[RP Fechada - Flashback] Days, days and days.

— Você está insinuando que o próprio Lord Baratheon errou em seus cálculos? - Meu tom exprimia, com certa ironia, uma pergunta quase retórica de clara resposta com valor de negação.
Atingindo meu objetivo, o homem tornou a tremer compulsoriamente, gaguejando, cada vez mais, a cada palavra que pronunciava.
- Eu...não quis dizer is..isso...senhor. - novamente analisando seu pergaminho, ele apontou-me um conjunto de palavras escrito com uma tinta de coloração negra. - Aqui diz que seu pai encomendou cinco barris do vinho da Árvore, assim como meia tonelada de ferro vindo de Braavos. É..exatamente o que...os mercantes trouxeram. O total do montante chega a 4000 dragões de ouro.
Suspirei o congelante ar do porto de Ponta Tempestade que escapava pelas laterais das grandes embarcações que, já ancoradas, eram descarregadas. Numerosas caixas lotavam o local, sendo, finalmente, movidas para dentro do castelo. Alguns guardas vistoriavam a venda, enquanto outros cuidavam de minha segurança.
- Lord Devan disse, claramente, que encomendou o referente a 3000 dragões de ouro, preço definido previamente. - mentalmente, tornei-me a calcular, novamente, os valores referentes ao pedido. "Não fazem o menor sentido estes valores".
- Bom...creio, então, que tenha havia um problema de comunicação...pelas minhas anotações e meus cálculos...e considerando os impostos de transição marítima... - antes que ele pudesse concluir sua fala, alterei meu tom de voz para que ele, e todos ali presentes, me ouvissem:
- O preço já fora combinado. 3000 peças de ouro pelo carregamento solicitado. É inadmissível terem aumentado de forma tão exorbitante o pedido. Caso não resolva este problema, exigirei ser atendido por alguém que o consiga.
Virei-me e dei alguns passos na direção do portão principal. Luke, o responsável pela venda, adiantou-se e indagou.
- Consigo fazer-lhe por 3500 dragões... e ainda lhe consigo algum bônus como ressarcimento pelo mal-entendido. - ele transpirava por todos os poros de seu corpo. Aquele carregamento parecia ser crucial para o sucesso em seu emprego.
-Muito bem. Creio que tenhamos nos entendido, enfim. Entregue aos criados duzentas sacas de trigo e o restante em madeira, e o aumento será perdoado. - ele agradeceu, gritando ordens aos marujos. - Na próxima vez que pretender superfaturar uma venda, não utilize valores tão altos.
Lancei uma risada para o homem, partindo para meus aposentos. Minha noite já havia sido conturbada o suficiente para um fatídico dia.

Habilidade Treinada:

