[RP - FECHADA] Brothers in arms

O mar calmo corria lentamente sob o casco da “Foice do mar” um barco comprido e velho, com três velas que se encontravam içadas e estufadas com o vento fraco mais constante. Lyonel se encontrava no barco a menos de cinco dias mas seu tédio era imensurável. Em sua opinião a tripulação era bruta e o que lhes faltava de humor sobrava em odor. O pouco vinho que se encontrava na embarcação era aguado de mais e azedo de menos para seu gosto dornes. Seu passa tempos se constituíam em apreciar imensidão negra do mar, perder algumas moedas em jogos de dados vez ou outra, mas principalmente praticar  suas técnicas de combate, mesmo que o tivesse de fazer, como fazia no momento, usando armas improvisadas.

A “lança” em sua mão nada mais era que um instrumento de pesca, um pedaço de madeira barata e pouco densa, o acabamento era inexistente, se não fosse pelas mãos calejadas por anos de treino constante tornariam o manuseio da “arma” impossível. Parado no meio do convés, sem camisa, Lyn sentia o vento salgado em seu peito magro, possuía um corpo esguio mas atlético, seus longos cachos castanhos esvoaçavam pelo ar. Sua respiração era longa e lenta, uma tática comum para manter a concentração. Os pés descalços sentiam o áspero chão de madeira em quanto realiza seu aquecimento, passa a lança de dedo em dedo, realizando curtas rotações com a mesma na sua frente, alternava mão vez ou outra e com o tempo a incrementava a velocidade, chegando ao ponto que o ar zumbia para cada arco criado, um verdadeiro tufão de golpes, que combinado com suas sobrancelhas contraídas e lábios estreitamente juntos, criava uma ar intimidador ao rapaz.

Os olhos firmes como ferro de Lyn não enxergavam, sua mente estava vazia, seu corpo agia por instinto, quase por vontade própria, como o de um verdadeiro guerreiro. Por cinco minutos a tempestade de golpes foi ininterrupta, até que com um movimento súbito ele para o exercício, assumindo uma postura firma,joelhos flexionados, torso erguido e reto, a sua arma sendo segurada em horizontal por ambas as mãos, nesse instante ele volta a consciência, seus olhos se fecham, ele começa a se preparar, a ideia do treino era simples, imaginar um inimigo, em sua cabeça criar os golpes e reações dele, um treino comum para quem não possuía um parceiro. Quando mais novo Lyonel sempre imaginava a imagem de seu pai ao realizar tal exercício, seu progenitor era o exemplo a ser seguido, o rival a ser superado, agora não mais, agora ele era um homem por conta própria, o único a quem iria superar era a si mesmo.

Com a mente preparada o verdadeiro treino começa, ele criar situações em sua mente, mas reage a eles fisicamente, contra ataca e então imagina uma nova situação, como em uma verdadeira luta, mas sem um oponente físico. Ele se mantem em movimento nunca parado, nunca parado em um ponto, tanto por seu estilo ágil quanto para lidar com balanço do barco que começava a aumentar em quanto o céu se enchia de nuvens negras e o vento se tornava mais selvagem. Raios caiam e seus estrondos ecoavam raivosos, e gotas de chuva caiam, mas nada disso fora percebido pelo jovem dornes, sua mente e corpo tinham uma tarefa apenas, e essa era de refinar suas técnicas.

Ele brandia a lança em golpes verticais, rodava em seu próprio eixo, pulava para um lado ou outro, bloqueava um golpe imaginário aqui e ali, lançava três ou quatro estocadas rápidas em sequencia, apenas para voltar a uma de suas sequencias que aos olhos destreinados pareciam caóticas, mas que simulavam um combate real tão bem quanto se podia esperar.

Seus golpes e defesas contra sua “sombra” continuaram até o ponto em que os braços ardiam em exaustam e o corpo encontravas-se ensopado, uma combinação homogênea de suor e chuva. Nada mal considerando que nem uma lança de verdade eu tenho em mãos pensou fazendo graça de sua situação.

