava acontecendo naquele momento com Annara e apenas ela. O corredor ia vazio, com apenas o som dos pés da donzela tocando no chão, o que era muito aconchegante e ao mesmo tempo assustador, caso acontecesse algo, Annara estaria sozinha.

Ficou tão perdida em seus pensamentos que só notou que alguém vinha em sua direção quando esbarrou nele. Ficou atordoada por uns momentos, confusa sobre o que estava acontecendo, até notar que tinha esbarrado em um Guarda Real. Não pode controlar a vergonha e a tonalidade de vermelho que pintou suas bochechas, estava mais do que envergonhada.

 – Sor Harrold! – Exclamou quando reconheceu o cavaleiro. – Pelos deuses, me perdoe! Não sei como estive tão distraída, mil perdões!