Era a primeira vez em que, sozinho, adentrava aquela obscura e, ao mesmo tempo, ampla sala de reuniões. Recheadas de inúmeros livros que englobavam uma grande variedade de conhecimentos, as estantes feitas de madeira branca encobriam as paredes da mesma tonalidade. Sendo iluminada pela luz da Lua que entrava pela sacada de pedras negras, a grande mesa - com o mapa de Westeros talhado em seu próprio material - permanecia exatamente no centro do cômodo. Aquele móvel incrivelmente bem detalhado fora inspirado no original localizado em Pedra do Dragão, anteriormente pertencente a Stannis Baratheon, meu bisavô. Pequenos bonecos dourados permaneciam, em diferentes quantidades, distribuídos sobre cada um dos castelos das Nove Grandes Casas.
- O que faz aqui sozinho, jovem Peter? - O velho Meistre Harry jazia sobre a porta, carregando sua pesada corrente em seu pescoço. Devido sua avançada idade, sua postura já não parecia tão saudável - Já devia estar dormindo, garoto. Se seu pai descobrir que anda se esgueirando pelo castelo, ele mandará trancafiá-lo em seu quarto. - sua gargalhada rouca e arquejante tomou destruiu com o , parecendo necessitar de muita força para fazê-lo.
— Eu...só estava andando pelo castelo. Não consigo dormir. - lentamente coloquei as peças em seus lugares de origem.
O homem repousou sobre uma das cadeiras dispostas sobre a sala, enquanto alisava seu manto.
— Você sabe o porquê de estes pequenos homenzinhos estarem apenas sobre alguns castelos? - os pelos em seu rosto eram grossos e cobriam uma área bastante delimitada.
São os exércitos das grandes casas, não são? - observando mais atentamente, percebi os escudos das Nove Grandes Casas cravejado com joias em cada grupo de "soldados". Uma por uma, elas apareceram em minha mente: Arryn, Greyjoy, Baratheon, Tyrell, Tully, Stark, Lannister, Martell e, por fim, Targaryen.
— Exatamente. E, analisando a quantidade, qual é o maior exército de Westeros? - o tom acolhedor proveniente da voz do Meistre forçava, instintivamente, uma resposta.
Ãhn...A Campina?
— A Campina sempre foi a região mais fértil e poderosa de Westeros. Você acha que alguma casa com exército composto pela metade desse número de homens conseguiria, sozinho, derrotar o exército dessa região? - seus olhos pareciam tentar observar cada movimento e expressão que eu realizaria.
— Impossível. Eles estão em menor número.
— E se todo o exército da Campina fosse constituído de fazendeiros que mal sabem usar uma espada? -
— Bom...nesse caso, o menor venceria.
— Então por que acreditou que um exército menor nunca venceria um maior? - permaneci estátíco por alguns instantes. As deduções do sábio homem deixaram-me com questionamentos interiores. - O que mais importa numa guerra, jovem Peter, não é o número de homens, nem mesmo a qualidade do equipamento. Eles são importantes, notoriamente, mas a estratégia é o fator que melhor define uma batalha. De nada importa ter um enorme exército sem um líder à altura. Sem um líder que realmente faça parte do exército. Não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. O quanto os homens acreditam naquela causa em particular é o que, realmente, define uma guerra. A sua casa não possuí um exército tão numeroso quanto outras e, no momento certo, você vai perceber como isso é irrelevante. Eu acredito que você será um grande líder, Peter. Tenho certeza disso. - após terminar, ele sorriu, afagando os fios de meu cabelo de um modo paternal. Presente naquele castelo desde antes de eu nascer, aquele ancião sabia exorbitantemente mais do que eu - um garoto com apenas 14 anos. - Já é tarde. Preciso repousar, assim como você.
— Podemos fazer isso novamente? Quero aprender mais sobre esse assunto.
Com uma afirmação, saímos da sala, ambos felizes, mas por motivos claramente diferentes.

Habilidade Treinada:

