[RP aberta] O Torneio de Porto Real

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notes: blá.
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tag: Caminhando
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thank you secret from TPO.

Após a oferta que a Princesa fez, a Sacerdotisa Vermelha declarou que não pretendia nem queria ser recompensada monetariamente, mas que ficaria agradecida se tivesse a oportunidade de se encontrar com os Reis. Leana bem sabia que os pais tinham uma agenda diplomática bastante preenchida - principalmente agora, com o Casamento de Arya e Robb prestes a acontecer -, porém acreditava que os mesmos arranjariam um momento para se encontrarem com a mulher que salvara a sua filha mais nova da morte certa. Só não estava tão certa - mesmo no auge da sua inocência - que os pais pretendessem aderir à religião estranha que a Senhora de Vermelho proliferava. Mesmo assim, acenou positivamente, sorrindo-lhe alegremente.


Após o incidente do quase envenenamento, uma Lady do Ninho da Águia juntou-se-lhes também, procurando saber se a jovem Targaryen se encontrava bem. A loira não tardou em saber que a senhora dona cujos olhos eram de um azul idêntico ao do céu e as feições delicadas eram enquadradas por fios cuidadosamente organizados de um tom castanho-chocolate era Aileen Arryn, irmã do Lord Damon, e ainda teve tempo de conhecê-la minimamente antes de Zakintia anunciar a sua retirada e abandoná-las, alegando que participaria da Prova de Cantores e precisava de se preparar. Leana despediu-se com um sorriso e um aceno e, ainda que soubesse que ela mesma teria que se retirar a fim de se reunir com o resto da família e preparar-se ela mesma para a Prova de Cavalos, não conseguiu evitar uma pontada de ressentimento por ter que abandonar as festividades, agora que estava em tão agradável companhia.

Por fim - e ainda que não fosse esse o seu desejo - despediu-se de Lady Aileen, agradecendo-lhe pela preocupação manifestada e pela adorável companhia, e esperando que as duas se voltassem a encontrar futuramente. Seguiu então para a zona onde se encontravam concentradas as tendas em que as provas ocorreriam, continuando em direção às coxias.


O cheiro inebriante a queimado e, consequentemente, a morte invadia o seu olfato, entranhando-se nas suas vestes e, sobretudo, no seu peito. O que os seus olhos viam com horror, a sua mente ainda demorava para compreender. E era esse mesmo horror que se apoderava do seu espírito enquanto vigas de madeira fumegante abatiam-se sobre o chão, estandartes ardiam a uma velocidade impressionante e tudo em seu redor - toda aquela explosão de cor e movimento que a encantara - convertia-se no Inferno na Terra. Parecia que aquele dia estava mesmo fadado a acabar da pior forma.

Os dragões apareceram vindos do nada, convidados inesperados naquela celebração que, até ao momento, era isso mesmo. Ninguém sabia como, porém assim que as sombras cobriram o recinto não havia um único par de olhos que não estivesse posto no céu, todos em espetativa para descobrir o final que aquela história teria. Ainda assim, poucos esperavam que viessem a conhecer um final tão sangrento como aquele, que o desespero chegasse a estar estampado nos rostos de todos os presentes como uma constante. O Sangue e Fogo nunca estiveram tão fielmente retratados como naquela ocasião.

Leana deixou-se ficar, estarrecida, a admirar os dragões. O mais pequeno, Viserion, era lindo: possuía íris fendadas que mais pareciam ouro no estado de fundição, escamas brancas e luminosas como pérolas alternadas com outras do mesmo tom dourado ardente que os olhos, espalhadas pelo seu dorso e pelas asas que, por mais que não se comparassem às do maior em dimensões, eram certamente capazes de derrubar aldeias se movimentasse a quantidade certa de ar. Espigões estavam distribuídos pela cabeça, torso e causa do animal que, com rugidos assustadores, lançava-se sobre Drogon. O maior dos dois dragões, por sua vez, era capaz de provocar mais terror que admiração aos olhos de todos os presentes no evento. Drogon tinha o corpo coberto por escamas negras e escarlates, escarlate esse que também se refetia nas íris e até nos assustadores dentes do dragão. Tal como Viserion, espigões escuros cobriam quase toda a extensão do seu torso, fazendo parecer impossível que, outrora, Daenerys da Tormenta o montara. E a aparência assustadora não acabava aí, já que as asas, enormes, estendiam-se sobre tudo e todos, lançavam sombras de negro e escarlate sobre todos. Após aquela visão, a princesa podia certamente dizer que a beleza dos dragões, ainda que mortal, era estonteante e de tirar o fôlego.

Por mais que a vida de todos, incluindo a sua, estivesse ameaçada, a jovem Targaryen não conseguia tirar os seus olhos do céu, pensando no quanto sonhara, desde tenra idade, em montar num daqueles grandiosos animais. Focou o seu olhar nas labaredas expelidas da boca do maior, observando o fogo consumir o ar é, em seguida, extinguir-se com a mesma rapidez com que fora lançado. Muitos acreditavam que a existência de tais animais cuspidores de fogo era impossível, um mito, mas ali estavam as provas vivas de que aquela realidade era isso mesmo - real. Então, foi com ainda mais horror que Leana viu Viserion padecer às garras de Drogon, o seu corpo, de onde a vida se esvaía rapidamente, abater-se no chão.

Não conseguiu evitar um grito e as lágrimas que se ajuntavam nos cantos dos seus olhos quando o impensável aconteceu: Drogon desceu sobre o corpo do irmão, já sem vida, e começou a rasgar a carne com os afiados dentes, alimentando-se da sua carne. Tudo aquilo parecia um pesadelo; um pesadelo terrível e demasiado real. E, enquanto gritos propagavam-se no ar e o fumo entrava nos pulmões da jovem, provocando tosses compulsivas e uma perigosa sensação de dormência, a Targaryen não conseguia afastar a sua atenção daquele cenário, aterrorizada. Ouviu o seu nome ser chamado algures em meio à confusão, sendo assim chamada de volta à realidade. Olhando em volta, percebeu que a sua família já não estava lá e que o mais provável era terem sido levados pelos Guardas Reais, ou perdido-se em meio à multidão. E ela também tinha que sair dali.

Virou as costas aos dragões e a todo aquele cenário, sentindo imediatamente a necessidade de se apoiar em algo ao ser atingida por fortes tonturas. A sua visão estava embaciada pelas lágrimas, bem como pelo fumo e cinzas que pairavam no ar, o que dificultou a sua vida ao tentar descer da tribuna reservada para a sua família. Assim que abandonou o local, porém, uma das vigas de madeira em chamas abateu-se sobre o mesmo, fazendo-as compreender, por fim, que a situação não estava favorável. Então, fez a única coisa que o seu instinto lhe permitiu fazer: correr. Correu cegamente, sem saber por onde ia ou como chegar a algum lugar seguro; apenas correu. A cada momento que passava, a sua respiração ia ficando ainda mais dificultada pelos fumos, e os seus sentidos mais desorientados. Não sabia onde estava, não sabia onde a sua família estava, e cada vez mais o seu peito apertava mais, ardendo quase como se tivesse engolido alguma das chamas de Drogon. Naquele momento, ela sabia que não aguentaria muito mais.

Em meio à corrida tropeçou, embatendo contra o chão violentamente. Deixou-me ficar, por momentos, deitada no chão, batendo com o punho no mesmo numa manifestação da revolta sentia. Será que tinha que ser sempre tão impotente e incapaz quanto isso? Porque é que não conseguia sequer salvar a sua própria vida? Afinal, correr dali para fora não devia ser algo tão difícil.

Voltou a ergueu-se sobre os seus próprios pés, colocando pé ante pé na tentativa de realizar o seu objetivo mas, claramente, o seu corpo já não obedecia tão facilmente aos comandos da sua mente pelo que mal se conseguiu manter em equilíbrio. Não valia a pena. Aquele era o fim, e ela não seria capaz de se salvar. Ou pelo menos foi esse o pensamento que atravessou a sua mente enquanto o seu corpo seguia em trajetória descendente, de encontro ao chão. Isto, claro, até alguém envolver o seu corpo frágil nos seus braços, fazendo com que aquela fosse a segunda vez que a Princesa era salva no mesmo dia. Leana não tinha mais as forças necessárias para identificar o seu herói, mas aquele era alguém a quem ela devia, certamente, a sua vida.