[RP Fechada] Blackfyre History

Os dezoito anos vieram como um benção para Visenya. A Princesa sentia-se feliz e animada para descobrir o mundo e ver o que o futuro lhe trazia. Sua mãe pareceu ter percebido que aquela seria a idade onde Visenya começaria a desenvolver sonhos e ideias próprias, decidindo então ser o momento apropriado para dividir a história de sua família com ela e deixar por si mesma decidir se queria lutar pelo seu nome. Porém como a mulher ocupada e desapegada que era deixou Pyat Pree, que estava muito feliz em fazê-lo, ensinar-lhe sobre o seus antepassados e ajudá-la a fazer a escolha certa para o seu futuro. Era por isso que após o dia de seu nome estava sentada no escritório de Pyat Pree, esperando por sua presença. Sempre tinha aulas com o homem porém ele havia deixado claro que naquele dia seria diferente.

A princesa levantou-se quando o homem adentrou o recinto, sorrindo em direção ao seu mentor. O homem poderia parecer assutador para alguns, mas Visenya o conhecia desde que era uma criança e já havia criado um afeto imenso pelo homem. Gostava de pensar que ele sentia o mesmo, mas o homem era bastante misterioso. — Olá, Pyat! — disse animada, voltando a se sentar após recebê-lo. — Princesa. — disse reverenciando-a e então sentando-se atrás de sua mesa. O homem então tirou alguns livros e pergaminhos de uma gaveta e os colocou na frente de Visenya. — Sabe sobre o que falaremos hoje, princesa? — perguntou, começando a folhear os livros como se procurasse por algo.

— Não, mas você deixou claro que seria algo importante. Estou concentrada. — falou, tentando mostrar ao mentor que prestava atenção em seus ensinamentos. — Hoje, Visenya, falaremos sobre o seu nome. O nome Blackfyre. Conheceremos toda a história da sua família e como seus antepassados foram corajosos o suficiente para não se curvarem. Hoje também falaremos sobre o seu futuro, mas primeiro iremos estudar. — falou, a voz com um tom triunfal que só Pyat Pree tinha. O homem havia deixado a princesa animada apenas com aquela pequena introdução. Sabia as coisas mais simples sobre o seus antepassados mas não o suficiente e provavelmente aprenderia tudo ali.

— Vamos começar pelo fundador da sua casa, Daemon Blackfyre. Sabe alguma coisa sobre ele? — Pyat perguntou enquanto olhava para a página do seu livro. Talvez fossem livros sobre sua história. Concentrou-se para lembrar do que sabia sobre Daemon e se viu decepcionada quando percebeu que não era muito. — Daemon foi o fundador da casa Blackfyre. Era um bastardo do rei Aegon IV com sua prima. Sei que ganhou a espada Blackfyre de seu pai, mas não sei as circunstâncias. Não sei muito, desculpe. — disse, abaixando a cabeça. Odiava não saber responder Pyat Pree com o conhecimento correto, porém o homem tinha muita paciência e estava sempre disposto a ensiná-la.

— Preste atenção pois essa é a história de sua vida: Daemon nasceu do fruto do relacionamento do rei Aegon IV com sua prima, Daena. Ele só descobriu que Aegon era o seu pai quando destacou-se num torneio ao derrotar diversos outros escudeiros. O rei, orgulhoso, reconheceu o filho bastardo e o presenteou com a espada Blackfyre. — Pyat recitou as palavras do livro como se conhecesse a história a mil anos. Visenya sorriu ao pensar no homem que havia fundado a sua casa, orgulhosa pelo antepassado que tinha. Agora olhava para Pyat Pree interessada, sem interrompê-lo enquanto ele continuava.

— No seu leito de morte, Aegon IV legitimizou todos os seus bastardos, deixando claro que o considerava honrado para o trono. Blackfyre já estava em suas mãos e com a benção antes da morte do seu pai, Daemon Blackfyre soube que tinha direito sobre aquele trono. Haviam rumores que Daeron II não era realmente filho de Aegon, o que só fez Daemon mais e mais certo de que devia estar no trono. Daemon, dizia-se, era um homem melhor, e um Rei melhor. — Pyat falou, parando por um momento. Visenya sorria ao ouvir a história, imaginando o que havia passado na mente de Daemon Blackfyre para ter a coragem e a honra de seguir em frente e lutar pelo certo.