DIAS ATUAIS

O dia estava seco como nunca esteve na última quinzena. Avaliando o horizonte denso e nebuloso, presumia-se que nuvens de tempestade logo atingiriam Ponta Tempestade - assim como o Sol surgiria. Antes de abandonar o quarto, deitei por mais alguns segundos ao lado de Mychella, enquanto sentia o aroma vindo de sua pele e cabelos - o bálsamo divino que tornava meus dias ainda mais esplêndidos. Meus braços revestiam seu corpo escultural, enquanto forçava meu corpo para abandonar o local. Mesmo desejando permanecer ali durante o restante do dia inteiro, precisava planejar. Fazia aquilo por ela. Fazia isso por meus filhos. Loras e Joanna dormiam tranquilos na cama ao lado - enquanto Robert, provavelmente, já corria pela cozinha com os filhos dos criados (sendo sempre seguido por dois dos melhores homens que a guarda de Ponta Tempestade podia fornecer). A humildade vinda do garoto mostrava que ele havia herdado minhas melhores características, assim como as de sua mãe. Seu cabelo e olhos claros apenas serviam para ilustrar a miscigenação entre as casas Tyrell e Baratheon.
Já no espaçoso corredor do castelo - que interligava os dormitórios ao salão de reuniões -, distribui passadas largas pela sua extensão. O eco que era produzido pela colisão das ondas sonoras com as paredes de pedra distraia-me durante a trajetória retilínea.
- Convoque a presença do meistre no Salão de Reuniões, por favor. Necessito dele logo. - solicitei a um dos homens que preenchia um dos numerosos ambientes da edificação.
O guarda movimentou-se, mostrando que havia entendido o pedido. O tempo passava, dando forma à uma alvorada que resplandescia o céu de uma forma exuberante. Com uma taça de vinho recém-trazida por um criado — bem vestido como a maioria dos que serviam o castelo —, o evento pareceu ainda mais belo e raro naquele geralmente inóspito e melancólico castelo.
— Necessita de meus serviços, Lord Peter? — com um leve estalar e um rangido na madeira da porta, percebi a chegada de meistre Derry (o homem que havia sido fiel à minha família haviam mais de duas décadas)
— Sim. Preciso que prepare uma pena, tinta e alguns pergaminhos. São tempos difícies, e as Terras da Tempestade devem estar preparadas para tal. — concordando, ele foi até seu dormitório para recolher os materiais solicitados.
Durante o tempo em que, novamente, permaneci sozinho, o horizonte olhou-me mais uma vez. Diante daquela tamanha diversidade de cores, sentidos e sensações, apenas uma ocupou minha mente: tempos bons sempre são sucedidos por tempestades. Com a volta do ancião, comecei a recitar o que surgia em minha mente.
— "Lorde Swann. Westeros enfrenta uma crise em seu interior. Ainda que não haja relatos sobre tal, temo que certos eventos possam atingir nossas terras. Por isso, caso seja possível, gostaria que partisse para Dorne, com o intuito de garantir que as relações diplomáticas e militares entre nossos povos permanessam sólidas e concisas. Permaneço à sua disposição com relação a qualquer problema que enfrente, assim como desejo felicitações a sua casa." — durante uma pausa longa, oriento o meistre a selar a primeira carta.
Caminhando até a mesa central, apanho duas taças, enchendo-as com um vinho vindo diretamente da Árvore. Apesar de ser, normalmente, apenas ingerido em eventos importantes, havia acordado com anseio de bebê-lo. Com certo receio, o sábio acabou aceitando o vinho, tomando-o através de goles rápidos e curtos.
— Eu recebi a notícia que Lorde Tarth contraiu matrimônio com uma das irmãs do antigo Lorde Arryn. Talvez devessemos parabenizá-lo.
— Tem razão. Havia me esquecido disso. - novamente, comecei a caminhar pela sala, com as mãos postas sobre minhas costas. — - "Lorde Tarth. Parabenizo-o pelo recente casamento e desejo felicitações ao novo casal. Que os deuses agraciem-os com numerosos herdeiros e uma felicidade forte e duradoura." — verificando novamente o que havia sido escrito, concordei com o envio. Colocando cera quente de vela sobre a ponta do pergaminho, o hábil homem selou a carta com um selo disponibilizado por mim. — Preciso que o restante da casas permaneçam preparadas. A qualquer momento, poderei necessitar que todos os vassalos sejam convocados. Diga para que todos reforçem as defesas de seus respectivos castelos e estoquem suprimentos. Deixe claro que não há nenhuma emergência clara, mas devemos estar prevenidos. No caso de uma guerra, não podemos perecer. — uma luz ofuscante transpassou as cortinas de seda que aveludavam as janelas do ambiente. Ignorando o Sol que, enfim, havia chegado, foquei-me nas partes negras que envolviam meu dever como lorde. Com um dos dedos, dedilhei a parte que representava as fronteiras das Terras da Tempestade na mesa talhada com o mapa de Westeros. Avaliando por alguns segundos, voltei a orientar o homem — Como nossos vassalos mais próximos da Campina, solicite aos Dondarrion que me enviem um corvo caso avistem qualquer pessoa ou exército adentrando nosso território. Não quero ser pego de surpresa de forma alguma, ainda mais pela rebelião que se alastra em nosso território vizinho. Não sei as proporções alcançadas pelos rebeldes, mas Zakintia deve conseguir por fim à ela.
Aquilo era o bastante para o dia em questão. Agraciando o meistre com um sorriso e uma reverência, parti na direção do pátio principal, com o intuito de terminar meu dia tendo algumas lições no manejo da espada.