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Mais três dias se passaram com Lyonel a bordo do “Foice do mar”, sua rotina foi a mesma durante esses, mas para sua felicidade sua viagem se aproximava do fim.

-Ei garoto, venha ao convés se quiser, já da para ver harlaw-  disse um dos marujos com tom de desanimo e desgosto ao olhar para o garoto dornes que se encontrava em uma das cabines do barco.

As palavras, mesmo que secas e rudes banharam Lyn de alegria, ela já não aguentava mais o tedio do barco, a falta de companheiros para conversar, colegas para lutar, amigos para beber, Vinho, pelos deuses, eu preciso de uns bons dez copos de vinho, sim um vinho dornes, imaginou quase salivando com o pensamento de poder beber novamente. Ele subiu as escadas correndo, ele conseguia ver o porto de onde estava, um lugar ordinário e cinza, mas que era colírio para seus olhos cheios de tédio.

Lyonel sentia-se aliviado, com os pés no chão, livre da imensidão azul e com centenas de pessoas ao seu redor, que com alguma sorte seriam mais divertidas que os homens de ferro que haviam-no trazido até Harlaw O quão azarado eu devo ser? Entre todos as centenas de homens de ferro, acabei viajando com a duzia mais sem humor deles pensou se queixando, mas agora não havia mais de o fazer, trajando um gibão de couro cinza, com um pequeno falcão azul encapuzado em seu peito, Lyn pagou a quantia devida ao capitão pela viagem, mas não antes de perguntar onde poderia encontrar um cavalo, o castelo das dez torres era seu destino e pelo o que podia ver, esse se encontrava pelo menos a cinco quilômetros de onde estava.

Não foi longa sua caminhada até o pequeno estabulo que lhe fora indicado pelo capitão, ao adentrar no mesmo encontrou um velho barbado que parecia ser o dono do estabelecimento, olhou para os cavalos, nenhum deles era grande e musculoso como os corcéis de guerra que a maioria dos cavaleiros usava, ou possuíam os longos pescoços característicos dos corcéis de areia de dorne. Eram menores, bastante atarracados, com pelo mais espesso e felpudo do que se espera de um equino comum Garranos acredito pensou se lembrando dos estudos com meistre em Alcanceleste bastante comum aqui nas ilhas de ferro, principalmente por aguentarem o clima e lidarem bem com o terreno rochoso. Andou pelo estabulo, analisando os animais, se afastava dos mais agressivos, assim como dos demasiadamente mansos, planejava ficar nas ilhas por um par de meses talvez, precisa de uma boa montaria para isso. Por minutos circulou, avaliando os animais, até encontrar um que lhe agradou, um malhado branco e marrom, devia medir um metro e vinte e sete, um e trinta no maximo, não era arisco de mais, possuía um pelo bem cuidado e olhos brilhosos. Pagou o preço que lhe fora cobrado sem barganhar muito, sabia que o preço era justo. Em quanto sai do estabelecimento levando seu novo companheiro pelas rédias perguntou:

-Ele tem nome?- perguntou em quanto colocava a cela e estribos no animal sem encontrar resistência

-Gurda- o homem respondeu dando de ombros e voltando a suas tarefas.

Não é um nome tão ruim, pensou em quanto terminava de preparar o cavalo para viagem. Quando tudo estava pronto, montou o animal com calma, mantendo a respiração lenta e evitando colocar todo seu peso sobre o animal, com cuidado começou a guiar Guarda, começando com um passo comum, não forçava sua vontade sobre o animal, tentava entender a natureza e vontade do animal ao mesmo tempo que deixava que o animal percebesse a dele. Encontrou resistência vez ou outra, sempre deixando o animal confortável, até que se sentiu confiante o suficiente para passar para o trote. Guarda trotava bem mesmo no terreno falho e rochoso das ilhas de ferro, mantendo um bom ritmo simétrico. Por dez minutos o trote se manteve bom e estável, por fim decidiu testar o vigor de sua nova compra, e passou o mesmo para um galope rápido, sentia o vento gelado atingir todo seu corpo e o chão tremer aos passos firmes e ágeis do cavalo

-Bom garoto, quando chegarmos vou lhe arranjar uma boa maçã- disse para o animal em quanto mantinha o ritmo acelerado.