— Como a rebelião se iniciou, Pyat? — perguntou, ávida para saber mais. — Acalme-se, princesa, lhe contarei tudo. — falou, dando uma pequena risada. Coisa meio fora do normal para Pyat Pree. — Ao final, foi o casamento da Princesa Daenerys com o Príncipe Maron Martell, de Dorne, que levou à Rebelião Blackfyre. Dizia-se que Daemon a amava, e ela a ele, então ele se levantou em rebelião quando ela foi negada a ele por Daeron. Imagine ter a mulher que você ama negada por você pelo Rei que você não acredita que seja legítimo o suficiente para governar... Daemon não conseguiu deixar isso passar e então reivindicou ao trono, começando a rebelião contra o rei Daeron. — falou, deixando o coração de Visenya acelerado ao ouvir a história. Uma sensação desagrádavel tomava conta do seu estômago. Como devia ter se sentido Daemon? Visenya tinha raiva naquele momento.

Olhou para Pyat, esperando que ele continuasse. — Daemon atraiu muitos seguidores com suas habilidades marciais, e sua posse de Blackfyre. Era chamado de o Rei que Portava a Espada. Muitos que não gostavam da influência dornesa e a natureza acadêmica da corte de Daeron II preferiram o carisma vigoroso de Daemon, e sua apatia em relação à religião. Ele tomou o nome Blackfyre para sua casa, e portava as armas Targaryen invertidas, um dragão negro de três cabeças, sobre um campo vermelho. De acordo com Sor Eustace Osgrey, todos os grandes cavaleiros do reino se juntaram a Daemon. Assim iniciou-se a primeira Rebelião Blackfyre... — Pyat Pree foi interrompido por uma batida na porta.

Uma serva avisando que o almoço estava pronto e que Maelys exigia a presença de Visenya. — Diga a ela que estou estudando! — falou Visenya, irritada pela interrupção. A serva pareceu assustada. Visenya sabia o que era negar algo a sua mãe? — Princesa, vá se alimentar e depois continuaremos nossa aula. — Pyat Pree disse em uma voz firme e então Visenya soube que tinha que ir. Sorriu para Pyat a contra gosto e se foi, esperando comer o mais rápido possível para voltar a sua aula.

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Após o almoço, este que tinha sido extremamente desconfortável já que Visenya pedia para ser liberada a cada dois minutos e Maelys a repreendia toda vez, Visenya se encaminhou até o escritório de Pyat Pree novamente. Estava ávida para saber mais sobre a Rebelião Blackfyre, assunto que havia deixando a garota animada. Era até estranho que nunca tivesse mostrado um interesse maior pela história da sua família mas nunca pareceu ser algo para se aprofundar. Sabia que teria que estudar algum dia, mas lendo a história e entendendo os acontecimentos percebia que sua casa havia mudado muito. Daemon era filho de um rei. Filho do qual o rei havia deixado claro que era o seu preferido para seguir após sua morte dando a Blackfyre como presente. Ainda sim, lá estava ela em Essos e não em Porto Real, reinando. O que teria acontecido?

Deu dois toques na porta do escritório de Pyat Pree e adentrou após um resposta positiva. O homem continuava na mesma posição em que havia deixado-lhe. Folheava os livros que havia colocado na mesa mais cedo. — Como foi o almoço, princesa? — o homem perguntou, erguendo o seu rosto dos livros pela primeira vez desde que Visenya estava no local. Esta sentou-se de novo na cadeira em frente a mesa e suspirou. — Mamãe estava sendo um pouco mais irritante que o normal, mas eu acho que eu também estava. Realmente queria voltar ao nosso estudo! —  disse, soltando uma risada. — É bom vê-la interessada no aprendizado. Aonde eu parei? — perguntou, obviamente tentando ver se a menina havia realmente prestado atenção. — No começo da Rebelião Blackfyre. Os melhores cavaleiros apoiavam Daemon... —  e então deu a deixa para que ele continuasse.

— Sim, claro. Daemon conseguiu mais apoio do que qualquer um pensava que ele conseguiria. A Rebelião se iniciou e batalha decisiva da guerra foi lutada em Campo do Campim Vermelho. Daemon lutou bravamente e derrotou Sor Gwayne Corbray da Guarda Real em combate individual. — Pyat parou por um momento, folheando seu livro. Visenya sentia-se orgulhosa ao saber que Daemon fora também um maravilhoso guerreiro, além de ser obviamente o homem certo para ser rei. — Após vencer Corbray, Daemon não atacou as forças do Maekar, ele defendeu o ferido Corbray, e ordenou que ele fosse carregado do campo. Daemon era um homem muito honrado e acho que foi esse o motivo da sua derrota, princesa. — Pyat Pree falou em meio a um suspiro. Visenya também sentia-se mal. Era uma história tão gloriosa com um fim tão feio. Daemon merecia mais do que ele teve.

— Enquanto Daemon ajudava Corbray, Brynden Rivers e sua guarda pessoal de arqueiros, os Dentes do Corvo, acharam uma posição de onde poderiam atirar suas flechar sobre Daemon, que, junto a seus filhos gêmeos de doze anos, Aegon Blackfyre e Aemon Blackfyre, foi morto. Com isso, esvaiu-se a chance rebelde de vitória. — Visenya abaixou o rosto, triste e irritada. Daemon não fizera nada mais do que ser honroso em meio a batalha e fora morto por covardes que não tinham a coragem de lutarem frente a frente com a força Blackfyre. Não havia pior morte para um homem tão honrado. — O que aconteceu após isso, Pyat? — perguntou, desanimada. O homem observava o quanto a história ressonava com Visenya e parecia gostar daquilo.

— Seus filhos sobreviventes fugiram para as Cidades Livres com alguns aliados. Porém a primeira Rebelião Blackfyre não foi a última. A linhagem de Daemon continuava e foi ai que Daemon II entra em cena, princesa. — Visenya começou a se animar mais uma vez, sabendo que aquela história ainda tinha um futuro. Porém Visenya sabia que nenhum dos Pretendetes Blackfyre haviam saido das suas rebeliões vitoriosos. Sua linhagem era cheia de homens honrosos que nunca foram respeitados. — Aqui estou eu, outra Blackfyre em exílio. —  disse baixo, esperando que Pyat não ouvisse. O homem, porém, ouviu e sorriu na sua direção. Ele parecia gostar de ver a menina começando a desenvolver aquela irritação e raiva sobre onde estavam e porque estavam. Aquilo deveria fazer parte dos seus planos.

Pyat Pree ignorou sua fala e continuou a aula como se não tivesse ouvido nada. — A segunda Rebelião Blackfyre foi bem mais curta que a primeira, mas logo chegaremos a isso. Vamos começar falando de Daemon II. Ele foi o terceiro filho de Daemon Blackfyre e o herdeiro para seguir com seu legado já que os gêmos haviam morrido em batalha junto com Daemon. Daemon II usou uma abordagem diferente da de seu pai. — disse erguendo uma sobrencelha ao ler algo no livro em su frente. Visenya esperou que ele continuasse.

— Ele usara o pseudônimo John, o Violinista, um cavaleiro andante, enquanto viajara incógnito através dos Sete Reinos. O casamento de Lorde Ambrose Butterwell com a filha de Lorde Frey foi usado para reunir aqueles que haviam se juntado à Casa Blackfyre em sua primeira rebelião, junto com os que se ressentiam com o governo de Corvo de Sangue. A maioria dos que haviam lutado pelo Dragão Negro na Primeira Rebelião Blackfyre tinham seus herdeiros como reféns, mas muitos destes haviam morrido na Grande Praga da Primavera, o que abriu caminho para que eles pudessem agir uma vez mais. — Pyat enunciou, quase como se lesse do seu livro.

A segunda Rebelião não parecia tão excitante como a primeira, mas após ver seu pai sendo morto injustamente, Visenya tinha orgulho de Daemon II por ter continuado a alçada de seu pai. — Princesa, continuaremos amanhã. A noite já começa e sua mãe logo lhe chamará para o jantar. Amanhã, após o café da manhã, começaremos nossos estudos novamente. — Visenya o olhou incrédula. Ele pararia no meio da história? Pensou em reclamar mas sabia que não havia solução, só continuaram amanhã. — Tudo bem. Até amanhã, Pyat Pree. —  disse, levantando-se e saindo do escritório de Pyat, já excitada para o dia seguinte.

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Visenya não havia conseguido pregar os olhos naquela noite. Sua imaginação corria solta em pensamentos sobre Daemon Blackfyre e sua rebelião. Imagens vivídas taborilavam em sua mente repassando tudo que Pyat Pree já havia lhe ensinado. O rei dando-lhe a espada, o seu irmão recusando a mão da mulher que amava, a coragem para começar a rebelião e então a morte injusta que recebeu. Visenya amava e odiava aquela história. Amava tudo que Daemon Blackfyre foi e representou porém odiava o fim que ele teve. O homem merecia glória e felicidade e no final teve a vida tirada covardemente.

Acordou mais cedo que o normal e suas servas a arrumaram para o seu dia com ordens de serem rápidas. Queria encontrar Pyat Pree o quanto antes. Sentia-se tola por ter ignorado a história de sua família até hoje, mas encontrava-se mais que interessada para aprender tudo que pudesse. Foi informada por guardas que Pyat Pree já a esperava em seu escritório depois de ter terminado o seu café, então foi rapidamente até seu escritório e bateu em sua porta, tendo a entrada permitida. — Bom dia, Pyat. —  disse, sorrindo em sua direção e sentando em sua frente. — Bom dia, princesa. Vejo que ainda está animada para nossa aula. Vamos começar? — ele disse abrindo o livro em uma de suas páginas e olhando para a princesa. Visenya apenas assentiu e deixou o homem começar a contar-lhe a história novamente.

— Ontem paramos no torneio organizado por Lorde Ambrose Butterwell. Os organizadores, principalmente Sor Tommard Heddle e Lorde Gormon Peake, convenceram Lorde Butterwell a oferecer seu valioso ovo de dragão como prêmio ao vencedor do torneio, e tentaram manipular a competição para que Daemon pudesse vencer. A conspiração falhou devido à intervenção de Sor Duncan, o Alto e as façanhas de Sor Glendon Flowers com uma lança de torneio. — disse Pyat, passando a folha em seu livro. Aquela história não era tão excitante como a de Daemon I, mas sabia que tinha que aprender tudo sobre os seus antepassados.

— O ovo de dragão foi roubado e Sor Glendon foi acusado e jogado na prisão. Entretanto, Sor Duncan matou Sor Tommard em um combate singular e revelou que o ovo que havia sido "encontrado" na bagagem de Sor Glendon era uma pedra pintada, sendo que o verdadeiro ovo continuava desaparecido. Daemon estava inseguro e não sabia em quem acreditar, de modo que concedeu um julgamento por justa a Sor Glendon que derrubou o Blackfyre na primeira investida. — Visenya franziu as sobrencelhas, irritada com a história. Daemon I era um guerreiro tão bom. Como Daemon II puderá ser tão ruim? A falta que um pai fazia... Visenya bem sabia.

— Entendo... Então como a rebelião aconteceu? Como Daemon II animou as pessoas para lutarem para ele? —  perguntou Visenya, desesperadamente tentando achar uma parte mais gloriosa e animada naquela história. Pyat Pree fez uma careta e Visenya soube que logo se decepcionaria. — Receio que não conseguiu, princesa. — disse, quase como um lamento. — Chegaram notícias de que Lorde Corvo de Sangue marchava contra o castelo com três cavaleiros da Guarda Real, seus Dentes de Corvo e vários lordes, como os chefes das Casas Hayford, Blackwood e Lothston, que juntaram suas forças às dele. Daemon tentou incitar seus aliados para que lutassem até a morte, mas os guerreiros se recusaram a lutar por um líder tão fraco, que sequer portava a Blackfyre. — explicou. Visenya suspirou irritada.

