[RP Flashback] A bad start

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

Havia passado o dia inteiro coletando informações para um trabalho, esgueirando-se pelas ruas de Porto Real, seguindo um certo senhor, tentando aprender sua rotina, saber com quem falava, onde ia e até a que horas fazia suas refeições. Era metódica com seu trabalho, querendo garantir que cada pedacinho da vida de seus seguidos estava sendo vigiado, para manter sua boa reputação. Tinha deixado o sujeito quando ele entrou num bordel meia boca, pois aquele era o limite da mercenária naquele dia. Não precisava saber qual o gosto específico dele para putas. Se aquilo se tornasse um hábito, aí então ficaria na cola dele até naquele momento, mas agora ela queria uma boa caneca de cerveja, num de seus bares preferidos perto do porto, o Cabeça de Javali. Gostava do lugar pois era sempre meio escuro, raramente lotado e ninguém fazia perguntas. Entrava, pedia seu jarro de cerveja e ia para um canto ficar sozinha com seus pensamentos ou prestando atenção nas poucas conversas que haviam por ali. Foi o que fez. Deixou o senhor com suas putas e esgueirou-se pelas ruas de Porto Real até o bar, onde pediu o jarro e foi sentar-se.
Estava bebericando a cerveja, percebendo que o bar estava um pouco mais barulhento que o normal, mas nada que atrapalhasse seus pensamentos. Provavelmente alguns homens havia desembarcada por ali e entraram no primeiro bar que viram, fazendo o Cabeça de Javali parecer mais cheio que o habitual. A bastarda não se importava, terminando sua primeira caneca de cerveja com tranquilidade, até ouvir alguém falar algo sobre piratas, então todos os seus sentidos ficaram alertas, ela era fascinada por piratas, não sabia bem porque, mas era assim desde pequena. Talvez fosse a liberdade que esses homens pareciam ter, sempre navegando por Westeros e Essos, nunca ficando muito tempo no mesmo lugar. A ideia a atraía muito, já que vivia há 19 dias de seu nome em Porto Real, saindo apenas quando havia algum trabalho ou torneio em algum dos Sete Reinos. Não que algo a prendesse em Porto Real, não desde que sua mãe morria, mas porque a cidade era a melhor para os mercenários de Westeros, por ser a maior e com um trânsito grande de pessoas. E. como ser mercenária era tudo o que sabia, o melhor era ficar em um lugar em que não fosse morrer de fome e acabar tendo de virar prostituta para sempre, não só quando um trabalho exigia. Enfim, aqueles homens que viviam no mar e tomava as coisas para si sem se incomodarem com nada eram simplesmente muito mais livres do que ela jamais seria e aquilo lhe causava inveja.
Seguiu bebendo sua cerveja e ouvindo histórias de grandes viagens, ótimos saques e o que mais fosse. Quanto mais bebiam, mais animados iam ficando os homens, cada vez mais incrementando suas histórias, querendo parecer mais e mais destemidos ou heroicos. Todos os homens eram fantasticamente iguais, depois de anos seguindo de perto muitos deles, Rhaenys pensava que jamais poderia se surpreender novamente. Todos só queriam batalhas e mulheres, regadas com vinho ou cerveja. O dia que encontrasse ao menos um diferente, ficaria surpresa. Seguia pensando nisso e entreouvindo as fantásticas histórias, sem vontade de ir para casa.

Depois de uma longa jornada de saques, o novo capitão do Gullveig estava satisfeito. A tripulação o aceitou muito bem como seu novo capitão e pareciam estar felizes com os novos roubos. O jovem decidiu leva-los até Portal Real para desfrutarem um pouco do dinheiro que conseguiriam e todos gritaram de excitação quando lhes foi dito. Alguns por nunca terem ido até a capital da grande Westeros, outros por voltarem até aquela cidade.
Poucos dias após, os piratas desembarcaram no porto. Aquele lugar não parecia ter nada de diferente de qualquer outro porto, salvo pelo tamanho. Ele era maior dos que os portos onde Torrhen desembarcava. Dispensando seus homens assim que atracaram, o rapaz voltou para sua cabine por alguns minutos. Apesar de velha e enferrujada, o jovem Pyke tinha grande apreço por sua espada, afinal, fora ela quem ceifou a vida de seu antigo mestre. Ao lembrar-se dele, um leve arrepio percorreu a pele do homem. Sacudindo fortemente a cabeça, ele decidiu ir até o bar mais próximo para virar um grande copo de cerveja. Ela sempre o ajudou a esquecer de seus maiores problemas.
Assim que desceu ao porto, em poucos passos Torrhen encontrou um bar. “Cabeça de Javali”, ele leu na entrada, soltando uma leve risada. Não era um nome comum, mas as vozes familiares que advinham de lá o fizeram entrar. De fato, seus seguidores lá estavam, bebendo e compartilhando histórias entre si. Caminhando a passos largos, o bastardo juntou-se ao assunto e pediu sua cerveja. Bebendo copo após copo, em grandes goles, ele começava a se sentir embriagado e, como todo bom pirata embriagado, suas histórias pareciam cada vez mais mirabolantes. Ainda assim, nem todas as eram mentira suas. Quando escravo ele havia feito coisas que nem todos os homens acreditariam, sóbrios ou bêbados.
Já farto da conversa, o rapaz apenas deu uma boa olhada no interior do lugar. Viu que o bar era um lugar escuro e pouco movimentado, sendo seus homens grande parte dos clientes locais. “Deve ser ainda melhor do que era sem piratas contando e enaltecendo seus feitos”, pensou. Durante sua observação ele avistou uma jovem mulher sentada em uma das mesas próximas, bebendo e provavelmente ouvindo-os falar. Um sorriso atravessou o rosto do pirata enquanto ele aproximava-se dela, interessado. Por suas vestes e jeito, não parecia uma prostituta, mas Torrhen não estava acostumado com mulheres em locais como aquele. Puxando uma cadeira, sentou-se a mesa dela, batendo com o copo na mesma.
- Então... – ele abriu um grande sorriso, com o rosto levemente corado pela bebida. – O que uma dama como você faz numa pocilga dessas? -  Bebendo um grande gole, ele fixou seus olhos na bela jovem a sua frente.