Habilidade Treinada:

— Senhor, desde que determinou a liberdade religiosa no território em que governa, arrumou aliados importantes. Manter um septão e um sacerdote vermelho aqui, apesar de arriscado, fora sábio de sua parte. Esta decisão só fora aplicada após meses de debate. Acredito que deva fazer o mesmo, neste caso. — o homem era sábio, mas mostrava-se cauteloso.
A chegada de Mychella em Ponta Tempestade havia trazido numerosas, e explêndidas, mudanças nas Terras da Tempestade. Liberdades antes esquecidas, como a religiosa, haviam sido concedidas à população que pouco se adequara ao culto ao Deus Vermelho.
— Não há tempo para isso, meistre Derry. Eu preciso agir o quanto antes. — eu sabia que a simples menção daquelas palavras já me envolveriam completamente na dita rebelião que se erguia. Com grande apoio, eles exigiam o afastamento de Zakintia do governo de Jardim de Cima - ou, pelo menos, é o que seus líderes proclamavam. Logo eu descobriria as reais intenções das casas que compunham a Greenhand. — Convoque os vassalos. Precisamos estar preparados para tudo, e, creio, que não exista outro modo. - o homem sabia do que eu falava. Havíamos discutido sobre o assunto durante os últimos dias, e, até mesmo ele, via o assunto como inevitável.
— Assim o farei, lorde Peter. Creio que saiba que Lady Mychella tenha solicitado a presença dos Swann e dos Foote nas Montanhas Vermelhas.
— Sim. Ambos concordamos que fora o correto a ser feito. Lorde Brynden abandonou sua fortaleza para unir seu exército a nossa causa. Sua ação não será esquecida. Devemos fazer de tudo para trazê-lo com vida até Ponta Tempestade.
— Prepare um corvo que viaje o mais rápido possível até Dorne. Princípe Tristanye recebeu a visita de Connor a algum tempo. Creio que preciso oficializar o motivo da viagem.
Após a saída do mesmo, dirige-me a uma sacada presente no ambiente. Vislumbrar Ponta Tempestade por completo era difícil, devido a imensidão de suas estruturas defensivas. Rochosos e, inclusive, protegidos com magia, os muros do castelo eram quase tão impenetráveis como o Ninho da Águia, sede lendária da casa Arryn. O cerco que havia quase derrotado a resistência de meu bisavô Stannis não conseguira tomar o castelo. As condições climáticas, geográficas e técnicas da disposição da fortaleza impossibilitavam uma invasão pela parte superior da mesma tornavam possível apenas a formação de um cerco que impedisse a saída e entrada de suprimentos ou homens. Para evitar que isso voltasse a acontecer, ou que eu, apenas, pudesse resistir mais a isso, adquiri excedentes de alimentos dos mercadores que ocupavam o porto do local. Com isso, preenchi as reservas próprias do castelo com o dobro de sua ocupação natural. Situações desesperadas pediam medidas desesperadas, como meu pai costumava falar.
— Que Durran, o primeiro Rei da Tempestade, ore por nós. — as palavras sumiram, abafadas pelos outros sons que tanto ocupavam o mundo exterior. O mundo movia-se enquanto

Habilidade Treinada: