[RP Fechada] Flashback - The Castle

The Next Step

Pacientemente, o senhor de Vaufreixo aguardou a chegada de Daruos ao salão de guerra de Vaufreixo. Havia mandado um escudeiro convocar o meistre em seu nome alguns instantes antes, então sabia que o homem não demoraria a chegar ao local. No meio tempo, o rapaz organizou as suas ideias, deixando alguns livros sobre a mesa para que pudesse começar os seus estudos tão logo quanto o mais velho terminasse de tirar suas principais dúvidas. Estava na hora do Ashford trazer avanços à cidade que governava, e para isso ele teria de aprender muito. Seria um trabalho árduo, mas nada que não estivesse pronto para encarar, desde que soubesse – e sabia – que o final traria recompensas.

— Mandou que me chamassem, meu lorde? — perguntou o meistre, ao aproximar-se da porta. Sua voz trazia um tom leve de interesse, além de clara curiosidade. Garad olhou nos olhos de seu tutor com bondade, acenando com a cabeça e apontando para a cadeira ao lado da dele, um convite para que Daruos se sentasse. E assim o homem fez, antes de se dirigir ao seu senhor novamente. — O que posso fazer pelo senhor?

— Daruos, sobre os elos que traz em sua corrente...— começou, apontando para o longo colar composto por vários elos de metais diferenciados. Vários deles sequer eram reconhecidos pelo homem, embora ele pudesse identificar ouro, aço, ferro e bronze. Sabia que cada metal era ligado a uma diferente área de conhecimento, e que um meistre só recebia seus elos ao dominar tal área, portanto prosseguiu com sua pergunta. — Você adquiriu algum dos metais por conhecimento em engenharia?

— Na verdade, sim, meu senhor — disse o homem, simplesmente. Levou a mão a um dos elos, feitos de um metal que Garad nunca havia visto antes, ou ao menos não sabia reconhecê-lo, e então abriu um sorriso que demonstrava orgulho. — Um de meus primeiros elos, na verdade. Ainda era um noviço aprendiz quando o consegui. Mas por que pergunta?

— Eu quero que me ensine tudo o que você sabe nessa área, Daruos — disse, com a firmeza de um lorde, apesar de saber que o tutor nunca negaria conhecimento a qualquer pessoa, fosse ela o rei ou uma criança plebeia. — Tenho grandes planos para Vaufreixo... Planos de tornar essa cidade tão grande quanto ela deve ser, e tão rica quanto os próprios Hightower. Quem sabe até mesmo os Lannister.

— Admiro muito a sua dedicação e ambição, meu senhor — disse o meistre, com um sorriso divertido no rosto. O lorde podia ver a curiosidade em seus olhos, e sabia que suas palavras haviam sido o bastante para que o meistre desse tudo de si para ensiná-lo. — Se acredita que conseguirá alcançar esse objetivo, sabe que pode contar comigo para tudo o que precisar. Podemos começar imediatamente, se quiser.

— Se não for incomodá-lo — disse o lorde, com cordialidade, apesar de saber que Daruos jamais colocaria as próprias tarefas antes da vontade de seu senhor.

— Certamente que não... — respondeu. — Diga-me por onde quer começar, meu senhor. Tem muito a aprender se realmente deseja alcançar tamanha grandeza, então pode contar comigo a qualquer hora que precisar.

— Antes de qualquer coisa, eu desejo aprender sobre castelos. Em especial, este castelo — disse o lorde, olhando ao seu redor. — Eu vivo aqui há meses, passei grande parte da minha infância aqui, e ainda não tenho conhecimento de todos os segredos que esse local guarda. Você serve a este lugar desde que o meu pai era jovem, então me diga tudo o que puder dizer sobre estruturas, funções, tudo o que eu tenho de saber sobre a minha própria fortaleza, e também sobre outras. Enfim, apenas diga-me o que puder.

— Como queira, senhor... — disse o homem, simplesmente, parando por um instante para pensar em por onde deveria começar. — Bem, vou começar descrevendo a estrutura básica, mesmo que você já a conheça. Toda a construção externa do castelo de Vaufreixo foi feita em blocos de pedra, espessos o bastante para garantir uma proteção quase absoluta àqueles que se refugiam em seus muros. O castelo tem uma forma triangular, pois assim... Não, pensando melhor... Por que não tenta me responder essa, meu senhor? Qual a utilidade de um castelo assim?

— Bem, creio que isso ajude na proteção — disse o lorde, após pensar levemente. O meistre acenou a cabeça positivamente, indicando que ele estava certo, porém não falou mais nada. Queria que o lorde explicasse porque exatamente um castelo assim era mais bem protegido, e isso o Ashford não sabia responder. Precisou pensar por longos segundos para conseguir uma resposta que ao menos julgou aceitável. — Um castelo triangular, com três torres de vigília, como o nosso, diminui a possibilidade de uma aproximação sutil. Sua forma é menor e compacta, e portanto é mais fácil de vigiar, visto que de cada torre um guarda é capaz de observar dois terços da estrutura.