Talvez Daemon II não fosse realmente a pessoa certa para suceder Daemon I. Talvez os herdeiros certos haviam morrido com o seu pai na batalha da primeira Rebelião. — Daemon então se apresentou a Corvo de Sangue e o desafiou a um combate singular. O Mão do Rei se negou e o tomou como prisioneiro, pondo fim à Segunda Rebelião. — disse, enunciando o fim daquela história. — Daemon II foi mantido como prisioneiro por Corvo de Sangue para impedir que Açamargo coroasse outro dos filhos de Daemon Blackfyre. — falou e fechou o livro, pegando agora um outro. — Agora falaremos sobre a Terceira Rebelião? —  perguntou ávida para ouvir uma história mais animadora do que aquela. — Sim, princesa. A Terceira Rebelião Blackfyre aconteceu em Westeros durante o reinado de Aerys I Targaryen. — disse enquanto observava seu livro.

— Sabe quem foi o líder desta rebelião, princesa? — perguntou, erguendo os seus olhos para a garota. Visenya pensou e pensou mas nada vinha a sua mente. Menina tola que não conhecia a história de sua família. — Eu não sei, Pyat. Desculpe-me. —  falou, suspirando em irritação e decepção. — Foi Haegon Blackfyre, filho de Daemon I, que comandou a Terceira Rebelião. — falou, fazendo com que Visenya fizesse uma anotação mental para lembrar-se de Haegon, outro filho de Daemon I. Esperava que sua história fosse melhor do que a de Daemon II.

— Em 219DD, Ser Aegor Rivers iniciou uma nova guerra após a coroação de Haegon I Blackfyre. Essa invasão aconteceu no fim do reinado de Aerys I Targaryen. Aerys I fora um péssimo rei e não gostava de governar, mas o irmão mais novo do príncipe, Maekar, lutou contra a rebelião em seu lugar. Seu filho, o príncipe Aerion, também lutou bem, assim como o jovem príncipe Aegon, que mostrou muita coragem. — Pyat explicou. Visenya quase falou que não se importava com nenhum dos Targaryen, mas não desrespeitaria Pyat daquela maneira. Deixou que ele continuasse, sem interrompê-lo. — A Rebelião, porém, também foi um fracasso e no final a última batalha da rebelião, o pretendente ao trono, Haegon I, se rendeu e entregou sua espada. — Pyat enunciou, mas antes que Visenya pudesse falar algo, ele continuou. — Contudo, logo em seguida, foi covardemente morto enquanto rendido. — falou e então esperou a reação da garota.

Visenya encontrava-se mais do que irritada naquele momento. Targaryen eram uma raça de covardes. Assim como foram covardes para matar Daemon, foram covardes ao matar Haegon. Isso deixava claro que o nome Blackfyre os assustava e eles deviam estar assustados. Pyat Pree viu que a raiva da menina só aumentava e então resolveu dar uma pausa nos estudos. — Com licença. —  disse Visenya, saindo em disparada do escritório. Precisava de ar após ouvir aquela história pois a raiva tomava conta de seu corpo.

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Visenya havia conseguido se acalmar após um tempo do lado de fora da mansão, sentindo a leve brisa do ar que tocava o seu rosto. A princesa sentia-se enojada conhecendo as histórias dos seus antepassados. Todos haviam sido mortos ou enfrentados covardementes. Ninguém mostrou respeito a nenhum deles, o que deixava Visenya com mais raiva do que tudo. Como podia a sua história ser daquela maneira? Daemon Blackfyre havia começado aquilo tudo por honra e glória e o seu nome ainda não havia nada daquilo. Visenya começava a encararar a vasta Pentos um pouco mais desgostosa. Não era ali que Daemon Blackfyre gostaria que estivesse.

Depois do almoço, voltou ao escritório de Pyat Pree bem menos animada do que das outras vezes e o seu mentor percebeu isso. — Não fique assim, princesa. O passado não pode ser mudado. O que passou, passou e você tem que aprender com a história para não repeti-la. — disse, o tom de voz a repreendendo. — Eu sei, Pyat. Perdi minha calma, mas é bom aprender. Vamos continuar? — perguntou e o homem em sua frente assentiu, começando a reabrir os livros. — O que aconteceu depois que Haegon foi morto? — perguntou, tentando entender como a história se seguiu após a falha Terceira Rebelião. — Açamargo foi capturado durante a luta e foi levado para ser julgado na Fortaleza Vermelha. Embora Açamargo tenha sido julgado e considerado culpado de traição, o rei poupou sua vida e ordenou que ele fosse enviado para a Muralha ao invés de ser morto. — enunciou e Visenya considerou aquilo uma tolice. Porque não o mataria?

— Açamargo ainda havia muitos amigos na corte então o navio que o levava para Muralha foi interceptado e ele foi levado até a Companhia Dourada. — falou, virando a página do livro. Exato motivo pelo qual o rei devia tê-lo matado. Se fosse governante, tomaria as decisões corretas no momento correto. Um rei deveria saber a hora certa de dar clemência e a hora certa de matar um inimigo. — Açamargo voltou a Tyrosh e coroou o filho mais velho de Haegon, Daemon III. Assim a Quarta Rebelião Blackfyre se inciou. — disse, observando Visenya. Daemon era um nome tão poderoso. Ao ouvir as histórias dos seus antepassados sabia que gostaria de nomear o seu herdeiro de Daemon um dia, por tudo que o nome significou.

— Como foi a Quarta Rebelião? — perguntou, a curiosidade lentamente voltando. A raiva já tinha se esvaido por agora e podia voltar a prestar atenção como devia. — Tudo começou muito pacífico, princesa. No ano 233DD o tio de Daemon, o irmão mais novo de Haegon, Aenys Blackfyre, foi para Porto Real para argumentar em favor de Daemon III, mas quando chegou na capital acabou sendo preso e executado por Brynden Rivers. — explicou. Visenya quase revirou os olhos pois sabia que Brynden Rivers era um irmão de Daemon I e um dos responsáveis por sua morte. Odiava tudo que ele representava.

— Isso gerou uma forte inimizade dos exilados em Essos. Nesse meio tempo, um grande e cruel inverno acabara depois de seis anos. Daemon decidiu cruzar o mar estreito e tentar colocar a Casa Blackfyre no poder. — Visenya sorriu com a ideia. Não eram covardes e foram a luta. Já sabia que a rebelião havia sido fracassada, porém dava orgulho de ver que seus antepassados nunca desistiram. Eles nunca pararam de tentar reaver o trono que era deles por direito.

— Daemon partiu para Westeros junto com Açamargo. A maior parte de sua tropa era composta por homens da Companhia Dourada e desembarcaram no Gancho de Massey, na costa norte das Terras da Coroa. — falou, fechando o livro subitamente. Visenya que prestava atenção, tomou um pequeno susto. — Por hoje é só, princesa. — falou, fazendo com que a garota fizesse uma careta.

— Acabe de me contar sobre a Quarta Rebelião pelo menos. Preciso saber mais... — disse, quase que implorando ao homem. — Amanhã falaremos sobre o desfecho da Quarta Rebelião e falaremos da Quinta também. Quero você com a mente fresca para discutir a última rebelião Blackfyre. Agora, vá. — disse, olhando firmemente para Visenya. Não tinha o que ser feito, amanhã continuariam. — Tchau, Pyat. Até amanhã. — falou e então partiu, esperando que o dia de amanhã chegasse o mais rápido possível.

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Visenya teve mais uma noite mal dormida. Não conseguia pregar os olhos. As histórias das rebeliões e seus desfechos dançavam em sua mente repetidas vezes. Tinha um misto de sentimentos ao saber toda a história de sua família e ver o quão mal tratados foram ao longo de sua história enchia-lhe de raiva. Parecia que naquele momento, Pentos não era mais o suficiente para Visenya. O que faziam ali? Viviam como os Targaryen queriam que vivessem. Exilados e sem glória. Daenerys Targaryen havia conquistado o trono novamente e uma nova dinastia Targaryen havia se inciado. Mas não por muito tempo, Visenya não permitira.

O nome Blackfyre havia sido pisado demais ao longo dos tempos e não aconteceria mais enquanto estivesse viva. Acordou no dia seguinte sentindo-se mais do que pronta para ouvir toda a história de sua família. Aquela última rebelião era onde tudo acabava nos livros e o seu nome fora considerado apagado do mapa. Ela ainda estava ali e fariam todos perceberem que o nome Blackfyre deveria ser encarado com muita mais respeito. Pyat Pree ainda não estava em seu escritório quando a mulher chegou, mas foi deixada entrar no local por suas próprias ordens.

Sentou-se e começou a esperar pelo homem quando percebeu os livros da onde ele puxava história de sua família ainda aberto na mesa. Será que ele ficaria bravo? Provavelmente não... Visenya pegou o livro e percebeu que ainda estava na página aonde pararam no dia anterior. Começou então a ler em voz alta pois gostava de ouvir as histórias sobre que aprendia. — A invasão de Daemon III não teve muito apoio dos lordes de Westeros, tendo assim ainda menos chances. O rei Aegon V Targaryen e seus três filhos, os príncipes Duncan, Jaehaerys e Daeron, partiram para enfrentar os rebeldes. — Visenya sentiu asco ao ler tal nome.

— A revolta terminou na Batalha da ponte da Águacurva, onde o exército Blackfyre foi derrotado e Daemon III acabou morto em combate pelas mãos de Ser Duncan, O Alto, da Guarda Real. Aegor Rivers novamente conseguiu escapar, fugindo para Essos. — Visenya achava engraçado quantas vezes Aegor Rivers conseguirá fugir da morte enquantos vários pretendentes Blackfyre morreram. — As rebeliões Blackfyre não pararam por ai e foi assim que se deu a Quinta Rebelião Blackfyre também conhecida como... — foi interrompiada enquanto lia. —... Guerra dos Reis de Nove Moedas. Vejo que começou sem mim, princesa. — falou enquanto se encaminhava até sua mesa.

— Peço desculpas, Pyat. Estava muito curiosa. — disse, sorrindo envergonhada. Havia sido pega no flagra. — Tudo bem, Visenya. Agora que já sabe tudo sobre a Quarta Rebelião, partiremos para Quinta e última. — disse e então começou a observar o livro e explicar-lhe o que aconteceu. — Este conflito foi um pouco diferente dos anteriores. foi um conflito que envolveu diversas Cidades Livres, iniciado por um grupo de homens ambiciosos conhecido como Bando dos Nove. — Pyat explicou, deixando Visenya confusa por um momento. — Bando dos Nove? O que foi isso? — Pyat parou de olhar para o livro por um momento para responder a princesa — Foi um grupo de mercadores, mercenários e piratas das Cidades Livres que se uniram para construir seus próprios reinos. O último pretendente masculino Blackfyre se uniu a eles para tentar tomar o trono mais uma vez. — Visenya assentiu e deixou que o homem continuasse em sua explicação.

— Maelys I Blackfyre foi o último descendente masculino. — Visenya fez uma careta pois sua mãe fora nomeada após um homem mas continuou a prestar atenção. — Alguns anos antes, Maelys conseguira o comando da Companhia Dourada ao matar seu primo, Daemon, e estava determinado a reivindicar o seu direito ao Trono de Ferro como o último Blackfyre. No começo, o rei não deu muita atenção pois achava que o Bando dos Nove seria logo eliminado por algum aliado nas Cidades Livres. Mas isso não aconteceu e Maelys estava pronto para invadir Westeros. — explicou Pyat Pree. Era a cara de um rei prepotente não dar devido atenção a revoltas. — O rei Aegon V morreu e Jaehaerys II assumiu o trono, dando mais atenção a guerra já que a ameaça Blackfyre era iminente. — Pyat Pree mudou o livro de página, continuando a explicação.

Esta rebelião era muito mais interessante do que as últimas três da qual havia aprendido. — O Bando dos Nove obtivera suas primeiras vitórias e conquistara as Terras Disputadas, se apossando da Cidade Livre de Tyrosh e colocando Alequo Adarys, o Língua de Prata, como seu governante. Depois eles conquistaram os Degraus, pretendendo utilizar as ilhas como base para atacar Westeros. — assim que Pyat Pree terminou sua fala, uma batida na porta os interrompeu.

Visenya achou que iria ser chamada para almoçar, mas a serva que entrou segurava uma bandeja e vinho para os dois. Maelys não se importava que ficasse com Pyat Pree naquela hora? — Parece que não vamos ter que interromper nossa aula hoje, Pyat. — disse animada enquanto pegava uma fruta da bandeja e segurava o seu copo de vinho, esperando que ele continuasse.

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Pyat Pree parou os ensinamentos por um momento, insistindo que Visenya comesse as frutas e bebesse seu vinho. Falou que Maelys se irritaria caso soubesse que ela não havia comido. A serva logo voltou para buscar a bandeja novamente, mesmo que Pyat Pree não tivesse tocado em nada, deixando eles livres para voltarem a estudar. Sentia-se meio triste que aqueles ensinamentos estavam acabando, mas estaria feliz de saber tudo sobre a história de sua família no fim daquelas aulas.

— Vamos continuar, Pyat. — pediu, ansiosa para saber mais logo. O homem voltou a encarar seu livro e começou lhe explicar como aconteceu a Quinta Rebelião. — Jaehaerys II enviou um exército para varrer o inimigo dos Degraus antes que a ameaça se tornasse maior. Ele pretendia comandar as forças pessoalmente, mas sua Mão do Rei, Lorde Ormund Baratheon, o convenceu do contrário, de modo que o comando do exército real coube a ele. — enunciou Pyat. — Covarde. — Visenya sussurou, sorrindo para si mesma. Talvez nem Pyat Pree tivesse ouvido aquela palavra.

— Quando o exército Targaryen, reforçado por uma frota de cem navios enviados por Lorde Quellon Greyjoy das Ilhas de Ferro, alcançou os Degraus em 260DD, a luta se intensificou. Lorde Ormund foi uma das primeiras vítimas na guerra e com sua morte o comando das forças do rei passou para Sor Gerold Hightower da Guarda Real. — Pyat explicou. A luta pareceu ter sido uma das maiores das Rebeliões. — Essa foi a última guerra antes da dos Cinco Reis em que todos os Protetores foram convocados. — Realmente havia sido uma luta muito séria. Pena que todas acabavam da mesma maneira.

— Sor Barristan Selmy que abriu um caminho sangrento entre as fileiras da Companhia Dourada e abateu Maelys num combate singular, acabando com a quinta e última Rebelião Blackfyre. — Pyat Pree falou, fechando o livro. — Maelys, o Monstruoso foi o último Pretendente Blackfyre a fazer uma tentativa pelo trono. Após isso, sua linhagem foi dada como extinta. — disse, observando o rosto de Visenya. — Ainda que agora saibamos que isso não é verdade.

— Os desfechos da guerra foram para aqueles que viveram, ou seja, aqueles que derrotaram a sua família. Demorou mais seis anos para que o Bando dos Nove fosse totalmente extinto. Barristan Selmy, assassino de Maelys, foi nomeado Guarda Real. — Pyat Pree explicava para Visenya o que havia acontecido depois do fim da guerra, mas ela realmente não se importava.

Havia acabado. Visenya parecia ter ficado chateada com o fim da história. Era ali que a história dos seus antepassados terminava. Enquanto eles haviam sido rebaixados a viver exilados em Pentos, Targaryen mais uma vez reinavam em Porto Real. — Como se sente, Visenya? Qual o seu pensamento do futuro agora que já ouviu sobre o seu passado? — perguntou Pyat Pree, levantando da sua cadeira e rodeando a mesa para ficar mais perto da princesa.

— Eu odeio eles. Odeio todos eles. Eles não merecem ter o poder de Westeros! — Visenya falava, totalmente raivosa. — Daemon Blackfyre merecia mais do que teve, todos os Blackfyre da história mereciam mais. Esses Targaryen são covardes. Covardes que sempre pisaram no nome da minha família, mas não mais. — falou, levantando-se. Tinha vontade de quebrar algo naquele momento, mas tentava manter a calma. — O que fará sobre isso, princesa? — Pyat Pree parecia ter previsto aquela reação de Visenya. Ele parecia animadissimo em ver a mulher daquela forma. Talvez aquele tivesse sido o se plano o tempo todo.

— Eu vou montar Caraxes, vou atravessar o Mar Estreito e tomarei aquele trono para mim. Em nome de Daemon Blackfyre, eu farei isso. — disse, a voz mais firme do que nunca. Não havia algo mais sério para Visenya do que aquilo. Daria sua vida por aquela causa e morreria por ela também.

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