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Finalmente chegar ao portão, seu corpo estava cansado pela viagem, assim como Guarda que havia mantido o galope por boa parte do percurso, mesmo com o corpo dolorido sentia-se satisfeito, deis de pequeno sempre adorou cavalgar e sentira falta da ação nos dias que passou preso ao mar.  Afagou lentamente a crina do companheiro equino em quanto se aproximava do portão, olhou em direção da muralha e lá percebeu uma imagem inesperado, um homem trajando roupas de cavaleiro, algo incomum nas ilhas de ferro. Animado por encontrar alguém que lhe parecia interessante, alguém com que poderia talvez trocar algumas historias de guerra e combate se direcionou ao homem de cabelos ruivos:

-Olá, sou Sor Lyonel Fowler, gostaria de servir a esta casa por algum tempo, mas antes de tudo, onde posso encontrar um bom casco de vinho dornes por aqui?- Terminaria a pergunta com um sorrio sarcástico esperando pela resposta

A conversa fluía gentil e alegre entre os dois cavaleiros, mesmo com culturas tão distintas, a empatia pelo título e posição baixa na linha de sucessão criou uma boa impressão, que Lyonel acreditava que fosse mutua, mesmo que tivesse se decepcionado pela falta de interesse em vinho de Light. Ficara surpreso pelo fato do homem ser um nascido do ferro e ao mesmo tempo um cavaleiro, já que a cavalaria estava diretamente ligada a fé dos sete, mas fora uma surpresa agradável, mais surpreso ainda ficou ao ouvir que ele não precisaria servir a casa Tellurian, isso demonstrava imensa bondade da parte de light, quase perplexo Lyn responde o garoto ainda incrédulo:

-Eu agradeço a gentileza, mas… Eu me sentiria como um fardo para vossa casa se não auxiliar ao menos com funções de patrulha e defesa durante minha estadia, é o minimo que posso fazer.

Durante a refeição que tivera com o jovem Tellurian conversaram mais sobre a vida militar, trocaram as poucas experiencias que ambos possuíam. Em quanto a conversa corria alegremente, Lyonel começa a se sentir mais confortável com o a companhia de light, o jovem era divertido e parecia compartilhar dos ideias de cavalaria. Quanto mais os jovens conversavam maior era a curiosidade de Lyn, ele se sentia intrigado com light, ele era quase um oposto de tudo que ele havia imaginado que um homem de ferro seria, mais brincalhão e honrado, pelo pouco que conhecia do garoto, lhe parecia um verdadeiro cavaleiro.

Deis que partira de alcanceleste, Lyonel havia viajado sozinho, mesmo que tivesse conhecido diversas pessoas e se tornado colega de alguns poucos, até agora não tinha tido a sorte de encontrar alguém que poderia chamar de irmão-de-escudo, mas sua sorte parecia ter virado. A única coisa que não sabia ainda era ver seu novo companheiro lutar, não sabia qual seu estilo ou se ele se quer lutava bem, Acho que só tem uma forma de descobrir  concluiu algumas horas após a refeição que havia compartilhado.

-Sabe faz algum tempo que não encontro alguém para treinar, estou ficando enferrujado, o que me diz Sor, esta disposto? - disse em um tom mais serio do que havia tido durante as poucas horas que passou com seu novo colega.

Em quanto falava, mesmo sem ter ouvido a resposta Lyn já se preparava, colocava seu escudo de cor bronze em seu braço esquerdo, empunhava a lança com a mão direita, começando então a se aquecer, fazendo pequenas e curtas rotações com a lança. Se preparava antes da resposta de seu colega não por falta de respeito ou humildade, mas porque ele sabia que ligth também estava curioso, podia sentir o espirito de guerreiro dele agitado, assim como o seu. Hora de descobrir se encontrei um novo irmão.