— Precisamente, meu senhor — o meistre acenou a cabeça positivamente mais uma vez, com um sorriso no rosto. — Agrada-me ver o quanto evoluiu em tão pouco tempo. Quando chegou à Vaufreixo após a morte de seu irmão não possuía qualquer conhecimento sobre esses assuntos. Bem, continuando na linha das defesas do castelo, estamos cercados por um grande fosso, alimentado pelas águas do Molusqueiro que passa por nossa cidade. Desse modo, é extremamente difícil para um inimigo penetrar as defesas dos Ashford, já que a única entrada conhecida por eles é através da ponte levadiça logo na entrada do lugar...

E assim, ambos continuaram a falar a respeito das estruturas de Vaufreixo, e sequer perceberam quando a noite caiu, apenas sendo alertados disso quando uma das servas apareceu para avisar a eles que o jantar estava prestes a ser servido.

— Bem... Creio que pararemos por agora, meu senhor — disse o Meistre, parecendo completamente frustrado. De certa forma, Garad também estava. — Mas ainda há muito para ser aprendido, encontre-me nesta sala amanhã, estarei aqui na primeira luz do dia.

— Tenha certeza de que eu estarei aqui também, Daruos — disse o lorde, levantando-se da mesa em seguida para dirigir-se ao seu salão principal.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

O sol nem havia nascido, mas o senhor de Vaufreixo já estava de pé, pronto para mais uma das aulas de Daruos. Iluminado pelos archotes da sala de guerra, Garad estava ansioso demais para conseguir dormir, e por isso apenas aguardou com certa impaciência pelo horário do meistre acordar. O homem havia dito que estaria lá na primeira luz do dia, então não deveria faltar muito. Ao menos, era o que o rapaz achava, pois cada segundo naquele local se provou parecer uma eternidade. Entediado, levantou-se e começou a andar de um lado para o outro na grande sala, suspirando pesadamente. Colocou a cabeça para fora da janela, olhando para o céu, e não havia nem mesmo um indício de que o sol estivesse perto de nascer.

Finalmente cansado de esperar, o lorde simplesmente pegou um dos livros que havia selecionado. O item era extremamente desleixado, com folhas desiguais e mal presas, além de uma das partes da capa estar faltando, mas ainda assim o Ashford sabia que se tratava de um bom material para estudo. Havia aprendido a reconhecê-los depois de tantos meses fazendo pouca coisa além de ler. O exemplar tratava acerca de castelos no geral, basicamente o mesmo que já estava estudando com Daruos, e por isso o rapaz simplesmente pulou todas as partes que já havia visto, parando apenas na metade do livro, no capítulo que falava sobre as formas de defesa de um castelo.

Leu rapidamente, praticamente ignorando, os trechos que tratavam sobre fossos. Já havia estudado isso o bastante no dia anterior para saber suas funções e como eram feitos, então procurou por outras estruturas que ainda lhe fossem desconhecidas. Teve de passar duas páginas antes de encontrar algo que realmente lhe despertou interesse. Aquele capítulo em especial falava a respeito das torres de um castelo. Como exatamente eram feitas, quais as suas funções principais, formas de guarnição e características específicas. Entusiasmado, Garad foi atrás de uma folha em branco, e de pena e tinta. Sempre tinha os itens naquela sala, pois era acostumado a usá-los, mas dessa vez tinha algo diferente em mente.

— “As torres integram as mais importantes partes de um castelo, sendo responsáveis pela sua defesa primária” — leu o senhor de Vaufreixo, em voz alta, ao mesmo tempo em que molhava a pena na tinta, preparando-se para realizar seu projeto. — “Os mais conhecidos tipos de torre são os que se integram à muralha do castelo protegido, no entanto, é possível encontrar torres nas áreas internas ou externas de um castelo, conectadas a eles ou não. Suas principais formas são a circular, a triangular e a quadrada, embora não haja ao certo um padrão, podendo ter qualquer forma desde que sirvam ao seu propósito.”

Terminando de ler, o homem começou um pequeno desenho em sua folha, projetando uma torre que em sua concepção seria a perfeita. Começou a desenhar da mesma maneira que via no livro, uma estrutura em formado circular, extremamente alta – elevando-se muito acima da estrutura do próprio castelo – e imponente. Desenhou também as muralhas, embora não tenha dado atenção a elas, ao lado da estrutura. Ao seu ver, as torres mais eficientes eram aquelas integradas ao próprio castelo, tanto devido à sua resistência quanto à posição estratégica na defesa. Terminada essa base, continuou a ler.

— “Pela sua altura, as torres servem muito bem a arqueiros, que possuem liberdade para atirar de diferentes ângulos e com poucas barreiras impedindo a sua mira, de tal maneira que tiros precisos são bem mais comuns que em um campo de batalha aberto”— com cuidado, o senhor de Vaufreixo começou a esboçar pequenos espaços para os arqueiros de sua guarnição, de modo que eles poderiam disparar livremente e sem empecilhos. — “Há também as torres conhecidas como Atalaias, externas ao castelo, que ficam em um ponto estratégico afastado do local protegido. Sua função é a de avistar e identificar inimigos, e então passar um sinal aos defensores do castelo, de modo que eles possam acionar suas proteções com antecedência.”

O lorde parou por um instante, analisando bem essa última parte. Atalaias... Ele poderia posicionar uma em cada um dos pontos cardeais, próximas ao castelo. Dessa maneira, poderia tomar providências imediatas a qualquer ameaça, além de saber exatamente de onde vinham os atacantes. O rapaz tratou de escrever todo o trecho sobre as atalaias em outra folha, marcando que pretendia fazê-las futuramente, bem na hora que Daruos se aproximou.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

Ao ouvir os passos lentos de Daruos ficando cada vez mais próximos da sala de guerra, o senhor de Vaufreixo olhou para a janela, percebendo uma leve indicação de que o nascer do sol estava perto. Uma pequena luz vermelha cortava o negro da madrugada, o que significava que o meistre havia chegado com completa pontualidade. Ainda assim, o lorde não estava mal por ter acordado mais cedo e iniciado os seus estudos, afinal agora tinha um pequeno projeto em mente, além de muito mais conhecimento do que antes. O rosto de Daruos apareceu na porta, provavelmente curioso para saber quem havia acendido os archotes, e um sorriso satisfeito surgiu ao ver o Ashford já estudando.

—Perdão, meu senhor. Eu te fiz esperar muito? — perguntou, com uma voz humilde. Garad pôde ver os olhos sábios movendo-se pela mesa, passando pelo pequeno projeto que o lorde havia desenhado e logo em seguida para o livro que se encontrava aberto na mesma página, sobre torres. — Pelo visto teve bastante tempo para estudar sem mim.

— Ah, não se preocupe, Daruos. Eu é que me levantei muito cedo, não consegui pegar no sono — respondeu o lorde, cordialmente, ao mesmo tempo em que organizava a bagunça que havia feito antes. — E sim, resolvi ocupar meu tempo aprendendo um pouco mais antes de chegar aqui. Espero que não veja problemas nisso.

— De forma alguma! — respondeu o meistre. — Você é o senhor deste castelo, ninguém verá problema algum em nada que o senhor fizer — o meistre aproximou-se do lorde, mas não se sentou. Parecia ter outra coisa planejada, pois, no lugar disso, fez um sinal para que o Ashford levantasse, ao mesmo tempo em que falava com ele. — Vamos dar uma caminhada hoje, meu senhor. Visitar as partes do castelo que eu quero que você conheça, acho que será melhor para o seu aprendizado se você tiver a chance de analisar tudo na prática.

— Claro, Daruos — respondeu o senhor, guardando o desenho feito entre as folhas do livro e colocando-se de pé. O meistre imediatamente começou a deixar a sala de guerra, sem dizer qualquer outra palavra, e o lorde o acompanhou. Ambos caminharam devagar, sentindo a brisa fria da madrugada em seus corpos, e nenhum disse sequer uma palavra em sua ida para onde quer que fosse. O meistre conhecia o castelo como ninguém, e ditou todo o caminho. Apenas quando abandonaram a estrutura principal do lugar, o lorde percebeu que se dirigiam à muralha.

Quando saíram da proteção das paredes de pedra, para a pequena “ponte” que levava aos muros, o Ashford não pôde deixar de olhar para as numerosas estrelas, e diferentes constelações. Queria conhecê-las, porém sequer sabia o nome de uma delas. Aquele seria um projeto para outro momento, quando tivesse tempo para simplesmente parar e aprender a desvendar os mistérios que elas revelavam. Naquele instante, tinha coisas mais importantes a fazer.

Junto de Daruos, o rapaz subiu as escadas de Pedra, e finalmente chegaram à primeira estrutura que visitariam. As muralhas do castelo eram extremamente largas, de modo que quatro pessoas poderiam passar lado a lado sem problemas. Construídas maciçamente com blocos de pedra, aquelas eram as proteções primárias de sua fortaleza, com vinte metros de altura – sendo que as três torres ainda estendiam-se por mais dez – e capazes de aguentar fortes ataques de inimigos e resistir a um cerco sem dificuldades.

— Começaremos por aqui, meu senhor — disse Daruos, finalmente falando algo. O senhor então caminhou até a parede externa da muralha, que possuía diversas aberturas, grandes o bastante para que uma pessoa pudesse se encaixar. — Isso é chamado de ameia... Cada um desses buracos é uma delas. Pode me dizer pra que exatamente as ameias servem?

— Claro... — respondeu o lorde, sem sequer precisar pensar para responder. Aquela, pelo menos, era uma pergunta fácil. — Elas servem para que arqueiros consigam atirar sem comprometer sua segurança, já que é muito difícil acertar um deles entre as paredes, e, além disso, eles podem atirar e logo em seguida voltar à segurança.

— Uma descrição precisa, meu senhor... De uma seteira — respondeu o meistre, com uma expressão que tentava passar tranquilidade para o lorde. — Vê que, intercaladas com as ameias, existem aberturas mais finas? Estas possuem a função que acaba de me descrever, proteger e facilitar o tiro. As ameias, no entanto, são aberturas que servem para a visualização de inimigos. Graças ao seu tamanho, não seriam tão úteis na defesa dos arqueiros. Ainda assim, foi uma bela percepção.

— Ah... Entendo — respondeu o lorde, decepcionado. Tinha certeza de que estava certo, o que apenas tornava o erro ainda pior. — Bem, obrigado pelo esclarecimento, Daruos — seu tom de voz foi um pouco mais seco em sua última frase, mesmo que não intencionalmente. — Algo mais a aprender sobre as muralhas?

— Não exatamente sobre as muralhas, mas ainda fazendo parte delas, quero te falar sobre... — e foi então que ambos viram, passando rápido pelo céu. Um grande corvo negro, bem maior que a maioria de sua espécie, cruzando o local com maestria e parando em um ponto afastado da muralha, e então aguardando que fosse receptado. — Volto logo, meu senhor. Aguarde-me no topo da terceira torre, é lá que continuaremos o nosso estudo.

— Estarei lá — respondeu o lorde, deixando que Daruos fosse fazer o seu trabalho.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

Por algum motivo, o vento parecia ser ainda mais gelado quando o lorde chegou ao ponto mais alto de seu castelo, a terceira das suas três torres de vigilância. No momento em que viram o homem se aproximando, os três guardas que guarneciam o local naquele instante levantaram-se e reverenciaram ao seu senhor, voltando aos seus postos após receberem um cumprimento amigável em retorno. Garad sentia-se estranhamente livre naquele lugar, sentindo o vento atingi-lo com ainda mais intensidade, e não pôde deixar de se apoiar no parapeito e olhar para toda a cidade abaixo, com um sorriso leve que demonstrava o orgulho que sentia de estar no comando de Vaufreixo.

Poucos minutos depois, o Ashford pôde ver Daruos caminhando na muralha, na direção da torre, e então se afastou para aguardar que ele subisse as escadas – o que fez com demasiada rapidez para alguém de sua idade – e continuasse com a sua pequena aula a respeito das estruturas do castelo de Vaufreixo. Quando o sábio chegou ao topo, no entanto, Garad percebeu que seu semblante parecia preocupado, e bem mais pesado que antes. O lorde temia que o corvo trouxesse más notícias, e por isso foi apressadamente ao encontro do homem.

— Algo de errado, Daruos? — perguntou, demonstrando preocupação.

— Não é nada que deva te preocupar, meu senhor... — respondeu o meistre. Seu rosto parecia carregar pesar, talvez até mesmo dor, como se o simples fato de respirar doesse, mas ainda assim ele permanecia firme. — O corvo era pra mim... Minha irmã mais nova está morta.

— Oh... Eu... — começou Garad, sem saber o que dizer. Se havia algo que ele nunca aprenderia a lidar, independente de quanto tempo se passasse, era a morte de alguém próximo a ele ou a alguém de sua estima. Ainda assim, por mais vazio que pudesse soar, ele deveria dizer alguma coisa para o tutor naquele momento. — Eu sinto muito, Daruos. Não precisamos continuar com isto, irei preparar a minha comitiva e iremos ao Vale agora mês-

— Ambos sabemos que os rituais já estarão acabados quando a longa viagem até o Vale acabar, meu senhor — o meistre interrompeu a fala do lorde, suspirando profundamente logo em seguida, para continuar. — Além do mais, meu dever está aqui, neste castelo. Com o senhor e o restante de sua família, o senhor sabe disso. Devemos continuar, pois ainda há muito para se aprender, e o tempo pode ser cruel com as pessoas.

— Ao menos tire o dia de folga hoje, Daruos... — disse Garad, respeitando a escolha de seu tutor. Não queria obrigá-lo a viajar para casa, mas ao menos queria dar a ele tempo para passar o seu luto em paz. — Podemos continuar amanhã, ou quando estiver pronto, eu posso estudar por mim mesmo até lá.

— Não é necessário, meu senhor — respondeu o meistre, suas palavras carregadas de um sentimento que nunca antes vira no homem. — O silêncio e a calma apenas deixam espaços para pensamentos sombrios... O melhor neste instante é ocupar o meu tempo e a minha mente com aquilo que me traz algum conforto. E, nesse instante, isso é ensinar ao senhor.

— Se é assim que pensa, não irei contrariar, Daruos — disse, assentindo com a cabeça.

— Nesse caso, vamos prosseguir? — perguntou retoricamente, antes de continuar. — Eu não pude deixar de olhar o seu desenho na mesa mais cedo, meu senhor. Notei que seu projeto era o de uma torre circular, como esta em que nos encontramos, e devo dizer que possui uma boa percepção. As circulares são as melhores... Sabe me dizer por quê?

— Pelo que eu posso perceber aqui... — começou o lorde, olhando para todo o lugar logo em seguida, para que assim pudesse analisar os pontos fortes e fracos de uma estrutura como aquela. Assim como o restante da parte externa do castelo, era feita com grossos blocos de pedra, de modo a conferir proteção e defesa, mas isso era característico em qualquer tipo de torre. O que aquela tinha, que as outras não, era o que o homem precisava descobrir. Após um tempo analisando, deu sua resposta ao meistre, confiante. — Uma estrutura como essa permite mais ângulos de tiro aos arqueiros. Mais direções possíveis, espaços possíveis, além de conferir a eles uma defesa maior.

— Uma resposta precisa, meu senhor... Mas não é apenas isso o que ela faz — respondeu o meistre. Normalmente ele sorriria naquela hora, como sempre fazia quando o lorde acertava algum questionamento. Mas naquele instante ele permaneceu com a expressão fechada. — Uma torre circular é capaz de desviar flechas e outros projéteis disparados contra ela, enquanto as convencionais são completamente atingidas. Além disso, as pontas de torres quadradas e semelhantes são grandes pontos fracos, visto que podem ser destruídos com mais facilidade. Por fim, uma torre circular consome menos recursos, o que torna o projeto bem mais barato de se construir. Em minha opinião, é a torre perfeita.

— Entendo... Realmente, parece ser a melhor das opções — disse Garad, repetindo em sua mente os detalhes que o meistre havia citado, para que assim ele não se esquecesse de nenhum deles.

— Agora, vamos descer um pouco, para a camada logo abaixo desta — disse o meistre, e ambos começaram a descer a escada circular da torre, até chegar em uma espécie de câmara. Esta era muito mais fechada que a de cima, e não havia espaço algum para arqueiros. No entanto, a câmara tinha quatro aberturas entre a parede e o chão. Aquela parte da torre estava completamente lotada de pedras que, pelo tamanho, pareciam muito pesadas. Havia também caldeirões com óleo e materiais para fazer fogo. — Pode me dizer pra que servem aquelas aberturas, meu senhor?

— Bem... Eu não as conheço, porém consigo interpretar suas funções baseando-me no que vejo aqui — começou o lorde. — Daquele espaço, meus guardas podem atirar pedras e óleo fervente sobre as cabeças de meus inimigos, certo? Além de outras coisas, caso seja necessário. Isso pode matar uma grande quantidade de oponentes, além de retardar muito o ataque.

— Exatamente, senhor. Esses buracos são chamados mata-cães, e estão espalhados não apenas na torre, mas em toda a sua muralha. Não importa o ponto que escolham para atacar, aqueles que chegarem perto demais estarão ao alcance de nossas defesas — respondeu o meistre, com um aceno de cabeça. — Agora, por que não fazemos uma pequena pausa? O senhor deve estar com fome, e eu tenho um corvo para enviar ao Vale. Podemos nos encontrar na torre central do castelo, em uma hora?

— Certamente, meistre — respondeu o lorde, com um aceno de cabeça. Não se sentia com fome, e muito menos queria parar, porém precisava dar a Daruos o espaço que ele precisava, e por isso apenas deixou que o sábio tratasse de seus assuntos.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

Calmamente, o lorde de Vaufreixo caminhou na direção da torre central de seu castelo. Havia acabado de sair de um farto café da manhã ao lado do que restava de sua família, e, portanto, não se sentia disposto para andar apressadamente e nem tinha motivos para tal. Ainda faltavam alguns minutos para a hora que havia combinado de encontrar Daruos, então apenas permitiu-se demorar o máximo que podia, conseguindo assim descansar um pouco antes de finalmente chegar ao local. O meistre ainda não estava lá, o que preocupava um pouco ao lorde. Não sabia como o homem estaria após as notícias que recebera, e começava a achar-se um pouco imprudente de tê-lo deixado sozinho.

Ainda assim, tinha confiança em seu tutor, e acreditava que ele não seria capaz de fazer qualquer besteira. Por esse motivo, tentou respirar fundo e começar uma pequena análise no local antes mesmo da chegada do sábio, assim seria capaz de responder com maior facilidade às perguntas que ele fizesse. Garad então olhou ao seu redor, tentando observar tudo o que havia para se ver ali. Aquela torre constituía a maior estrutura do castelo, em questão de tamanho e capacidade, e devia ter no mínimo a mesma altura que as torres de vigília. Havia muitas salas, todas elas com comida e água estocada, o suficiente para alimentar todas as pessoas do castelo por um ano ou mais.

O Ashford continuou a andar, subindo para a parte mais alta da torre. Nela, havia muitos mata-cães, e uma quantidade de pedras extremamente maior que a que tinha visto na torre anterior, assim como óleo e muita munição para arcos e bestas. Ao subir ainda mais, o rapaz viu as diversas ameias e seteiras ao longo de toda a estrutura circular da torre, e muitos arcos e bestas prontos para o uso. Havia também aljavas e mecanismos para carregar as bestas com mais facilidade. O lorde aproximou-se de uma das armas, segurando-a com firmeza e apontando, para assim averiguar a mira e o funcionamento das seteiras.

— Vejo que já começou sem mim — disse o meistre, após subir toda a escadaria. Garad deixou a arma no chão, virando-se para olhar o tutor. Os olhos de Daruos estavam um pouco avermelhados, mas, apesar disso, ele trazia um leve sorriso em seu rosto. O rapaz não sabia até que ponto aquele sorriso era sincero, mas não o importunaria. Se ele dizia estar disposto e queria ajudá-lo, então o Ashford apenas aceitaria a sua vontade. O lorde começou a caminhar na direção do mais velho, quando foi interrompido — Fique aí, meu senhor. Começaremos falando um pouco da parte superior, e logo em seguida descemos.

— Como quiser, Daruos — respondeu o lorde, aguardando então que o meistre se aproximasse.

— Diga-me o que vê, quando olha a partir deste ponto em que estamos, meu senhor — disse Daruos, começando com suas questões. O lorde olhou em volta, avistando toda a estrutura de seu próprio castelo. Os pátios, as muralhas, cada um dos caminhos que podiam levá-lo até aquele ponto, tudo estava ao seu alcance de visão. Pensando nisso, o lorde respondeu.

— Sou capaz de ver todo o castelo... O que significa que em tempos de guerra eu veria qualquer inimigo se aproximando de qualquer ponto — começou, olhando mais uma vez, apenas para conseguir formular sua frase da melhor maneira possível. — Um arqueiro aqui conseguiria disparar flechas por todo o perímetro do castelo, graças à altura da torre.

— Muito bem, muito bem — respondeu o meistre, acenando com a cabeça e dando meia volta, para dirigir-se à escadaria. — Em sua subida, você deve ter notado que nos andares inferiores não existe qualquer abertura, certo. Além disso, para acessar essa torre, você precisou subir uma escada de madeira que sequer é fixa à parede, o que significa que ela pode, a qualquer momento, ser removida. Sabe me dizer por quê?

— Pelo que eu vi, esta torre é o último recurso do castelo — o lorde refletiu, pensando bem em tudo o que havia visto até aquele momento. As salas feitas especialmente para estocar mantimentos, as diversas armas e meios de defesa espalhados entre os andares, e as próprias características apontadas pelo meistre... Ele sabia perfeitamente o que era aquela torre. — Caso nossas muralhas falhem, essa torre é o mecanismo final de defesa, o refúgio para os habitantes do castelo. A escada é assim para que ela possa ser removida após a entrada na torre, impedindo assim que qualquer pessoa entre. É a fortaleza final de Vaufreixo.

— Exato, meu senhor! — respondeu o meistre, demonstrando uma animação que com certeza não sentia naquele momento. — Os engenheiros projetaram esse lugar como sua última defesa e como uma resistência quase perfeita aos ataques inimigos. Somos capazes de resistir a um cerco por um ano, e de combater nossos oponentes com facilidade daqui. Mas e se esse lugar... E se esse último recurso... Também falhar, meu senhor? Estaríamos presos aqui... Completamente sem saída, correto?

— Sim, isso é verdade... — disse o lorde, pensando no que exatamente o seu tutor queria dizer com aquelas palavras. E então a resposta simplesmente lhe ocorreu. — Precisamos construir uma passagem! Uma rota de fuga, que nos conecte diretamente ao lado de fora do castelo. Assim, caso essa última defesa falhe, podemos fugir sem sermos vistos pelos nossos inimigos.

— Meu senhor... Me acompanhe até o lado de fora do castelo — disse Daruos, com um olhar satisfeito, e começou a andar.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

O lorde levantou rapidamente da cama, assim que acordou, deixando um beijo de bom dia na testa de sua esposa e vestindo-se com velocidade para poder ir ao encontro de Daruos, como havia combinado na noite anterior. Seu treinamento havia se iniciado há quase um mês, e não havia mais nada a se ver sobre os castelos, permitindo que eles avançassem para o próximo estágio da engenharia de guerra, na qual o meistre era experiente: armas de cerco. O jovem havia adquirido muito interesse por elas enquanto estudava o modo de se proteger das mesmas, e por isso tinha muita vontade de ver como cada uma funcionava.

Não demorou muito para chegar ao salão principal do castelo, onde o senhor já o aguardava, recebendo-o com um cumprimento amistoso que foi igualmente retribuído. Logo em seguida, ambos começaram a andar para a área externa do castelo, onde mantinham coisas como aquelas – muito embora o lorde não soubesse exatamente onde, simplesmente porque nunca havia procurado descobrir. Os homens andaram alguns metros, dando praticamente meia volta no castelo e parando apenas ao chegarem próximos à muralha de trás deste, e o Ashford automaticamente parou para ver as estruturas enormes à sua frente. Sequer sabia o nome de algumas, ali.

A primeira parecia uma torre, tão alta quanto a sua própria muralha, ou talvez mais, erguia-se bem à sua frente. Algo que parecia ser couro revestia a madeira, e o lorde sentiu curiosidade em olhar seu interior. Não havia nada dentro, a não ser uma grande escada de madeira que levava até o topo e as estruturas de sustentação da própria torre, impedindo que ela caísse ou se quebrasse. Sob a torre haviam quatro rodas e seus sistemas, o que a permitia se mover com facilidade. Embora o jovem nunca houvesse visto algo como aquilo, não tinha dúvidas de sua função.

— Bem, meu senhor, vejo que está empolgada com esta em especial, então... Sabe me dizer o nome dela? — perguntou Daruos, tirando o lorde de seus devaneios empolgados sobre aquilo e trazendo-o novamente à realidade. Ele simplesmente não sabia, afinal nunca tinha estado em uma guerra antes, e tampouco haviam tentado utilizar algo assim contra o castelo de Vaufreixo. Com uma expressão descontente no rosto, Garad acenou negativamente a cabeça, e o meistre sorriu, tranquilamente. — Não se preocupe, não esperava que a conhecesse. Chamamos de torre de cerco, provavelmente imagina para que ela serve, não é?

— Se não estou errado, ela permite que tropas avancem sobre a muralha inimiga — respondeu o lorde, agora sorrindo. Não podia estar errado, tinha absoluta certeza daquilo mesmo sem qualquer experiência com as tais torres. — A escada permite que nossos homens escalem a muralha até o seu topo sem correrem o risco de receberem flechadas e outros tipos de ataque, graças à proteção da torre. Lá em cima provavelmente há uma espécie de ponte, para conectar os nossos homens à estrutura inimiga sem qualquer problema.

— Precisamente, meu senhor — o meistre sorriu, porém o Ashford pôde ver em seu rosto que havia mais. Não era apenas aquilo o que ele estava procurando, e portanto apenas aguardou que viesse a segunda pergunta. — Agora, diga-me, meu senhor. Por que o couro colocado sobre a madeira? Você conhece a função da torre, pense nisso enquanto estiver pensando na resposta.

— Eu... — o lorde pensou com calma, tentando ver qualquer função para aquilo. A madeira era mais resistente que o couro, então não podia servir para barrar ataques inimigos. Talvez fosse para camuflagem, porém não havia como camuflar algo daquele tamanho. Frustrado mais uma vez, balançou a cabeça em negação. — Não sei, Daruos.

— Bem, lembra-se de quando estudávamos nossas próprias torres e seus mata-cães? — o meistre perguntou, e Garad confirmou com a cabeça, para que ele continuasse. — E se os inimigos tentarem queimar nossa torre? Se atearem fogo a ela, além de perdermos nosso meio de entrada, ainda perdemos os homens que não conseguirem sair a tempo. Por isso, revestimos a madeira com couro, e molhamos o couro antes da batalha.

— Incrível — disse o lorde, afastando-se da torre para olhar melhor o couro. Realmente, era uma ideia genial.

— Bem, vamos continuando, meu senhor, ainda há muito a se ver hoje — o meistre disse, sorrindo.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Next Step

O lorde e o meistre andaram mais alguns metros para chegarem à próxima arma de cerco, afinal cada uma delas era tão grande que chegava a ser perigoso mantê-las próximas uma da outra. Pararam apenas ao chegar em uma nova estrutura, infinitamente mais complexa que a anterior, de modo que Garad ficou por alguns segundos apenas olhando para ela e sem saber direito o que pensar. Com a torre, bastou uma olhada para que ele soubesse exatamente a função de cada pequena estrutura, e também soubesse pra que a própria torre servia. Aquilo, ele sabia muito bem pra que servia, mas não tinha noção de como funcionava.

A estrutura, feita principalmente de madeira, consistia em uma enorme base retangular, onde eram apoiados dois triângulos feitos do mesmo material, um em cada lateral maior do retângulo. Por sua vez, na ponta dos triângulos, era apoiada uma enorme tora de madeira, inclinada em diagonal. Na parte de cima dessa tora, havia um grande peso em formato de um cubo, feito de algum metal que o rapaz não conseguia identificar, porém achava um milagre que ele não rompesse a estrutura que o mantinha preso e caísse no chão, afinal era muito grande.

Na parte inferior da tora, estava presa uma rede que se estendia, esticada, até a base, ficando entre os dois triângulos de sustentação. No final dessa rede havia uma espécie de cesta, contendo uma enorme pedra circular. Um par de roldanas, estruturas circulares com um apoio para serem giradas, estavam na base, uma na frente de cada triângulo, e conectadas a ela estavam cordas que prendiam ganhos de segurança à estrutura principal, impedindo assim que a pedra fosse disparada antes do momento certo. Havia também uma escada, que permitia chegar à parte superior daquilo, provavelmente para rearmá-lo. O jovem lorde continuou a encarar a arma por um longo tempo, até que a voz do meistre o chamou.

— E este, meu senhor? — começou, e o Ashford já sabia que não conseguiria responder à primeira pergunta: o nome do instrumento de guerra. Ainda assim, não queria dizer que não sabia, então tentou pensar em qualquer resposta que lhe parecesse pelo menos aceitável. — Sabe me dizer o nome dele?

— É uma catapulta, Daruos? — respondeu, porém, questionou ao mesmo tempo. Dessa maneira demonstrava que não tinha conhecimento a respeito daquilo, embora um pequeno fio de esperança surgisse. Conhecia o funcionamento das catapultas, apesar de nunca ter visto uma, então imaginou que aquela talvez fosse um tipo da arma, ou mesmo uma forma mais completa dela.

— Quase, meu senhor — e o fio se apagou completamente. — Este surgiu após a catapulta, embora eu sinceramente ache a primeira mais eficaz. Entretanto, a maioria não concorda comigo. Logo te mostrarei uma catapulta, assim posso te mostrar as diferenças, mas este se chama trabuco. Pra que ele serve?

— Ele dispara aquela pedra presa em sua cesta a uma grande distância, certo? — o meistre acenou com a cabeça, porém não continuou a falar. O lorde sabia que aquilo significava que ele queria uma resposta mais completa, e assim ele se pôs a pensar. Qual exatamente seria a utilidade daquela pedra? — Com o disparo, as muralhas inimigas ficam enfraquecidas e podem até ser quebradas, abrindo assim uma brecha para que as forças avancem pelo castelo inimigo.

— Muito bem, muito bem — disse o meistre. — Vi que ficou confuso, então tentarei explicar o máximo que eu puder. Aquela estrutura de metal é um contrapeso, quanto maior for este contrapeso, maior será a velocidade e a distância atingida pelo projétil. O trabuco se aciona quando se puxam as travas de segurança, fazendo com que o contrapeso caia, junto da tora de madeira, a uma velocidade enorme. Quando a outra ponta da tora está por cima, a corda dá uma volta sobre ela e então dispara a pedra de dentro da cesta, lançando-a até a muralha inimiga.

— E qual é o limite desse lançamento, Daruos? — perguntou o Ashford, curioso a respeito do item.

— Ele atingiria a torre central do seu castelo, caso fosse disparado daqui — respondeu o meistre. A distância realmente era enorme. — Porém, sua precisão não é tão alta assim, visto que a pedra é disparada em uma diagonal para cima, e não diretamente contra o alvo. Além disso, este trabuco é apenas um projeto. Como pode ver, não há rodas sob ele, o que significa que não podemos movê-lo a lugar algum. Nossos principais estão nas áreas estratégicas do castelo, das quais te falei antes.

— Entendo — o lorde assentiu com a cabeça, dando uma última olhada no trabuco. — Qual será o próximo, Daruos?

— Acompanhe-me, meu senhor, e verá — respondeu.

Habilidade Treinada:

® Credits to Lux

The Final Step

Mais alguns metros andados, o meistre e o lorde chegaram a duas estruturas bem menores que as vistas anteriormente, embora o rapaz soubesse que elas eram igualmente perigosas aos seus inimigos. A primeira delas lembrava em muito o trabuco, porém era bem menor, e tinha algumas diferenças. A base retangular não possuía um “chão” para apoiar o projétil, já que este era colocado sobre uma concavidade ligada a uma tora bem menor de madeira, lembrando uma grande colher. Os triângulos de sustentação erguiam-se acima da colher, e sobre ele havia uma espécie de ‘arco’. Sua corda, de material desconhecido a ele, ficava sob a colher.

Além daquela corda, havia uma segunda, presa justamente à concavidade e também à base, mantendo assim a colher curvada ao extremo. Não havia qualquer projétil naquela, porém o lorde sabia que este deveria ser colocado sobre o buraco na colher, para assim ser lançado até o seu objetivo. Além disso, aquela estrutura possuía também grandes rodas, o que permitia a ela ser movida, ao contrário do trabuco. Sendo assim, aquela deveria ser a...

— Esta é a catapulta, meu senhor — o lorde sorriu, feliz por ter reconhecido a tal arma, finalmente sabendo o nome de uma delas antes do meistre dizer algo. — Ao contrário do trabuco, é uma arma mais leve e muito mais precisa. Ela consegue disparar a uma distância tão boa quanto ele, porém a sua velocidade a torna mais destrutiva. Somando isto ao fato de que é fácil mover e mirar uma catapulta, o que dá a ela a tal precisão, essa é a arma de cerco perfeita, entre as duas. Primeiramente, ela pode atacar tanto a muralha quanto inimigos, e pode também ser usada em campo aberto, causando grandes baixas no exército rival.

— Realmente, esta me parece ser bem melhor — disse o senhor de Vaufreixo, quando Daruos finalmente deu uma brecha para que ele falasse. O meistre pareceu empolgar-se tanto com a sua explicação que sequer lembrou-se que quem deveria estar dizendo aquelas coisas era Garad, para que assim ele pudesse aprender. O meistre sorriu para o lorde quando ele concordou com sua opinião, e então o rapaz lembrou-se que havia uma outra estrutura. — E esta aqui, o que ela faz?

A arma apontada tinha um tamanho ainda menor que o da catapulta, porém ainda era bem grande. Consistia em um grande arco, virado na horizontal e apoiado em uma estrutura de madeira cuja utilidade o Ashford não compreendeu muito bem. O cordel do arco era preso em um gancho, que possuía espaço o bastante para ser puxado à tensão máxima. Esse gancho possuía uma corda ligada a uma espécie de carretel, que por sua vez ligava-se a uma espécie de roldana que permitia puxar o cordel sem qualquer esforço. Havia uma alavanca na lateral esquerda.

— Ah, esta é a balista — o meistre olhou para ela por alguns instantes. — Surgiu após a catapulta, acho que você já deve saber exatamente como funciona. Uma flecha proporcional ao seu tamanho é encaixada no arco, que é então tensionado ao máximo e o projétil é disparado, a uma distância muito maior que a da catapulta. A flecha é extremamente letal a linhas inimigas, embora não tenha um uso tão bom para as muralhas. As bestas foram criadas a partir das balistas.

— E pra que serve aquela estrutura de madeira ligada ao arco? — o rapaz perguntou, a curiosidade o fazendo imaginar diversas funções.

— Ah, você deve imaginar que uma arma desse tamanho não tem a mesma precisão de um arco, correto? — Garad acenou com a cabeça, e assim Daruos continuou. — Aquilo serve tanto para medir a trajetória da flecha, sabendo exatamente onde ela vai parar, como para corrigir o disparo, mudando a posição da balista. Isso garante que ela tenha seu potencial máximo explorado.

O senhor de Vaufreixo sorriu, sem mais perguntas. Um dia, queria ter a chance de disparar uma daquelas. Não desejava qualquer guerra, no entanto, e por isso sabia que seus desejos teriam que ficar para uma outra hora.

Habilidade Treinada:

- RP ENCERRADA

® Credits to Lux