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Ainda bebendo o mesmo jarro de cerveja, a bastarda seguiu sentada, não tomando muito da bebida, pois jamais se permitia ficar bêbada em lugares públicos. Às vezes, depois de um serviço muito difícil ou demorado, ia para o bordel e, junto de algumas das meninas mais chegadas, tomavam quantias enormes de cerveja, até ela ficar totalmente entorpecida, sorridente, falante, amigável, tudo o que não era sóbria. Ela gostava desses momentos, onde não ficava controlando cada passo, cada expressão, mantendo a guarda levantada. Era bom divertir-se de vez em quando, mas obviamente, aquele não era o momento, era apenas um momento para relaxar antes de ir para casa descansar para o próximo dia.
Estava quase terminando a última caneca de cerveja e preparando-se para ir embora, quando viu um dos homens que bebia com o grupo de piratas levantar-se e dirigir-se para onde ela estava. Oh, aquilo era típico. Tomou o último gole bem no instante em que o homem puxou uma cadeira e sentou-se a sua frente. Sabia que deveria ter ido embora antes, agora era lidar com um grandalhão um tanto alto. O que poderia ser interessante ou apenas irritante. Ela encarou o homem enquanto ele sentava-se e batia a caneca na mesa com frieza, completamente séria. Uma mulher, sozinha, bebendo cerveja, não podia baixar a guarda nem por um segundo. - Então, não imagino como isso possa ser da sua conta. - rebateu, o olhando de cima a baixo. Ele era maior que a maioria dos homens no recinto, com barba e cabelos compridos, o que lhe dava um ar selvagem, ele era intimidador, não fosse o grande sorriso meio embriagado. E aqueles olhos fixos nela a deixavam nervosa, não gostava que prestassem muita atenção nela, preferia passar desapercebida, mas em retrospecto, fora tola em ir para um bar à beira do cais. Enfim, agora não adiantava ficar se repreendendo. - E eu não sou uma dama, pirata, então preste atenção às suas palavras. - avisou com voz que poderia cortar, de tão gelada.

Dando curtos goles para não esvaziar o copo, os olhos de Torrhen iam da mulher para o copo, examinando o conteúdo. Ao ouvir as ásperas palavras dela, o pirata não conseguiu segurar a grande risada que deu. Sua voz preencheu o recinto. O bastardo era capaz de perceber os olhos da jovem o analisando, e ele permitiu que ela o fizesse enquanto finalizava sua cerveja. Soltando o copo, ele puxou a cadeira um pouco mais para trás, repousando seus pés na mesa. Suas mãos seguravam a cabeça, mantendo sua visão fixa na jovem enquanto ela voltava a falar. As palavras impetuosas e frias dela o fizeram rir ainda mais alto que antes.
- Não é uma dama, ahn? Conte-me, então, o que você é. Esse não parece um lugar apropriado para você. – Um sorriso lascivo surgiu em seus lábios. – Talvez eu possa te levar para um, depois que disser seu nome.
As vozes ao fundo continuavam, entretidos em suas conversas, mas o capitão não prestava mais atenção aos seus piratas. Sua atenção estava inteiramente na loira. Gritando, ele pediu para um dos mais jovens de sua tripulação trazer-lhe dois copos de cerveja. Segurando uma das canecas, ele pediu para o garoto deixar a outra na frente da jovem, antes de ir a passos de volta para a roda de piratas. Balançando a cabeça na direção do outro copo, Torrhen dizia:
- Vamos, pode beber. É por minha conta.

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Esperava quase qualquer reação às suas palavras, menos a que o pirata teve, que foi de rir, como se ela tivesse contado a melhor das piadas. Olhou fixamente para ele, com exasperação, um tanto desconcertada. Não estava acostumada a não ser levada a sério e não sabia bem como lidar com aquilo. Não sabia se era a cerveja ou se ele era expansivo daquele jeito naturalmente, fosse o que fosse, deixava Rhaenys quase sem reação, além de o olhar espantada. Além de rir na sua cara, ele ainda tinha a audácia de colocar os pés na mesa, como se estivesse em casa ou no muquifo que deveria ser seu navio. A mercenária o encarou com os olhos semi cerrados, tentando avaliar o homem e a situação, mas não sabia bem que atitude tomar, ainda mais depois da sugestão pouco cavalheiresca dele. Pegou a caneca e a levou a boca por instinto, porém não havia mais nenhuma bebida ali, então ela largou a caneca e tratou de recompor-se, com seu melhor olhar assassino. - O que eu sou? Eu sou uma das melhores assassinas de Porto Real - falou, aproximando-se do pirata e baixando a voz para um volume que apenas ele a ouvira claramente. - É? E para onde me levaria? Qual seria o lugar apropriado para uma assassina de sangue frio? - desafiou com um sorriso perigoso nos lábios. Não que fosse de recusar a companhia de homens, até apreciava, desde que fosse em seus próprios termos. Mas é que aquele pirata a deixava sem saber bem o que fazer, parecia imperturbável, como se o tom ou as expressões dela, não fizessem nenhum efeito sobre ele, além de fazê-lo rir, como se ela fosse algum tipo de comédia ou piada. Normalmente os homens não se aproximavam, fosse por preconceito, já que não tinha a aparência de uma lady, fosse por medo, já que carregava sua adaga na cintura, usava calças e tinha um olhar feroz. Que parecia não fazer a mínima diferença naquele pirata alcoolizado. Viu ele chamar alguém e o rapaz deixar uma caneca de cerveja a sua frente. - Sendo por sua conta, bebo, não poderia fazer desfeita, não? - suas palavras eram carregas de sarcasmo, mas ela pegou a caneca e tomou tudo num gole só, irritada. - E então, pirata, está querendo o que de mim? - questionou, encarando o quase selvagem à sua frente.

A seriedade e frieza nas palavras da mulher apenas faziam com que o sorriso de Torrhen aumentasse. Ele conseguia a irritar com facilidade. Apesar de tudo, ela havia dito que era uma assassina... talvez fosse uma mercenária. Isso deixou o pirata curioso e com vontade de provoca-la ainda mais, por isso, ele riu alto na mesma hora, ignorando a pergunta.
O bastardo mantinha sua calma, respirava tranquilamente, levando ocasionalmente o copo aos lábios, os olhos fixos nela, mas dessa vez olhando com mais atenção. Ela era bonita, mas realmente não tinha o mesmo jeito dos nobres locais. O bar em que se encontrava já era uma prova disso. Mas ela não usava vestidos, como de costume, e sua aparência era fria. Ele gostava daquilo. Enquanto finalizava o conteúdo de seu copo, a jovem disparava suas últimas palavras. Limpando a barba molhada com as costas da mão, Torrhen repousou seu copo na mesa, abrindo um largo sorriso.
- Talvez eu esteja querendo que aqueça minha cama, quem sabe? - Repousando as mãos na cabeça, o filho de Pyke não tirou os olhos da jovem por um só instante, tentando deixa-la desconfortável. – Aliás, você ainda não me disse seu nome. Como vou saber se é mesmo uma das melhores assassinas?

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Rhaenys se resignou ao pensar que não se livraria do pirata com facilidade e que nem as mais hostis de suas palavras o abalariam, ele havia tomado muitas cervejas para levar qualquer coisa a sério e a mercenária imaginava que com todo aquele tamanho, mesmo sem ter bebido, ele não tinha medo de muita coisa. Era um homem grande, acostumado a pegar o que quisesse para si, sem importar-se com nada. Certo, ela podia lidar com aquilo ou ir embora, mas não queria ir, pois estava pensando no quanto aquilo podia ser interessante e bem, ele era um pirata, ela estava um tanto fascinada, ainda que contra sua vontade.
Mexia na caneca, passando a ponta de um dos dedos por sua borda, enquanto encarava o homem a sua frente, mudando sua atitude, deixando de o olhar com hostilidade e passando a sorrir quase amigavelmente, como se estivesse em frente a um velho conhecido. - Hum, não parece uma ideia tão ruim. - respondeu com voz doce, sorrindo quase sedutoramente para ele. - Onde fica essa sua cama? - o indagou, disposta a levar o joguinho até o fim, já que era o que ele estava fazendo. Se ele não se intimidava com palavras frias e ameaças, talvez se intimidasse com a mudança de atitude. Levantou a mão, fazendo sinal para o dono da taverna trazer mais duas cervejas, que foram entregues sem muita demora. Rhaenys estava deixando a pergunta dele pairar entre eles, o olhando tão fixamente quanto ele a olhava. Não iria se intimidar com facilidade, não mesmo. - Mesmo que eu diga meu nome, só saberias se sou a melhor assassina, caso me contratasse ou fosse meu alvo. - sua voz destilava uma doçura fingida e perigosa, mas estava começando a achar engraçada toda a situação. Era sempre interessante conversar com pessoas de fora de Porto Real, mesmo que fossem piratas cheios de cerveja. Pelo menos era uma mudança. - Rhaenys, meu nome é Rhaenys - completou, pegando a cerveja que o dono do estabelecimento deixava a sua frente.

De súbito, uma grande mudança ocorreu no comportamento da jovem, pegando Torrhen de surpresa. Num instante, ameaças de morte; em outro, ela aceitava ir para a cama com ele. O bastardo ficou confuso, o sorriso fugiu de seu semblante. Aquilo ficou confuso demais para seu cérebro bêbado. As palavras que se seguiram vieram todas doces e calmas, quase como se ela estivesse tentando seduzi-lo. É, aquilo não fazia sentido para ele. Talvez ela estivesse bêbada demais também.
Tirando os pés da mesa, o pirata dobrou-se sobre a mesa, cruzando os braços. Forçou um sorriso para não continuar com a expressão sem graça no rosto.
- Uma mercenária, hein? Já tive meus tempos. – Um pequeno flashback cruzou a mente de Torrhen e ele sacudiu a cabeça para livrar-se das imagens. – Tenho más lembranças.
Aceitando o copo servido, o bastardo deu uma longa golada antes, evitando sustentar o olhar da jovem. Ele já não sorria como antes.
- Rhaenys, certo? Bonito nome. – Bebendo um pouco mais, ele continuou. – O que faria se eu fosse seu alvo? Também aceitaria se deitar comigo? – Bebeu um pouco mais. – Se você for legal, quem sabe eu não te levo para conhecer meu navio?

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Uma gargalhada quase escapou dos lábios de Rhaenys ao ver a reação do pirata à sua mudança de comportamento. Havia sido ainda melhor do que ela esperava, sem dúvidas. Sorrindo, ela bebeu um pequeno gole da cerveja, quase começando a sentir-se alegre, por causa do álcool. Estava saboreando a expressão confusa dele, mais do que saboreava um bom vinho dornês, era impagável aquilo. A mercenária quase ficou com pena quando ele apoiou-se na mesa, com uma cara um tanto perdida, rememorando algo ou apenas sem saber o que fazer. - Ah, sinto muito. - disse, com doçura, levando uma das mãos ao antebraço dele e o tocando de leve, como se o confortasse. Ela não dava a mínima para as lembranças dele, mas agora havia sido desafiada e não sairia dali sem ganhar. Era uma mulher competitiva. - Obrigada, também gosto dele. - sua voz era suave e ela encarava o pirata com gentileza, tomando um gole de cerveja, sem importar-se muito se ficaria mais solta que de costume. Estava precisando de uma folguinha de si mesma, ser tão séria e hostil era cansativo às vezes. Sorriu mais com as palavras dele, percebendo que já não sorria como antes, provavelmente estava tímido ou era apenas do contra, sendo todo atirado quando ela não queria e se fechando quando ela aceitava. Oh, bem, gostava de homens difíceis. - Claro, se isso fosse facilitar meu trabalho, ia para a cama sem pensar duas vezes. - disse as palavras com um sorriso malicioso, levando a mão que estava no antebraço dele, até os bíceps bem definidos de alguém que fazia força todos os dias. - Eu ia adorar, principalmente se me levasse para conhecer tua cabine. - rebateu, piscando, depois tomou um gole da cerveja, sem tirar a mão do braço dele. - Eu disse meu nome, que tal me dizer o teu? - pediu, com delicadeza.

A jovem continua bebendo e sua voz mantinha a suavidade com palavras doces, sua mão indo para o antebraço do rapaz. Sem importar-se, ele apenas permaneceu bebendo em pequenas quantidades. Gradativamente, o sorriso de Torrhen parecia diminuir enquanto o de Rhaenys aumentava. A bebida parecia estar realmente deixando-a mais solta.
Enquanto a observava, o pirata notou que a mulher o olhava cada vez mais, suas mãos agora iam de encontro ao bíceps do bastardo, com um sorriso malicioso no rosto enquanto falava, seguido por uma piscada. Finalmente, o jovem Pyke sorriu novamente. Ele se deu conta que ela começou a entrar no jogo para saber o que aconteceria. Mercenários não eram confiáveis, não mais do que piratas. Ele sabia que apenas as palavras dela eram doces. Ele não iria cair naquilo.
- Chamo-me Torrhen. – Respondeu com certa frieza. – O que faz por aqui, mercenária? Algum trabalho? Talvez a quantia certa me faça ajudá-la.
Recuando, o rapaz tornou a por os pés na mesa com seu copo em mãos. A situação não iria mais sair de seu controle. Tomando uma postura despreocupada, ele manteve seu sorriso e ficou imaginando como Rhaenys reagiria àquilo.

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Um sorriso de entendimento formou-se nos lábios da bastarda ao perceber a mudança de atitude do pirata. Tão previsível aquilo que ela nem se surpreendeu, apenas seguiu sorrindo com ainda mais malícia, enquanto bebericava sua cerveja. - Bonito nome. - comentou com delicadeza. Se ele iria recuar, ela iria avançar ainda mais, não era o tipo de mulher que recuava perante homens. Estava quieta tomando sua cerveja e ele viera provocar-lhe, agora iria aguentar as consequências ou sumir de sua frente. A maioria dos homens eram assim, chegavam como donos de tudo, achando que poderiam falar e fazer o que quisessem e ela tinha de aceitar tudo como uma perfeita dama, bem, ela não era dama nenhuma, então eles que aguentassem e engolissem o orgulho. Nunca baixara a cabeça para homem nenhum e não começaria agora, com o pirata. Riu alto em deboche ao ouvir as palavras dele. - O que faço aqui é apenas da minha conta, mas se tivesse em trabalho, sem dúvidas não gastaria um moeda com sua ajuda. Sou muito boa em meu trabalho. - respondeu e ainda que as palavras fossem duras, deixou o tom suave, porém seus olhos eram duas adagas frias e cortantes. - Mas obrigada pela oferta. - acrescentou, sorrindo. Terminou o líquido em seu copo, dando uma olhada no lugar, depois voltando a parar os olhos no pirata. A verdade é que não sabia bem como proceder, se deveria provocá-lo mais ou deixar para lá, já que não ganharia nada de qualquer jeito. Estava ponderando o que fazer, quando um sorriso nada delicado formou-se em seu rosto ao ter uma ideia. Iria levar aquele pirata ao extremo, para ver como ele reagia.
Deixou o copo vazio na mesa e levantou-se devagar, ajeitando as vestimentas e depois encarou Torrhen, caminhando até ficar atrás da cadeira dele, onde abaixou-se até ficar com o rosto próximo à orelha dele. - E então, pirata, desistiu de tentar me levar para sua cama? - perguntou com a voz baixa, muito próxima ao rosto do homem, depois endireitou-se e se encostou na mesa, a frente dele, esperando para conhecer melhor o homem com base em sua reação.

Apesar de tentar retomar o controle da situação, a jovem parecia querer mantê-lo. O som da voz de Rhaenys destilava doçura, mesmo suas palavras sendo duras, debochando dele e da situação. Torrhen não pôde deixar de sorrir, mas manteve sua postura. Da mesma forma que o bastardo investira antes, agora era ela quem o fazia. O Pyke começou a ver aquilo como um jogo, e não queria perder para a mercenária.
Após uma última golada no copo, a jovem levantou-se e começou a andar na direção do pirata, que observou-a com o canto dos olhos, curioso. Quando próximos o bastante, ela abaixou-se, sua voz soando na orelha de Torrhen de uma forma que apenas ele escutaria. Enquanto a mulher encostava-se na mesa a sua frente, o ex-mercenário sorriu uma vez mais antes de finalizar sua cerveja. Com o braço em que segurava o copo, o pirata depositou o objeto sobre a mesa de forma que aquele membro encostasse-se à jovem. Soltando o copo, ele deixou sua mão sobre o quadril da mulher antes de levantar-se rapidamente. A bebida cobrou seu preço, deixando-o tonto, mas ele conseguiu manter o equilíbrio. Deixando agora sua outra mão também no quadril de Rhaenys, o bastado aproximaria seu rosto ao dela, sentindo a respiração e o hálito quente da mesma.
- Talvez eu a leve – Ele diz bem baixinho.
Sem esperar por uma resposta, o rapaz aproxima ainda mais seu rosto, selando os lábios da jovem. Como se esperando uma permissão, ele iniciaria um beijo, puxando o corpo da mulher de encontro ao seu. Com sua mão esquerda, Torrhen alisaria o corpo da jovem até sua nádega, onde apertaria com força. Sua outra mão, porém, iria percorrer a cintura de Rhaenys de forma lenta, indo até suas costas, em busca de alguma arma que ela pudesse esconder ali. Uma mercenária não sairia desarmada para um bar como aquele.
Caso encontrasse algo, ele tentaria tomar dela, recuando alguns passos depois. Com um sorriso renovado no rosto, ele balançaria a adaga em sua mão.
- Que tal recuperar isto, garota? – Fazendo questão de deixar claro o sarcasmo em sua voz, o filho de Pyke faria de tudo para irritá-la agora.

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Rhaenys encara Torrhen com um sorriso provocante, mas sem deixar de avaliá-lo, vendo ele terminar a cerveja e colocar uma mão em seu quadril, aquilo a surpreendeu um pouco, porém ela seguiu com a expressão provocante, garantindo que seu rosto demonstrasse nada mais que o sorriso. Viu ele levantar-se e pousar a outra mão sem sua cintura, deixando, como se aquilo não a incomodasse. Seu sorriso vacilou por uma fração de segundo quando ele aproximou o rosto, a deixando incomodada, pois preferia tomar a iniciativa, fosse do que fosse. Quando ele a beija, Rhaenys é pega totalmente de surpresa e fica sem reação, não conseguindo obrigar-se a se afastar ou corresponder, apenas deixa as mãos caídas do lado de seu corpo, sem fazer qualquer movimento, tentando entender a situação. Não estava acostumada a ser pega de surpresa, por isso demorou para reagir, Sua boca, como se tivesse pensamento próprio, começou a corresponder ao beijo, enquanto ela percebia as mãos dele em seu quadril, chegando próximo de sua adaga, que ficava sempre alojada em suas costas. A mercenária só deixava a adaga longe de seu corpo, quando se banhava, porque mesmo ao dormir, deixava a arma embaixo do travesseiro, para qualquer eventualidade. Quando ela finalmente voltou a si e ia afastá-lo, percebeu a real intenção naquele beijo, ao sentir sua adaga ser tomada pelo pirata. Xingou-se mentalmente por ser uma idiota, que quase acreditava que algum homem poderia ser menos que traiçoeiro, queria bater-se mais do que qualquer coisa, mas a visão daquele homem, com sua adaga na mão a provocando, foi o suficiente para que ela deixasse sua raiva de si mesma de lado e focalizasse aquilo no pirata. Respirou fundo e reagiu com rapidez. Podia ser pega de surpresa com um beijo, mas jamais era pega de surpresa quando lhe atacavam.
Deu um sorriso nada doce ou amigável, com os olhos faiscando de raiva e levou a perna para acertar um chute na parte mais sensível do corpo do pirata, o meio de suas pernas, depois bateu na mão dele com o punho, usando toda sua força para fazê-lo abrir a mão e deixar cair a adaga, que ela pegaria e encostaria na barriga dele, deixando a ponta da arma furar a roupa dele, demonstrando que não tinha medo de enfiá-la. - Mexeu com a garota errada, pirata. Um passo em falso e eu enfio essa adaga sem hesitação. - sibilou para ele.

De forma inesperada, Rhaenys retribuiu o beijo de Torrhen antes dele roubar sua adaga. Porém, de forma rápida, ela reagiu a sua provocação.  Um sorriso maldoso surgiu no rosto da mercenária enquanto ela avançava contra o pirata, o rapaz conseguia ver a raiva nos olhos dela. Ao ver a perna da mulher levantando, o bastardo percebeu claramente sua intensão e jogou seu corpo para trás, deixando o golpe de Rhaenys atingir o vento, mas foi lento demais para o que aconteceu em seguida. O punho da jovem atingiu a mão do pirata, fazendo com que ele derrubasse a arma. Antes que pudesse agir, a mercenária pegou a adaga e perfurou as vestes de Torrhen e ele sentiu a lâmina fria encostar-se ao seu abdômen. As próximas palavras dela eram duas e com raiva, completamente diferente de momentos antes. O pirata, no alto de sua insolência, sorriu.
- Eu beijo tão mal assim, mercenária?
Em seguida, o Pyke tentaria atingir a jovem com seu punho esquerdo no rosto, saltando para trás em seguida. Sacando sua espada com a mão direita, ele daria uma leve risada, esticando seu braço com a lâmina, interpondo-a entre ambos.
- Dependendo de como sairmos daqui, poderíamos ir para minha cabine mesmo. – Ele piscou para ela.
Com os sentidos em alerta, ele pôde ouvir que a conversa entre seus tripulantes havia mudado de tópico. Ele conseguia ouvir que agora apostavam em quem poderia vencer aquela luta, e Torrhen não poderia estar mais orgulhoso dos seus homens.

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Não atingira o chute bem direcionado, infelizmente, mas pelo menos tinha pego sua adaga de voltar, a pressionando contra o abdômen dele, o suficiente para que ele sentisse a lâmina, mas sem furá-lo de fato, ainda que sua vontade fosse de enfiar a lâmina inteira e depois remexer, para garantir que ele sentisse tanta dor quanto possível. Ela queria matá-lo por tê-la feito de boba, brincado com ele, mas, infelizmente, tinham muitas testemunhas por ali. O máximo que podia fazer era deixá-lo tão machucado quanto possível e depois caçá-lo até um beco escuro, esse pensamento a deixou mais tranquila. Ouviu as palavras debochadas dele e ia cravar-lhe mais fundo a adaga, quando viu a mão dele em sua direção, o que a fez recuar, não sendo atingida por muito pouco, o que fora uma sorte, porque se ele a acertasse, tinha certeza de que cairia desmaiada ali mesmo. Podia ser ágil e ter bons reflexos, mas ele ainda era mais e mais forte que ela. No tempo que ela levou para desviar, o maldito pirata sacou a espada, a interpondo no meio dos dois, uma expressão azeda passou pela face de Rhaenys, enquanto ela pensava em como se livraria daquilo. Deu um sorriso irônico ao ouvir a sugestão. - Claro, vamos só nos machucar seriamente antes. - respondeu, revirando os olhos com raiva. Seu cérebro girava rápido, analisando suas possibilidades, até que ela teve uma ideia, não realmente uma solução e, sem dúvidas, não um plano de ataque, mas era o melhor que conseguia pensar com seu cérebro meio enevoado pela bebida. Abriu um sorriso desafiador e aproximou-se do pirata, como se não houvesse uma espada entre ele, até deixar a espada tocando seu peito e depois encarou Torrhen. - Pronto, agora fica mais fácil me matar. - falou com voz inocente e alta, para que todos no lugar ouvissem. Se não podia superá-lo em combate, podia desafiá-lo perante uma boa plateia. - Que acha de atacar uma oponente a sangue-frio? - seguiu desafiando, cada vez mais alto, chegando mais perto dele. Claro que sua postura era de completa bravura e provocação, mas por dentro questionava-se se havia sido uma boa ideia e se ele não iria matá-la de qualquer jeito. Se a luta fosse sem armas ou se fosse para matá-lo sorrateiramente, ela venceria com facilidade, mas no combate corpo a corpo ela era fraca e quase indefesa, só tinha sua inteligência e audácia a seu favor.

Ao ouvir a sugestão de Torrhen, a mulher deu outra resposta cheia de sarcasmo. Ele não pôde deixar de rir, dando de ombros. Gostava da atitude dela. Quando o pirata acreditou que Rhaenys iria ataca-lo, ela a surpreendeu mais uma vez, aproximando-se ainda mais de sua espada, deixando-a tocar seu peito. O bastardo franziu o cenho ao observar aquilo, escutando-a falar. Com certeza aquilo seria fácil, muito mais do que ele esperava. Segurou firme no cabo da espada, pressionando sua ponta contra a pele da jovem, vendo um pouquinho de sangue começar a jorrar. Fazia tempo que o ex-mercenário via sangue e aquilo era um deleite para seus olhos. O álcool em seu sangue deixava-o quente, com ainda mais vontade de mata-la. O rapaz adorava a visão de um cadáver recém-criado. Mas, no último momento, respirando fundo, Torrhen controlou-se disse:
- Você é corajosa, Rhaenys. Devo admitir. – Ele sorriu. – Mas não irei cair nessa. Você é uma mulher... interessante – era perceptível a admiração na voz dele, apesar de admitir a contragosto. – Não quero mata-la, apenas te conhecer melhor.
Recuando um passo, ele manteve sua espada entre ambos, seu antigo sorriso voltando ao rosto enquanto tentava controlar sua respiração que havia começado a ficar pesada momentos antes. Umedecendo os lábios, ele prosseguiu.
- Mostre-me a mercenária que havia dito que era. Quero muito ver isso.
O bastado parecia decidido. A mulher o convenceu de que era uma boa mercenária e ele queria ver o quanto daquilo era verdade, queria saber se ela era como ele ou como seu antigo mestre.

I'm not spending any time, wasting tonight on you. You know, I've heard it all, so don't you try and change your mind cause I won't be changing too, you know. You can't believe, still can't believe it, you left in peace, left me in pieces, too hard to breathe, I'm on my knees right now.

Ela encarava fixamente o homem a sua frente, esperando por sua reação, sentindo-se tremer um pouco por dentro. Fora ou muito idiota ou muito audaciosa ao fazer aquilo e já estava arrependida. Não havia sentido arriscar sua morte numa briga tola de bar. Tinha um serviço em andamento, seu quarto no bordel, não tinha porque entrar numa luta com um homem 30 centímetros mais alto e muitos quilos mais pesado, além de carregar uma espada, seria estupidez e se havia algo nesse mundo que a mercenária não era, era estúpida.
Mordeu o lábio ao sentir a ponta da espada perfurando seu peito e engoliu ao sentir o sangue começar a sair. Seus olhos mal piscavam, apavorada com a reação que ele poderia ter, se perguntando se o subestimara e ele não teria problema nenhum em matá-la no meio de tantas testemunhas. Todas aquelas ponderações duram alguns segundas, mas em sua cabeça parecia ter transcorrido uma eternidade. Por sorte, ele não estava fazendo mais força com a espada ou qualquer movimento que indicasse que iria executá-la. Mordeu mais forte o lábio, segurando sua adaga com força, ainda que ela fosse quase inútil naquele momento. Soltou o ar que nem percebera que estava segurando quando ouviu as palavras dele. Forçou um sorriso irônico, sabendo que sua capacidade interpretativa maquiava qualquer sinal de fraqueza que poderia ter. - Obrigada, Torrhen, muito me agrada saber que reconhece minha coragem. - respondeu, entre o sarcasmo e a gentileza, mas ainda um pouco nervosa com a espada apontada para seu peito. - Ah, bem, por um momento achei que tudo o que lhe interessava era me ver jogada nesse chão, perdendo até a última gota de sangue, fico feliz em saber que não. - mesmo em situações de completo estressa, a mercenária não conseguia controlar sua língua afiada. Ficou aliviada ao ver a espada afastando-se, junto com o homem, ainda que ele seguisse a empunhando entre os dois. Deu mais dois passas para trás, ficando ainda mais distante do pirata, se ele quisesse acertá-la, não seria tão facilmente.
Confessava internamente que aquilo a deixara excitada, ainda que sua vida houvesse corrido risco, era mercenária, afinal de contas, vivia no limite. Sorriu ante o desafio dele, o primeiro sorriso genuíno que dava. - Bem, seria encantador, caro Torrhen, porém terá de ficar para outro momento. - respondeu, recuando um pouco mais. - Se quiser, de fato conversar, apareça no bordel Flor da Meia-Noite, na Rua da Seda e podemos fazer mais do que apenas bater um papo. - convidou, piscando com malícia ao finalizar a frase. Encarou o pirata, ainda dividida entre ir embora ou não. Não ligava se ele pensasse que se acovardara, seu instinto de sobrevivência falava mais alto que seu orgulho, mas algo a fazia ainda seguir ali, a certa distância, encarando o pirata.

Um misto de sarcasmo e delicadeza estavam presentes na voz da jovem, suas palavras eram, como sempre, para provocar. O pirata limitou-se a sorrir, ainda a observando. Enquanto ela se afastava, Torrhen franziu o cenho. Ficou óbvio que ela não queria lutar. Suspirando e dando de ombros, ele voltou a embainhar sua lâmina, claramente decepcionado, e ouviu seus homens praguejando em voz baixa.
Relaxando sua posição, o bastardo viu-a sorrir e, pela primeira vez, aquele sorriso parecia sincero, não parecia conter o sarcasmo habitual. Ele estranhou bastante.  Mais uma vez Rhaenys recuou, sua voz agora mais calma. Apesar dos problemas de antes, duas sugestões vieram da jovem que, ao fim, piscou com malícia. Aquilo pegou o Pyke de surpresa e apesar do sorriso que surgiu em seus lábios, ele não tinha certeza se o que ela sugeriu era sério.
Mesmo despedindo-se, a mercenária não saiu do lugar, permaneceu afastada encarando Torrhen. Talvez ela não quisesse realmente ir, talvez tenha só ficado assustada. O bastardo falou com o dono do bar - que também parecia com medo após aquela cena - dois copos de cerveja, que não tardaram a chegar até as mãos do pirata. Apoiando-se na mesa e ficando de frente para ela, o rapaz estendeu-lhe um dos copos.
- Sente-se aqui, eu disse que lhe pagaria uma bebida. Podemos conversar como pessoas civilizadas, apenas bebendo – um sorriso malicioso despontou em sua face – e depois podemos passar nesse bordel para termos uma “conversa” um pouco mais íntima.

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Os olhos de Rhaenys seguiam olhando o pirata, enquanto ela decidia se ia ou não. Claro que tinha ir, já estava tarde, tinha bebido mais do que deveria e ainda por cima, tinha se metido numa briga sem sentido, só porque o pobre pirata bobão não aguentava um pouco de provocação sexual, a menos que viesse dele. Homens sendo homens, como sempre. Ela havia dito o que queria e o que não queria e quando ela havia decidido tomar uma atitude, o que ele havia feito? A beijado sem permissão e a ameaçado. Aquele Torrhen era perigo, havia ficado claro e, se ela fosse sensata, deveria ir embora e nunca mais pensar nele, mas ela nunca fora sentada, isso era certo. Ele era excitante com toda aquela aura de perigo, ela gostava de perigo, desde que não arriscasse sua vida, obviamente.
Mesmo tendo se despedido, a idiota ficou ali parada, esperando por algo que ela nem sabia o que era, até o pirata pedir mais duas cervejas e lhe oferecer uma. Sua adaga ainda estava em sua mão, ainda que Torrhen tivesse embainhado sua espada. O encarou por alguns segundos, em dúvidas, até baixar a adaga e aproximar-se devagar da mesa, como um animal desconfiado e arisco. - Nada de armas? - perguntou com os olhos semi cerrados, avaliando a atitude dele, que de fato parecia não estar próximo de atacá-la de surpresa. Pegou a outra caneca e ficou de frente para ele, sem aproximar-se muito. - Gostou da ideia do bordel, é? Ia querer quem: eu ou alguma das meninas? - sua pergunta era carregada de malícia e provocação. Sabia que não deveria ir por esse caminho de novo, mas não conseguia evitar, era como se ele despertasse esse seu lado. Tomou um pequeno gole e sorriu sugestivamente para o pirata, depois se xingou mentalmente, mas não conseguiu desfazer o maldito sorriso. - O que que há em ti que me faz querer te socar, mas ao mesmo tempo, mas faz querer te levar para a cama? - não sabia bem se o estava questionando ou pensando em voz alta, mas não importou-se, aquilo a estava intrigando mesmo.

Torrhen permaneceu fitando a mulher enquanto ela se aproximava devagar, provavelmente ainda com medo. De certa forma, aquilo o agradou. O pirata deixou escapar uma fraca risada ao ouvir a pergunta dela.
- Sem armas – ele prometeu.
A mulher pegou a caneca que o rapaz havia oferecido a ela, mas ainda manteve certa distância, coisa que divertiu o homem. Ela parecia não confiar nele. Bebendo um pouco da cerveja, o bastardo ouvia-a perguntar do bordel. Torrhen apenas riu e coçou sua barba antes de responder sem hesitar:
- Escolheria você.
Ambos bebiam devagar, sem pressa alguma de finalizar o conteúdo de seus copos, porém desta vez, Rhaenys mantinha aquele sorriso anterior. O pirata se surpreendeu. Ele não sabia que ela poderia sorrir sem sarcasmo por tanto tempo. O bastardo ponderou antes de responder aquela pergunta.
- Eu disse que você é interessante, Rhaenys, e bonita também. Chamou-me a atenção de várias formas. – Bebendo um pouco mais, ele prosseguiu: - E você? O que a fez me tratar com frieza antes e depois me chamar para o bordel? – Os olhos dele fitavam o rosto da mercenária, mas, algumas vezes, desciam para o corpo dela. O pirata estava bêbado demais para notar se ela reparou naquilo.

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Uma gargalhada escapou dos lábios da loira ou ouvir a resposta rápida dele. Gostou daquilo e sorriu enquanto bebia mais da cerveja para que ele não percebe o sorriso nos seus lábios. Já tinha demonstrado demais e não podia deixar tudo à vista, para que ele pudesse usar qualquer coisa contra ela. Relaxou um pouco, quando pareceu que o pirata só queria conversar, de fato e não iria atacá-la. - Bom saber, só me pergunto por que me beijou apenas para tirar minha adaga. - falou em resposta, o desafiando com o olhar. Ela queria se bater, não estava entendo seu comportamento. Não era uma sedutora, não choramingava nem ficava flertando com desconhecidos em tavernas. Talvez tivesse bebido mais do que imaginava ou fosse o fato de Torrhen ser um pirata, com a aparência meio perigosa, duas coisas que a fascinavam. Ela, uma mercenária apática, estava ali, tentando seduzir um pirata que a ameaçara com uma espada, depois de desarmá-la, é aquilo não fazia nenhum sentido e a deixava sentindo-se uma idiota. Ela bebeu mais um pouco da cerveja, ponderando a pergunta dele e o quão sincera seria na resposta. É, não seria completamente sincera, fora fria porque era fria e era sua primeira reação, mas começara a provocá-lo como um jogo, para irritá-lo e mostrar que ele não tinha poder nenhum naquela interação. Legal era que o feitiço virara contra a feiticeira e ela apenas se envergonhara desde que começara a falar com ele. Se tivesse um pouco mais de dignidade, já teria ido embora, mas obviamente não tinha nenhuma, pois seguia ali, bebendo e conversando, como se nada tivesse acontecido.
- Não sei, achei que talvez tu fosse ser interessante em outra situação - respondeu com provocação, sem falar o real motivo da coisa toda, mas se perguntando se aquele não havia se transformado no verdadeiro motivo. Afastou aqueles pensamentos, bebendo o resto da cerveja, ignorando o fato de já ter bebido mais do que deveria, já estava na merda mesmo, que diferença faria estar na merda e bêbada? Nenhuma, obviamente. - E o que lhe traz a Porto Real, bom pirata? - questionou, segurando a caneca e olhando Torrhen com real interesse.

Ao ouvir sua resposta, Rhaenys riu e isto fez o pirata franzir o cenho. Ele não viu graça nenhuma naquilo, mas não falou nada, apenas bebeu sua cerveja. A jovem bebia junto com o rapaz, parecendo estar menos assustada com as ações do pirata. Escutando o que ela falava, ele deu uma risada alta.
- Eu queria apenas tirar sua adaga de você. – Piscando para ela, ele continuou. – O beijo foi só um presente. – Após uma pausa, ele perguntou: - Foi tão ruim assim?
Torrhen terminava sua bebida, deixando o copo em cima da mesa. A mulher ainda mantinha uma certa distância dele e o bastado não sabia o motivo. Ela parecia estar ficando mais confortável em sua presença. A resposta para a outra pergunta veio após uma certa demora, fazendo o capitão acreditar que ela estava pensando em algo, então não deveria estar sendo completamente sincera no que diria.
- Em qual situação eu seria interessante de verdade?
Cruzando os braços, o bastado pediu mais dois copos e escutando-a enquanto esperava. Ao ouvir o que ela dizia, ele sorriu, aproximando-se dela.
- Vim trazer meus homens para que eles se divertissem e gastassem o que roubaram. – Em seguida, falou baixinho no ouvido da mercenária, para provoca-la. – Mas não imaginei que fosse encontrar alguém como você.
Ele afastou-se dela, pegando o novo copo e antes de voltar a se encostar nada mesa. Balançando a cabeça, ele convidou-a para chegar mais perto.
- Não precise ficar tão distante. Eu não mordo... - ele sorriu de forma lasciva. - com força.