[RP Fechada] Flashback --- Tale of two brothers - Chapter One: Fruits and water

Até quando precisariam passar por aquilo tudo? Uma família pobre sem condições de manter uma vida sociável em meio a classe alta com mesa cheia de farturas, roupas aconchegantes e um lar quente e habitável... Era um sonho que o pequeno Malakhay sempre teve, observador e astuto o mais novo dos irmãos ladrõezinhos da cidade úmida e movimentada de Drowned era o que mais sonhava em conquistar grandes horizontes para conseguir muitas moedas ou dragões de ouro, ou até mesmo um tesouros perdidos e valiosos, para poder ajudar seu irmão e seus pais que nem se quer conseguiam um algo para por dentro do precário lar, se é que se poderia chamar de lar. O problema todo era que tudo passava de sonhos em sua cabeça, para uma criança de dez anos as coisas sempre vinham como em contos, porém, a vida mostrava claramente que nada se era como nas histórias que ouvia, era pior...

O céu estava sendo domado por uma massa densa de nuvens cinzentas, pequenas brechas mostravam o quão estava a tonalidade em degradê do dourado para um laranja mais vivo do entardecer daquele dia. Escondidos estavam os dois meninos observando todo aquele movimento para conseguir, assim como aquela imagem quase alaranjada no céu vista de uma brecha, conseguir uma migalha que fosse para comer. Malakhay pôs as mãos na barriga sentindo seu estômago tremer aclamando por uma comida qualquer que achasse, respirou fundo estando junto de Waltyr, seu mais velho, para acompanhá-lo e mais uma caçada atrás de algo comestível e que pudesse fazer o estômago ser enganado.

As palavras do outro eram captadas em quanto observava os mercadores movimentando-se de um lado para o outro. Todos porcos e sujos, um pouco melhores do que as duas crianças por estarem com suas barrigas avantajadas e cheias de gordura.
- Então podemos tentar conseguir algo, mas sem que eles percebam... - levava a mão até seus cabelos bagunçados e coçava sentindo pequeninas coisas andando por seu couro cabeludo. - Odeio piolhos. - comentou baixo.
Voltou a ficar junto do mais velho vendo para onde ele apontava observando um dos mercadores mais nobres, extremamente gordo e contornado por um tecido que com certeza era confortante e quente. Um escudo para sua pele esticada e desfigurada.
- Aham... - respondi olhando para ele e mirando agora nas frutas que formavam uma pirâmide bem a nossa frente. - Muita fome.

Seguiram sorrateiramente para não chamar muita atenção, teria que ser ligeiros em pegar uma quantidade razoável de frutas e saírem dali correndo sem serem percebidos. Por trás do mais velho Malakhay sentia que logo mais estaria mordendo aquelas laranjas e sugando todo seu suco, degustando até o bagaço para não deixar escapar uma gota se quer. Conseguiram chegar até o destino planejado e começaram a catar as frutas, pegavam as que conseguiam até perceberem que a torre se desmanchou fazendo um barulho ao caírem no chão.
O grito do irmão mais velho foi imediato, com meia dúzia em seus braços corria junto do outro como se fosse por sua vida, desviava perfeitamente por algumas pessoas que caminhavam por ali despercebidas do fato que acontecia.
- Vamos Wal.. Corre - nem se quer olhou para trás para não temer o que poderia vir em seguida.
Espontaneamente risadas começaram a surgir só de lembrar da cara do homem que não entendera o que estaria acontecendo, olhou para o outro assentindo com a cabeça sem saber aonde iriam parar.

Habilidade treinada:

Os olhos buscavam brechas em meio aos que passavam caminhando pelo caminho em que estava correndo desesperadamente. As pequenas mãos seguravam as poucas laranjas que conseguiam estar firmes, enquanto mais umas duas caiam ficando para trás. Os guardas alertavam sobre os dois pequenos pensando em obter alguma ajuda de terceiros, mas em vão. A forma com que os camponeses se afastavam demonstrando o medo de serem surpreendidos com algum tipo de arma pontiaguda era nítida, alguns desviavam para que eles passassem, mas também deixavam espaço para os soldados conseguir nos alcançar. A respiração ofegante do menor já ficava clara, estava cansado e sentindo dores por causa dos pés que queimavam, não iria conseguir resistir por muito tempo até acompanhar os passos de seu irmão.

Idiotas...Porcos, gordos e lentos. Se virou para Waltyr rindo das palavras ofensivas do mais velho e dali conseguiu um pouco mais de força para continuar correndo até virar-se em uma terceira esquina e buscar um local para se esconder. Não pensou duas vezes ao ver um barril que estava vazio caído perto de uma pequena montanha de outros barris vazios de vinho, não olhou para onde Waltyr se escondeu, apenas sabia que ele estava por perto.
A adrenalina estava percorrendo seu corpo quando ouviu passos próximos de onde estava, segurou as frutas contra seu corpo para não deixar escapar mais nenhuma e fechou os olhos tentando se controlar para não soltar um forte suspiro. Assim que a mão de um se colocou próxima da entrada do seu barril arregalou os olhos e logo os fechou ouvindo os outros dois falarem que não tinha mais jeito, os guardas então retornaram soltando palavras brutas e por fim pode respirar com mais força.

- Droga! Perdi duas laranjas no caminho, Wall... - fez uma careta de tristeza demonstrando querer chorar, não iriam conseguir se alimentar de forma razoável com apenas aquelas frutas.
Caminhavam seguindo em direção ao local de onde moravam passavam por poças fedorentas sem ligarem muito para o que poderia ser. A água até mesmo ajudava a amenizar a dor latejante dos pequenos pés moídos pelas pedras, mas não era saudável para fazer tal ação.
- Eu não queria mais viver assim, irmão... - ressaltou o pequeno que segurava sua blusa quase que em trapos de tão rasgada levando as laranjas em uma espécie de bolsa de pano, ideia dada por Waltyr.
- Tenho medo do que possa acontecer com a gente, mamãe não iria mais querer que façamos isso. - abaixava a cabeça ficando ao seu lado conseguindo terminar a caminhada pelo cais de forma segura pausando um pouco e se escorando em uma parede.

O outro sempre tentando amenizar as coisas demonstrou aproximação afetuosa e lhe disse brincando aquelas palavras de piolhos e algo como fazer os guardas pegarem as pequenas praguinhas. Soltou uma risada achando graça e olhou para ele respirando fundo mais uma vez.
- Tomara que papai tenha conseguido algo sim, estou com muita fome... - lambuzou os beiços com a língua rachada e seca, seguindo os passos do mais velho para não alertar os homens armados e malvados.
- Da próxima vez podemos pegar uns pães? Tanto tempo que não como... - continuou a seguí-lo falando em tom baixo para também não dar um alerta sobre a ideia novamente de um furto futuro.

Habilidade treinada: